quinta-feira, 28 de julho de 2011

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Daily News

Receita da Colombo supera R$ 1 bilhão
Valor 28.07.2011 - Gilberto Colombo afirma que empresa quer ampliar área de cana antes de construir nova unidade em São Paulo.
O grupo Usina Colombo, de Ariranha (SP), dono da marca de açúcar Caravelas, faturou seu primeiro bilhão, após quase sete décadas de atividade. A empresa, com três usinas de açúcar e álcool, alcançou no ano de 2010 uma receita bruta de R$ 1,048 bilhão, alta de 36% em relação aos R$ 768,8 milhões registrados no ano de 2009.
Para este ano, a empresa espera que o faturamento suba para algo próximo de R$ 1,2 bilhão. "Os preços estão ainda melhores", afirma Gilberto Colombo, diretor do grupo, referindo-se às cotações do açúcar.
Em 2010, o lucro da companhia, fundada em 1943 ainda como uma empresa de aguardente, também cresceu. O resultado líquido foi de R$ 155,2 milhões, 29,65% mais do que os R$ 119,7 milhões registrados em 2009.
Os preços recordes do açúcar, tanto no mercado interno - para onde a Colombo vende 80% de sua produção - como no externo, foram decisivos para o bom desempenho da companhia.
Capitalizada, a empresa há anos mantém a estratégia de produzir etanol em seis meses e vender em 12 meses, sobretudo na entressafra, quando os preços ficam mais atrativos. "O álcool também nos trouxe uma excelente remuneração", observa Gilberto Colombo.
O crescimento da receita da Colombo também foi impulsionado pela produção adicional de açúcar vindo da terceira usina do grupo, a Santa Albertina, localizada na cidade paulista de mesmo nome. A unidade entrou em operação em 2009, apenas com etanol.
Foi em 2010, segundo o empresário, que a Santa Albertina começou a produzir açúcar, elevando o volume do grupo de 8,5 milhões de sacas (de 50 quilos) para 11,5 milhões de sacas. "Assim, o impacto em termos de produção foi maior em 2010, empurrando o nosso faturamento para cima", diz.
Com um endividamento (empréstimos e financiamentos) em 31 de dezembro passado de R$ 507 milhões - dos quais R$ 333 milhões de longo prazo -, a empresa estuda para este ano alongar a dívida que vence no curto prazo. Em comparação com 2009, os débitos da empresa cresceram 8%.
Também está no radar da companhia construir sua quarta usina, que já tem área com licença ambiental no município de Santa Clara (SP), região de Santa Fé do Sul, próximo da fronteira com Mato Grosso do Sul. Mas, antes, diz Colombo, a empresa quer ampliar a área de cana para atingir sua plena capacidade industrial, que é de moagem de 9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra.
Com gestão familiar, a empresa planta 100% da cana que utiliza em suas três usinas, todas em São Paulo. Nesta safra, 2011/12, mesmo com o clima adverso para a cana, a moagem do grupo deve ser de 7,5 milhão de toneladas, um pouco maior do que as 7,2 milhões de toneladas registradas na temporada anterior.
"Acredito que em 2012 ou 2013 estaremos usando toda a capacidade da usina. Estamos expandindo área", afirma. Neste ano, a empresa já plantou 18 mil hectares, dos 20 mil planejados.

Redecard tem lucro de R$322,6 milhões no segundo trimestre
Exame 27.07.2011 - A receita operacional líquida da empresa de abril a junho foi de 888,1 milhões de reais, alta de 2,9 por cento na comparação anual.
No segundo trimestre, a companhia capturou 354,8 milhões de de transações em cartão de crédito, um crescimento de 24,4%.
A empresa de meios de pagamento eletrônicos Redecard divulgou na noite desta quarta-feira lucro líquido de 322,6 milhões de reais no segundo trimestre, queda de 13,9 por cento em relação aos 374,6 milhões de reais um ano antes.
A previsão média de analistas consultados pela Reuters era de lucro de 288 milhões de reais no período.
A receita operacional líquida da empresa de abril a junho foi de 888,1 milhões de reais, alta de 2,9 por cento na comparação anual.
No segundo trimestre, a companhia capturou 354,8 milhões de de transações em cartão de crédito, um crescimento de 24,4 por cento ante o mesmo período do ano passado, com volume financeiro de 37,5 bilhões de reais.
Em cartões de débito, a empresa capturou 340,8 milhões de transações, avanço de 35,2 por cento na comparação anual, com volume financeiro de 18,2 bilhões de reais.
O Ebitda ajustado --sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação-- totalizou 521,5 milhões de reais no segundo trimestre, com margem de 36,3 por cento. Um ano antes, a geração de caixa foi de 581,6 milhões de reais, com margem de 43,4 por cento.

SC cogita vender parte da empresa de saneamento
DCI 28.07.2011 - Para reverter o déficit na área de saneamento, o governo de Santa Catarina cogita vender 35% das ações de sua Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) à iniciativa privada, a partir de 2012. O objetivo é levantar R$ 3,5 bilhões para, até 2021, universalizar a coleta e o tratamento de esgoto no estado, de acordo com o presidente da empresa, Dalírio José Beber.
Segundo o executivo, está na Assembleia Legislativa local um projeto que autoriza o governo a comprar esta porcentagem das ações das mãos de três empresas públicas que hoje as detêm e, depois, revendê-las.
Independentemente disto, a Casan comemora o R$ 1,5 bilhão que já tem em caixa, resultado de empréstimos feitos por agências internacionais de desenvolvimento do Japão e da França, além de aportes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal.

Conexão virtual
Valor 28.07.2011 - O aumento gradativo do interesse das empresas brasileiras pela computação em nuvem ("cloud computing"), que permite sua contratação como serviço segundo as necessidades e o pagamento conforme o uso, amplia as oportunidades de negócio para a indústria de tecnologia da informação (TI). Uma forte indicação é a corrida acelerada das companhias brasileiras para investir na construção e ampliação dos data centers, infraestruturas de servidores, software, armazenamento de dados e serviços que dão suporte ao processamento das aplicações.
O aumento gradativo do interesse das empresas brasileiras pela computação em nuvem ("cloud computing"), que permite sua contratação como serviço segundo as necessidades e o pagamento conforme o uso, amplia as oportunidades de negócio para a indústria de tecnologia da informação (TI). Uma forte indicação é a corrida acelerada das companhias brasileiras para investir na construção e ampliação dos data centers, infraestruturas de servidores, software, armazenamento de dados e serviços que dão suporte ao processamento das aplicações.
Apenas a Aceco TI, companhia brasileira especializada no projeto, design e construção de data centers, prevê chegar ao final deste ano a um total de 120 centros de processamento de dados implantados em empresas privadas, públicas e em provedores terceirizados de serviços de TI. O faturamento da Aceco deve passar de R$ 305 milhões em 2010 para R$ 400 milhões em 2011, informa Jorge Nitzan, presidente da companhia. O avanço não é sem razão. Os data centers são hoje o ambiente mais adequado para suportar o processamento das aplicações corporativas no conceito de computação em nuvem. "O crescimento significativo de ofertas relacionadas com plataformas orientadas ao modelo de 'cloud computing' certamente estão impulsionando os projetos de construção e reforma dos data centers atuais", comenta.
Junto com a consultoria IDC, a Aceco realizou uma pesquisa com 185 companhias na América do Sul, das quais 105 instaladas no Brasil, sobre investimentos, construção, terceirização, infraestrutura e serviços relativos à operação e utilização de data centers. Segundo o levantamento, 48% delas preveem ampliação da capacidade instalada dos seus data centers nos próximos três anos.
O cenário brasileiro segue tendências internacionais. Projeções do Gartner, instituto de pesquisas de tecnologia, indicam que os gastos mundiais com serviços de nuvem pública para este ano devem chegar a US$ 89 bilhões, acima dos US$ 74 bilhões de 2010. Até 2015, este número deve bater em US$ 177 bilhões. Hoje, as despesas com serviços de nuvem pública representam 2% dos dispêndios gerais com TI (US$ 3,4 bilhões), devendo aproximar-se de 5% até 2015. A consultoria IDC estima que os gastos com as aplicações em "cloud" privada, neste ano, deverão chegar a US$ 10 bilhões.
No Brasil, a expectativa é de os investimentos em nuvem pública crescerem quase sete vezes até 2014. Atualmente, apenas 18% das médias e grandes empresas utilizam alguma aplicação de computação em nuvem. Porém, o número deve saltar para algo entre 30% e 35% em 2013, de acordo com a IDC. O faturamento dos principais provedores deve passar dos R$ 80 milhões este ano para R$ 320 milhões em 2014, informa Anderson Baldin Figueiredo, gerente de pesquisa e consultoria enterprise da IDC Brasil.
A aposta dos principais provedores de serviços terceirizados de data centers vai na direção de uma expansão mais acelerada dos projetos de "cloud computing". A Ativas, empresa de TI do grupo mineiro Asamar e da CemigTelecom, por exemplo, investiu US$ 50 milhões na montagem de um sofisticado empreendimento de 11 mil m2 de área total, com a expectativa de gerar um faturamento superior a R$ 200 milhões por ano a partir de de 2014.
"Começamos a operação em janeiro e já temos 22 clientes dos segmentos de indústria, saúde e mineração em processo de migração para nosso data center. Os serviços de 'cloud computing' devem responder por uma receita de R$ 2,4 milhões até o final do ano", conta Antonio Phelipe, CTO (chief technical officer) da Ativas.
Empresa do grupo Votorantim, a Tivit investiu R$ 2 milhões para desenvolver uma oferta de virtualização baseada em infraestrutura de nuvem privada, batizada de Virtual Services, na expectativa de, depois de um período de maturação, a demanda das empresas brasileiras se acelerar. "Iniciamos no ano passado os negócios com nossa solução e a aceitação foi muito positiva", destaca Armando Lins Neto, vice-presidente de terceirização de infraestrutura de TI da Tivit.
O potencial de negócios da computação em nuvem atrai competidores internacionais. Segundo analistas do mercado, a Amazon, maior varejista eletrônica do mundo, estaria pronta para se instalar em Campinas (SP). Em fevereiro, a Equinity e o fundo de investimento em participações Riverwood Capital adquiriram 90% do capital da brasileira Alog DataCenter para expandir sua atuação. "Temos uma base de 1,3 mil clientes, dos quais 200 empresas médias e grandes que já utilizam os serviços de computação em nuvem. Nossa meta é chegar, em dois anos, a 50% da nossa base utilizando essa tecnologia", diz Victor Arnaud, diretor de marketing e processos da Alog.

