quinta-feira, 7 de julho de 2011

Azul.CA07

Daily News


RCJP entra na bolsa sem fazer oferta
Valor 070.07.2011 - A Rio de Janeiro Capital Partners (RJCP) Equity, empresa de investimento em capital de risco que será sócia minoritária da Novaenergia, optou por um caminho diferente para captar recursos no mercado de capitais.
Depois de ter obtido registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em janeiro, desde meados de junho as ações da empresa já podem ser negociadas na bolsa.
Mas não estranhe se você não viu nenhum anúncio publicitário ou reportagem na mídia sobre a abertura de capital da companhia. Ela não fez oferta de ações.  Pré-operacional, a RJCP Equity ficará listada em bolsa apenas para ser conhecida pelos investidores e tem planos de captar recursos de novos acionistas no prazo de um a dois anos, diz o presidente e acionista controlador da empresa, Marcelo Bastos. "Não tem mercado para fazer oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da empresa no estado que ela está", afirma o executivo, que trabalhou com Luiz Cezar Fernandes, ex-Pactual, na Marambaia.
Para ele, é importante que a empresa tenha um histórico de investimentos para mostrar antes de vender ações no mercado. Por enquanto, a companhia está negociando com um banco a emissão de debêntures conversíveis em ações, em uma operação que pode chegar a R$ 20 milhões. Além disso, a RJCP deve levantar recursos por meio de um fundo no exterior e também aplicar recursos próprios nos projetos. Além da Novaenergia, a empresa de capital de risco ainda negocia um aporte na Adest, uma empresa brasileira que desenvolveu tecnologia para fabricar um filtro ultrarresistente, usado em poços de petróleo, para separar a areia do óleo. Apenas três empresas no mundo possuem tecnologia semelhante, sendo a Adest a primeira brasileira do mercado. A empresa foi criada por Samuel Tocalino, que trabalhou na indústria petroleira, e desenvolveu a tecnologia, de solda em estado sólido, em parceria com Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, de Campinas. A Adest já recebeu R$ 4,5 milhões de Finep, Fapesp e Statoil e contou com apoio não financeiro da Petrobras.

Rio Bravo
Folha 07.07.2011 - A Rio Bravo, gestora de recursos de Gustavo Franco, ex-presidente do BC, e Paulo Bilyk, já pensa em um terceiro fundo de "private equity" (de participação em empresas) com foco no Nordeste. A gestora já tem os fundos Rio Bravo Nordeste 1, voltado para empresas iniciantes, que captou R$ 18 milhões; e Rio Bravo Nordeste 2, que investe em empresas já estabelecidas, captou R$ 132 milhões e ainda está em fase de investimento.
"Com o sucesso da operação, pensamos em um terceiro fundo. O Nordeste tem taxa de crescimento acima da média do Brasil, em razão da base baixa", diz Paulo Silvestri, diretor da área na gestora, uma das primeiras a investir na região. "O Nordeste 3 deverá obter captação maior que o 2", estima Silvestri.

Brookfield aprova emissão de R$ 300 milhões em debêntures
Exame 07.07.2011 - Papéis serão emitidos em duas séries de 4 anos e 5 anos. A Brookfield (BISA3) aprovou na quarta-feira (6) a emissão de 300 milhões de reais em debêntures não conversíveis em ações, revela comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Os 30 mil papéis serão emitidos em duas séries, sendo a primeira de 4 anos e, a segunda, de 5 anos. As debêntures renderão juros de 100% do DI, acrescida de um spread de até 1,6% para a primeira série e de 1,75% para a segunda série.

Depois de dez anos, faculdades voltam a aumentar preços
Valor 07.07.2011 - Após dez anos de quedas consecutivas, o valor das mensalidades das faculdades no país registrou aumento, de acordo com levantamentos realizados pela consultoria especializada em educação Hoper e pelo Semesp, sindicato que reúne as instituições de ensino superior de São Paulo.  Essa mudança de cenário foi motivada pelas pequenas e médias faculdades que interromperam a guerra de preços com os grupos consolidadores de ensino, que entraram no setor com mensalidades baixas. "Para concorrer com as grandes, as instituições de ensino de menor porte baixaram as mensalidades, absorveram custos e quebraram ou tiveram que ser vendidas", disse o consultor Ryon Braga, sócio da Hoper. "Elas chegaram no seu limite. Não há mais espaço para essa estratégia de absorver a inflação e baixar os preços", complementou Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp. Segundo levantamento da Hoper, o valor mediano das mensalidades das faculdades presenciais caiu de R$ 665,15 em 2000 para R$ 481,77 no ano passado. Porém, neste ano, as mensalidades aumentaram para R$ 500,11. O Semesp detectou essa viradas nas mensalidades já no ano letivo de 2010, quando o tíquete médio dos cursos de graduação presencial e de ensino a distância aumentou 26%, chegando a R$ 464 - patamar semelhante ao cobrado em 2004. "Com a decisão de aumentar preços, muitas faculdades repassaram as perdas registradas no passado. Por isso, há esse aumento expressivo de 26%", explicou Capelato.  Os reajustes nas mensalidades estão sendo detectados pelos índices de inflação. Entre janeiro do ano passado e o último mês de maio, a inflação do segmento de ensino superior foi de 12,5% contra 9,84% do IPCA, apurado pelo IBGE. Nos primeiros cinco meses deste ano, a inflação do ensino superior acumula uma alta de 7,28% - praticamente o dobro do IPCA, que foi de 3,71%.  Ao contrário das faculdades menores, os grandes grupos de ensino conseguem repassar a inflação nos valores cobrados dos alunos. Na Anhanguera, por exemplo, o tíquete médio dos cursos presenciais aumentou de R$ 402 para R$ 450 nos últimos três anos, basicamente devido à reposição de inflação, segundo José Augusto Teixeira, vice-presidente de relações com investidores da Anhanguera, que conta com cerca de 300 mil estudantes.
"Até para a Estácio, que é um grande competidor, parece que chegou ao limite essa guerra de preços. Com preços de mensalidades parecidas, o diferencial vai ser um ensino de boa qualidade", disse Rogério Melzzi, diretor financeiro e de relações com investidores da Estácio. "Chega um momento em que não é possível baixar mais as mensalidades. Há os custos com professores, imóveis e a necessidade de recuperar margens", complementou Carlos Lazar, diretor de relação com investidores da Kroton.
Após uma década de queda no valor das mensalidades, a expectativa do setor é que há uma tendência de alta no setor de ensino superior. "O MEC está promovendo uma série de exigências como, por exemplo, contratação de mais professores doutores e adaptações nas instalações de cursos de ensino a distância. São medidas que encarecem o custo das mensalidades", lembrou José Loureiro, chefe de operações da Laureate no Brasil, dona da Anhembi Morumbi, entre outras faculdades.

Grupo Editorial Nacional comprou a Editora Roca
Folha 07.07.2011 - Leitura O Grupo Editorial Nacional comprou a Editora Roca, que faturou R$ 9,2 milhões em 2010, para entrar no segmento de livros de turismo.

