segunda-feira, 11 de julho de 2011

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Daily News

Gol será líder em oito rotas com a Webjet
Valor 11.07.2011 - A compra da Webjet vai dar à Gol a liderança em seis das 10 principais rotas domésticas em termos de fluxo de passageiros transportados. Como a Gol já tinha a hegemonia em duas delas antes da negociação, a segunda maior empresa aérea do país ficará à frente da líder TAM em oito das principais ligações do país. Isso é o que mostra o anuário Estatístico de 2010, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Na sexta-feira, a Gol anunciou a aquisição de 100% do capital da Webjet pelo valor de R$ 310,7 milhões. Desse total, R$ 96 milhões serão desembolsados ao empresário Guilherme Paulus, único acionista da Webjet. Na negociação, a Gol assume uma dívida de R$ 214,7 milhões. A conclusão do negócio, informou na sexta-feira a Gol, ainda está sujeita à auditoria e aprovação de autoridades governamentais como a Anac e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).  Paulus também é fundador e presidente do conselho de administração da operadora de turismo CVC. Em janeiro de 2010, o empresário já havia protagonizado outra grande negociação. Por cerca de R$ 700 milhões, vendeu 63,6% da CVC para o fundo de investimentos Carlyle. Na sexta-feira, a Webjet informou que as duas empresas manterão as demonstrações financeiras separadas, assim como as duas operações permanecerão independentes durante o processo de conclusão do negócio.
"A tendência no mundo é de consolidação. Como temos aeroportos operando no limite, nos interessava os slots (horários de pouso e decolagem) da Webjet em aeroportos como o de Guarulhos e o Santos Dumont. Além disso, a Webjet desenvolveu um modelo de negócios muito parecido com o nosso", afirma um executivo envolvido nas negociações, mas que pediu para não ser identificado. Os dados da Anac comprovam a afirmação do executivo. Antes da compra da Webjet, a Gol já tinha a liderança nas rotas Congonhas-Confins e Congonhas-Curitiba. Com a negociação, a Gol mais a Webjet ultrapassam a TAM justamente nas principais ligações envolvendo os aeroportos Internacional de Guarulhos e o Santos Dumont, no Rio.
Gol e Webjet, juntas, passarão a ter o maior fluxo de passageiros nas rotas entre os aeroportos de Guarulhos e os de Salvador, de Porto-Alegre, de Brasília e do Galeão. As duas empresas também terão a hegemonia nas ligações entre o Santos Dumont e os aeroportos de Brasília e de Salvador. Ano passado, essas oito rotas transportaram quase 10 milhões de passageiros (9,9 milhões, conforme a Anac). A TAM permanecerá com o maior fluxo de passageiros na ponte-aérea, que em 2010 transportou 3,5 milhões de pessoas. Também continua com a liderança entre Congonhas e Brasília, com 1,7 milhão de viajantes no ano passado. Por aeroportos, Gol e Webjet passarão a ter a liderança em Brasília, com 48,8% da demanda, ante 44,5% da TAM. As duas também passam a ser líderes em Salvador, com 47,3%, diante dos 38% da rival TAM. Os slots são concessões dadas às empresas aéreas em aeroportos. Antes de a Anac ter introduzido um sistema de sorteio e leilão, em meados de 2006, esses horários eram concedidos por ordem de chegada do pedido, conforme as regras do antigo Departamento de Aviação Civil (DAC), que deu lugar à Anac.
O professor de transporte aéreo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Respício Espírito Santo, afirma que a negociação vai ser prejudicial ao consumidor. "A Gol vai aumentar as tarifas da Webjet, que eram mais baratas que as suas. O ideal para a sociedade seria a Webjet se fortalecer sozinha", afirma o especialista. De acordo com ele, a compra da Webjet não teve como principal motor slots em aeroportos ou ganho de participação de mercado. "Foi um movimento defensivo. A Gol queria se proteger contra uma investida de investidores estrangeiros ou até mesmo de nacionais", afirma. Em meados de março de 2010, Guilherme Paulus afirmou que havia conversações com a companhia aérea irlandesa de baixo custo Ryanair para uma possível negociação da Webjet. O negócio não prosperou, contudo, porque não avançou a tramitação da lei que amplia o limite de capital estrangeiro em companhia aérea brasileira dos atuais 20% para 49%. Paulus, aliás, sempre foi um ferrenho defensor dessa mudança, com idas pessoais a Brasília. O especialista em aviação da consultoria Bain & Company, André Castellini, concorda que a Gol estava interessada nos slots da Webjet, mas vê outros interesses. "A Gol está comprando participação de mercado e tripulação treinada. Como os pilotos da Webjet operam o Boeing 737-300, para treiná-los para o 737-700 ou 800 [aviões de nova geração usados pela Gol] é mais rápido e barato", afirma ele. "Há uma sinergia de custos", acrescenta.