Lucro da Telefónica cai 16,3% no primeiro semestre
Exame 28.07.2011 - O lucro líquido da empresa foi para 3,162 bilhões de euros, com 353 milhões de euros negativos do ajuste de valor sobre sua participação na Telecom Italia.
A receita da Telefónica, por outro lado, cresceu 6,3%, aos 30,886 bilhões de euros, impulsionada pela América Latina e por mercados como o brasileiro.
O lucro líquido da Telefónica caiu 16,3% no primeiro semestre deste ano, para 3,162 bilhões de euros, que inclui 353 milhões de euros negativos do ajuste de valor realizado pela Telco sobre sua participação na Telecom Italia, informou a companhia à Comissão Nacional da Bolsa de Valores (CNMV) nesta quinta-feira.
Neste primeiro semestre, a receita da Telefónica cresceu 6,3%, aos 30,886 bilhões de euros, impulsionada pela América Latina, que já contribui com 46% do montante registrado pela multinacional de telecomunicações.
A receita obtida pelo setor de telefonia celular se transformou neste semestre em alavanca fundamental para o crescimento do grupo em todas as regiões, com um aumento de 18,5%, informou a Telefónica.
O resultado operacional do grupo antes de amortizações (Oibda) subiu 3,7%, aos 11,304 bilhões de euros, com uma margem sobre vendas de 36,6%.
O grupo investiu nestes seis meses 3,838 bilhões de euros, principalmente no desenvolvimento da banda larga, tanto móvel como fixa.
No comunicado enviado à CNMV, o presidente da Telefónica, César Alierta, destaca "a brilhante evolução do negócio no Brasil" e assinala que "não demorará a se transformar na principal fonte de receita da Telefónica".
A integração da telefonia fixa e móvel no Brasil, acrescenta, permitirá capturar entre 3,7 bilhões e 4,6 bilhões de euros.
Ao fim do mês de junho, o grupo contava com 295 milhões de clientes em todo o mundo, 6% mais que há um ano. Destes, 227,3 milhões eram clientes de telefonia celular, 8% mais que no mesmo mês de 2010.
O quadro de funcionários da Telefónica chegava a 285.089 empregados ao fim do primeiro semestre, 23.441 mais.
Já a dívida cresceu 826 milhões de euros, aos 56,42 bilhões de euros.

O concorrido mercado brasileiro está na mira das múltis
Valor 28.07.2011 - Fornecedores internacionais de sistemas e serviços de tecnologia da informação (TI) se preparam para disputar mais decisivamente o mercado brasileiro de "cloud computing". A NEC, provedora de soluções de rede de comunicação e TI, há dois anos "bate na tecla do cloud", segundo Herberto Herberto Yamamuro, presidente da subsidiária brasileira.
A empresa tem três modelos de negócios: venda de servidores, sistemas de segurança, de armazenamento e de gerenciamento; data centers; e prestação de serviços gerenciados de redes de segurança. "A tendência é termos, em três a quatro anos, uma parcela significativa de nossos clientes em 'cloud' pública", diz Yamamuro.
Os interesses são os mais variados. A Intel, maior fabricante mundial de chips para computadores, atua ativamente em várias frentes para operacionalizar a "cloud computing", desde a criação de processadores e chipsets otimizados para o novo ambiente de computação até a definição de padrões abertos de hardware para garantir a interoperabilidade entre diferentes fabricantes.
A estratégia da HP é oferecer todos os componentes para soluções de nuvens públicas e privadas. A proposta tem por objetivo otimizar a utilização do hardware e traz características essenciais a esse tipo de ambiente, como a virtualização dos recursos de computação, armazenamento e rede.
Segundo Alexandre Kazumi, responsável pela área de produtos de marketing de servidores, a companhia enxerga na computação em nuvem uma plataforma importante e em crescimento para as empresas. "A HP entende que a melhor solução para o mundo corporativo é uma plataforma híbrida, de 'cloud' privada e pública. Deveremos ter um crescimento bastante rápido de adoção da tecnologia, com novas oportunidades de negócios para os fornecedores", diz.
Na área de software, os fabricantes oferecem novos produtos que possibilitam às empresas a criação rápida de nuvens públicas e privadas, escaláveis e de alta disponibilidade, para ofertar serviços diferenciados. É o caso do software AppLogic, da CA Technologies, uma solução para implementar complexas aplicações corporativas para nuvens privativas e públicas por meio da utilização de uma interface gráfica. "Essa aplicação vem sendo utilizada por provedores como a Algar, Gemelo e Ativas para construir um ambiente de 'cloud computing' ou incorporar novos recursos computacionais, como servidores, memória e disco, de forma imediata, por meio de um portal na web", explica Laércio Albuquerque, presidente da empresa no Brasil.
A Siemens Enterprise Communications é fornecedora de serviços de 'cloud communications', que permite às empresas hospedar seus recursos de comunicação em um provedor de serviços e acessá-los pela internet a qualquer momento. "A ideia é que o ramal corporativo do funcionário ou uma aplicação possam ser acessados de qualquer lugar", explica Juliano Menegazzo, vice-presidente de marketing, soluções e serviços para a América Latina. "Nossa expectativa é que a computação em nuvem colabore para fazer os negócios de comunicações corporativas responderem por 20% das receitas do mercado empresarial, que devem atingir US$ 800 milhões em 2012", diz Menegazzo.
Uma das maiores empresas do setor de armazenamento de dados, a EMC marcou sua estratégia com uma parceria com a VMWare e a Cisco. O objetivo é desenvolver uma infraestrutura de computação convergente, integrando os diversos componentes de rede, armazenamento, computação e virtualização em kits pré-moldados chamados "VBlocks", destinados à construção de data centers.
"É um hardware Cisco, um sistema de armazenamento da EMC e uma camada de software de virtualização. O benefício é a padronização da infraestrutura de TI", diz Welson Barbosa, especialista em virtualização da EMC Brasil. Segundo ele, a meta da empresa é se posicionar como um dos grandes players de infraestrutura do mercado de "cloud". Porém, a companhia ainda não tem metas financeiras definidas.