Compra do Sofitel
Valor 07.07.2011 - A Brazil Hospitality Group (BHG), empresa de hotéis do GP Investments, anunciou ontem a homologação da compra do hotel Rio Palace, em Copacabana, que atualmente opera com a bandeira Sofitel, do grupo Accor. O negócio já havia sido anunciado em setembro de 2010, mas tinha de ser homologado pela Justiça do Rio de Janeiro. Isso porque a dona do imóvel, a Veplan, está em processo de recuperação judicial. O hotel tem uma privilegiada localização no Rio, na orla da praia de Copacabana, zona sul da cidade, com 57,8 mil metros quadrados, 388 apartamentos e 10 salas de eventos, entre outros atrativos aos hóspedes.

Nutrimental foca classe C para elevar venda de "barrinhas"
Valor 07.07.2011 - Motta, diretor da Nutrimental, prevê aumentar em 70% venda do produto
Há alguns anos, a Nielsen divulgou uma pesquisa na qual mostrava que, até o fim de 2008, o carrinho de compras das famílias de mais baixa renda tinha 22 itens em média, a maioria artigos básicos, como açúcar, óleo e macarrão. Já no ano seguinte, esses mesmos consumidores - desta vez com maior poder aquisitivo - agregaram outros tipos de produtos às suas compras, tais como achocolatados em pó, salgadinhos, massas instantâneas, molhos e caldos prontos. A preferência por itens mais práticos era clara. A preocupação com a saúde, por outro lado, não parecia ser tão evidente.  Dois anos depois, a classe C já se mostra mais preocupada em consumidor produtos de apelo saudável. Pelo menos é o que diz Rodrigo Guimarães Motta, diretor comercial da Nutrimental, fabricante das barras de cereais Nutry. A empresa, que lançou a categoria no país há 20 anos, prevê um aumento de 70% em suas vendas este ano, quando a projeção para o mercado é de 26%. O motivo? O foco na nova classe média. "A classe C descobriu a barrinha", diz o executivo. De olho nesse público, a empresa desenvolveu novas barrinhas, com sabores mais "indulgentes", segundo Motta. São elas as versões nos sabores bolo de chocolate, trufa de chocolate e brigadeiro. "Também lançamos a versão light, com menos gordura e menos calorias", diz Motta. O sucesso desta última foi tão expressivo que seu peso nas vendas de barrinhas da companhia passou de 5% há uma ano para os atuais 50%.
Apostando também no segmento "light", em abril a Nestlé reformulou seu portfólio. A multinacional suíça tirou do mercado a barrinha Neston e lançou sua linha somente com a marca Nestlé, com 15% de frutas em cada unidade e 62 calorias por porção de 20 gramas (a média das barrinhas tem pouco mais de 80 calorias). No mercado nacional, a marca Nutry, da Nutrimental, é líder em barras de cereais, com participação de 26% em valor; seguida da Trio (da Trio Alimentos, de Sorocaba), com 24%; e das marcas próprias ou mais baratas em terceiro, conforme dados Nielsen citados pela fabricante. Nestlé, General Mills (da barrinha importada Nature Valley) e Hershey ficam, juntas, com menos de 20% das vendas.  A Nutrimental - que também atua na área de merenda escolar, refrescos em pó, cereais modificados e cereais matinais - faturou R$ 270 milhões em 2010 quer chegar a R$ 350 milhões até o fim do ano.  O pulo do gato da empresa para chegar à classe C foi a distribuição. A companhia, com sede e fábrica em São José dos Pinhais (PR), está aumentando em 80% sua estrutura de distribuição para chegar a esse consumidor que antes não atingia - principalmente os das faixas etárias mais jovens da classe C. "Tínhamos há um ano mil pontos de venda, sendo que a maioria deles era de distribuidores. Hoje, já são 1,4 mil, com um bom crescimento no Nordeste", diz Motta. A fabricante também resolveu apostar em um canal de vendas quase insólito para produtos com apelo saudável: os atacados doceiros - lojas geralmente próximas a terminais urbanos de ônibus dirigidas às classes C, D e E, que vendem salgadinhos e doces, muitos deles a granel. "Antes, vendíamos para poucos atacados doceiros. Eram só 20. Agora são 300 em todo país." Os "atacarejos" - lojas de atacado que também vendem no varejo, onde muitos consumidores da classe C gostam de comprar - receberam atenção especial. A empresa, que não usava esse canal de vendas, agora está presente nas redes Assaí, Apoio, Atakarejo, Makro e Tenda.  A estratégia de explorar novos canais de venda não é novidade para a Nutrimental. Foi assim que, no início dos anos 90, a companhia conseguiu introduzir uma nova categoria no mercado. "No início, lançamos a barrinha em supermercados, com uma embalagem que parecia com a de chocolate, porque o consumidor não sabia o que era o produto. Não deu certo, porque a pessoa comprava o produto, mordia esperando chocolate e encontrava cereal", lembra Motta. Foi aí que a companhia decidiu apostar nas farmácias. Há 20 anos, não havia quase nenhum item de alimentação a venda nesse canal. "Aí foi um sucesso. Até hoje, boa parte de nosso volume é vendido em farmácia. O canal também ajudou a reforçar a ideia de produto saudável", diz o executivo.

Rodopa investe para ampliar capacidade e crescer em carne
Valor 07.07.2011 - Pouco mais de um ano após iniciar seu processo de profissionalização, a Rodopa Alimentos - dona da marca Tatuibi - investe em aumento da capacidade de abate de bovinos e espera elevar em 30% seu faturamento bruto em 2011. No ano que passou, a receita da companhia foi de R$ 766 milhões. A Rodopa, criada em 1958 em Limeira (SP), pela família Bindilatti, tem três unidades em operação e acaba de arrendar (com opção de compra) um frigorífico na cidade de Goiás (GO), com capacidade de abate de 500 bovinos por dia, segundo Sérgio Longo, diretor geral executivo da companhia. A unidade, que já foi arrendada pelo Frigoestrela (hoje em recuperação judicial), entrará em atividade na segunda quinzena de agosto. Longo, que foi diretor-financeiro da JBS S.A., diz que o plano é ampliar a capacidade de Goiás e habilitar a planta para exportar à Europa. As outras unidades, em Santa Fé do Sul e Ipuã, ambas em São Paulo, e em Cassilândia (MS), têm capacidade de abate equivalente de 2.500 animais por dia. A de Santa Fé é habilitada a vender para países da lista geral e também para a Europa. Cassilândia pode exportar para os de lista geral. Além do arrendamento de Goiás, a Rodopa também investiu em ampliação das fábricas de Santa Fé e Cassilândia e na frota de caminhões. No total, os aportes somaram, segundo Longo, R$ 30 milhões. "Está previsto mais para este ano", acrescenta. Os valores ainda não estão definidos. "São investimentos necessários para sustentar o crescimento da companhia".
Antes do começo do processo de profissionalização, a Rodopa pertencia a três irmãos da família Bindilatti, Paulo, Marcos e Rosana, que possuiam ainda revendas de automóveis, corretoras de seguros e fazendas de gado bovino. No início de 2010, a família decidiu separar os diferentes negócios, e Paulo Bindilatti comprou a participação dos irmãos na Rodopa. Hoje, ele é presidente da companhia. Entre 2008 e 2009, quando o setor de carne bovina foi afetado por uma crise que levou várias companhias a pedir recuperação judicial, o faturamento da Rodopa caiu de R$ 586 milhões para R$ 526 milhões. No ano passado, quando as mudanças na gestão foram implementadas, a receita bruta subiu para R$ 766 milhões. O lucro bruto foi de R$ 111 milhões, 56% mais do que em 2009 e o Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 50 milhões, mais do que o dobro dos R$ 23,7 milhões do ano anterior, segundo a empresa. Os números mostram ainda uma alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) de 1,09 vez no fim de 2010. A empresa fechou o ano que passou com dívida líquida de R$ 57,6 milhões e Ebitda de R$ 50 milhões. Hoje, segundo Longo, a empresa está trabalhando no alongamento de seu passivo financeiro. Dentre as possibilidades, a empresa avalia, para o segundo semestre, a emissão de um bond no mercado internacional. Com 90% de sua receita proveniente de vendas no mercado interno - especialmente pequeno e médio varejo do interior do país -, a Rodopa também busca reforçar sua atuação no food service. A origem da companhia, assim como a da concorrente Marfrig, é exatamente a distribuição. Antes de ter unidades de bovinos, a empresa terceirizava o abate dos animais e distribuía a carne com a marca Tatuibi. A Rodopa, que atua ainda em higiene e limpeza, também considera a possibilidade de uma fusão para continuar a crescer. "Podemos crescer por meio de fusão, de várias formas (...). Não vamos sair comprando [ativos] para não crescer demais e ficar com demanda inferior à oferta", afirmou Longo. Em 2008 e 2009, foi justamente o excesso de capacidade num cenário de queda de demanda por carne bovina que detonou a crise dos frigoríficos no país. O executivo não comenta, mas o Valor apurou que a Rodopa tentou uma fusão com o frigorífico Mataboi, que pediu recuperação judicial. A negociação, porém, não prosperou, segundo fontes do setor de carne bovina.