Falco deixa presidência da Lácteos Brasil
Valor 11.07.2011 - Menos de sete meses após ter sido criada, a LBR-Lácteos Brasil, resultado da união entre a gaúcha Bom Gosto e a Leitbom, já mudou de diretor-presidente. O executivo Fernando Falco deixou o cargo e será substituído por Marcos Póvoa, que pertencia ao conselho de administração da companhia.  De acordo com a assessoria de imprensa da LBR, Póvoa assumiu na última quarta-feira, e Falco "deixa a companhia após cumprir um ciclo de consolidação setorial para assumir projetos pessoais". Economista, Póvoa já passou por empresas como PepsiCo, Coca-Cola/Panamco, Bauducco e J. Macedo. Conforme comunicado da LBR, o desafio do novo presidente é " implementar o plano de integração e crescimento estabelecido para a LBR, visando à conquista de novos mercados".  A saída prematura de Falco da Lácteos Brasil chama a atenção. Em meados de junho, ele concedeu entrevista ao Valor na qual demonstrou estar totalmente focado na integração entre as duas companhias. Na ocasião, falou sobre o mapeamento de sinergias e dos investimentos para modernização de fábricas e equipamentos.  Falco explicou também a decisão da empresa de fechar temporariamente quatro de suas 30 unidades no país e falou sobre a estratégia de marcas.
Segundo fonte próxima ao executivo, ele decidiu pela saída porque há 18 meses "trabalhava 24 horas por dia". Falco começou no grupo assumindo a direção da Leitbom, depois tocou a formação de consórcio com a Laep (controladora da Parmalat) em meados de 2010 e, no fim daquele ano, a fusão da Leitbom com a Bom Gosto. A interlocutores, Falco comentou que foram "18 meses muito pesados". O executivo, que deve se dedicar por três a quatro meses à agropecuária que tem em sociedade com um irmão, deixou a LBR depois de obter resultados operacionais positivos nos meses de maio e junho passados, segundo a mesma fonte. Em seus primeiros cinco meses de operação, a Lácteos Brasil faturou, em média, R$ 220 milhões mensais. A empresa tem como acionistas a Monticiano Participações (GP Investimentos e Laep, controladora da Parmalat), a Bom Gosto Participações e o BNDESpar.

HSM Educação adquire faculdade em São Paulo
Valor 11.07.2011 - Marcos Noll Barboza, presidente da HSM, que manterá seu foco de atuação nos cursos de educação para executivos. Criada há apenas seis meses, a HSM Educação - empresa do grupo de mídia RBS e do fundo BR Investimentos, do economista Paulo Guedes - comprou uma faculdade em São Paulo e fechou uma parceria com a PUC-PR para iniciar seus cursos de educação executiva.  "Para conceder os certificados do MBA precisamos de um registro do MEC [Ministério da Educação]. Por isso, compramos uma faculdade", disse Marcos Noll Barboza, presidente da HSM Educação, sem revelar o nome da instituição nem o valor envolvido no negócio. Segundo o Valor apurou, a faculdade adquirida é a Módulo, cujo dono é o mesmo da FIAP, voltada para área de tecnologia. Tanto a HSM quanto a Módulo não se pronunciaram sobre a informação. A instituição está fechada desde o início do ano.  O plano, com a compra, é ter uma faculdade premium de administração com foco em gestão de negócios, com poucos alunos, cerca de 200. Barboza explica que a HSM não pretende focar sua atuação em cursos de graduação, e sim na área de educação executiva - segmento em que é reconhecida no mercado.  O objetivo da companhia é montar uma rede de universidades parceiras em 20 localidades do país e ministrar cursos de educação executiva junto com essas instituições de ensino. Por isso, não há interesse em comprar outras faculdades e se transformar em um concorrente.  Nesse sentido, a HSM fechou sua primeira parceria com a PUC-PR para ministrar MBAs nos campi de Curitiba e Londrina. "Os certificados vão ser emitidos pela HSM, com a chancela da PUC-PR", diz Barboza. Por esse modelo de parceria, a universidade curitibana se compromete a reformar e modernizar as instalações dos campi que abrigarão os cursos de MBA. A receita obtida com os cursos será dividida entre a HSM e a PUC-PR.
Esse sistema que contempla divisão do faturamento e investimento por parte da universidade parceira será estendido para as outras instituições de ensino que trabalharão com a HSM. Na quarta-feira, Barboza deve anunciar sua segunda parceria com uma universidade em São Paulo.  A FGV-Rio também está se associando à instituições de ensino da Bahia, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina para expandir sua presença. As escolas parceiras, que participam de processo licitatório para abrigar os cursos da FGV, se comprometem a oferecer instalações novas, com computadores e transmissão de aulas via internet, seguir o currículo estabelecido pela fundação e pagar os professores da escola. Além disso, pagam 15% da receita à FGV. Em Osasco, por exemplo, o parceiro está investindo R$ 9 milhões em obras para receber os cursos.  Em outra frente, a HSM fechou parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), entidade ligada à Confederação Nacional da Indústria (CNI) e responsável por organizar cursos de capacitação profissional para as empresas associadas da CNI. Segundo Barboza, o público-alvo são as empresas de pequeno e médio porte, com faturamento entre R$ 10 milhões e R$ 100 milhões. Cerca de 2,5 mil associadas da CNI enquadram-se nesse perfil. "Vamos montar turmas de 36 alunos, sendo que será permitido ter no máximo três pessoas da mesma empresa por classe para que haja uma troca de experiências", afirmou.