Fusão pode ampliar disputa sobre genérico
Folha 28.07.2011 - Juntas, Droga Raia e Drogasil tendem a ter mais margem para negociar descontos, segundo laboratórios.
Em medicamentos prescritos, impacto deve ser menor; união cria maior rede de farmácia do país. A união das operações de Droga Raia e Drogasil poderá elevar as margens de negociação das redes com os laboratórios e ampliar a disputa sobre o preço dos genéricos.
De acordo com laboratórios ouvidos pela Folha, a explicação está na lógica das negociações.
Com maior escala de compra, as empresas podem barganhar descontos mais amplos para o consumidor.
O impacto, no entanto, não se estenderia aos chamados medicamentos de referência (não genéricos e sujeitos a prescrição), que têm o preço regulado pela Câmara de Medicamentos, órgão vinculado ao Ministério da Saúde. Como são amplamente procurados pelas redes, a margem de descontos concedida pelos laboratórios é menor.
Segundo executivos próximos às negociações, uma estratégia de Droga Raia e Drogasil em genéricos seria adotar a mesma tática da Drogaria São Paulo, hoje líder de vendas, que arremata os lotes de genéricos dos laboratórios com menor preço.
Procurada, a rede não comentou a informação. Os genéricos são vistos como uma grande fronteira de competição para o setor, pois patentes de medicamentos importantes de grandes laboratórios vão vencer neste ano.
O segmento cresceu 30% nos últimos 12 meses e hoje atinge R$ 7,3 bilhões.
Os benefícios para o consumidor com a consolidação do setor, no entanto, não são tão evidentes aos olhos de Pedro Matizonkas, da ESPM. "Os benefícios estão no ganho de musculatura das redes em número de lojas. O nível de serviço também precisa ser provado."
Juntas, Droga Raia e Drogasil atingem receita de R$ 4 bilhões, somam 700 lojas e formariam uma empresa líder do setor.
Para Sérgio Mena Barreto, presidente da Abrafarma (Associação Brasileira das Redes de Farmácia e Drogarias), se concretizada, a transação não deve enfrentar resistência das autoridades regulatórias, em razão de o setor ser pulverizado.
Juntas, as empresas terão menos de 10% do mercado. "A empresa conjunta poderá fazer uma nova emissão na Bolsa e se capitalizar para abrir novas lojas", afirma.
Segundo analistas ouvidos pela Folha, a Drogasil perdeu a oportunidade de ser a consolidadora do mercado, superada, por exemplo, pela movimentação da Drogaria São Paulo com a aquisição da rede Drogão em 2010.
Concorrência: A fusão com a Droga Raia é tida como a melhor solução para a Drogasil para expansão imediata e para proteger o mercado paulista das investidas da Pague Menos, forte principalmente no Nordeste.
Já a Droga Raia tende a melhorar as margens com a união com a Drogasil. Enquanto esta lucrou R$ 89 milhões no ano passado, a Raia ganhou só R$ 1,7 milhão.
Mas, para Sandra Peres, analista da Coinvalores, ainda há questões pendentes.
"Existem sobreposições expressivas de lojas. Possivelmente existirão duas unidades numa mesma esquina nos grandes centros, o que poderá provocar o fechamento de certas unidades", diz.
Hoje, cerca de 50% do faturamento de ambas as redes está no Estado de São Paulo.

Cade vai suspender fusão entre Dasa e MD1
Valor 28.07.2011 - A união entre a Diagnósticos da América (Dasa) e a MD1 Diagnósticos será suspensa pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça. O órgão antitruste está preocupado com o grau de concentração de mais de 55% no mercado de diagnósticos e também com a notícia, publicada pelo Valor na edição de segunda-feira, de que Dasa e MD1 estão integrando suas operações há seis meses.
O conselheiro Ricardo Ruiz, relator do processo, pediu ontem informações às empresas sobre o negócio. Ele deu 15 dias para obter uma resposta. Após esse prazo, as empresas terão duas opções. A primeira é elas se disporem a assinar um acordo com o Cade com as condições pelas quais as estruturas da Dasa e da MD1 terão de ser mantidas em funcionamento de forma separada.
A segunda opção é deixar que os conselheiros do Cade tomem a iniciativa de decidir quais seriam essas condições. Em caso de negociação entre as empresas e o órgão antitruste, seria assinado um Acordo de Preservação da Reversibilidade da Operação (Apro). Por esse documento, as empresas se comprometeriam a manter separadas as estruturas necessárias à realização de operações no mercado de diagnósticos laboratoriais.
Os detalhes da separação seriam decididos após reuniões entre os advogados das empresas e os conselheiros.
Na hipótese de não haver negociação, o Cade deverá determinar medida cautelar impondo as condições que achar necessárias para suspender a união das empresas.
No início da semana, o procurador-geral do Cade, Gilvandro Araújo, recebeu informações de que a união da MD1 e da Dasa estaria levando a concentrações de 55% nos mercados de diagnósticos por imagem, de tomografia, de ultrassonografia, de mamografia, de "raio x" e de outros exames laboratoriais. O percentual foi considerado preocupante.
Para completar, Araújo soube que a MD1, empresa que tem o mesmo controlador da operadora de planos de saúde Amil - o empresário Edson Godoy Bueno - estaria integrando as suas operações com a Dasa. Essa notícia causou preocupação pois, se o órgão antitruste concluir, no futuro, que o negócio traz riscos à concorrência, será mais difícil separar as estruturas das empresas de modo a vendê-las para concorrentes.
"É necessário que a Amil e a Dasa mantenham os seus estabelecimentos separados, tendo em vista possíveis restrições futuras à operação", afirmou Araújo.
Bueno foi procurado ontem pelo Valor, mas estava viajando e não foi encontrado. Em agosto de 2010, quando a compra da MD1 foi anunciada, Bueno disse que com a incorporação da MD1 pela Dasa, a Amil e o laboratório ganhariam. "Podemos crescer juntos", observou Bueno, na ocasião, acrescentando que o poder de fogo do maior plano de saúde do país (Amil) e do maior laboratório (Dasa) lhes permitiria oferecer melhores preços do que os concorrentes, quando decidissem expandir suas atividades em novas regiões do Brasil.
O procurador pediu aos conselheiros do Cade a imposição de medida cautelar. Ruiz recebeu o pedido e optou por dar um prazo para as empresas negociarem a suspensão da união de suas respectivas estruturas. Com isso, o Cade vai esperar a resposta da MD1 e da Dasa para tomar uma decisão.
A Dasa informou ontem, em comunicado, que o procurador do Cade trabalha com dados parciais e que o fato de "determinados acionistas" da Amil estarem no capital social da Dasa não significa que Dasa e Amil estejam sob o mesmo controle. A Dasa vai cooperar com o Cade, segundo o comunicado assinado pelo diretor de Relações com Investidores Tharso Bossolani.

Cade dá sinal verde a marcas de beleza
Valor 28.07.2011 - A compra da Revlon pela Hypermarcas foi aprovada, ontem, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça. Desde 2007, quando abriu seu capital, a Hypermarcas já fechou mais de R$ 5 bilhões em aquisições. Esses negócios geraram mais de 20 processos no Cade, dos quais três continuam pendentes: a compra do laboratório Mantecorp, por R$ 2,5 bilhões em dezembro do ano passado, e as aquisições da Farmasa (em 2008) e da Jontex (em 2009).
O negócio aprovado ontem garantiu à Hypermarcas o controle da Bozzano, da Campos do Jordão, da Juvena e da Aquamarine. As duas primeiras são marcas de cremes de barbear e loções de uso após a barba. As duas últimas, de xampus e condicionadores.
O Cade também aprovou ontem a compra da marca Bitufo, de produtos de higiene pessoal, pela Hypermarcas.
Os dois negócios foram considerados simples pelos conselheiros. Foram votados pelo rito sumário, um procedimento utilizado para aquisições que não causam preocupações a empresas concorrentes. As aprovações foram unânimes entre os sete conselheiros.
No caso da Revlon, o Cade analisou um contrato de compra pela Hypermarcas de cotas da Ceil, empresa que era detentora das marcas Bozzano, Campos do Jordão, Juvena e Aquamarine. A Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda fez um parecer de 32 páginas sobre o negócio, fechado em 2008. A Seae ouviu concorrentes, distribuidores e fornecedores de produtos dessas marcas e de concorrentes. Ao fim, concluiu que há amplo espaço para a competição e citou especificamente a concorrência com produtos da Avon, da L' Oréal, Johnson & Johnson, entre outras.
No caso da compra da Bitufo, a competição estaria garantida, segundo a Seae, por conta de empresas concorrentes fortes como a Colgate e a Gillette.
Ao analisar ambos os negócios, o Cade seguiu os pareceres da Seae e aprovou-os sem impor qualquer restrição.
Os dois negócios aprovados ontem pelo Cade foram fechados entre 2008 e 2010. Em novembro passado, a Hypermarcas assinou memorando de entendimento para a compra das empresas do segmento de higiene bucal IPH&C, DPH Distribuidora e Comercial Maripa, que atuam na fabricação e distribuição de produtos de higiene bucal, como as escovas de dente da marca Bitufo. O valor acertado foi de R$ 82,5 milhões.
Há três anos, em julho de 2008, foi acertada a compra de todas as marcas brasileiras da Revlon pelo equivalente em reais a US$ 104 milhões (na data, R$ 163,28 milhões). Na ocasião, a marca Bozzano representava 79% do faturamento da Revlon no Brasil.
Pelo relatório do primeiro trimestre de 2011 da Hypermarcas, ela lidera o mercado de cremes e espumas para barbear, com 45%. A unidade de higiene pessoal e beleza representa 36,9% da receita da Hypermarcas, que nos primeiros três meses do ano foi de R$ 845,2 milhões.