Sadia/Perdigão e Cade chegam a impasse sobre marcas
Folha 07.07.2011 - A BRF (Brasil Foods) e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, chegaram a um impasse nas negociações da fusão entre Sadia e Perdigão por conta do uso das marcas.
A fusão entre as duas empresas, que resultou na BRF, poderá ser vetada pelo conselho caso as duas partes não cheguem a uma solução para manter a concorrência em segmentos como os de pizza congelada, hambúrguer e empanado de frango. Segundo a Folha apurou, os conselheiros querem a retirada de uma das marcas em ao menos alguns mercados mais problemáticos, mas a empresa está irredutível nesse ponto.
Para a BRF, contudo, abrir mão de uma das marcas "premium" é o mesmo que desfazer a fusão. Fontes ligadas às negociações disseram que as conversas foram divididas em três pontos, mas estes não foram detalhados.
Em dois deles já existe praticamente um consenso, mas, em relação às marcas, os dois lados não conseguem chegar a um ponto comum.
Esse impasse, porém, poderá levar ao insucesso de toda a negociação e ao veto do negócio pelo Cade.
Consenso: Um dos pontos em que já há consenso é a necessidade de a BRF, em alguns segmentos, vender cadeias inteiras de produção.
Como a Folha noticiou na terça-feira, a proposta da empresa é, no caso de empanados de frango, por exemplo, repassar a um concorrente abatedouros, frigoríficos, fábricas, marcas secundárias e centros de distribuição, o que possibilitaria à empresa ter acesso a todas as etapas da produção. Anteriormente, a BRF se dispunha a vender ativos isolados, o que o Cade via como insuficiente para a empresa compradora concorrer com Sadia e Perdigão.
Para o conselho, porém, a venda das cadeias não seria suficiente sem resolver a questão das duas marcas principais. Soluções específicas: Apesar da divisão da negociação em três pontos principais, estão sendo estudadas soluções específicas para cada mercado, além do remanejamento de fábricas e linhas de produção. Isso porque as indústrias produzem vários itens diferentes -como congelados e laticínios, por exemplo- e em alguns deles não há problema de concentração exagerada de mercado, dispensando a intervenção do Cade.
A fusão deverá ir a julgamento pelo conselho no próximo dia 13.

KPMG paga R$ 1,5 milhão para encerrar processo sobre Sadia na CVM
Valor 07.07.2011 - A auditoria KPMG e seus sócios e responsáveis técnicos Adelino Dias Pinho e Carlos Augusto Pires vão pagar um total de R$ 1,5 milhão para encerrar processo aberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Eles foram acusados de descumprir normas técnicas na auditoria das demonstrações contábeis da Sadia em 2007 e 2008, quando a companhia apresentou perdas milionárias com operações de derivativos cambiais.  Essa foi a segunda tentativa de termo de compromisso. Em novembro, a autarquia negou uma proposta da KPMG e seus sócios de R$ 350 mil, no total, por considerar que não era "conveniente e oportuna", de acordo com o relatório da CVM.  O processo foi aberto porque a KPMG teria emitido parecer de auditoria sobre as demonstrações contábeis encerradas no fim de 2007 e relatórios de revisão especial sobre as informações trimestrais de junho e de setembro de 2008.  Nos dias 25 e 26 de setembro de 2008, a Sadia publicou fatos relevantes informando ao mercado que as operações vinculadas à variação cambial tinham valores superiores ao que seria necessário para sua proteção e, devido à liquidação antecipada das operações, foram geradas perdas de R$ 760 milhões.  No entanto, em inspeção realizada pela KMPG para verificar o cumprimento das normas e a aplicação dos procedimentos requeridos nos trabalhos de auditoria executados na Sadia em 2007 e em 2008, a CVM encontrou diversas irregularidades, como a ausência de prazos nas cartas-propostas, divergências entre as datas do relatório sobre informações trimestrais e a data da carta de representação da administração sobre sua responsabilidade, além de omissão de riscos em relatórios.  A KPMG informou que seus sócios estão convictos de que as regras vigentes foram cumpridas. "Sua atuação se deu com total correção, ética e lisura", informou em nota. No entanto, devido à expansão de suas atividades e integração com outras sociedades que passaram a integrar a rede no Brasil, a KPMG considerou "oportuna a propositura de termo de compromisso, para por fim ao processo administrativo instaurado pelo órgão regulador".

