sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Azul.CA.30.09

Daily News

ING está próximo de sair da SulAmérica
Valor 30.09.2011 - O ING está vendendo sua participação na companhia de seguros brasileira SulAmérica num negócio que deverá ser avaliado em pelo menos US$ 1 bilhão, segundo pessoas a par da operação, desencadeando uma guerra de lances. Segundo uma fonte, a francesa Axa e a japonesa Tokio Marine emergiram, até agora, como os principais interessados na participação de 36% do ING na SulAmérica.
O ING não quis discutir detalhes do negócio, mas disse que a venda de seus ativos brasileiros está dentro de seu plano de desinvestimentos nas operações de seguros no mundo todo até 2013. O movimento faz parte do acordo com a Comissão Europeia em troca da ajuda estatal que o grupo holandês recebeu durante a crise financeira. Em julho, o ING vendeu suas operações na América Latina para o Grupo Sura da Colômbia por € 2,6 bilhões (US$ 3,73 bilhões). A Axa e a SulAmérica não quiseram comentar o assunto e ninguém da Tokio Marine foi encontrado para comentar.
A participação do ING na SulAmérica, que está avaliada em cerca de R$ 1,5 bilhão, mas já produziu ofertas maiores, também dará ao comprador uma participação de 45% na Sulaspar, a controladora da SulAmérica formada principalmente pela poderosa família Larragoiti.
Não se sabe que direitos a família pode ter sob eventuais acordos, mas analistas especulam que ela provavelmente tem o direito de ser a primeira recusa sobre qualquer venda da participação do ING. "A venda está pronta há algum tempo. O problema tem sido as relações com a família", disse uma pessoa a par da situação.
As companhias de seguros brasileiras se tornaram alvos de investidores que tentam aproveitar a demanda crescente da nova classe média do país por melhores planos de saúde e seguros de automóveis.
"O mercado brasileiro ainda é subexplorado, mas vem crescendo muito nos últimos anos", diz Guilherme Assis, analista da Raymond James em São Paulo. "Embora haja um sistema público de saúde no Brasil, todo mundo quer migrar para o sistema privado", diz o analista, lembrando que apenas um quarto da população possui planos privados de seguro saúde.
Desde 2003, quase 49 milhões de brasileiros ascenderam para a classe média e a classe média alta, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
As companhias de seguros também vêm se beneficiando do aquecimento do mercado de trabalho, o que obriga os empregadores a oferecer mais benefícios para manter e atrair novos funcionários.
"Cada vez mais o seguro saúde se torna um benefício para os novos funcionários", diz Assis, acrescentando que as pequenas e médias empresas respondem hoje pela maior parte do crescimento da demanda.

Ecorodovias e Fraport têm interesse na licitação de aeroportos
Brasil Econômico 30.09.2011 - Ecorodovias controla cinco concessões rodoviárias localizadas nos estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul
Plano das empresas é desenvolver estudos e participar do programa de licitação de aeroportos, sob o modelo de consessão.
A empresa de infraestrutura logística Ecorodovias firmou um memorando de entendimentos junto à alemã Fraport Frankfurt Airport Services Worldwide para, em conjunto, desenvolverem estudos e participarem do programa de licitação de aeroportos.
A ideia é constituir um consórcio com o objetivo de participar do processo de licitação dos aeroportos brasileiros de Guarulhos (SP), Viracopos (SP) e Brasília (DF).
Tais concessões foram anunciadas pelo governo federal visando a modernização, expansão e operação dos aeroportos, área em que a Fraport atua globalmente.
A empresa alemã administra 13 aeroportos na Europa, Ásia e Américas.

Odbinv quer extinguir conselho de administração
Valor 30.09.2011 - O último espaço ocupado pela família Gradin no grupo Odebrecht está ameaçado de extinção. A Odebrecht Investimentos (Odbinv), holding que controla o grupo, convocou para a semana que vem uma assembleia geral extraordinária para alterar seu estatuto. No edital, publicado no Diário Oficial da Bahia na terça-feira, a Odbinv convoca seus acionistas para deliberarem sobre a simplificação de sua estrutura administrativa. Na prática, a ideia é dar fim ao conselho de administração.
Além dos Gradin, com 20,6% da Odbinv, os demais acionistas são membros da família Odebrecht. Em 2010, a Kieppe, holding dos controladores, comprou a fatia de vários minoritários, mas encontrou resistências em relação às ações dos Gradin, reunidos na holding Graal. Eles contestam a validade do exercício de opção de compra de suas ações feito pela Kieppe e pediram a instauração de um procedimento arbitral, baseando-se em uma cláusula do acordo de acionistas que prevê o uso do método. A Kieppe não aceitou e o caso foi parar na Justiça da Bahia, onde ainda não teve um desfecho.
De acordo com os advogados da Graal, a direção da Odbinv pretende extinguir o conselho de administração para afastar, de vez, os Gradin da empresa, já que o patriarca Vitor Gradin é um de seus membros. Segundo o advogado Modesto Carvalhosa, a extinção é uma ilegalidade e representa abuso do poder de controle, como prevê a Lei das S.A., já que se trata de uma alteração estatutária que visa causar prejuízo a minoritários. Além disso, segundo ele, a Odbinv não pode extinguir o conselho pois é uma companhia de capital autorizado - ou seja, permite que aumentos de capital até um limite sejam feitos com aval do conselho, sem mudar seu estatuto.
Os Odebrecht alegam que o objetivo da assembleia é atualizar o estatuto e simplificar sua estrutura. Em nota, a direção da empresa informou que "as decisões estratégicas e empresariais continuarão a ser tomadas no âmbito do conselho de administração da Odebrecht S.A.", e que "desde a instalação do conselho fiscal, a pedido dos Gradin, a atividade fiscalizatória do conselho de administração passou a ser exercida pelo conselho fiscal, onde a família Gradin conta com um representante."
Segundo Ricardo de Almeida, assessor de finanças corporativas do Insper, a medida pode ser questionada na Justiça. "São funções diferentes", afirma. "O conselho fiscal não representa o acionista, papel do conselho de administração."

Pagamento para obra em Cumbica é suspenso pelo TCU
Folha 30.09.2011 - Ampliação de terminal remoto do aeroporto de Guarulhos integra pacote para a Copa do Mundo. Problema mais grave, segundo o TCU, é o risco de trabalhos não serem finalizados no prazo contratado, de 180 dias.
O TCU (Tribunal de Contas da União) suspendeu anteontem novos pagamentos para a ampliação do terminal remoto do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP).
A obra da construtora Delta integra o pacote de melhorias para a Copa do Mundo e foi contratada, sem licitação, por R$ 85 milhões. O problema mais grave apontado pelo tribunal é o fato de haver forte risco de a obra não ficar pronta no prazo contratual de 180 dias.
Foi justamente a suposta urgência da obra e a necessidade de concluí-la em seis meses que justificou a dispensa de licitação. Segundo o ministro relator do caso, Aroldo Cedraz, itens para equipar o terminal têm prazo de entrega maior que o de conclusão do contrato.
Também é impossível saber se o terminal vai operar neste ano, já que as pistas de taxiamento que levariam os aviões até lá nem começaram a ser construídas.
Segundo o órgão de controle, o serviço começou sem haver nem sequer um projeto básico e o contrato foi feito com base em cinco desenhos. De acordo com o TCU, a precariedade do contrato não permite se saber se há superfaturamento.
Outro problema, segundo o TCU, é que os usuários poderão estar em um local inadequado, já que o imóvel não tem pé direito (distância entre o chão e o teto) dentro das normas.
Procurada, a Infraero disse desconhecer o teor do acórdão do TCU e que, em razão disso, não poderia comentar a decisão. Quatro funcionários da empresa e representantes da Secretaria-Geral de Aviação Civil acompanharam a sessão.
Em nota, a Delta disse que o TCU não suspendeu pagamento e somente determinou que novas ordens de serviço devam ser emitidas mediante a apresentação dos respectivos projetos executivos.
Histórico: Em janeiro de 2010, a Infraero anunciou que faria a obra até dezembro daquele ano. O plano não foi cumprido e, em julho de 2011, a estatal contratou a Delta para concluir a obra em seis meses, alegando haver risco de um novo caos aéreo no final de ano.
O Ministério Público Federal conseguiu na Justiça a paralisação da obra neste mês, mas a estatal reverteu a decisão dois dias depois. Em entrevista em julho, a presidente Dilma Rousseff chegou a citar nominalmente a empresa contratada e ameaçou impedi-la de receber verba pública caso não entregasse a obra no preço e prazo contratados.
Porto: O TCU também paralisou a licitação para a obra de construção de um novo píer de atracação de navios de passageiros no porto do Rio de Janeiro por indícios de irregularidades. A concorrência estava marcada para o dia 10.
A obra é estimada em cerca de R$ 300 milhões e faz parte dos compromissos do Brasil para a Copa de 2014. A construção deve durar dois anos e quatro meses.
Segundo o relator do processo, ministro Valmir Campelo, há indícios de sobrepreço de R$ 45 milhões.
A Folha pediu manifestação da Secretaria Especial de Portos, o que não ocorreu.