Participação da CSN na Usiminas sobe e ultrapassa 10%
Exame 27.07.2011 - Tanto a CSN quanto a Usiminas são siderúrgicas fabricantes de aços planos no país e, juntas, detêm mais de 70% do mercado. Aciaria da CSN no RJ: aço no Brasil está entre 8% e 15% mais caro que no exterior.
A Companhia Siderúrgica Nacional anunciou na noite de quarta-feira que voltou a elevar sua participação na Usiminas, passando a deter 10,84 por cento das ações ordinárias e 10,20 por cento das ações preferenciais da rival.
No final de abril, a participação da CSN na Usiminas correspondia a 10,01 por cento das ações ordinárias e a 5,25 por cento das ações preferenciais.
Representantes da CSN não estavam disponíveis para comentar o assunto. Em comunicado ao mercado, a empresa não informou quanto desembolsou na compra dos papéis, que nos últimos meses acumulam forte desvalorização.
No breve comunicado, a CSN afirmou que segue "avaliando alternativas estratégicas" sobre o investimento na Usiminas.
A CSN anunciou pela primeira vez compra de ações da maior produtora de aços planos do Brasil no fim de janeiro e desde então vem elevando sua participação na rival. Na época, a empresa afirmou que não tinha objetivo de adquirir fatias acima de 10 por cento de cada uma das classes de ações da Usiminas.
O controle da Usiminas é dividido entre os grupos Nippon Steel, Camargo Corrêa, Votorantim e Caixa dos Empregados da empresa.
No início deste mês, o presidente da Usiminas, Wilson Brumer, afirmou que o aumento da participação da CSN na empresa causava "desconforto", mas que a chance da empresa comandada por Benjamin Steinbruch conseguir participar do controle da empresa mineira era pequena.
Na ocasião, o executivo lembrou que os atuais principais acionistas da Usiminas acertaram no início do ano acordo para travar o grupo de controle da siderúrgica até 2031.
Pela Lei das Sociedades Anônimas, para ter direito a um assento no conselho de administração de uma empresa é necessário cerca de 15 por cento das ações ordinárias e 10 por cento das preferenciais.

Repetro
Folha 28.07.2011 - O Repetro prevê isenção fiscal na entrada de plataformas, navios de apoio e outros equipamentos, desde que destinadas à exploração e produção.
Não há uma lista definida com o que é permitido pelo regime. As empresas importam qualquer produto e apresentam com justificativa à Receita, que avalia se o que está sendo importado será usado para explorar ou produzir.
Ex-secretário de energia do Rio, Wagner Victer diz que o Repetro não é mais necessário à indústria. Segundo ele, o setor já está maduro, e a alta rentabilidade atual dos negócios com petróleo dispensa necessidade de isenção.
"O Repetro estava previsto para durar até 2005. Foi estendido até 2020, mas já deveria ter parado."
A exploração no pré-sal, que vai ampliar ainda mais as atividade do setor de petróleo e gás, é vista como um ponto de partida para mudanças no Repetro.
A Receita avalia que será preciso estender a estrutura diante da perspectiva de alta das importações pelo pré-sal.

Fitch eleva rating da Petrobrás Argentina de BB- para BB
Estadão 28.07.2011 - Segundo a agência, elevação se deve, entre outras coisas, ao perfil de negócios integrado e à estrutura de custos competitiva da companhia 
A agência de classificação de risco Fitch elevou nesta quarta-feira, 27, o rating de probabilidade de inadimplência do emissor (IDR, na sigla em inglês) em moeda estrangeira da Petrobrás Argentina para BB, de BB-.
O rating dos bônus sênior sem garantia que vencem em 2013 também foi elevado para BB, de BB-. O rating IDR em moeda local foi mantido em BB. O rating dos bônus com garantia para 2017 foi mantido em BBB. A perspectiva para todos os ratings é estável.
Segundo a Fitch, a elevação dos ratings se deve às sólidas métricas de crédito da Petrobrás Argentina, um perfil de negócios integrado e uma estrutura de custos competitiva. A agência afirma ainda que os ratings superiores ao rating soberano da Argentina (que é B) são embasados pelo suporte oferecido pelo Petrobrás, que é a maior acionista da empresa.
Além disso, a Fitch destaca a forte geração de fluxo de caixa, a receita com exportações denominadas em dólar e o direito da petroleira de manter até 70% das receitas com exportações fora da Argentina. A Petrobrás Argentina é uma subsidiária da Petrobrás Participaciones SL, que por sua vez é 100% controlada pela Petrobrás.
Segundo a Fitch, os maiores receios sobre a Petrobrás Argentina são a possibilidade de intervenção do governo argentino no setor de energia, a frágil estrutura regulatória existente, a concentração dos ativos e da receita no mercado doméstico e a queda nos níveis de produção e reservas.

EDP Brasil
Folha 28.07.2011 - A EDP no Brasil, do grupo EDP Energias de Portugal, fechou o primeiro semestre deste ano com lucro líquido de R$ 316,5 milhões, o que representa crescimento de 2,5% em relação ao mesmo período de 2010.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) atingiu R$ 875,4 milhões, com alta de 7,8%.
"O resultado foi bom, porém, impactado pela provisão que fizemos por razão judicial relativa a uma ação de 11 anos atrás", disse António Pita de Abreu, presidente do grupo no Brasil.
Quanto ao volume de energia vendida no semestre, o aumento na comercialização no mercado livre foi de 28,2%. Na geração, registrou alta de 9,5% e de 3,4% na distribuição, com acréscimo de 2,4% na EDP Escelsa (ES) e de 3,9% na EDP Bandeirante (SP).
"A média de 3% deve ficar próxima do que deverá ser o PIB no semestre."
A recente oferta secundária de ações da EDP na Bolsa, que girou R$ 810,724 milhões, teve procura 4,5 vezes maior que a oferta, revelou.

CUT ameaça ir à Justiça contra leilão de aeroportos
Valor 28.07.2011 - Diante da determinação do governo federal de conceder à iniciativa privada os aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) ameaçou ontem recorrer à Justiça para tentar frear os leilões.
A iniciativa deve ter dificuldades de prosperar no Judiciário, mas pode atrapalhar os planos do governo de realizar as licitações ainda este ano. O alerta foi feito pelo presidente da CUT, Artur Henrique da Silva, que participou ontem da terceira reunião entre representantes dos trabalhadores e do governo para discutir as concessões.
Ele ponderou que insistirá nas negociações para tentar demover o governo Dilma Rousseff da ideia de reduzir a 49% a participação da Infraero nos três empreendimentos. Caso não tenha sucesso, a CUT passará a centrar seus esforços na tentativa de influenciar a redação do modelo dos leilões de concessão. Insistirá que o Executivo precisa garantir a segurança e a qualidade do serviço, além do emprego e das condições de trabalho no setor.
"Se nada disso der certo e o governo mantiver a decisão de dar à Infraero 49%, e ao setor privado 51%, cabe ao movimento sindical analisar as medidas jurídicas cabíveis", disse.
Eletricitário de Campinas (SP), Artur Henrique tem experiência no tema. Na gestão de Fernando Henrique Cardoso, apresentou diversas ações judiciais questionando as privatizações do setor elétrico. Não obteve nenhuma vitória nos tribunais, mas sua postura não deixou de render dores de cabeça ao governo. "Não gostaria que chegasse nisso."
Além do presidente da CUT, participaram da reunião o presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários, Francisco Lemos, e representantes da Secretaria-Geral e da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República. No encontro, o governo revelou aos trabalhadores alguns detalhes do modelo de concessão que está em elaboração.
Os editais teriam como premissa evitar aumentos tarifários e demissões. Além disso, como a Infraero passaria a ser minoritária, os consórcios que vencerem os leilões não devem sofrer com as amarras da Lei de Licitações e os controles do Tribunal de Contas da União (TCU) e dos tribunais de contas estaduais. "O governo alega que a proposta vai na linha de que é preciso mais liberdade, rapidez e celeridade na condução e execução do que precisa ser feito nos aeroportos", comentou Artur Henrique.
O modelo em estudo pelo governo também prevê o estabelecimento de metas de qualidade e conforto dos passageiros nos contratos de concessão. Mas o presidente da CUT lembrou que o mesmo foi feito no setor elétrico e hoje os consumidores sofrem com frequentes falhas no fornecimento de energia.
A próxima reunião do grupo foi agendada para o dia 11 de agosto. O encontro será ampliado: deverá contar com a presença de representantes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Infraero, Polícia Federal, Receita Federal e dos sindicatos dos aeronautas e aeroviários.
O governo pretende realizar a licitação dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília ainda neste ano. Para tanto, quer promover uma audiência pública em setembro ou outubro sobre o modelo de concessão e publicar os editais dos leilões em novembro. Procuradas pela reportagem, a Secretaria-Geral e a Secretaria de Aviação Civil não comentaram o assunto.