Hamburg Süd pede agilidade na licitação de novos portos
Valor 07.07.2011 - Konrad, vice-presidente do conselho: as raízes da companhia estão no Brasil. A Hamburg Süd, maior armador de contêineres da Costa Leste da América do Sul, vai lançar até 2014 pelo menos onze navios com maior capacidade para atender o transporte de cargas em diversos tráfegos, a começar pela rota Brasil-Ásia. Os novos navios vão se somar a outros cinco recentemente lançados, o último deles, o Santa Rita, batizado ontem, em Itaguaí, no Rio. Mas para a empresa o investimento nas embarcações, cujos valores são mantidos em segredo, precisam ser acompanhados de novas licitações nos portos. Julian Thomas, diretor-superintendente da Hamburg Süd para o Brasil e América do Sul, afirmou que é preciso dar mais dinamismo aos processos licitatórios do setor portuário. "Nós, como empresa de navegação, consideramos que o mais importante não é o modelo [de operação], se ele é estatal, privado ou misto, mas o principal foco deve ser o progresso dos portos, o que depende de construir mais infraestrutura e mais rápido." O Santa Rita é um dos maiores navios já encomendados pela Hamburg Süd, com capacidade para 7,1 mil TEUs (contêiner equivalente a 20 pés). Construído na Coreia do Sul pela estaleiro Daewoo, o Santa Rita é o quinto navio da série "santa" a ser entregue. Tem 300 metros de comprimento, 42,8 metros de largura e conta com 1,6 mil tomadas para contêineres refrigerados que transportam produtos como carnes e frutas. Outras cinco embarcações da mesma série serão recebidas pela empresa até o primeiro semestre de 2012.  A próxima série de navios da Hamburg Süd, ainda sem nome definido, terá capacidade ainda maior. Em princípio, serão seis navios com capacidade unitária de 9,5 mil TEUs, os quais serão entregues em 2013 e 2014. O aumento da capacidade dos navios busca atender o crescimento da demanda por carga, tanto na importação quanto na exportação. E também faz sentido para armadores como a Hamburg Süd terem economias de escala, barateando custos.
Para Thomas, o crescimento dos navios é um sinal do desenvolvimento dos tráfegos que passam pelo Brasil. Ele previu que este ano os fluxos de carga marítima, nas importações feitas pelo Brasil, vão crescer entre 12% e 15%. E na exportação a expansão do mercado será de 3%. A Hamburg Süd deverá acompanhar o crescimento do mercado na região.
Na cabotagem, onde opera via Aliança Navegação com navios de 2,5 mil TEUs, a tendência é de que o tamanho das embarcações também aumente. O vice-presidente do conselho-executivo da Hamburg Süd, Joachim Konrad, disse que as raízes da empresa, controlada pelo grupo Oetker, estão no Brasil. "Foi aqui que os primeiros navios [da empresa] começaram a escalar Rio e Santos." Em 2011, a Hamburg Süd completa 140 anos. Konrad afirmou que o volume transportado pela empresa na Costa Leste da América do Sul, incluindo Brasil, Argentina e Uruguai, triplicou em dez anos e hoje representa cerca de 25% dos negócios totais da Hamburg Süd no mundo. Ele afirmou que a posição da empresa foi fortalecida na região com a compra da Aliança Navegação, em 1988. E disse que o compromisso do grupo com a região continua. Citou como exemplo o Porto Itapoá, terminal de contêineres de águas profundas construído a partir de investimentos da Hamburg Süd e da Portinvest Participações, em Santa Catarina, e que começou a operar em junho. Thomas disse que a empresa está aberta a novos investimentos em portos e procura lugares estratégicos para investir. Ele contou que poderia vir a fazer uma oferta pelo novo terminal de contêineres de Manaus que o governo pretende licitar, mas avaliou que o processo tem avançado de forma lenta.

ANTT recebe dois pedidos de adiamento do leilão do trem-bala
Estadão 06.07.2011 - Consórcio TAV Brasil solicitou a postergação de 45 dias para leilão; Associação Brasileira da Indústria Ferroviária requer o adiamento por seis meses
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) recebeu nesta quarta-feira, 6, dois pedidos para o terceiro adiamento do leilão do trem-bala: um do Consórcio TAV Brasil, conhecido como grupo coreano, e um da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer). O TAV Brasil solicitou a postergação de 45 dias e a Abifer requer o adiamento da licitação por seis meses. O leilão está marcado para o dia 29 e o prazo para a entrega das propostas se encerra na segunda-feira. Não há, porém, nenhum sinal de mudança no cronograma. "Não tive nenhuma orientação para mudar nada", afirmou o diretor-geral da ANTT, Bernardo Figueiredo, à Agência Estado. Os argumentos usados em ambos os pedidos, segundo Figueiredo, são os mesmos: mais tempo para constituição dos consórcios e alterações no edital. Entre os ajustes pleiteados, destacam-se os quesitos sobre a escolha da empresa para a qual será feita a transferência da tecnologia e para a flexibilização do traçado.

Empreiteira quer mais subsídio a trem-bala
Folha 07.07.2011 - Maiores construtoras do país pedem mais financiamento público e triplo de orçamento estatal ou abandonam leilão.  Sem opção, governo deve cancelar leilão previsto para segunda; custo da obra pode chegar a R$ 60 bilhões. As cinco grandes empreiteiras do país só aceitam entrar com R$ 3 bilhões de capital próprio no trem-bala. O valor é próximo de 5% do custo calculado por elas para o projeto. O governo achou a proposta inaceitável e deve cancelar o leilão marcado para segunda-feira. Outro fator que deve tornar inviável o leilão agora é que o TCU (Tribunal de Contas da União) determinou ontem mudanças no edital segundo as quais receitas extraordinárias sejam usadas para reduzir a tarifa -conforme a Folha havia antecipado.
Além do cancelamento definitivo para rever o modelo, o governo cogita fazer um terceiro adiamento do leilão por prazo curto. As grandes empreiteiras (Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão e OAS) estudaram juntas o projeto e chegaram a um preço final, hoje, acima dos R$ 55 bilhões para o projeto. Como as obras de verdade demorariam mais de um ano para começar, o valor pode chegar a R$ 60 bilhões. A gestão Dilma Rousseff calculou que o custo do projeto estaria hoje em R$ 38 bilhões. O governo se compromete a ser sócio com cerca de R$ 4 bilhões, emprestaria outros R$ 22 bilhões via BNDES (com possibilidade de subsídio de R$ 5 bilhões) e colocaria ainda recursos estimados entre R$ 3 bilhões e R$ 5 bilhões, via fundos de pensão e empresas públicas.
Considerando o valor do custo encontrado pelas empreiteiras, a União já daria recursos para cerca de metade do custo do projeto. Mas as empresas querem que a gestão Dilma entre com mais recursos ou se comprometa a assumir mais riscos do projeto. Um dos pedidos foi para que a União triplique o valor que vai aplicar na estatal do trem-bala, a Etav (para R$ 12 bilhões), e eleve o valor do financiamento público.
Coreanos: O Planalto não aceitou as condições. Mas ficou sem opções. O consórcio com o qual o governo contava para disputar com as grandes empreiteiras, o TAV Brasil, também não deve entrar na disputa.
Esse consórcio, que tinha acordo com a tecnologia coreana, pedirá formalmente adiamento para apresentar uma proposta. O grupo ainda está formado por empreiteiras brasileiras e coreanas que não têm recursos sozinhas para bancar o projeto. Além disso, tenta negociar com outro país detentor de tecnologia, já que a tecnologia coreana não está totalmente desenvolvida. O Planalto está dividido. Uma parte defende a ideia de cancelar o leilão ou deixar que ele aconteça e, não havendo interessados, pensar um novo modelo. Entre as ideias, fazer uma PPP (Parceria Público-Privada). Outra parte quer um novo adiamento por curto prazo, melhorando condições do projeto, para tentar que alguém compre-o como está.

Coutinho será ouvido sobre atuação da Eletropaulo
DCI 07.07.2011 - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) será convocado pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados para falar sobre o caso Eletropaulo. As explicações do presidente do Grupo AES Brasil, Britaldo Soares, não convenceram os parlamentares de que a distribuidora tem investido recursos suficientes para atender as necessidades da região em que atua: a cidade de São Paulo mais 23 municípios da região metropolitana. A expectativa do secretário de Energia do Estado de São Paulo, José Aníbal, é de que com a presença de Coutinho a atuação da distribuidora sejam esclarecidas.  O banco federal possui 49% da holding que controla a AES Eletropaulo, investimento resultante de uma dívida de mais de R$ 1 bilhão em 2003.