Justiça Federal suspende licitação do trem-bala
Estadão 29.09.2011 - A Justiça Federal de Brasília suspendeu todos os procedimentos que visem a licitação para a exploração do trem-bala que deverá ligar as cidades do Rio de Janeiro a Campinas, passando por São Paulo. A suspensão deverá vigorar até que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) regularize todas as linhas de transporte público interestadual no País com extensão superior a 75 quilômetros.
A decisão do juiz substituto Alaôr Piacini, da 9ª Vara da Justiça Federal, acolheu pedido do Ministério Público Federal no DF (MPF/DF), segundo o qual, antes de cuidar do trem-bala, a ANTT deve fazer a licitação prévia para o serviço de transporte público, conforme previsto na Constituição de 1988.
A ANTT avisou, por intermédio de sua assessoria, que vai cumprir a decisão da Justiça, mas já determinou os estudos jurídicos para apresentar recurso que a libere para tocar a licitação do trem-bala.
A ANTT já tentou licitar o trem-bala três vezes, mas os leilões foram adiados por falta de interessados. A próxima tentativa deverá ocorrer em fevereiro do ano que vem.

Nadir Figueiredo compra Santa Marina
Valor 30.09.2010 - Nadir ficará com suas duas fábricas - em Suzano (foto) e em São Paulo - e mais duas do grupo Saint-Gobain.
A Nadir Figueiredo assinou na tarde de ontem contrato de compra da Santa Marina, divisão de utilidades domésticas controlada pelo grupo francês Saint-Gobain. Com o negócio, a centenária Nadir Figueiredo fortalece a atuação mundial e se torna a maior fabricante de vidros ocos do Brasil, com faturamento bruto anual que deve superar R$ 700 milhões em 2011. A empresa não informou o valor da operação.
Os recursos para a aquisição devem vir do caixa da Nadir, e de linhas de financiamento em bancos e no BNDES. O negócio envolve a aquisição das marcas Marinex, Duralex e Santa Marina, que em alguns segmentos chegam a ter mais de 60% de participação de mercado no Brasil. "Nós perguntamos se eles queriam vender, e eles aceitaram. Foi uma longa negociação e temos muito a fazer pela frente ainda", disse, na noite de ontem ao Valor, Morvan Figueiredo de Paula e Silva, presidente da Nadir Figueiredo, empresa liderada pela quarta geração da família e que completa cem anos em 2012
Esta é a maior aquisição do grupo no país e foi anunciada após cerca de um ano de negociações. Uma antiga decisão da Saint-Gobain de sair desse mercado motivou a aproximação dos grupos. Com mais de R$ 6 bilhões de receita no Brasil, a Saint-Gobain quer focar a atuação local no segmento de material de construção e no varejo - a companhia controla a rede TelhaNorte e é dona das marcas Brasilit e Quartzolit. A Santa Marina, que fazia parte da divisão Saint-Gobain Vidros, existe no país há mais de 115 anos, segundo informa o site da empresa. Procurado, o comando da Santa Marina não foi localizado ontem.
Segundo apurou o Valor, o faturamento da Santa Marina deve ficar entre R$ 290 milhões e R$ 300 milhões em 2011. A Nadir Figueiredo faturou R$ 433 milhões em 2010 e analistas do setor esperam expansão de 10% para a companhia neste ano.
Ainda deve ser finalizada a due diligence da Nadir na Santa Marina e a expectativa é que no início de novembro esse processo termine. A partir daí, deve começar a integração dos negócios e das equipes de colaboradores. A Nadir diz que não deve demitir. "Para crescer, precisamos contratar e não cortar", afirma Silva.
A Nadir passará a operar com quatro fábricas no país - duas unidades da Saint-Gobain, em Canoas (RS) e São Paulo, e duas da Nadir, também em São Paulo e em Suzano (SP). A unidade da Nadir em Caçapava, no interior paulista, deve ser fechada e pode ser vendida. Já não havia produção no local, esclarece a companhia brasileira.
O presidente da Nadir não informou detalhes do ganho de sinergia com a aquisição e reforçou que o processo de integração das estruturas deve ser complexo. "Será algo difícil. Somos companhias que operam de forma diferente, da tecnologia à maneira de administrar [o negócio]. Não vai ser muito simples, mas achamos que daremos conta disso".
A aquisição é parte da estratégia de fortalecimento da Nadir no país e da internacionalização da companhia. Cerca de 45% da produção da Santa Marina é exportada e a companhia é a maior empresa de produtos de utilidades domésticas em vidro no país - mercado que a Nadir quer crescer. O segmento tem margem operacional mais alta que outros, como copos e pratos, com atuação forte da Nadir. A empresa brasileira é a fabricante mundial do copo americano.
"Passamos a ter marcas reconhecidas mundialmente e ganhamos escala para nos fortalecermos num negócio em que os concorrentes têm operaçôes globais", disse o empresário.
A companhia irá submeter a operação aos órgãos de concorrência, mas acredita que não haverá problemas para a aprovação. "O mercado da UD é enorme, tem produtos de plástico, por exemplo, de diversas empresas. Não acreditamos que teremos que vender nenhuma marca", conta.

Bandeira Elo quer expandir aceitação para o exterior
Brasil Econômico 29.09.2011 - Em três meses de operação, a Elo, presidida por Jair Scalco, emitiu 250 mil cartões.
"Primeiro temos de nos consolidar no mercado nacional e, depois, fazer alianças para que nosso cartão seja aceito fora do país também", afirmou o presidente da bandeira Jair Scalco.
A Elo vai emitir cartões para os brasileiros usarem em suas compras no exterior, em concorrência direta com a Visa e a MasterCard, disse nesta quinta-feira (29/9) durante o Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento o presidente da bandeira lançada em abril, Jair Scalco.
"Primeiro temos de nos consolidar no mercado nacional e, depois, fazer alianças para que nosso cartão seja aceito fora do país também", afirma.
A Elo nasceu com o propósito de ser uma bandeira nacional, preenchendo esta lacuna do mercado brasileiro, que conta com bandeiras estrangeiras e as regionais.
A intenção é crescer em todos os nichos, atendendo todas as faixas de renda.
Em três meses de operação, a Elo emitiu 250 mil cartões nas modalidades de débito, crédito e os múltiplos, em operações realizadas em todo o Brasil.
O número foi alcançado mesmo sem uma campanha de marketing por parte dos bancos emissores acionistas - Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (CEF) - sobre a nova bandeira, o que deve ser feito ainda neste ano.
A campanha ainda não havia sido lançada porque faltava preparação dos funcionários das agências das instituições financeiras.
Já para 2012, a Elo pretende ingressar no mercado de pré-pagos, com oferta de cartões recarregáveis e de cartões Alimentação e Refeição.
A grande estratégia da companhia para desbancar a concorrência, de acordo com o presidente, é o fato de ter como sócios os bancos emissores, que devem dar prioridade para a emissão de cartões da bandeira.
"É um produto destes bancos, então eles vão dar atenção especial", diz.
Por enquanto, a bandeira Elo só é aceita nas maquininhas da Cielo, mas o presidente da companhia diz que vai negociar com outras adquirentes.