Mercado especula com novo polo de escritórios na Chucri Zaidan, em SP
Folha 28.07.2011 - Plano apresentado à prefeitura prevê 872 mil m² até 2016, o dobro de toda a avenida Paulista. Empreiteiras têm projetos prontos e fila de clientes; estimativa é de R$ 700 milhões em aluguéis por ano. Continuação da avenida Berrini, Chucri Zaidan tem galpões e velhas fábricas.
A extensão da avenida Chucri Zaidan, na zona sul de São Paulo, pode se tornar o maior polo de escritórios da cidade: os 872 mil m² existentes até 2016 serão o dobro da oferta da av. Paulista e 40% superiores à da Faria Lima.
A projeção é da consultoria imobiliária Jones Lang LaSalle. Serão ao menos R$ 700 milhões de aluguel ao ano, pagos por bancos, seguradoras, farmacêuticas, teles, eletrônicas, montadoras e grupos de óleo e gás, que já indicaram interesse no local.
As maiores construtoras do país já apresentaram propostas à prefeitura, que está a um passo de aprovar o novo distrito, segundo a Folha apurou, na área hoje ocupada por galpões e velhas fábricas.
A demanda é forte: a taxa de vacância do mercado de escritórios de alto padrão em São Paulo encerrou junho em 5%, um dos patamares mais baixos desde 1988, segundo a CB Richard Ellis.
A concentração financeira já migrou do centro histórico para a av. Paulista nos anos 1970; de lá para a Faria Lima nos anos 1990; e depois para a av. Berrini, da qual a Chucri Zaidan é uma extensão.
Incorporadoras e prefeitura prometem ruptura com o "modelo Faria Lima", que vinha dando o tom da expansão dos escritórios AAA.
O modelo, criticado por urbanistas, engloba calçadas estreitas e longos quarteirões, térreos fechados ao público e poucas áreas verdes, e prédios de um só uso, o que inviabiliza circulação aos finais de semana e à noite.
No atual Código de Obras, aprovado nos anos 1970, edifícios têm de ter recuo de cinco metros da rua, e o uso misto é desencorajado, o que transformou lojas e bares no térreo de torres de escritórios uma raridade.
Incorporadoras e prefeitura afirmaram à Folha a intenção de que o novo polo tenha mais multiuso, mais áreas verdes e calçadas mais largas.
Multiuso: Um dos projetos principais é o complexo de residências, escritórios e comércio da Odebrecht Realizações Imobiliárias, que vai ocupar terreno de 82 mil m² na ex-fábrica de bicicletas Monark. Segundo Paulo Melo, diretor de incorporação, projetos de uso misto são mais valorizados.
Odair Senra, do SindusCon-SP (sindicato da construção), diz que produtos desse tipo se tornam mais viáveis com o mercado aquecido. "As coisas mais complexas acabam acontecendo, saindo um pouco do feijão com arroz."
A Yuny Incorporadora tem dois projetos de uso misto na região. O mais adiantado deve começar a ser construído em 2012 num terreno de 13 mil m² e VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 500 milhões.
Os seis primeiros andares terão salas comerciais de 35 m². Nessa base comum serão erguidas duas torres de 27 andares, uma comercial e outra residencial, com apartamentos de 50 m² a 100 m².
"As salas comerciais atraem investidores e pequenas empresas, e o prédio corporativo, grandes empresas. O residencial também é atraente para executivos jovens, que procuram apartamento na região onde trabalham", diz Fábio Romano, diretor da Yuny.
Para valorizar o passeio e o pedestre, a prefeitura obrigou as construtoras a doar uma faixa de dois metros de largura na frente dos prédios.
Mas um dos problemas na Operação Urbana Faria Lima, por exemplo, segundo urbanistas, é que a legislação exigia até a criação de bulevares --o que jamais foi feito.

Falta de produto coloca em risco operação das refinarias
Valor 28.07.2011 - A elevação nos preços das terras-raras e a redução no fornecimento global desses minerais começam a gerar efeitos problemáticos em algumas cadeias produtivas do país.
A Fábrica Carioca de Catalisadores (FCC), única fabricante no Brasil de catalisadores para o craqueamento do petróleo nas refinarias, já está sentindo os efeitos do cenário restritivo das terras-raras. "Hoje, o Brasil corre risco de abastecimento. Já não temos a oferta da matéria-prima à vontade", diz o coordenador de suplementos da FCC, Paulo Menezes.
A empresa - formada pela união entre a Petrobras (detentora de 50% do capital da FCC) e a americana Albermale Corporation - tem uma capacidade de produção de 45 mil toneladas de catalisadores por ano. Cerca de 90% de sua produção vai para as refinarias da Petrobras. Além de abastecer o mercado interno, ela é responsável por 80% dos catalisadores utilizados nas refinarias da Colômbia.
A matéria-prima utilizada em suas atividades - o óxido de lantânio - era comprada, há cerca de dois anos, de fornecedores chineses por US$ 5 o quilo. Hoje, o custo saltou para US$ 140. Por ano, a empresa consome uma média de 900 toneladas de óxido de lantânio. "E estamos muito preocupados com a situação em 2012, quando as exportações da China podem secar", explica o executivo.
O mercado espera que as cotas de exportação dos chineses possam ser reduzidas ao longo deste ano e do próximo. Isso pode fazer com que, ao fim de 2012, o consumo interno chinês esteja no mesmo patamar do volume produzido pelo país. "A matéria-prima é essencial. Se não tiver catalisador, o Brasil não tem como produzir gasolina", afirmou Menezes.
Diante desse contexto, a companhia tomou algumas iniciativas. Segundo Menezes, a FCC está realizando melhorias no processo produtivo, para reduzir as perdas da matéria-prima. Além disso, está negociando com as refinarias reduções da participação de terras-raras na produção do catalisador. "É possível fazer isso tecnicamente, mas pode haver impacto no rendimento do catalisador", afirma o executivo.
A empresa analisa também a utilização de compostos substitutos, mas ainda não chegou a nenhuma alternativa prática. "O caixa da companhia está sendo mais prejudicado do que a lucratividade. Temos hoje de pagar um valor alto para garantir abastecimento, mas o retorno é mais a longo prazo", explica Menezes. A FCC está procurando ainda diversificar sua produção. A empresa iniciou um projeto de construção de uma nova unidade para fabricar outro tipo de catalisador, que não depende das terras-raras, e é voltado para a produção de óleo diesel.
Além da cadeia de petróleo, a metalurgia voltada para o setor automobilístico, também está enfrentando dificuldades. A Ligas Gerais - que produz ligas de terras-raras para empresas de fundição que, por sua vez, abastecem as indústria de autopeças - não tem conseguido comprar matéria-prima da China. "A China está enviando para o Brasil o material já pronto, com valor agregado. Já pensei em parar de produzir e só revender o produto chinês", afirmou o diretor da empresa, Wellington de Lima. Ele afirma que seu estoque de liga de terras-raras acaba em cerca de 3 meses.
"O Brasil precisa investir; é questão de soberania", afirma Marcelo Tunes, diretor de assuntos minerais do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Procurada, a Petrobras não quis comentar o assunto.