Diniz desafia Casino a explicar por que fusão não é boa ideia
Valor 070.07.2011 - Abilio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar: "O que eu fiz? Fiz um trabalho extenuante. Costurar esse trabalho que foi feito não é fácil"
O empresário Abilio Diniz espera que, em 2 de agosto, data da reunião do conselho de administração da Wilkes, holding que controla o Grupo Pão de Açúcar, o Casino explique por que a criação do Novo Pão de Açúcar (NPA) e a combinação com os ativos do Carrefour não são uma boa ideia. Essa resposta abriria a possibilidade de negociar com o presidente do Casino, Jean-Charles Naouri, que chama a proposta de "expropriação" de seu direito de assumir o controle da maior varejista do país em 2012. Diniz não acredita em um desfecho diferente da aprovação da operação. "Ele [Casino] vai ter que negociar."
Diniz, ao lado da filha Ana Maria Diniz, recebeu o Valor ontem na sede da Estáter, consultoria financeira que o ajudou a costurar a proposta de associação com o Carrefour, ao lado do BTG Pactual e do BNDES, para uma entrevista de duas horas.
O conselho do Carrefour já aprovou a associação no dia 3 de julho. A demora de um mês para levar a proposta à Wilkes deve-se à decisão da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) de encomendar estudos a três consultorias para avaliar a operação. O grupo precisa de tempo para analisar a questão, afirma Diniz.
As avaliações das consultorias devem ser enviadas aos conselhos consultivo e fiscal da CBD e aos acionistas da Wilkes, antes do dia 2 de agosto. "Não adianta dizer que é um negócio muito honesto. Honesto é que nem virgindade, ou é ou não é. O 'management' [da CBD], o conselho consultivo e o conselho fiscal vão se pronunciar", afirma Diniz.
A seguir os principais trechos da entrevista:
Valor: Por que existe essa demora de quase 30 dias para a realização da reunião de acionistas da Wilkes, em 2 de agosto? E a proposta a ser avaliada será a mesma já aprovada pelo Carrefour?
Abilio Diniz: Esse negócio foi demorado e difícil de fazer. E eu não estava acostumado a trabalhar com essa estrutura. Tudo o que fiz foi com o Pão de Açúcar, mas nessa proposta não usei ninguém da companhia. Eu fiz com a Estáter e alguns advogados porque eu não queria gerar contestação. Quanto à proposta, será exatamente a mesma.
Valor: Essa demora não pode ter impacto no negócio? O sr. não teme que esse período de espera possa ter impacto nas ações do Pão de Açúcar? A ação está caindo...
Diniz: Não, todos os acionistas já entenderam a questão. A ação está caindo por conta da insegurança. E quanto a esse período, ele é preciso porque eu tenho que dar prazo para eles [a CBD] avaliar a proposta. O grupo contratou consultores como McKinsey, Accenture e Ebeltof. Eu não quero que a companhia acredite no Abilio só. O negócio tem que ser honesto. A CBD tem que dizer aos acionistas se isso é um bom negócio ou não.
Valor: O artigo a ser questionado pelo Casino, número 2.1.1 do acordo de acionistas, trata do controle de Wilkes, que precisa ser preservado. O Casino diz que isso não aconteceu.
Diniz: E qual foi a medida que tomei agora que prejudica o controle?
Valor: Até agora nada, mas se for aprovada, ela fere o artigo...
Diniz: O que eu fiz? Fiz um trabalho extenuante. Costurar esse trabalho que foi feito não é fácil. e entendo por quê. É que as coisas lá [no Carrefour] não estão dando certo. E o que se passou na cabeça do Abilio? Eu levo essa proposta até o momento que sinta que esse negócio é viável. Pensei: "Deixa eu ver se esse negócio para em pé". Até terça-feira da semana passada, quando estava na França, quando recebemos a proposta, eu não tinha certeza de que esse negócio pararia de pé. As discussões de detalhes do negócio é uma coisa completamente maluca. Quando a coisa se arrasta demais você fica até com dúvida. O que será que está por trás, porque é que não estão aceitando?
Valor: Por quê?
Diniz: Eu queria ter comunicado o Jean-Charles e ter levado para o Jean-Charles antes desse momento. Eles [O Carrefour] fizeram duas reuniões de "board" e tinha que passar pelo menos na primeiro, para ter certeza de que [a operação] poderia acontecer. Se não ninguém se responsabilizaria por isso lá. É que a situação está complicada por lá, há muita pressão. Eu queria falar com o Jean Charles antes, mas fui aconselhado a esperar passar pelo "board" do Carrefour para ter algo concreto antes de chegar no Jean-Charles. Consultei sobre isso e me disseram: "Fica tranquilo, não abaixa a caneta". E hoje penso que pela forma como o Jean-Charles reagiu à proposta, acho que fiz a coisa certa.
Valor: Mas se é para receber uma resposta negativa do Casino, não era melhor receber logo um "não" para evitar esse desgaste de imagem?
Diniz: Eu acho que sim. Mas há uma questão interessante aí agora. Para não ter negócio, o Jean-Charles vai ter que explicar por que não quer o negócio. Eu não vou romper contrato, mas ele terá de passar pelos rituais da governança corporativa e com o mercado observando. Quando falamos da operação, ele dizia que não era bom negócio de fusão com o Carrefour porque a Europa estava toda mal. Isso foi há uns seis meses. Eu disse que tudo bem, mas eu acho que a coisa não é assim porque o mercado já está "precificando" isso. Agora, quero deixar claro que não há qualquer cláusula que me impeça de negociar à vontade e quanto eu quiser.
Valor: O sr. não acredita que o ônus no final das contas ficou maior para o sr. do que para ele? Há uma simpatia do mercado em relação ao direto dele de exercer o controle a partir de julho de 2012.
Diniz: O que ele comprou foi o direito de, em 2012, pela troca de R$ 1 por uma ação da Wilkes, a possibilidade de consolidar [os resultados] da companhia [Grupo Pão de Açúcar] no Casino. Eu no final fiquei incomodado com o negócio e disse: "Não vou fazer. Eu quero continuar levando a companhia, que tem o meu DNA". Mas disse que aceitaria se eu pudesse administrar a companhia e acertamos. Eu disse há dois anos que teríamos que rever a nossa posição, que não daria para continuar do jeito que estava, principalmente depois das negociações de Casas Bahia e Ponto Frio. Nós não podemos aumentar endividamento porque isso os afeta. Quando eles consolidam o endividamento na empresa aberta dá mais de três vezes o Ebitda. Além disso, também estamos no limite e não podemos mais emitir ações preferenciais. Ele tem que dizer: "O negócio não é bom por isso e por isso". E se não quiser por causa de controle, então está bem, não vou discutir.
Valor: O sr. tentou mudar o acordo de acionistas?
Diniz: O que eu dizia para ele sobre a estrutura de capital: vamos deixar tudo como está. Vamos continuar com o "co-control" [o Casino não assumiria o controle a partir de julho de 2012]. Ele [Casino] continuaria do mesmo jeito. Naquela época, eu não tinha nenhuma coisa concreta na cabeça, mas queria conversar. Dar à companhia o direito de crescer. Poderíamos pensar em algo, converter tudo em [ações] ordinárias, dar voto para as preferenciais, sei lá. Ele [Naouri] precisa sentar e explicar para mim aonde ele perde dinheiro com esse negócio [proposta de combinação com o Carrefour]. Primeiro, precisa mostrar onde o negócio é ruim.
Valor: Esses três estudos sobre a criação da nova empresa que o Pão de Açúcar está pedindo às consultorias, o sr. vai mandar também para o Casino?
Diniz: Não sou eu, é a companhia [Pão de Açúcar]. Vão mandar para todo mundo, inclusive para mim.
Valor: Quando?
Diniz: Não sei. Eles pediram 25 dias. Isso é coisa para você perguntar ao Enéas [Pestana, presidente do Pão de Açúcar]. Eu não mexo com ele. O cara já está tenso demais. Vou contar uma coisa para vocês. Eles [Casino] ligaram para o Enéas no domingo à noite querendo conversar. Mas ele preferiu deixar para falar na segunda-feira, de dentro da companhia. Então, na segunda-feira, eles ligaram para o Enéas, que estava na plenária [reunião da diretoria com funcionários]. Ele só voltou no fim da reunião. Branco, com os olhos vermelhos, tenso, uma barbaridade. Eu perguntei: muito ruim? Ele disse: "Nossa, uma pressão..." E nós ali, todo mundo no palco, 400 pessoas... O que nós fizemos? Nós levantamos. Eu falei que era um momento de muito estresse e muita pressão. E disse: "Vamos dar as mãos e rezar todo mundo junto, pedindo a Deus que nos ilumine". Eu não gosto nem de falar que eu começo a chorar.
Valor: Nessa plenária houve muitas perguntas sobre o negócio?
Diniz: Não, ninguém pergunta. Eu disse que estamos trabalhando e que eles devem trabalhar, não devem fazer conversa de corredor e devem confiar.
Valor: E se o acordo não sair? E se no dia 2 o Casino falar que não quer negócio? O que pensa em fazer, já que a convivência ficou difícil?
Diniz: Honestamente eu não trabalho com a possibilidade deles dizerem não. Uma pessoa quando diz "não" tem que explicar. E não é possível que seja tão irracional e irresponsável que não ajude a encontrar uma solução. Ele pode dizer: me dá a Malásia, me dá a Indonésia...
Valor: Ele diz que não quer nada além de controle.
Diniz: Escuta, você tem filhos? O que faz quando ele não quer comer de jeito nenhum? Vai ter que fazer. Eu não vou obrigá-lo, mas ele vai ter que explicar. E aí começam a surgir oportunidades de negociação. Ele vai ter que negociar. Eu nunca vi algo assim.
Valor: E onde há espaço?
Diniz: Mas ele não senta para negociar. Eles [Casino] nomearam o Jack Levy, do Goldman Sachs. Contratou o Levy para falar com o Pércio [de Souza, sócio da Estáter]. Eu pensei: agora temos um negociador. Mas não o achamos mais. Não tem interlocutor. O Pércio consegui falar com ele ontem [terça-feira].
Valor: O que ele falou ao Pércio?
Diniz: Falou que o Jean-Charles conversa com o Abilio se ele desistir do Carrefour e for para 2012. Aí não tem jeito.
Valor: E, no dia 2 de agosto, se ele abrir espaço para negociação? O que o sr. colocaria na mesa?
Diniz: Primeiro eu agradeço aos céus e acendo uma velinha para Santa Rita. Depois eu digo: "O que você quer?" Não vou eu apresentar as ideias. Agora, se ele disser que quer 50% da companhia, não. Ninguém aceita. Consolidação [dos resultados da GPA no Casino] ele não vai ter. O resto nós conversamos.
Valor: Na proposta aprovada pelo Carrefour, os acionistas da NPA teriam poder de voto restrito a 15%. E se tirar a restrição dos 15%? Diniz: Duvido que o mercado aceite tirar os 15%. Estamos compromissados com isso. Todos nós sabemos que um dos motivos de a nossa ação ser de curto prazo é que ninguém fica no investimento com medo de 2012. O Casino vai vender? O que ele vai fazer? O que dá segurança para o mercado é eu ter mais preferenciais do que ordinárias. Eu estive com vários fundos, gente da pesada, que dizem que se eu quiser comprar o Casino ou recomprar o controle estão comigo.
Valor: O sr. pensa em comprar a parte do Casino?
Diniz: Até pensamos nisso, se ele quiser sentar na mesa. Em abril, quando ele disse, "Então eu vou para briga", eu falei que não queria brigar com ele. E disse: "Tem algo que a gente possa fazer? Algo que a gente possa negociar, mesmo comprar a sua parte, tem alguma chance". Então ele surtou quando eu disse que queria comprar a parte dele.
Valor: O sr. se arrependeu de ter fechado o acordo com Casino em 2005?
Diniz: Não me arrependo de nada que faço e tenho que aceitar as consequências. Eu não vendi o controle, eu vendi a consolidação. Aí dizem que consolidação é controle. Isso é semântica.
Valor: Se o sr. estava buscando uma maneira de viabilizar o crescimento sem se amarrar com o endividamento porque o Carrefour e não o Walmart, por exemplo?
Diniz: Walmart vende US$ 400 bilhões. É coisa de americano. O Carrefour tem uma marca e uma bandeira extraordinárias. O que precisa é "management". E outra coisa, está muito barato.
Valor: Mas e se no dia 2 o Casino falar não sem negociação? O sr. retira a proposta, vai para a arbitragem ou rompe o acordo?
Diniz: Eu não tenho essa programação. Tem um bando de advogados pensando nisso, mas não estou nem querendo ouvir nada disso.
Valor: Quem poderia entrar no lugar no BNDES?
Diniz: O BNDES vai continuar até o fim. O banco está muito tranquilo agora.
Valor: Mas o banco disse que só fica se houver acordo.
Diniz: Eu não vejo outra alternativa [só o acordo]. Mas o André Esteves [controlador e presidente do BTG Pactual] já disse que tem mais dinheiro e que tem uns fundos interessados. Eu não tenho problema nesse campo [financiamento]. Eu só preciso que o Jean-Charles caia na real. O mercado está apoiando essa operação. Estou apostando que a ação [do Pão de Açúcar] vai sair de R$ 66 para R$ 100.
Valor: O sr. não tem medo que esse clima afeta o Pão de Açúcar?
Diniz: Não. Nós conseguimos blindar a companhia.