Fusões e aquisições caem, mas mercado segue aquecido
Folha 11.07.2011 - Apesar de declínio de 8% no primeiro semestre do ano, ação de fundos de participação e capital estrangeiro estimulam negócios
O ritmo das fusões e aquisições de empresas no país caiu no primeiro semestre do ano, embora tenha continuado intenso sob a influência de fundos de participação em empresas (private equity) e de capital estrangeiro. Segundo relatório da PwC, 359 transações foram registradas até junho, queda de 8% em relação ao total do mesmo período de 2010. Mas a retração não deve ser interpretada como reflexo de desaceleração econômica.
"Não vejo a queda de 8% como sinal de mudança de tendência da curva [de crescimento]. Pelo contrário, o primeiro semestre reforça que estamos em um novo patamar no volume de transações no Brasil, em torno de 800 por ano", afirma Alexandre Pierantoni, sócio da PwC.
Ele destaca que o volume do primeiro semestre ainda é superior ao registrado no mesmo período de 2007, marcado por intensa atividade econômica, e que os meses de fevereiro, abril e maio registraram recorde no número de negócios. O desempenho de junho puxou a média do semestre para baixo. Fatores macroeconômicos, que tornaram o ambiente mais estável para os investimentos, e a elevação do poder de compra aumentaram a atratividade do país e a concorrência entre as empresas na aquisição de ativos. "Existe maior competitividade nas transações porque há no país mais investidores estratégicos, com destaque para os fundos de private equity", diz Pierantoni. No primeiro semestre, a fatia dos fundos de participação atingiu 43% no Brasil. Nos últimos cinco anos, o aumento foi de 32%. Segundo o sócio da PwC, o percentual supera o de países desenvolvidos onde a média de participação dos fundos era de cerca de 30% antes da crise, quando a economia ainda estava aquecida. Pesquisa divulgada recentemente pela Empea (associação dos fundos de participação em empresas em mercados emergentes) mostrou que o Brasil superou a China como o maior destino para investimentos desses fundos. "Estamos acima da média mundial porque existem muitas oportunidades de consolidação em diversos setores e empresas demandando recursos para investir", diz.
Os dados da PwC mostram equilíbrio entre os setores no número de transações, mas tecnologia da informação e alimentos lideram a lista, com 43 e 37 negócios respectivamente.
Capital estrangeiro: A maior participação dos fundos em fusões e aquisições contribui para o aumento do capital estrangeiro nas transações - em média, 70% dos recursos desses fundos são internacionais, apesar da gestão local. Os investidores estrangeiros estiveram presentes em 40% das transações neste primeiro semestre, ante 33% no mesmo período de 2007.
"Essa curva se recuperou rapidamente, ultrapassou o nível pré-crise e está indo para um patamar histórico. Nos próximos meses e anos, ainda veremos crescimento por causa da atratividade do Brasil", afirma o sócio da PwC.