Hospital privado projeta expansão de dois dígitos
DCI 30.09.2011 - Com o sucateamento da saúde pública no Brasil, a demanda pelos hospitais privados dispara, e a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), com os 43 maiores hospitais privados do País - como o Albert Einstein e o São Luiz, em São Paulo -, espera crescer 10% em 2012, sendo que este ano a meta é similar à de 2010: incremento de 14% nos negócios. A associação totalizou faturamento de R$ 7,5 bilhões em 2010, e hoje seus hospitais geram 14% do total das despesas assistenciais das operadoras de planos de saúde do País.
De acordo com o Dr. Henrique Salvador, presidente do Conselho Deliberativo da Anahp, o setor de saúde, incluindo os serviços públicos, fechou 2010 com receita da ordem de R$ 300 bilhões, cerca de 7% do PIB. "A saúde privada está em ampla ascensão no País. No momento, 46 milhões de pessoas utilizam o sistema de saúde suplementar e a tendência é de aumento significativo", disse.
O presidente da rede de laboratórios Dasa, Marcelo Noll Barboza, vê o governo como principal comprador de serviços e um dos principais fatores que alavancaram os números da empresa, que ano passado viu os atendimentos a postos públicos gerarem receita de R$ 186 milhões à empresa.
Com a perspectiva de construir um prédio até o fim de 2012, o Hospital do Coração (HCor), visa a um aporte de R$ 135 milhões até 2013. Outra especialidade que recebe atenção é a de diagnósticos avançados, diz o CEO do HCor, Antonio Carlos Kfouri. Também otimista, a carioca Rede D'Or congrega hospitais que faturam cerca de R$ 1,5 bilhão por ano, e vem se expandindo após sua capitalização com BTG Pactual.

Carrefour vai abrir 20 lojas do Atacadão por ano, diz sindicato
Folha 29.09.2011 - Em reunião com o Sindicato dos Comerciários de São Paulo na tarde de hoje, o presidente do Carrefour, Luiz Fazzio, ressaltou que o Carrefour pretende se dedicar, nos próximos anos, à expansão da bandeira Atacadão. Serão abertas 20 lojas por ano entre 2012 e 2014.
"O presidente do Carrefour também garantiu que a empresa não pretende se desfazer dos seus ativos no Brasil, uma vez que o negócio no principal mercado deles, a Europa, enfrenta adversidades", disse Ricardo Patah, presidente do Sindicato.
Na metade do ano, a rede ensaiou uma fusão com o Grupo Pão de Açúcar, que acabou frustrada por conta do sócio --o grupo varejista francês Casino--, que desaprovou a iniciativa.
No país, o Carrefour também foi sondado pelo Walmart. Ao sindicato, Fazzio teria prometido ainda não fechar mais lojas no país. Este ano, O Carrefour fechou oito lojas no interior de São Paulo e outras duas na capital. Essas duas lojas, no Ipiranga e no Morumbi, geraram a demissão de 600 pessoas.
Aos demitidos, segundo Patah, a empresa estendeu a vigência do plano de saúde por mais três meses (além dos três meses garantidos por lei).

Mundo Verde investe R$ 10 mi em rede de restaurante saudável
Exame 29.09.2011 - A primeira unidade da Verdano Fresh Food foi inaugurada no Rio de Janeiro; cada loja deve custar até 450 mil reais
A rede de produtos naturais Mundo Verde lança uma nova bandeira. A Verdano Fresh Food vai ser uma rede de restaurantes de comida saudável, seguindo a linha da própria Mundo Verde. A primeira loja, no centro do Rio de Janeiro, tem 165 metros quadrados e capacidade para atender até 300 consumidores por dia.
Para a abertura de 20 unidades até o final de 2012, a rede vai investir 10 milhões de reais. A empresa gastou 1,5 milhão de reais apenas na estruturação da franqueadora e na abertura da primeira unidade.
Segundo a Mundo Verde, todo este investimento está amparado em uma pesquisa que ouviu 2700 consumidores. Oitenta por cento dos entrevistados sugeriram que a rede oferecesse lanches e pratos saudáveis.
A formatação da franquia, que durou um ano e meio, foi baseada em redes de alimentação saudável estrangeiras. No cardápio, saladas, sopas, sanduíches, bebidas e sobremesas mais leves.
Quem já é franqueado da Mundo Verde terá preferência para investir em uma franquia da Verdano Fresh Food. Em cinco anos, a rede pretende inaugurar até 150 lojas nesta bandeira. O investimento médio em uma loja em shopping, com 40 metros quadrados, será entre 330 e 360 mil reais. As unidades abertas na rua, a partir de 80 metros quadrados, custarão 450 mil reais.
A Mundo Verde calcula que cada loja fature 95 mil reais por mês, com margem de lucro entre 15 e 20%. O prazo de retorno do capital será entre 24 e 36 meses.

Com XP, CR2 troca formador de mercado das ações
Brasil Econômico 29.09.2011 - A CR2 Empreendimentos fechou a contratação da XP Investimentos para o exercício da atividade de formador de mercado de suas ações.
O anúncio vem após término do prazo do contrato com o BTG Pactual, que atuava nessa função.
"A contratação do novo formador de mercado tem por objetivo implementar uma política de rodízio entre agentes de reconhecida competência e capacitação, especializados nesse tipo de atividade", afirma o comunicado divulgado nesta quinta-feira (29/9).
O acordo com a XP tem seis meses de validade, prorrogável por igual período.
O objetivo da CR2, que tem atualmente 28.619.782 ações ordinárias em circulação, é fomentar a liquidez de seus papéis em bolsa.
"Market Maker": O formador é uma instituição contratada por empresas de capital aberto, cujo objetivo é garantir liquidez mínima ou referência de preço a determinados ativos.
Isso é feito sob a forma de ofertas firmes de compra e venda, cujo spread máximo está pré-estabelecido.