Companhia prevê preço do minério de ferro acima de US$ 150 por cinco anos
Valor 07.07.2011 - O preço do minério de ferro continuará acima de US$ 150 por tonelada por pelo menos cinco anos, segundo a Vale, maior mineradora mundial do produto.
A previsão de preços altos de Guilherme Cavalcanti, diretor de finanças do grupo minerador, é a mais recente no debate sobre as perspectivas do mercado de minério de ferro, que vêm polarizando analistas e investidores. Usado na produção de aço, o minério de ferro é a maior fonte de lucro para os três grupos líderes na mineração: BHP Billiton, Vale e Rio Tinto. Se a previsão da Vale estiver correta, seria de se esperar que as ações das três empresas apresentem forte valorização. Perguntado por quanto tempo espera os preços acima de US$ 150 por tonelada, Cavalcanti disse "pelo menos nos próximos cinco anos", argumentando que as mineradoras terão dificuldades para atender a demanda em alta da Ásia. Sua previsão, em entrevista de vídeo para o "Financial Times", vai contra o pensamento geral. As ações da BHP, Vale e Rio Tinto estão sendo precificadas levando em conta previsão de forte queda nos preços As ações da BHP, Vale e Rio Tinto estão sendo precificadas levando em conta previsões de forte queda nos preços do minério referencial entregue à China, do valor quase recorde de US$ 174 para US$ 100 ou menos por tonelada, talvez já em 2012, segundo analistas. Há, no entanto, cada vez mais pessoas acreditando que os preços continuarão em um patamar elevado por vários anos, já que o aumento nos custos e problemas de atrasos e logística vêm impedindo as mineradoras de elevar a oferta de forma suficiente. "Há uma grande desconexão entre os valores das ações e as previsões de preços de referência", afirmou Melinda Moore, analista de commodities do Credit Suisse. "Acho que as pessoas ainda estão acreditando que haverá muita oferta no próximo ano ou no seguinte."
Na semana passada, a Vale reduziu em 10% sua meta de produção de minério de ferro em 2015, enquanto a BHP revisou as estimativas de custo para um grande plano de expansão na Austrália Ocidental. Outra mineradoras menores também enfrentam atrasos e cancelamentos em projetos, por motivos que vão desde a falta de mão de obra capacitada ao custo de infraestrutura em torno às novas minas. A Sinosteel, estatal chinesa produtora de metais, anunciou em junho a suspensão dos trabalhos em um projeto de minério de ferro de US$ 2 bilhões na Austrália, por contratempos no desenvolvimento da infraestrutura. "Há uma pletora de problemas que estão causando um desempenho fraco no lado da oferta", disse Colin Hamilton, analista de commodities, da Macquarie. "Colocar novos projetos de minério de ferro no mercado está mais difícil do que nunca." A lentidão no desenvolvimento de novos projetos de minério de ferro significa que o mercado será obrigado a depender das pequenas mineradoras chinesas da commodity para atender a demanda, dizem analistas. As ações do setor de mineração também estão sob pressão pelos receios quanto a uma desaceleração na demanda chinesa por commodities. Cavalcanti, no entanto, disse que a Vale não detectou nenhuma desaceleração nas vendas de minério de ferro ao país: "Continuamos vendendo tudo o que produzimos."