Arezzo e Santa Lolla desistem de negociação
Valor 11.07.2011 - Após cerca de seis meses de negociações, a varejista de calçados e acessórios femininos Arezzo não chegou a um acordo para a compra da Santa Lolla.
Comunicado enviado ao mercado pela Arezzo na sexta-feira informou que "foram encerradas as negociações da companhia para aquisição da Santa Lolla, sem acordo conclusivo entre as partes. Não obstante, a companhia continua atenta a oportunidades de investimento que estejam em consonância com sua estratégia de crescimento." As tratativas para a compra da Santa Lolla foram confirmadas pela Arezzo no dia 16 de junho, após reportagem do Valor informar que as duas varejistas estavam em negociação.  Dentro de sua estratégia de crescimento, a Arezzo pretende usar uma parte dos recursos obtidos em sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) para aquisições. A companhia, que realizou o IPO em fevereiro, levantou R$ 566 milhões, sendo que R$ 196 milhões foram para o caixa.  Criada há seis anos, a Santa Lolla conta com mais de 100 lojas franqueadas em várias cidades do país. A varejista de calçados, voltada para o público jovem, pertence à família Martinez, que tem uma rede de lojas com o mesmo nome em São Paulo.  No mercado de calçados, há ainda uma importante negociação em andamento. A gaúcha Paquetá está em conversações com a Via Uno, de Novo Hamburgo (RS). Em 2010, a Paquetá registrou faturamento de R$ 1,7 bilhão, incluindo as operações industriais e de varejo.

A conveniência agrega valor a 15% das padarias
DCI 11.07.2011 - Adotar o conceito de conveniência ainda é uma tendência forte do ramo de padarias, pois apenas 15% delas, no Estado de São Paulo, já partiram para investimentos em modernização dos serviços, sejam eles gastronômicos - com espaços exclusivos para bufês, fast-foods -, ou áreas high-tech e de lazer, com revistarias e espaços para leitura ou conexão à Internet. Logo, nada de 'pingado' (café-com-leite) ou apenas pão na chapa. O segredo do negócio e a onda das panificadoras atualmente é oferecer um cardápio completo para abocanhar o gosto do freguês, afoito por serviços completos, porém ágeis.
De acordo com o Sindicato da Indústria de Panificação do Estado de São Paulo (Sindipan), o cenário de conveniência reflete o novo perfil da padaria, mais moderno e dinâmico, que precisa oferecer um mix completo de refeições, adega de vinhos e artigos de mercearia.
O novo conceito acompanha as recentes mudanças de estilo de vida e o aumento do poder aquisitivo do brasileiro. "Na realidade, o perfil das padarias vem mudando de 15 anos para cá e deixou de seguir o modelo tradicional, de vender só pão e leite, para assumir atividades mais complexas", resume o presidente do Sindipan, Antero José Pereira.  "Para se manter no mercado e atrair a clientela, a padaria precisa oferecer, além de produtos e serviços, comodidade. Criar espaços para sentar e passar o tempo. Percebo ainda que há uma demanda potencial para a instalação de redes WiFi, e já estamos nos preparando para oferecer esse serviço", observa Fernando Esteves, da Panetteria Conceição, localizada na zona norte de São Paulo.

Ábaco x Howard Johnson
Folha 10.07.2011 - A empresa de consultoria e gestão de hotelaria Ábaco vai expandir sua oferta de quartos a partir deste ano. Responsável pela gestão da bandeira americana Howard Johnson no Brasil, a companhia deve inaugurar em 18 meses dois novos empreendimentos, com investimentos de cerca de R$ 40 milhões, em Sorocaba (SP) e Bauru (SP). A empresa também fez acordo com o operador da marca na Argentina, que tem 24 unidades, para atuar na área de vendas. "A expectativa é que em torno de seis meses possamos representar 20% das vendas nos hotéis deles", diz Marcos Vilas Bôas, diretor da Ábaco. A empresa brasileira também tem uma bandeira própria, a Astron, que neste ano criou um programa para associar hotéis independentes no interior de São Paulo e integrá-los a sua central de reservas.