Setor alimentício aproveita para ampliar vendas
Valor 30.09.2011 - Empresas do setor de alimentação registram crescimento dos negócios graças ao aumento do poder de compra da classe C. Na Castelo Alimentos, a participação das receitas obtidas com as vendas para consumidores do segmento saltou de 28% em 2009 para 32% em 2011. Para laçar mais clientes, as companhias apostam na diversificação de produtos, preços menores e promoções via redes sociais.
O nicho de panificadoras também tende a ganhar terreno por conta das mudanças de hábitos de consumo das famílias das classes C e D, segundo Bruno Caetano, diretor-superintendente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP).
Com sede em Jundiaí (SP), a Castelo Alimentos, com 170 funcionários, começou a reformular linhas de produtos para atender os clientes emergentes a partir de 2009. Este ano, a empresa deve superar o faturamento projetado de R$ 56 milhões, R$ 3,7 milhões a mais do que o obtido em 2010.
"Relançamos uma linha de molhos para saladas com novos sabores, embalagens e preços mais acessíveis aos consumidores", diz o gerente de marketing Paulo Roberto Sola. A Castelo Alimentos atingiu uma produção de 68,2 milhões de litros de vinagres em 2010, que, segundo a empresa, corresponde a cerca de 40% do mercado brasileiro. A marca tem portfólio de 56 produtos. Para conquistar clientes de renda ascendente, lançou este ano novos molhos de pimenta. "Os lançamentos foram baseados em um novo perfil de consumidor, que está frequentando restaurantes, viaja mais e, por isso, conhece as novidades culinárias", explica.
Segundo Bruno Caetano, do Sebrae-SP, o setor de panificação também tende a se expandir com o maior poder aquisitivo das classes C e D. "Em nossos pontos de atendimento aumentou a demandas de informações sobre como abrir e manter uma panificadora", diz. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), o país tem 63,2 mil padarias, setor que gera 800 mil empregos diretos e 1,5 milhão de postos indiretos e tem faturamento estimado em R$ 73,5 bilhões.
Com sede em Santo André (SP), a rede Padaria Brasileira decidiu convidar clientes pelo Facebook e o Twitter para um dia de degustação de novos doces. Segundo Antônio Henrique Afonso Junior, um dos sócios, a expectativa é incrementar as vendas em 25%. A rede é formada por quatro unidades, três em Santo André e uma em São Bernardo do Campo (SP), além de sete franqueadas. Atende mais de 3 milhões de clientes ao ano e vende 350 mil doces, 85 toneladas de bolos e 1,5 milhão de salgados.
Em Aracaju (SE), o Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria (Sindipan) inaugurou uma escola para formação e qualificação profissional de padeiros confeiteiros no Distrito Industrial da capital sergipana. O Estado tem mais de 845 panificadoras, 450 das quais na Grande Aracaju.

Peixoto de Castro reduz participação na GPC
Valor 30.09.2011 - A GPC Participações, dos setores de química e aço, está prestes a concluir um aumento de capital da ordem de R$ 60 milhões, que incluiu o desdobramento de suas ações. O saldo das duas operações será um substancial aumento de liquidez da holding, com sua parcela de ações em circulação no mercado subindo de 17 % para 33%.
Segundo pessoas que acompanharam a capitalização da companhia - criada em 1997 a partir de uma divisão de ativos da refinaria Manguinhos -, alguns acionistas abriram mão do seu direito de subscrição para ceder espaço para novos investidores.
Embora o quadro acionário resultante ainda não tenha sido fechado, a família Peixoto de Castro, que detinha 61% do capital, terá sua participação reduzida, sem que isso comprometa a estrutura de controle da GPC.
O diretor de relações com investidores da companhia, Emílio Salgado Filho, prefere não detalhar a nova distribuição de capital da companhia. "A capitalização ainda não foi totalmente concluída", argumenta. O prazo para a primeira subscrição de das sobras terminou na terça-feira.
O aumento de capital é a peça chave de um plano de reestruturação financeira das empresas da holding. Wanderlei Passarella, presidente da GPC Química - em que a GPC Participações detém uma fatia 90% -, explica que dos R$ 60 milhões captados cerca de R$ 40 milhões irá para a companhia. O demais R$ 20 milhões serão direcionados para a Apolo Tubos e Equipamentos, em que a holding possui uma parcela de 47 % do capital. A missão é a mesma: atacar os altos custos financeiros das companhias.
Segundo o diretor de relações com investidores, o perfil predador do seu endividamento é o principal motivo pelo qual a GPC não vem apresentado bons resultados desde a crise financeira de 2008. O evento coincidiu com vencimento de um grande volume de compromissos de curto prazo da holding. "Estávamos ainda em fase de negociação para alongar as dívidas", diz. Mas mercado se fechou, o nível de atividade industrial caiu e, desde então, a companhia inaugurou sequência ininterrupta de prejuízos que perdura até agora.
A holding encerrou o primeiro semestre com a relação lucro operacional/despesa financeira em -0,4. Na prática, esse número significa que os gastos com juros superaram em 40% o resultado operacional gerado, uma situação recorrente na companhia. No mesmo período, o lucro antes de juros e impostos acumulado da GPC foi de R$ 11,4 milhões, metade do auferido no mesmo período do ano passado.
Feita a reestruturação de sua dívida, a companhia não descarta uma migração para um nível mais alto de governança. A GPC Participações está no segmento tradicional da BM&FBovespa. No entanto, só possui ações ordinárias (com direito a voto) e, com uma fatia 33% de papéis em circulação, preencheria de antemão dois importantes requisitos para ingresso no Novo Mercado.
Mas o novo selo de governança não está ainda na pauta de prioridades da empresa. Por ora, as recentes operações visam dar mais visibilidade para a GPC, atrair investidores e elevar a ações a um "preço justo".
Aparentemente, a estratégia teve reflexos na avaliação da companhia. De janeiro para cá, os papéis da GPC se valorizaram 62%, sendo cotados a R$ 0,47 no pregão de ontem.
"Estamos querendo criar um ambiente de maior facilidade para as empresas buscarem financiamento. Os nossos segmentos de atuação são promissores", afirma o executivo.
A Apolo Tubos e Equipamentos compra bobinas de aço das siderúrgicas e produz equipamentos atender mercados como o de construção civil, automotivo, máquinas agrícolas, sucroalcooleiro, química e petroquímica.
Já a GPC Química fabrica e vende, principalmente, metanol e derivados, mas também atua no segmento de resinas, no qual tem marcas conhecidas como Synteko, de vernizes para assoalhos.
A GPC Participações fechou o primeiro semestre com uma receita de vendas de R$ 296,5 milhões e um prejuízo de R$ 2,8 milhões. No mercado, a empresa está avaliada em R$ 168,7 milhões.

BNDES recebe garantias da PDVSA para refinaria de Pernambuco
Estadão 29.09.2011 - Petroleira venezuelana entregou ao banco as garantias exigidas para tomar sua parte no financiamento de R$ 10 bilhões concedido à Petrobras para a construção da Refinaria Abreu e Lima
A petroleira venezuelana PDVSA entregou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) as garantias exigidas para tomar sua parte no financiamento de R$ 10 bilhões concedido à Petrobras para a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
A participação da PDVSA no financiamento era condição <i>sine qua non</i> para que a companhia confirmasse sua sociedade no empreendimento na proporção de 40% do empreendimento. Segundo informação do BNDES a garantia foi apresentada "esta semana". O banco agora vai fazer a avaliação dos documentos, mas não divulgou se há ou não um prazo específico para esta análise.
Esta semana, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, havia afirmado que o dia 30 de setembro (amanhã) seria o prazo final para que Venezuela manifestasse sua intenção de manter a sociedade. Ele também afirmou que não teria novo adiamento neste prazo, como já havia acontecido por duas vezes.

Petrobras tem US$ 300 mi para setor de biocombustível
Exame 29.09.2011 - A informação foi dada durante apresentação no evento "World Biofuels Markets Brazil", realizado em São Paulo.
Etanol: maior aumento no preço do combustível foi em Rondônia, de 8,77%. O gerente de gestão tecnológica da Petrobras Biocombustível, João Norberto Noschang Neto, informou hoje que os investimentos da Petrobras no setor de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia para biocombustível serão da ordem de US$ 300 milhões, de acordo com o Plano de Negócios 2011-2015. A informação foi dada durante apresentação no evento "World Biofuels Markets Brazil", realizado em São Paulo, de acordo com nota divulgada hoje pela assessoria de imprensa da estatal.
O gerente enfatizou que o investimento em tecnologia para biocombustível feito pela estatal tem três prioridades: o desenvolvimento do etanol de segunda geração, o etanol celulósico - projeto de pesquisa que utiliza o bagaço da cana e tem perspectiva de aumentar em 30% a produção de etanol sem aumentar a área plantada; o prosseguimento das pesquisas para a produção de bioQAV, devido à demanda mundial crescente; e o desenvolvimento de tecnologias que gerem maior qualidade ambiental aos processos de produção de biodiesel e etanol da Petrobras.
O evento, organizado pela Green Power Conferences, reuniu a cadeia de valor do Brasil, dos Estados Unidos e da União Europeia, que inclui produtoras, refinadoras, provedores de tecnologia, financeiras, distribuidoras, grandes produtoras de petróleo e representantes do governo para discutir o futuro do mercado de biocombustíveis.