Temasek vende participação no Bank of China
Valor/Bloomberg 07.07.2011 - A Temasek Holdings Pte. Ltd. captou um total de US$ 3,62 bilhões com a venda de uma parcela de suas participações nas instituições financeiras chinesas Bank of China e China Construction Bank (CCB), informou ontem uma pessoa familiarizada com a situação. O negócio ocorre num momento em que a Temasek, o fundo soberano de Cingapura, diversifica sua carteira, de modo a corrigir a alta exposição a empresas financeiras. A venda das já combalidas ações registradas em Hong Kong do China Construction Bank, o segundo maior banco do país em termos de ativos, e do Bank of China, o quarto, ocorre num momento em que se avolumam as preocupações que cercam os bancos chineses diante da crescente magnitude das dívidas que acumularam na concessão de empréstimos a órgãos dos governos municipais. A agência de classificação de risco Moody's Investors Services advertiu na terça-feira que encara a perspectiva de crédito do sistema bancário chinês como potencialmente negativa, devido à falta de um plano claramente delineado de redução do endividamento dos governos municipais. Ontem a Temasek vendeu 5,188 bilhões de ações do Bank of China a 3,63 dólares de Hong Kong cada. A cotação se situa na parte média da faixa de 3,60 a 3,67 dólares de Hong Kong, informou a mesma fonte. Assim, levantou US$ 2,42 bilhões com o negócio. A venda de ações, realizada por sua divisão Fullerton Financial Holdings Pte. Ltd., embutiu no preço um deságio de 6% em relação ao fechamento de terça-feira das ações do Bank of China. Os papéis eram cotados a 3,86 dólares de Hong Kong. A empresa de investimentos estatais de Cingapura vendeu também 1,502 bilhão de ações do China Construction Bank a 6,26 dólares de Hong Kong cada, valor próximo da faixa média do intervalo de 6,22 a 6,35 dólares de Hong Kong, disse a fonte, e recebeu US$ 1,2 bilhão. O preço de venda refletiu um deságio de 3,4% em relação à cotação de fechamento dos papéis na terça-feira, de 6,48 dólares de Hong Kong. A colocação dessas ações foi realizada por duas divisões da Temasek - a Cairnhill Investments Pte. Ltd. e a Crescent Investments Pte. Ltd, com sede nas Ilhas Maurício. Ao diversificar investimentos, fundo soberano de Cingapura aplicou US$ 400 milhões na brasileira Odebrecht A Temasek detinha uma participação de 6,76%, ou 16,91 bilhões de ações, no China Construction Bank, em 31 de dezembro de 2010, segundo a demonstração anual de resultados de 2010 do China Construction Bank. Depois da venda, a Temasek ficará com uma participação de 2,2%, ou 6,1 bilhões de ações, disse Zhao Rong, porta-voz do Bank of China. "Recebemos notificação da Temasek para a transferência das ações do Bank of China a outros investidores institucionais", disse Zhao, que não revelou os motivos da venda. O China Construction Bank preferiu não comentar o negócio, mas cálculos da agência "Dow Jones Newswires" situam a participação da Temasek no segundo maior banco chinês em cerca de 6,2%, ou 15,4 bilhões de ações, tanto em Hong Kong quanto em Xangai, após a venda. A Temasek está sujeita a um período de restrição de venda das ações por 90 dias dos dois bancos chineses, segundo as cláusulas do negócio a que a "Dow Jones Newswires" teve acesso anteriormente. O Morgan Stanley é o único líder de ambas as colocações de ações, segundo esses mesmos documentos. A Temasek adquiriu as participações como investidor estratégico antes das Ofertas Públicas Iniciais (IPOs, pelas iniciais em inglês), em Hong Kong, do China Construction Bank e do Bank of China, em 2005 e 2006, respectivamente. Em novembro do ano passado a Temasek ampliou sua participação no China Construction Bank ao assumir integralmente os 11% em direitos preferenciais de opção pertencentes ao Bank of America, num aumento de capital realizado pelo banco chinês. A Temasek também entrou como principal investidor no IPO recorde de US$ 22,1 bilhões do Agricultural Bank of China, no ano passado. O fundo soberano de Cingapura, que tinha uma carteira de US$ 133 bilhões em 31 de março de 2010, vem-se expandindo, nos últimos anos, para a área de recursos naturais e mercados emergentes, mas, no início do ano passado, as participações em empresas financeiras ainda dominavam seu portfólio. Segundo sua última demonstração anual do exercício fiscal encerrado em março de 2010, o setor de energia e recursos naturais respondia por cerca de 6% dos investimentos da Temasek, em relação aos 5% observados em março de 2009, enquanto o de serviços financeiros perfazia 37% em março de 2010, mais que os 33% computados no ano financeiro de 2009. Em outubro do ano passado, a Temasek vendeu sua participação de 9,6% no sul-coreano Hana Financial Group, numa transação que rendeu US$ 642,6 milhões, enquanto que no fim de 2008 e início de 2009 a empresa alienou participações de peso no Bank of America e no Barclays, com prejuízo de quase US$ 5,5 bilhões, segundo pessoas familiarizadas com a situação. Ao mesmo tempo, a firma foi elevando sua exposição à área de recursos naturais. Em outubro do ano passado, a empresa de investimentos soberanos anunciou que tinha aplicado US$ 400 milhões na brasileira Odebrecht Óleo e Gás. Além de seus investimentos no Brasil, a Temasek apostou, também no ano passado, US$ 600 milhões na empresa americana de gás natural Chesapeake Energy Corp. e mais US$ 200 milhões na indiana GMR Energy. A venda de participações no China Construction Bank e no Bank of China são, "segundo acreditamos, ajustes pontuais de carteira da Temasek", disse Ming Tan, analista da Yuanta Securities em Hong Kong. Mesmo assim, a colocação de ações ocorreu como uma surpresa e comprometerá o desempenho dos papéis de bancos chineses, pelo fato da magnitude da venda", disse Macquarie em nota encaminhada ontem aos clientes. As ações do Bank of China negociadas em Hong Kong fecharam meio-dia com queda de 3,4%, a 3,73 dólares de Hong Kong, e acumulam um recuo de 9,0% no ano, enquanto as do China Construction Bank encerraram o pregão com queda de 2,9%, a 6,29 dólares de Hong Kong, tendo perdido 9,8% de seu valor desde janeiro. Elas tiveram desempenho inferior ao das ações de Hong Kong: o índice referencial Hang Seng caiu apenas 1,2% no ano. A desconfiança do investidor em relação aos bancos chineses e à sua exposição às dívidas dos governos municipais vem se elevando nos últimos 12 meses. O endividamento dos governos municipais chegou a 26,9% do Produto Interno Bruto (PIB) chinês em 2010, segundo cálculos da "Dow Jones Newswires" do fim do mês passado. A maior parte dessas dívidas foi contraída durante a farra de despesas do programa de dois anos de estímulo aos gastos adotado por Pequim para combater os efeitos da recessão mundial. O PIB da China foi de 39,7983 trilhões de yuans em 2010, segundo dados oficiais.