China força corrida por terras-raras no Brasil
Valor 28.07.2011 - Unidade da Resind, em São João del Rei, em Minas Gerais: forno de redução produzindo ligas metálicas de terras-raras.
A manobra chinesa para estabelecer cotas de exportação para os compostos de terras-raras está gerando uma corrida pelos estoques e reservas desses elementos minerais no Brasil. Além da Vale, que já confirmou seu interesse, outras empresas, inclusive estrangeiras, estão voltando suas atenções para esse mercado no país.
As restrições da China - responsável por mais de 90% do fornecimento mundial das terras-raras - e o temor global de desabastecimento impulsionaram essa movimentação. A oportunidade é imensa: quem conseguir ser uma alternativa à produção chinesa pode abocanhar parte de um mercado mundial de cerca de US$ 5 bilhões, que abastece setores de alta tecnologia. As terras-raras representam um conjunto de 17 elementos químicos usados para a produção de diversos produtos modernos como ímãs, fibras óticas, notebooks e celulares.
"O Brasil tem potencial para entrar nesse mercado. E nós vemos isso como uma grande oportunidade", afirmou ao Valor o diretor da fabricante de ligas metálicas Resind, Almir Clemente. A empresa tem uma grande ambição: abastecer o mercado interno. Com faturamento um pouco acima de R$ 25 milhões em 2010, a empresa mineira é especializada na recuperação de resíduos metálicos, atuando no reprocessamento do estanho e outros metais. A capacidade da companhia é de 300 toneladas de matérias-primas processadas por mês.
Clemente acredita que pode entrar no novo negócio: há seis meses ele desenvolveu uma tecnologia para produzir uma liga de terras-raras. Com isso, quer abastecer primeiramente a cadeia da indústria automobilística e, em uma segunda etapa, fornecer para os fabricantes de catalisadores, importantes para o processo de refinamento do petróleo.
Recursos identificados medidos no Brasil são maiores do que as reservas oficiais da China, segundo Cetem
A tecnologia envolve o processamento da monazita - concentrado mineral onde se encontram terras-raras. Da monazita saem dois produtos: uma liga com as terras-raras e uma escória. Para chegar nisso, a Resind faz um tratamento metalúrgico, em fornos, o que, segundo Clemente, é um processo seguro diante do principal desafio de se produzir terras-raras: manter controlado o material radioativo. Isso porque a monazita abriga também o tório, elemento que deve ser separado e armazenado de modo seguro.
A tecnologia da Resind, informa a empresa, permite que o tório fique encapsulado em uma escória, sem contaminar o ambiente. "Essa rota que inventamos ainda não existe", garante o executivo.
Para usar sua tecnologia e iniciar a produção, no entanto, a Resind precisa da matéria-prima. Para isso, a empresa está há cerca de um mês negociando a compra do estoque da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), companhia estatal produtora de urânio. A INB tem um estoque que totaliza 20 mil toneladas de monazita bruta no Estado do Rio de Janeiro, sendo que 62% do material é terras-raras. Esse estoque veio das operações da própria empresa, que separa os materiais que não são seu foco de negócios.
O plano de Clemente é produzir 200 toneladas por mês da liga com terras-raras, suficiente para suprir o mercado que abastece a indústria de autopeças. Em uma segunda etapa, Clemente pretende investir R$ 5 milhões na compra de um segundo forno, para produzir mais 200 toneladas de liga do mineral, que abasteceriam a cadeia de refinamento de petróleo. As cerca de 10 mil toneladas negociadas pela Resind na INB seriam suficientes para cinco anos de suprimento da demanda desses mercados, diz o executivo. "Depois disso buscaríamos outras formas de acesso à matéria-prima", contou. A demanda brasileira por terras-raras hoje está em torno de mil toneladas/mês.
Com mercado interno pequeno e com as reservas que o Brasil tem, o país pode se tornar um exportador do produto. Segundo Francisco Lapido Loureiro, pesquisador do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), os recursos identificados e medidos no Brasil são maiores do que as reservas oficiais da China. Só em Catalão (GO) - um dos locais mais estudados no setor - foram identificadas 120 milhões de toneladas de terras-raras. "Há poucos países com a tecnologia de extração e produção. E no Brasil ainda temos de estudar os recursos", afirma Loureiro, enfatizando que para ser considerada uma reserva, a exploração dos recursos deve ter um caminho econômico definido. "Nossas reservas são grandes, mas, no momento, não há uma exploração e produção organizada em escala industrial", completou o coordenador de processos metalúrgicos e ambientais do Cetem, Ronaldo Luiz Santos.
Além de Catalão, há ainda outros locais com recursos identificados, como Araxá (MG) e Pitinga (AM). E as potencialidades econômicas de Pitinga já estão sendo analisadas. Proprietário da mina, o grupo peruano Minsur - por meio da subsidiária brasileira, Mineração Taboca - está no processo final de um estudo que vai mostrar o potencial de terras-raras da reserva. No local, onde a empresa explora estanho e ligas de tântalo e nióbio - há presença expressiva o concentrado mineral xenotima, outra fonte dos elementos de terras-raras. No caso, podem ser explorados elementos pesados, de maior valor agregado.
Com o estudo, a empresa pretende levantar quais são os tipos de terras-raras encontradas, determinar o volume e as possibilidades de extração. A partir de então, a Taboca pode começar a traçar projetos de produção desses metais. "As terras-raras estão no nosso radar. Mas ainda não temos uma definição sobre o setor. Não estabelecemos ainda quais seriam as rotas de produção", afirmou o presidente da Mineração Taboca, João Luiz Serafim. A empresa comprou em 2008 a mina de estanho da Paranapanema.
As reservas brasileiras também têm atraído outras empresas estrangeiras. Segundo o Valor apurou, há grupos japoneses vindo realizar pesquisas no país. Um grande produtor de cristais também enviou um pesquisador e dois representantes para encontrar áreas de prospecção que contenham monazita no país. A companhia está em busca de parceiros para extrair as terras-raras. "Com a centralização da produção na China, o mundo começou a se mexer", observa o coordenador do Cetem.
O problema global do fornecido das terras-raras ficou mais complicado no início deste ano, quando o premier chinês, Wen Jiabao, desenhou um plano que inclui maior fiscalização, elevação dos padrões de produção e a consolidação dos produtores desse mineral. A China estabeleceu ainda cotas de exportação, o que projetou os preços às alturas.

Derivativos de câmbio são alvo de pesado pacote de medidas
Valor 28.07.2011 - A indefinição sobre o aumento do teto da dívida americana e o aprofundamento da crise na Europa geraram campo fértil à especulação cambial e precipitaram o anúncio de um pesado pacote de medidas para o mercado de câmbio, que deu amplos poderes ao Conselho Monetário Nacional (CMN) para regular o mercado de derivativos e taxou em 1% o descasamento nas posições vendidas no mercado futuro.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, justificou a decisão como um "pedágio" para os especuladores que quiserem apostar na valorização do real e garantiu que isso evitará uma maior apreciação da moeda.
As decisões - tanto a MP quanto o decreto presidencial que fixou a alíquota do IOF em 1% - foram publicadas no Diário Oficial de ontem e explicadas ainda pela manhã em entrevista coletiva convocada pelo Ministério da Fazenda.
O temor da equipe econômica era a possibilidade de uma "forte apreciação do real nas próximas semanas", conforme afirmou o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, em meio à piora acentuada dos mercados internacionais. O foco das medidas foi o mercado de derivativos, tido como o responsável por "grande parte da apreciação" do real, nas palavras do secretário.
A partir de agora, o CMN, formado pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento, além do Banco Central (BC), pode, com uma única resolução, mudar desde a margem de garantia requerida para operar nas bolsas até alterar os limites, prazos e demais condições dos contratos nos mercados futuro, a termo e de opções.
Conforme assinalou o economista do Itaú Unibanco Darwin Dib em análise divulgada no início da noite: pela primeira vez as medidas cambiais administrativas foram além da ponta do iceberg do mercado à vista. "As eventuais próximas medidas de intervenção cambial provavelmente seguirão o caminho dos mercados futuros", escreveu ele, completando que, enquanto o mercado à vista movimenta US$ 2 bilhões por dia, o futuro gira US$ 15 bilhões e é decisivo na formação da taxa de câmbio.
Mantega afirmou que a medida (Medida Provisória 539) autoriza o CMN a fazer a regulação do mercado de capitais e de derivativos, a exemplo do que vêm fazendo diversos países no pós-crise, como forma de evitar problemas semelhantes aos enfrentados em 2008.
Na mesma MP, o governo ampliou o escopo do Imposto sobre Operações Financeiras para incluir os contratos derivativos no rol de operações sujeitas ao tributo, alterando a Lei 8.894, de 1994. O valor do contrato considerado para cálculo do imposto será o valor nocional ajustado, ou seja, o produto da multiplicação do valor de referência do contrato (valor nocional) pela variação do preço do derivativo em relação à variação do preço do seu ativo objeto, por exemplo o dólar no derivativo cambial.
A alíquota do IOF foi definida, via decreto, em 1% sobre a variação, a cada dia, da exposição vendida líquida dos agentes. Ou seja, toda operação de aquisição, venda ou vencimento de derivativos cambiais que resultem no aumento da exposição líquida vendida das instituições em relação ao dia anterior será sujeita ao tributo. A única isenção é para posições líquidas inferiores a US$ 10 milhões.
O governo definiu que a alíquota máxima de IOF que pode incidir sobre esse mercado passa a ser de 25%, dependendo apenas de decisão do poder Executivo para alterar, "tendo em vista os objetivos das políticas monetárias e fiscal", segundo texto da MP.
A medida provisória obriga ainda que todos os contratos derivativos celebrados entre os agentes (contratos de balcão) sejam registrados em câmaras de compensação (clearing house), como a BM&FBovespa e a Cetip. O governo estima que o volume de operações não registradas seja pequena, já que desde 2007 (Resolução 3505) os bancos, maiores operadores, já são obrigados a fazer o registro. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também obrigou as empresas de capital aberto a proceder da mesma forma, depois dos problemas enfrentados por diversas companhias na crise de 2008.
As entidades responsáveis por registrar os contratos é que deverão fazer o recolhimento do imposto. É permitida a compensação entre as exposições de um mesmo investidor em diferentes câmaras de compensação. Num exemplo prático, se o investidor - e as informações serão por CNPJ - estiver comprado em R$ 100 milhões na BM&F e vendido no mesmo valor na Cetip, ele estará "zerado" e não será tributado.
As medidas foram amplamente discutidas com o BC e a CVM, disse Barbosa, e vinham sendo "analisadas já há algum tempo". Ele garantiu, no entanto, que não haverá medidas relativas a esse mercado na reunião do CMN de hoje e disse que o governo vai "monitorar" o impacto das decisões para fazer eventuais "ajustes" no futuro.
O decreto também definiu que os contratos de empréstimos no exterior superiores a 720 dias que forem liquidados de forma antecipada estarão sujeitas ao IOF de 6%, com juros moratórios e multa.