Anglo diz ter minério de ferro para siderúrgica no RJ
Estadão 30.09.2011 - A mineradora Anglo American confirmou hoje que terá minério de ferro disponível para suprir as necessidades da Ternium para seu projeto siderúrgico no Porto de Açu, no Estado do Rio de Janeiro. As negociações entre as duas companhias continuam de forma positiva, informou a Anglo por meio de uma declaração eletrônica. A Ternium planeja construir uma siderúrgica no Porto de Açu com capacidade inicial de cerca de 5,6 milhões de toneladas de aço bruto por ano. A data de início da operação ainda não foi confirmada.
A Anglo American vai suprir a siderúrgica de minério de ferro do projeto Minas-Rio. A operação, em Minas Gerais, tem capacidade de 26 milhões de toneladas por ano e está programada para começar a operar comercialmente em 2013, de acordo com Stephan Weber, presidente da Unidade de Negócio Minério de Ferro Brasil da companhia.

Valor dos metais está abaixo de 2010
Valor 30.09.2011 - O terceiro trimestre representou para as commodities metálicas o início de um novo patamar, mais baixo, marcado pelas pressões da aversão ao risco que tem contagiado o mercado internacional e está desenhando novas expectativas para as relações de oferta e demanda na economia global.
O trimestre começou traçando um caminho de alta, mas essa tendência se inverteu em agosto, com um vale que permaneceu em setembro. Foi nestes três meses que as cotações dos metais não ferrosos chegaram a um nível abaixo do que estavam um ano antes. Se o cenário continuar o mesmo, todos os metais terminarão o ano em valor bem menor do que registraram em 2010.
"Vivemos um ajuste estrutural. É um alinhamento de preços para baixo entre as commodities", afirma o consultor em mineração da Ad Hoc Consultores e ex-secretário nacional de Minas e Metalurgia, Luciano Borges. Com a cotação chegando a US$ 18.455,00 a tonelada métrica no fechamento da sessão de ontem, o níquel disponível em três meses já apresenta retração de 19,3% em doze meses. O zinco também já está bem abaixo do preço verificado um ano antes: aos US$ 1.897,50 a tonelada métrica, a queda em doze meses alcança 14,3%.
Nem o alumínio e o cobre - que há um pouco mais de uma semana ainda estavam positivos nessa base de comparação - resistiram às pressões. Ontem, o alumínio apresentou recuo de 4,57% em doze meses, precificado a US$ 2.222,50 por tonelada métrica e o cobre acumulou perda de 12,99%, no patamar dos US$ 6.996,00 por tonelada métrica. Quando se analisa o período de janeiro até agora, a queda é mais intensa. O declínio do alumínio marca 9,9% e o do cobre atinge 28,3%. "A fome pelas commodities se abateram com a estagnação da economia global, levando os preços dos metais de base de volta a baixas não vistas desde 2010", afirmou o Standard Bank, em relatório.
As pressões sobre as cotações dos metais vêm principalmente das expectativas de que a demanda global não deve resistir ao baixo crescimento das economias centrais, importantes destinos de exportações desses insumos. Os mercados refletiram o susto dos agentes diante do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) abaixo do esperado nos EUA - acompanhado de um embate político entre republicanos e democratas -, além do agravamento da crise da dívida europeia e a desaceleração das economias emergentes, inflacionadas.
A volatilidade dos mercados financeiros diante desse cenário de incertezas contamina as cotações de metais, mesmo que os fundamentos da oferta e demanda física pelas commodities mostrem um futuro bem mais animador. "Antes, se negociava o contrato de metais com o produtor. Hoje os metais são também ativos financeiros, o que faz com que a transmissão as expectativas do mercado financeiro para eles aconteça de modo muito rápido", enfatizou Borges. "E estamos vivendo um momento de expectativas muito exacerbadas", completou o especialista.
É uma ideia comum a diversos analistas que a alta demanda dos mercados emergentes, principalmente da China, deve sustentar a consumo e o preço dos metais no longo prazo. Basta saber quando esse fundamento econômico ultrapassará a volatilidade gerada pelo mercado financeiro. Borges vai além. Segundo ele, os fundamentos serão reforçados por mudanças nas políticas públicas das economias atualmente em crise, que sairão do foco na política fiscal para as políticas públicas expansionistas. "As pessoas não estão prestando atenção na sinalização dos governos americano e europeus. Haverá políticas contracíclicas, com investimentos em infraestrutura para melhora do emprego. E os minerais serão os primeiros a serem consumidos nessa situação", afirma.
Para a analista Cristiane Mancini, da consultoria Lafis, essa realidade de recuperação nos preços dos metais já deve acontecer na virada do ano, impulsionada pelo mercado interno e o movimento de urbanização chineses. "O fundamento é de alta e a precificação é baseada nisso", diz a especialista.
Apesar de a demanda pelas commodities em geral virem das mesmas origens, as perspectivas para os preços internacionais do petróleo não são as mesmas dos metais. O Brent, de Londres - que fechou aos US$ 102,48 o barril ontem, com queda de 8 centavos de dólar - apresenta recuo de 8,8% no acumulado do trimestre. No mês de setembro, caiu 10,1%.
"Para o petróleo também vivemos uma mudança de patamar para baixo. Mas a faixa dos US$ 80 deve ser mantida até o fim do ano", afirma o analista da Ativa Corretora, Ricardo Correa. "Haverá ainda um longo período de baixo crescimento dos EUA e da Europa. As perspectivas para a atividade econômica não devem mudar de uma hora para a outra", completa Correa. Segundo o analista da Lafis, Osmar Sanches, os sinais de menor ímpeto de consumo na China têm pressionado os preços do petróleo. "Para voltar à escalada, teria de ter uma mudança de panorama bastante grande", afirma Sanches.