Especialistas alertam que reforma tributária será guerra econômica
DCI 07.07.2011 - Ao mesmo tempo em que procura um consenso com os governadores para fechar a reforma tributária, o governo federal precisa arrumar meios de não transformar a atual guerra fiscal, em que os estados oferecem cortes ou isenções de impostos para a instalação de empresas, em uma guerra puramente econômica, que pode prejudicar principalmente os estados mais pobres da Federação. De acordo com o deputado estadual Valdivino Turuca (PRP- RO), aqueles estados que são considerados mais pobres e que hoje oferecem benefícios podem sofrer perda de arrecadação com a reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), principal fonte de receita de todas as regiões do País. Para o deputado, cabe ao Congresso discutir meios de resolver a situação sem acabar com os incentivos fiscais. "Meu apoio é na regulamentação dos benefícios. O congresso tem de ver quem pode dar o benefício e quando banalizar, não, simplesmente, acabar com uma forma de gerar emprego e renda para as regiões mais pobres do País", aponta. O ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel também acredita que ampla reforma não é necessária, mas uma mudança na legislação com relação aos incentivos fiscais. "Está na hora de alguém ver que a lei está errada. Competição fiscal sempre existiu. Precisava ter nova lei para estabelecer regras para a competição fiscal lícita", afirma o especialista, que defende várias mudanças no sistema atual.

Estoques de montadoras sobem a nível crítico e Fiat dá férias coletivas
Estadão 06.07.2011 - Apesar do resultado recorde no semestre, empresas já acumulam carros nos pátios em quantidade equivalente a 33 dias de vendas. A indústria automobilística fechou o semestre com venda recorde de 1,73 milhão de veículos, mas começa a se preocupar com o alto estoque nos pátios das fábricas e revendas. No fim de junho, havia 342 mil carros à espera de compradores, o equivalente a 33 dias de vendas. Para evitar que ultrapassem a margem considerada crítica pelo setor, acima de 35 dias, algumas empresas vão diminuir o ritmo de produção. A Fiat vai dar uma semana de férias coletivas na fábrica da Argentina, onde são produzidos os modelos Siena vendidos no Brasil. O grupo pode ainda parar a fábrica de Betim (MG), por uma semana, neste mês ou em agosto. "A partir de 35 dias de estoque começa a pesar significativamente nos custos das empresas", diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini. Consultadas, as assessorias da Ford, General Motors e Volkswagen informaram não ter, neste momento, informações sobre medidas desse tipo.  É o terceiro mês neste ano que os estoques chegam a 33 dias, mas é a primeira vez que ultrapassa o volume total de vendas do mês, de 304,4 mil unidades, 4,5% a menos que em maio. Belini diz que o grande número de marcas atuando no mercado justifica, em parte, o elevado estoque. A inadimplência nos financiamentos é outro fator que destoa do bom resultado do semestre, embora, segundo Belini, não chegue a ser preocupante. O atraso nas prestações vencidas há mais de 90 dias é de 3,6% de todos contratos, numa trajetória crescente. Era de 2,6% em janeiro, foi a 2,8% em fevereiro, a 3% em março e a 3,2% em abril. A produção no semestre cresceu 4,1% em relação ao ano passado, para 1,71 milhão de veículos, enquanto as vendas aumentaram 10%, com resultado superior ao da produção. As importações subiram 38%, para 390 mil unidades, o equivalente a 22,8% de tudo o que foi vendido. As exportações cresceram 3%, para 249,9 mil unidades. "Seguimos aumentando o déficit na nossa balança comercial, que foi de 40 mil veículos no primeiro semestre de 2010 e atualmente é de 140,1 mil", informa Belini. Por isso, qualquer medida cambial que seja adotada pelo governo é bem vista. "Espero que haja medidas efetivas", diz. O executivo lembra que o "Brasil é a bola da vez" e tem recebido "entrada violenta de capitais".
Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo poderá adotar novas medidas para tentar conter a queda do dólar no País.  Porto cheio. Uma das recentes ações adotadas pelo governo para inibir importações, o da obrigatoriedade de licenças prévias, deixa os portos lotados. Segundo Belini, há 99 mil licenças pendentes. A média de prazo para liberação é de 15 a 20 dias. A indústria automobilística continua ampliando o número de funcionários. Com a abertura de 592 novas vagas em junho, o setor encerrou o semestre com 142,7 mil trabalhadores, o maior contingente em quase 22 anos. A Anfavea mantém sua projeção de crescimento de 5% para as vendas neste ano (para quase 3,7 milhões de unidades), e de 1,1% na produção (3,68 milhões de veículos). Belini acredita que as medidas macroprudenciais anunciadas a partir de dezembro e a alta dos juros "agora estão tomando forma no mercado". Por isso, o ritmo de crescimento das vendas pode não se manter na casa de dois dígitos.

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