CMN assume linha de frente na batalha cambial
Valor 28.07.2011 - Mantega confirma alerta sobre "medidas duras" no câmbio e fica mais fortalecido no comando da economia.
O governo disparou uma artilharia no câmbio, colocou uma espada sobre a cabeça do mercado ao acenar com a possibilidade de o Conselho Monetário Nacional lançar medidas para derivativos e fortaleceu a posição do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no comando da economia. A edição de uma medida provisória e de um decreto taxando investimentos com derivativos cambiais elevou a cotação do ministro que vinha alertando para "medidas duras" que estavam a caminho no governo para conter a apreciação do real. A adoção de novas medidas e a autoridade do ministro entraram em xeque nos últimos dias, quando declarações da presidente Dilma Rousseff indicaram que o governo não se moveria diante da turbulência externa. "Pela primeira vez, a política cambial saiu claramente das mãos do BC e foi parar nas mãos do CMN, da Fazenda", alerta uma das fontes consultadas pelo Valor.
Sob o efeito das novas medidas, que entraram em vigor ontem quando reveladas pelo Diário Oficial da União, parte do mercado deu uma releitura ao "confronto verbal" que teria, dias antes, distanciado Dilma de Mantega. Credenciado economista pondera que, ao descartar medidas mais agressivas no câmbio, a presidente Dilma estaria afastando a possibilidade de o governo adotar, por exemplo, quarentena para o capital externo aportado no país. Mantega, por sua vez, estaria acenando com "medidas duras", focando capitais especulativos - o que de fato se confirmou. Outro economista atribui a falta de sintonia verbal entre Dilma e Mantega à deficiente comunicação do governo e não a discordâncias na gestão da política cambial.
"O governo mudou com a chegada de Dilma ao Planalto. Tem hoje uma presidente que é economista e um ministro da Fazenda com grande poder em mãos. O presidente Lula tinha a preocupação de cultivar o conflito para arbitrar. E isso era evidente na relação Mantega e Henrique Meirelles. O presidente Lula - um político - operava dessa maneira. Dilma não é assim. Ela entende o que acontece na economia e tem sua própria opinião", comenta outra fonte para quem também ocorreu, no governo Dilma, um esvaziamento do poder do Banco Central.
Esse economista avalia que não há contradição entre as declarações de Dilma - descartando medidas em entrevista na sexta-feira - e as declarações de Mantega no início desta semana. "Não há contradição, mas talvez descompasso resultante de uma avaliação duvidosa do próprio governo sobre o cenário externo. Nos últimos quatro dias a situação piorou muito nos Estados Unidos. No meio da semana passada havia esperança de que o governo Obama e o Congresso americano chegariam a um consenso sobre a elevação do limite de endividamento do país. Mas isso já mudou. Predomina a imprevisibilidade que afeta as economias em escala global", pondera a fonte.
As medidas anunciadas ontem pelo governo brasileiro levam em conta que o cenário para o câmbio não deve mudar tão cedo, entendem economistas ouvidos pelo Valor. Isso porque a tendência de enfraquecimento do dólar poderia mudar em duas situações: se o embate político que se observa nos Estados Unidos fosse solucionado ou se os sinais de recuperação da economia americana fossem definitivos. "As chances dessas duas situações ocorrerem diminuiu muito nos últimos dias. Além disso, prevalece a percepção no mercado internacional de que o presidente Obama já está enfraquecido. Seja qual for o resultado dos entendimentos com o Congresso, Obama sairá arranhado. E isso ajuda a manter o dólar para baixo contra todas as moedas", comenta um interlocutor.
A perspectiva para o dólar no Brasil também não muda. A moeda tende a seguir em baixa, uma vez que a economia brasileira vai relativamente bem num mundo catastrófico. Portanto, o real tende a se manter valorizado. E, como em 2008, o câmbio passa a oferecer mais riscos por seguir numa única direção. Nesse sentido, o governo está agindo corretamente, na avaliação de economistas, porque apostas unidirecionais podem crescer e tornar ainda mais arriscadas as posições especulativas.
"Não se trata simplesmente de forçar uma desvalorização do real. É mais que isso. Quando as medidas se restringem ao IOF elas são reativas. Agora, as medidas têm cunho preventivo", avalia uma fonte que lembra da insegurança e das perdas geradas por operações contratadas por empresas em derivativos em 2008. Nos últimos 12 meses encerrados em agosto de 2008 (antes da quebra do Lehman Brothers), o dólar acusava queda de 16,75% ante o real. A relação dólar/real não é muito diferente agora. Nos últimos 12 meses encerrados na terça-feira, o dólar cai 13% ante o real.
Em 2008, a perda acentuada do dólar animou grandes empresas a elevarem suas apostas em derivativos pautadas pela queda da moeda americana. Esses apostadores enfrentaram uma crise inédita no Brasil com a eclosão da crise do subprime que incentivou uma alta do dólar em quase 17% apenas em setembro de 2008. A Aracruz e a Sadia foram destaque na crise doméstica cultivada pela turbulência global de três anos atrás. Ambas contabilizaram perdas bilionárias pela contratação de instrumentos financeiros que passaram a ser conhecidos como "derivativos tóxicos".

Indústrias já driblam cenário e se fortalecem
DCI 28.07.2011 - Às vésperas do anúncio do pacote de incentivo à indústria, algumas companhias nacionais preferem não esperar e se concentram em crescer, como fez a Braskem ontem, ao adquirir as operações de polipropileno (PP) da Dow. O negócio, no valor de US$ 323 milhões, coloca a petroquímica brasileira na liderança do mercado norte-americano e faz dela uma das cinco maiores do mundo na produção da resina.
O acordo prevê a compra de duas unidades nos EUA e duas na Alemanha, possibilitando a presença da Braskem na Europa. Isso vai adicionar mais 1,050 milhão de toneladas da resina à capacidade global da companhia, de 7,5 milhões de toneladas. "Em janeiro de 2010 estávamos com 3,5 milhões de toneladas, a Quattor adicionou 2 milhões [de toneladas], a Sunoco e a Dow, mais um milhão de toneladas cada uma, o que nos mantém em terceiro lugar no mundo e muito mais próximos da chinesa Sinopec", diz o presidente da Braskem, Carlos Fadigas.
O próximo passo da empresa pode ser sua entrada em segmentos de mercado em que o grupo já atua no Brasil, como o de polietileno (PE) e o de PVC.
Nos EUA, as unidades ficam no Texas, berço de petróleo e gás daquele país. Já na Alemanha, estão localizadas nos complexos de Wesseling e Schkopau. "Entrar na Europa pela Alemanha é a melhor forma, pois é um país em que a economia apresenta melhor performance", afirmou Fadigas.
A oportunidade também se abre para empresas nacionais ligadas ao setor de petróleo e gás, que devem ficar com pelo menos US$ 140 bilhões dos investimentos previstos pela Petrobras para o período entre 2011-2015. Segundo o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, a empresa deve manter o índice mínimo de 65% de conteúdo nacional nos projetos. "Dos US$ 224,7 bilhões do plano de negócios, devemos tirar US$ 10 bilhões, que serão investidos no exterior; os 65% restantes serão aplicados em conteúdo nacional", afirmou o executivo ao DCI, ontem, depois da coletiva de apresentação do Plano de Negócios ao mercado.
Por outro lado, há quem tenha aproveitado o crescimento para sanear as contas. Como parte do projeto de controle da alavancagem, a Fibria decidiu vender a unidade em Piracicaba (SP), negócio que, quando for anunciado, vai marcar a saída do grupo da produção de papel no Brasil.

WWI une-se a fundo de Luxemburgo
Valor 28.07.2011 - A WWI (World Wide Investments), grupo que fechou esta semana com o Allard a compra do Hospital Matarazzo por R$ 117 milhões, está se associando a um fundo de private equity sediado em Luxemburgo, o Genii Capital. A soma dos ativos dos dois negócios se aproxima de US$ 10 bilhões.
O Genii Capital foi um dos primeiros investidores do Skype, sistema de conversas online, e tem uma participação na equipe Lotus de Fórmula I, que tem como seu terceiro piloto o sobrinho de Ayrton Senna, Bruno Senna. O fundo tem, ainda, participação em negócios de óleo e gás.
É justamente essa diversidade o ponto comum entre os dois negócios. A WWI é uma empresa com atuação em segmentos completamente distintos - da área imobiliária à energia renovável e tecnologia da informação. "Queremos ter opção tanto para os estrangeiros que querem investir em ativos nossos, quanto para brasileiros interessados em grandes negócios na Ásia e Europa", afirma Marco Versiani, presidente da WWI.
WWI reúne a segunda geração da família Sabó, multinacional brasileira de autopeças (Claudio Roberto Sabó, fundador da empresa, é presidente do conselho), além de executivos com experiência no mercado imobiliário, de energia e ambiente. O portfólio imobiliário da empresa provém de ativos que pertenciam à Sabó. A WWI já montou um fundo de propriedades para renda - própria e de terceiros -com ativos que somam R$ 2,3 bilhões.
A WWI está em fase de aprovação de um novo shopping na Casa Verde, na Marginal Tietê, com 28 mil m2 na primeira fase, que pode chegar a até 45 mil m2. A construção deve começar em 2012. Também estão concluindo um condomínio com 518 casas de alto padrão em Lagoinha, no Ceará.
Sobre o Hospital Matarazzo, Versiani evita falar do projeto por conta da confidencialidade. O projeto ainda pode mudar por conta das aprovações - trata-se de uma edificação tombada pelo patrimônio histórico. O imóvel, que pertencia à Previ desde 1996, tem 36 mil m2 de área construída.