Licenças e novas leis desafiam mais que preços
GPdeLondrina 29.09.2011 - Instabilidade das cotações das matérias-primas deve continuar, disse a executiva da Anglo American
Mudanças nas leis para exploração mineral, dificuldade em obtenção de licenças ambientais e a carência de infraestrutura em países produtores desafiam mais as mineradoras do que a volatilidade dos preços das commodities, afirmou nesta quinta-feira a presidente-executiva da Anglo American, Cynthia Carroll.
A instabilidade das cotações das matérias-primas deve continuar, disse a executiva a jornalistas após fazer apresentação no 14o Congresso Brasileiro de Mineração, em Belo Horizonte.
"Por outro lado, os fundamentos da indústria estão excepcionais", ponderou Carrol, acrescentando que a demanda por minério de ferro, níquel e cobre continuam aquecidas sobretudo em países asiáticos como Coreia do Sul e China, onde a produção de aço tem crescido aceleradamente.
"Nossos pedidos não foram, nem serão cancelados nos próximos um ano e meio", disse, sem entrar em detalhes sobre as encomendas.
Os comentários da executiva foram feitos num momento em que os preços de alguns metais têm sofrido com preocupações sobre a economia global, em especial na zona do euro. As cotações do cobre no mercado internacional, por exemplo, estão perto dos menores níveis em 14 meses.
A executiva lembrou que a empresa está aumentando a sua capacidade de produção de minérios e metais para dar conta da demanda e que questões de meio ambiente, infraestrutura e regulamentação para a implementação desses novos projetos são mais desafiadores que a alta volatilidade dos preços dessas commodities.
Indagada sobre as mudanças no marco regulatório da mineração que estão em andamento no Brasil, Cynthia Carroll afirmou que "trabalha junto com o governo para se chegar a uma solução correta".
O presidente da unidade de níquel da empresa no Brasil, Walter di Simoni, afirmou que existe uma preocupação para que as mudanças no marco "sejam feitas de maneira que não se perca a competitividade da indústria".
O governo brasileiro deve encaminhar ainda neste ano ao Congresso Nacional três projetos de lei que definem o novo marco da mineração. Entre as novidades, o aumento das alíquotas de royalties, a criação de uma agência reguladora para o setor e o estabelecimento de prazos exploratórios para as mineradoras.
Outros países como Austrália, Bolívia, Chile e Peru também estão mudando suas regras para exploração mineral com a finalidade de ter mais controle sobre suas reservas ou aumentar a arrecadação a partir dos ativos minerais.
Nióbio: A Anglo American realizou novas descobertas de nióbio em Goiás, nas proximidades do projeto de Catalão, onde já possui uma mina produtora, e pretende expandir as atividades no município.
Terceira maior produtora de nióbio do mundo, a Mineração Catalão exporta nióbio dos municípios de Catalão e Ouvidor, em Goiás, para mais de 50 plantas siderúrgicas na Europa, América do Norte e Ásia. As vendas alcançaram 4 mil toneladas em 2010.
A Anglo American está investindo no Brasil 14 bilhões de dólares de 2007 a 2013.
Deste total, cerca de 5 bilhões de dólares estão sendo destinados ao Minas-Rio, o maior projeto de minério de ferro da empresa no mundo, com capacidade de produção estimada em cerca de 26,5 milhões de toneladas anuais, em 2014.
O volume equivale a cerca de 30 por cento do total de minério de ferro produzido pela empresa no mundo, disse à Reuters o presidente da unidade de negócio de minério de ferro no Brasil, Stephen Weber.
A operação está prevista para o segundo semestre de 2013 e o projeto alcançará plena capacidade em 2014, segundo o executivo. Lá as reservas são estimadas em 5,8 bilhões de toneladas de minério.
Outro projeto de grande porte No Brasil é a planta de níquel Barro Alto, em Goiás, que iniciou neste mês sua segunda linha de produção. O projeto conta com investimentos de 1,9 bilhão de dólares para produzir em média 36 mil toneladas de níquel por ano, com previsão de alcançar capacidade total de produção em 2012.
Projeto de cobre interrompido: A executiva também afirmou que a empresa interrompeu o desenvolvimento de um projeto de cobre no Peru devido a conflitos com comunidades locais e indefinições com relação ao abastecimento de água para o projeto.
O projeto, batizado de Quellaveco, tem potencial para produzir cerca de 200 mil toneladas por ano. A empresa estaria tentando negociar, sem sucesso, os direitos de uso da água.
Quellaveco é um dos maiores projetos da Anglo no Peru, com investimento estimado em 3 bilhões de dólares.

Expansão na geração abre foco de atrito nas usinas do Madeira
Valor 30.09.2011 - Paranhos, presidente da Energia do Brasil, cadastrou 90 MW no leilão de dezembro; Santo Antonio reagiu nos bastidores.
Os grupos responsáveis pela construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e de Jirau, no rio Madeira, voltaram a se estranhar. Com um longo histórico de acusações mútuas, desde que a segunda usina foi leiloada em 2008, eles reacenderam a polêmica. A Energia Sustentável do Brasil (ESBR), concessionária, cadastrou cerca de 90 megawatts (MW) médios para o leilão de energia que deverá ocorrer em 20 de dezembro.
O leilão negociará contratos de energia para entrega a partir de 2016, ou seja, daqui a cinco anos. Por isso, é conhecido como A-5. "Nós já tivemos prejuízo por não termos negociado essa energia no último leilão", disse ontem o presidente da ESBR, Victor Paranhos. Uma fonte do governo afirmou que o pedido da empresa será avaliado "com atenção", mas a autorização para participar do leilão ou não dependerá de um parecer da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Liderada por Furnas e pela Odebrecht, a Santo Antônio Energia reagiu com irritação, nos bastidores, à tentativa da ESBR de negociar esses 90 MW médios no próximo leilão. A empresa apresentou uma proposta de mudança do "aproveitamento ótimo" dos recursos hídricos no rio Madeira. Já obteve sinal verde do Ministério de Minas e Energia e da Aneel, mas ainda aguarda o aval do Ibama e da Agência Nacional das Águas (ANA), que deve sair em outubro. Se aprovada, a proposta aumentaria a capacidade da hidrelétrica de Santo Antônio, com mais seis turbinas e 206 MW de energia firme para serem comercializados em novos leilões.
O projeto envolve a elevação da cota (altura) do reservatório de 70,5 metros - conforme está autorizado hoje - para 71,3 metros. Mas isso altera as condições operacionais também da usina de Jirau, argumenta Victor Paranhos. Em vez de 90 MW adicionais de energia assegurada para vender, ela teria cerca de 60 MW.
Por isso, os acionistas da ESBR - a francesa GDF Suez Energy, Camargo Corrêa, Chesf e Eletrosul - decidiram cadastrar toda a energia no próximo leilão A-5. Mas as duas coisas são incompatíveis: ou essa energia de Jirau é comercializada integralmente ou sai a cota da represa de Santo Antônio a 71,3 metros. "Estão criando confusão", reclamou uma fonte ligada à Odebrecht.
Além disso, durante a cerimônia de desvio do rio Madeira em Jirau, na quarta-feira, Paranhos anunciou um plano de expandir a capacidade da usina em mais 300 MW. De 3.300 MW inicialmente, a potência da hidrelétrica subiu para 3.750 MW com a primeira ampliação. Agora, a ESBR estuda investir R$ 700 milhões para colocar quatro turbinas adicionais, elevando a capacidade total para 4.050 MW. Paranhos pediu um parecer do ministério e da Aneel nos próximos 15 dias.
Essa última proposta, no entanto, não teria reflexos para as operações de Santo Antônio, segundo o executivo da ESBR. Ele afirmou que esse novo projeto foi apresentado anteontem porque "só agora pudemos iniciar as investigações no leito do rio".
A hidrelétrica de Jirau tem o início da geração previsto para outubro de 2012. Essa data representa um atraso em relação ao cronograma previsto pela empresa, mas ainda é um adiantamento em relação ao prazo determinado no contrato de concessão, que estipulava a geração de energia no início de 2013.
O desentendimento entre os donos das duas usinas já vêm desde a época do leilão de Jirau, quando a Suez alterou o eixo da usina e com isso fez uma proposta agressiva, batendo a oferta liderada pela Odebrecht, que já tinha vencido o leilão de Santo Antônio. Agora os dois empreendimentos precisam se entender para potencializar seus recursos.
Ontem, em Brasília, um seminário organizado pela Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine) colocou em evidência um novo problema, levantado pelo consultor Mário Veiga, presidente da PSR. De acordo com o especialista, as usinas hidrelétricas a fio d'água - como Santo Antônio, Jirau e Belo Monte - correm o risco de produzir menos energia do que o previsto em função das mudanças climáticas.
Veiga citou um estudo financiado pelo governo britânico e realizado pela Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que aponta uma redução das chuvas e das vazões de bacias hidrográficas importantes em relação às médias dos últimos 75 anos. A previsão é de que haja queda de 88% da média histórica na bacia do rio Amazonas, a 83% na do Tocantins, a 73% na do São Francisco e a 69% na do Parnaíba.
Para o especialista, isso "afeta a confiabilidade do sistema" e o governo não tem olhado para o problema "com a urgência necessária". Ele lembrou que usinas a fio d'água, com reservatórios menores, têm aproveitamento muito menor nos períodos de estiagem e podem ficar ainda mais comprometidas com as mudanças climáticas. "Com as usinas a fio d'água, a preocupação é com o aumento da volatilidade", afirmou. Por isso, ele defendeu a necessidade de mais usinas termelétricas para complementar o abastecimento de energia. As térmicas foram excluídas do planejamento do governo até 2020.
O consultor disse ainda que, nos próximos cinco anos, o mais crítico para o sistema elétrico é 2013. "Não é nada para perder o sono, mas temos um dever de casa a fazer", disse Veiga. O risco de racionamento ainda está entre 3% e 5%, "o que é bastante aceitável", segundo ele. Mas possíveis atrasos nas entradas em operação de grandes hidrelétricas e das térmicas negociadas com o grupo Bertin causam alguma preocupação, segundo ele.

Dilma desonera indústria de defesa, vê setor como estratégico
Reuters 29.09.2011 - A presidente Dilma Rousseff assinou nesta quinta-feira medida provisória com mecanismos de fomento à indústria brasileira de defesa, setor apontado por ela como estratégico para a soberania do país.
A MP desonera empresas do setor da cobrança de encargos como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Pis/Pasep e Cofins. O governo, no entanto, não divulgou valores nem estimativas do incentivo.
A medida traz também regras especiais para compra e contratação de produtos e sistemas de defesa, além de estabelecer incentivos ao desenvolvimento de tecnologias no setor.
"Seja pelo tamanho do nosso território, extensão de nossas fronteiras e pelo fato de nosso país ter sido abençoado por enormes riquezas, nós precisamos da nossa indústria porque ela é estratégica na nossa soberania", disse a presidente, durante cerimônia de assinatura da MP.
A uma plateia de militares, Dilma ressaltou a importância da MP para a "consolidação do plano estratégico de defesa nacional" e do fortalecimento da indústria nacional, que permitirá ao Brasil produzir não só para seu mercado interno, mas exportar seus produtos de defesa.
Segundo a Presidência, as novas regras deverão gerar 23 mil empregos diretos e 90 mil indiretos, de acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Defesa e Segurança (Abimde), entidade que reúne 144 empresas do setor.
Nos últimos anos, o Brasil vem tentando modernizar suas Forças Armadas com programas como o submarino de propulsão nuclear, helicópteros militares e a renovação da frota da Força Aérea Brasileira -processo paralisado neste ano devido ao contingenciamento do Orçamento.

Montadoras disputam executivos experientes
Valor 30.09.2011 - Depois de atuar por dez anos na empresa sueca Volvo, o diretor de pós-venda Vitor Franchini aceitou proposta para ganhar 60% a mais na chinesa Chery.
Mesmo com o recente aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) anunciado pelo governo para o setor automotivo, a movimentação de executivos na área que já está em curso deverá se intensificar em 2012. A expectativa é que o número de fábricas de automóveis no país salte de 26 para 35 até 2014. Por essa razão, profissionais com experiência em cargos de comando nesse segmento ou em áreas correlatas já estão sendo sondados pelos headhunters. Os mais demandados são os que ocuparão o topo da pirâmide e os de marketing e vendas.
O presidente da montadora de origem japonesa Suzuki Veículos, Luiz Rosenfeld, informou que o aumento do IPI não afetará o plano de construção da fábrica no município de Itumbiara, em Goiás. O empreendimento tem inauguração programada para o segundo semestre de 2012. Com ele, a empresa passará a produzir os veículos no Brasil, o que deve diminuir o impacto frente às medidas anunciadas. "A construção da fábrica representa um marco decisivo na consolidação e expansão da marca no Brasil", diz Rosenfeld. "A Suzuki pretende crescer de forma sustentável, com solidez e segurança."
Em julho, a montadora chinesa Chery International lançou a pedra fundamental de uma fábrica em Jacareí (SP). Com investimento de US$ 400 milhões e inauguração prevista para setembro de 2013, deve gerar 1.200 empregos diretos na primeira fase e até 4 mil em cinco anos. A empresa informou que a manterá o preço de seus veículos sem o reajuste do IPI até o fim do estoque. No dia 20 de setembro, a Venko Motors, responsável pela distribuição dos veículos da marca, obteve na Justiça Federal em Vitória uma liminar que adia por 90 dias a cobrança do aumento de 30 pontos percentuais sobre o imposto. Em nota, a companhia diz que a medida foi adotada "como alternativa momentânea para a sobrevivência das 90 concessionárias Chery que empregam mais de 3 mil colaboradores."
Com duas décadas de experiência no setor, o administrador e pós-graduado em economia Vitor Franchini, 45, é um dos beneficiados pela chegada das novas montadoras. Em maio, trocou a direção de pós-vendas na Volvo Automóveis, onde trabalhava havia dez anos, pelo mesmo cargo na Chery. Embora o salário 60% maior tenha influenciado bastante na mudança, ele diz que o fator decisivo foi o desafio: "Na proposta ficou claro que eu teria boas chances de contato com o mercado chinês, que vai crescer muito no Brasil". Em novembro, Franchini vai participar de um grande evento de pós-venda em Xangai, com a presença de executivos de todos os países onde a empresa atua. A Chery quer chegar a 150 concessionárias em 2012. Para isso, vai ser necessário contratar mais executivos. "Buscamos profissionais com capacidade empreendedora, boa comunicação, criatividade e disposição para trabalhar sob pressão", acrescenta.
Entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões serão investidos pela Fiat na nova fábrica em Goiana, a 65 km de Recife. A montadora italiana informa que vai priorizar contratações locais, sempre que possível. Existem oportunidades em diversas profissões como engenharia, design, administração, ciências contábeis, economia, ciência da computação, comunicação social, direito, relações públicas, relações internacionais e psicologia. Além do repertório técnico para o exercício da função e do perfil adequado aos valores corporativos, a empresa considera como atributo indispensável a excelência na capacidade de liderar pessoas.
Outras fabricantes de veículos que anunciaram projetos no país são a sul-coreana Hyundai, a chinesa JAC, as japonesas Toyota e Nissan e a uruguaia Effa, que terá duas parcerias com a chinesa Lifan. Com a instalação dessas fábricas, os investimentos estrangeiros do setor automobilístico brasileiro devem superar US$ 5 bilhões. Hoje, o Brasil ocupa a quinta posição entre os fabricantes de automóveis, atrás da China, Estados Unidos, Japão e Alemanha. O mercado nacional, porém, está em expansão. No primeiro semestre, as vendas foram 9,5% superiores ao mesmo período de 2010. Executivos que conhecem o ramo e focam em resultados são elementos-chave na estratégia dessas companhias.
"Quando era diretor de uma agência de propaganda, fui procurado por uma empresa de hunting que monitorava meu currículo desde a época em que trabalhei na Fiat", conta o publicitário Carlos Murilo Moreno. Ele foi negociar a proposta com três condições: queria trabalhar no varejo, que a empresa atuasse no país inteiro e que o desafio fosse grande. Depois de sete entrevistas, foi contratado como diretor de marketing da Nissan, com a missão de tornar a marca conhecida no Brasil. A estratégia foi, a princípio, comparar-se aos competidores mais lembrados em diferentes categorias. "Em certa altura, passamos a falar mais de nós mesmos. Foi aí que surgiram os 'pôneis malditos', que superaram as expectativas."
A ousada campanha publicitária já foi vista mais de 13 milhões de vezes na internet. Em agosto, houve recorde de vendas do veículo: 1.488 unidades, 110% a mais que no mesmo período em 2010. Em toda a linha, as vendas aumentaram 81% e a lembrança da marca triplicou. A participação no mercado, que era de 1% em 2010, chegou a 1,8% em agosto e a meta é atingir 5% em 2014. "Estamos finalizando o processo de escolha do local da nova fábrica no Brasil, com capacidade para 200 mil carros/ano. Devemos contratar em todas as áreas", diz. Nos últimos meses, foram preenchidas vagas em logística, vendas, engenharia e departamentos jurídico e financeiro.
O engenheiro mecânico e consultor Ricardo Cipullo, 52 anos, estuda proposta que recebeu de uma montadora com planos de se instalar no país. Seu currículo o credencia. Com 30 anos de carreira na indústria automobilística, foi executivo da Ford do Brasil, diretor-superintendente da divisão de componentes automotivos do Grupo Iochpe-Maxion e presidiu por 11 anos a Brose do Brasil em Curitiba. Ele acredita que esse é apenas o início do processo de contratações locais de alto nível. "Em um primeiro momento, a multinacional traz muita coisa pronta do país de origem. Só depois é que o executivo brasileiro passa a ter importância maior", diz. A consolidação do empreendimento leva de cinco a sete anos, mais ou menos o ciclo de um produto.
Os salários são altos. Não é incomum um executivo brasileiro da indústria automobilística receber R$ 1 milhão por ano. "Provavelmente, é uma remuneração maior que a do chefe dele no exterior. Isso gera situações curiosas como a de profissionais que são promovidos para a matriz, mas não ganham aumento", relata Cipullo. Para ele, a maior carência é na área de engenharia, cujo salário inicial mais que dobrou nos últimos três anos. Com cinco anos de experiência, ganha-se em torno dos R$ 9 mil.
A carência de executivos experientes também é observada por Stephan Keese, sócio da empresa de consultoria Roland Berger. "Indústrias asiáticas, em especial, têm dificuldades em recrutar", diz. "Conheço montadoras que ainda não conseguiram encontrar profissionais para setores como gerência de desenvolvimento das concessionárias e de pós-vendas". Conforme o local onde a montadora vai se instalar, o número de vagas para alta gerência é mais restrito, pondera o headhunter Márcio Bamberg. Com a experiência de quem liderou o processo seletivo da Chrysler no Paraná nos anos 1990, ele ressalta que o centro de decisões costuma ficar em São Paulo. Bamberg destaca a importância de investir nas redes de contatos, onde surge a maior parte das oportunidades, e adverte: "Esse perfil de profissional faz opção pela carreira, não pela família."
Toda negociação para o alto escalão tem a confidencialidade como característica. "Enviar o currículo direto à montadora expõe o profissional, o que diminui o seu poder de negociação", observa Luiz Alberto Panelli, sócio da consultoria Amrop Panelli Motta Cabrera. Ele orienta os candidatos a fazer uso discreto de sua rede de contatos ou do serviço de empresas de consultoria.
"Fizemos um trabalho para uma montadora buscando gerentes regionais de vendas", revela o sócio-diretor da Heidrick & Struggles Brasil, Dárcio Crespi. "Duas novas montadoras já nos procuraram", conta Jacques Sarfatti, sócio da consultoria Russell Reynolds. "Em geral, elas querem entender melhor o mercado e se aculturar ao Brasil". Sarfatti confirma que os salários dos executivos estão se elevando. "Desde o ano passado, é um incremento contínuo que já chega a 20%."
"O setor automobilístico é uma das áreas em que a competição tem sido mais acirrada", avalia André Kaufmann, presidente do Renaissance Executive Forum no Brasil, uma espécie de conselho consultivo com 70 integrantes - todos presidentes, CEOs ou donos de empresas. A formação de executivos tem sido tema recorrente nos debates. "De certa forma, os automóveis estão se 'comoditizando' ", afirma. "Isso faz com que os dirigentes sejam muito disputados e também pressionados em termo de resultados de curto prazo."