Impasse do ICMS pode causar falta de infraestrutura
DCI 28.07.2011 - A tentativa de eliminar a guerra fiscal e resolver a questão da cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ao reduzir ou zerar a alíquota cobrada das importações pode prejudicar a logística do País.
É o que conclui o diretor da Rosenberg & Associados, Michal Gartenkraut, para quem a retirada de incentivos fiscais dificultará a infraestrutura.

Investidor dos EUA revisa portfólios
Valor 28.07.2011 - Os Americanos estão bombardeando seus consultores financeiros com perguntas sobre o que fazer se o governo dos Estados Unidos der um calote em sua dívida. O número de telefonemas para as grandes administradoras de recursos vem aumentando e muitos clientes querem saber se serão duramente afetados pelos acontecimentos em Washington.
As preocupações parecem estar aumentando com a aproximação do prazo de 2 de agosto para que o governo aumente o teto da dívida, caso contrário pode não conseguir pagar suas contas. Embora não haja sinais de desespero, muitos investidores estão perguntando aos seus consultores financeiros se não seria o momento de converter suas aplicações em dinheiro vivo ou vender bônus.
"Devemos dizer às pessoas que elas precisam construir um bunker e enterrar seu dinheiro? Então elas vão precisar de armas", diz Lydia Sheckels, diretora de investimentos da Wescott Financial Advisory Group, que gerencia uma carteira avaliada em US$ 1,5 bilhão, em escritórios na Pensilvânia, Flórida e Washington, D.C. Em vez disso, diz ela, o melhor conselho que pode oferecer é que os investidores diversifiquem bastante suas aplicações.
Este não é o momento para aquela aposta arriscada em um mercado emergente ou commodity. Entre as conversas no escritório e os comentaristas na televisão, está ficando impossível ignorar o barulho e apenas sentar e esperar pelo fim da crise.
Para os consultores financeiros isso vem significando muitos contatos esta semana. Leslie Fransworth, de 36 anos, não vinha dando atenção ao frenesi e há meses não verificava a situação de sua conta. Ela nem estava especialmente preocupada com a situação dos mercados financeiros - até seu consultor aparecer em seu escritório com dois colegas para rever sua carteira de investimentos. "A situação é mesmo terrível?", perguntou Farnsworth, que é a presidente da consultoria FrogDog , de Houston. Seu consultor financeiro, que trabalha no UBS, disse: "Não precisamos manter uma posição firme. Precisamos mudar."
Essas mudanças incluíram trocar o Growth Fund of America da American Funds pelo Wells Fargo Growth Fund, por causa do desempenho inferior do primeiro. O consultor de Farnsworth também transferiu dinheiro das ações para investimentos menos arriscados, incluindo uma alocação de 15% para o Princeton Managed Futures, elaborado para reduzir a volatilidade ao apostar em futuros, opções e outros títulos. Ela agora tem uma alocação de 50% em ações, o que é pouco para uma pessoa da sua idade.
No entanto, a posição predominante entre a maior parte dos consultores é avaliar, mas permanecer firme. Matthew Tuttle, diretor de investimentos da Tuttle Wealth Management , de Stamford, Connecticut, está entre aqueles que acreditam que um acordo será feito na última hora: "O acordo da dívida vai acabar saindo e vamos reagir quando isso acontecer."
Os gestores de fortunas dos fundos e corretoras estão mantendo um contato intenso com os clientes nas últimas semanas, normalmente por telefone. Na Fidelity Investments, o número de telefonemas aumentou um pouco, embora os clientes "não estejam tomando atitudes significativas" para transformar aplicações em dinheiro vivo ou recorrer a outros investimentos mais conservadores, segundo afirma Adam Banker, um porta-voz da companhia. A Fidelity administrava mais de US$ 3,6 trilhões ao fim de de junho.
"Calculo que o número de telefonemas que recebemos aumentou um terço na semana passada, e 50% nesta semana", acrescenta Jim Russell, gerente regional de investimentos da U.S. Bank, que administra US$ 60 bilhões em contas de clientes.
Surpreendentemente, uma das perguntas que os clientes estão mais fazendo é se esta não é uma oportunidade para aumentar a exposição aos mercados de capitais. Russell diz esperar que a situação seja parecida com a de três anos atrás, quando o Congresso americano inicialmente não aprovou o Programa de Ajuda aos Ativos Problemáticos (Tarp), de resgate aos bancos, derrubando os mercados, para aprová-lo dias depois, provocando uma reação positiva dos mercados.

Brasileiro é o 2º mais insatisfeito com seu carro
Estadão 27.07.2011 - Gastos elevados após a compra reduzem nível de satisfação com os automóveis; pesquisa mostra que mais satisfeitos são os mexicanos.
O brasileiro é um dos menos satisfeitos com a posse do seu veículo, principalmente por causa dos altos custos pós- compra com manutenção, reparos e combustível. Entre sete países, o Brasil está atrás apenas da Itália, segundo pesquisa inédita feita pela consultoria J.D. Power. A insatisfação é maior entre donos de modelos mais baratos. O País também é o penúltimo na lista onde os veículos apresentam maior índice de defeitos.
Pesquisa feita com proprietários de veículos adquiridos num intervalo de dois anos mostra que, numa escala de até 1 mil, a satisfação dos brasileiros com seu automóvel atinge 743 pontos, enquanto a dos italianos é de 729 pontos. O maior índice é dos mexicanos (889 pontos), seguido por alemães (807), ingleses (794), canadenses (789)e franceses (753).
Nos sete países citados, a pesquisa envolve custo de propriedade, design, serviços prestados pelas concessionárias e qualidade do veículo. No Brasil, foram ouvidas 5 mil pessoas durante o mês de maio. Referência em países da Europa e nos Estados Unidos, a pesquisa sobre a satisfação dos proprietários de veículos foi iniciada em 1995 e é chamada de Vehicle Ownership Satisfaction Study (Voss), nome mantido no País, onde será feita anualmente.
A estreia local já tem uma particularidade. "Na maioria dos países, o principal fator de insatisfação dos consumidores é o design; no Brasil, é quanto eles gastam para ter o carro, especialmente entre donos de modelos compactos", diz Jon Sederstrom, diretor da J.D. Power do Brasil. Segundo ele, 20% dos consultados nessa categoria afirmaram que os gastos com serviços foram muito maiores do que o esperado.
O item envolve consumo de combustível, seguro e manutenção/reparo e foi citado por 31% dos pesquisados como principal fator de insatisfação. A aparência, desempenho e conforto vêm em segundo lugar (28% das respostas), os serviços das revendas em terceiro (23%) e, por último, a qualidade e confiabilidade do veículos (17%).
"Isso mostra que os brasileiros são apaixonados por carros, mas são práticos", avalia Sederstrom. A J.D. Power tem escritórios em mais de 40 países e abriu filial no Brasil há um ano. Nos EUA, 60% dos compradores de carros novos levam em conta os resultados da pesquisa no momento da compra.
Segundo Sederstrom, o objetivo da pesquisa é ajudar o consumidor a escolher um produto e contribuir para que o fabricante entenda as expectativas e necessidades dos clientes e possam melhorar sua atuação em toda a cadeia. "Numa pontuação de um a dez, o consumidor que mostra satisfação na casa dos 9 e 10 pontos tem 2,5 vezes mais chances de ser fiel à marca do que aquele que tem pontuação abaixo disso". O executivo cita ainda que o número de problemas e defeitos para cada 100 carros no Brasil também só fica atrás da Itália, mas esses dados são sigilosos.
Campeões. A pesquisa apresenta um ranking com os carros de maior satisfação entre os consumidores. Numa lista com os 37 modelos mais vendidos no País, o campeão entre os subcompactos é o novo Gol (G5), da Volkswagen, com 731 pontos. Entre os compactos, segundo a classificação da consultoria, o Volkswagen CrossFox tem a melhor pontuação (790), enquanto o líder entre os médios é o Honda Civic (830).
Quando avaliada a marca, a campeã em satisfação é a Toyota, seguida por Honda e Citroën. Sederstrom explica que nessa categoria entram todos os modelos do fabricante. A marca com mais produtos acaba tendo a pontuação diluída, daí a explicação para a Volkswagen, com quatro automóveis citados na lista dos nove mais pontuados, ficar em quinto lugar nesse ranking. Modelos mais completos também têm melhor avaliação.
Os fabricantes dos três modelos que ficaram em primeiro lugar - Volkswagen e Honda - vão receber da empresa que fez a pesquisa um troféu confeccionado pela mesma empresa que produz o Oscar.

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