GE montará fábrica de turbina para eólica na BA
Valor 30.09.2011 - Marcelo Soares, presidente da GE Energy para América Latina: nova fábrica poderá ter ampliação no futuro.
De olho nos 52 parques eólicos previstos para o Estado nos próximos anos, a GE decidiu investir R$ 45 milhões em uma nova fábrica de aerogeradores na Bahia.
Inicialmente, serão produzidos 200 equipamentos por ano a partir de meados de 2013. Mas a capacidade poderá subir dependendo do volume de contratos que serão fechados no futuro. "Nunca planejamos uma fábrica limitada à produção inicial. Sempre deixamos espaço para crescimento", informa Marcelo Soares, presidente na América Latina da GE Energy, braço na área de energia do grupo industrial de origem americana.
A assinatura do protocolo de intenções com autoridades do governo baiano está prevista para a segunda-feira. Ainda falta definir o local da fábrica, mas a GE tem se debruçado sobre possibilidades na Região Metropolitana de Salvador ou no polo industrial de Camaçari, o qual já vem atraindo grandes fabricantes de turbinas eólicas.
A investida dessas fabricantes na Bahia começou este ano, com o início das operações da espanhola Gamesa em Camaçari. Em novembro, será a vez da francesa Alstom começar a montagem de aerogeradores no município, após investimento aproximado R$ 50 milhões em sua primeira fábrica no Nordeste.
Além do crescimento no número de projetos de energia gerada pelo aproveitamento dos ventos no país, os fabricantes são atraídos por vantagens em logística, dada a proximidade de instalações portuárias.
Mas, como informa a GE, estímulos fiscais também estão sendo determinantes na escolha. Sem dar detalhes, a direção da filial da empresa na América Latina informa que recebeu os mesmos benefícios tributários que seus concorrentes tiveram para abrir operações no Estado.
Levar o projeto para o Rio Grande do Norte, onde diversos projetos eólicos estão sendo executados, ou mesmo ampliar as fábricas existentes foram opções consideradas pela GE antes de levar o projeto para a Bahia.
A expectativa do grupo é enfrentar um ambiente de competição desafiador, já que diversos fabricantes globais tentam aproveitar o movimento de diversificação da matriz energética do país. Para encarar a disputa, a GE diz que está trazendo tecnologia de última geração em turbinas.
Antes de Gamesa e Alstom, a Wobben Windpower, em Sorocaba (SP), e a argentina Impsa, em Suape (PE), já tinham operações de turbinas eólicas consolidadas no Brasil. A gigante alemã Siemens também anunciou planos de reforçar a montagem desses equipamentos em território brasileiro, onde tem contratos para instalação de 136 turbinas em 12 parques - um dos clientes é a Tractebel.
A GE, que já monta as turbinas em uma fábrica em Campinas (SP), prevê instalar aproximadamente 700 aerogeradores no mercado brasileiro entre 2011 e 2012, incluindo contratos dos primeiros parques eólicos da Bioenergy no Rio Grande do Norte. No mundo, já tem instaladas 17 mil unidades.
O grupo diz que planeja usar recursos próprios para custear os investimentos na fábrica baiana, na qual, estima, serão criados 80 empregos diretos. Soares informa ainda que o projeto poderá ser greenfield - aqueles que são construídos a partir do zero - ou brownfield, em que é efetuada ampliação de alguma instalação já existente.
A vantagem da segunda opção, lembra o executivo, seria acelerar o ritmo do empreendimento, que começará a ser erguido a partir de meados do ano que vem. "Podemos aproveitar algum prédio ou alguma fábrica vazia por lá e fazer reforma e adaptação", assinala o CEO. "Vamos optar pelo o que for mais interessante", acrescenta.