AK Realty entra no segmento de shopping centers
Valor 11.07.2011 - A mais nova aposta do grupo Induscred, que atua nos setores imobiliário e financeiro, é o ramo de shopping centers. A AK Realty, braço imobiliário do grupo, dá início nesta semana a uma campanha em que apresenta ao mercado seu primeiro centro de compras, com inauguração prevista para setembro de 2012, na cidade de Limeira (SP).
A empresa comprou o prédio de um antigo shopping, fechado há mais de dez anos, por R$ 11,2 milhões. Agora investe R$ 70 milhões na modernização e ampliação para 25,5 mil metros quadrados de área bruta locável. A estrutura, que já tem projeto para dobrar, vai concorrer com o único shopping da cidade, o Pátio Limeira, situado no centro, com 19,41 mil metros quadrados. Com acesso direto pela rodovia Anhanguera, o plano é que o Shopping Center Limeira atenda também cidades próximas, como Araras, Leme, Pirassununga e Iracemápolis. "A Anhanguera é como uma grande avenida que liga as cidades do interior e o eixo Piracicaba-Sorocaba é um dos que mais vai receber investimentos de empresas", afirma o diretor de incorporações da AK Realty, Marco Antonio Canaes.  O foco serão as classes B e C, que concentram 81,7% da população de Limeira. O potencial de compra foi calculado em R$ 108,9 milhões por mês. O projeto inclui cinco lojas-âncoras, 136 satélites, praça de alimentação e de eventos em um único piso. Apenas o cinema, com cinco salas, vai ficar no andar de cima. Os contratos com as âncoras já estão bem avançados, segundo Canaes. Para fazer a administração e comercialização das lojas, a AK Realty contratou a Lumine, que opera outros shoppings do interior, como o Colinas, em São José dos Campos, e o Jaraguá, com unidades em Araraquara e Indaiatuba. "Nossa expertise não é administrar", diz Canaes. Todos os prédios comerciais da empresa têm operação terceirizada.  A AK Realty lançou três empreendimentos em 2010 e tem cinco projetos este ano, residenciais e comerciais, em um total de 460 mil metros quadrados. Investir em shopping centers surgiu como uma oportunidade de diversificar as atividades, mas empolgou o grupo. "Nós não somos aventureiros. Estamos de olho no segmento", diz o executivo. Segundo ele, a empresa já tem estudos para outros shoppings no Estado. O avanço no faturamento dos shoppings, de 17,5% no ano passado, para R$ 87 bilhões, tem atraído investidores. "Tem de tudo: grandes grupos, empreendedores que nunca estiveram no setor e grupos familiares que tinham um empreendimento e agora constroem o segundo", relata Adriana Colloca, superintendente de operações da Associação Brasileira de Shopping Centers.  O país deve terminar o ano com 430 shoppings, com 9,73 milhões de metros quadrados de área bruta locável. Para 2012, já foram anunciados 35 projetos. Atualmente, o Estado de São Paulo concentra o maior número de unidades, 138 - das quais 87 estão fora da capital. O segundo colocado, o Rio de Janeiro, tem 53 ao todo. O interior é uma boa oportunidade para os investidores menores. "Normalmente nas capitais o terreno é mais caro, o que pode ser uma barreira de entrada", diz Adriana. Ela afirma que ainda há grandes projetos nas capitais, mas as cidades pequenas se tornam cada vez mais atraentes, com público crescente e pouco explorado.

Transpetro x Rio Maguari x SS Administradora x Ester Petróleo x Transpetro
Folha 10.07.2011 - As obras do estaleiro em Araçatuba (SP), na hidrovia Tietê-Paraná, devem começar no próximo mês. Após receber documentos e garantias necessárias, a Transpetro, subsidiária de transporte da Petrobras, deu sinal verde para que o consórcio vencedor da licitação inicie as obras. O consórcio Estaleiro Rio Tietê é formado pelas empresas Rio Maguari, SS Administração e Estre Petróleo. Será construída para a Transpetro uma frota de 20 empurradores e 80 barcaças, por US$ 239,1 milhões. Com o aval da Transpetro, começa a contagem do prazo para a entrega do primeiro comboio, que é de 390 dias.
Os comboios vão transportar pela hidrovia Tietê-Paraná etanol produzidos no Sudeste e no Centro-Oeste. Serão levados anualmente pela hidrovia 4 bilhões de litros de etanol, o que economizará as 40 mil viagens de caminhão necessárias para o transporte do combustível, de acordo com a Transpetro.

AngloGold planeja dobrar produção no país até 2020
Valor 11.07.2011 - Hélcio Guerra, presidente no Brasil: "Nosso desempenho é muito competitivo". A AngloGold Ashanti Brasil tem planos para ampliar a produção de ouro no país das atuais 420 mil para 880 mil onças-troy até 2020. A meta de mais longo prazo é produzir um milhão de onças, ou 32 toneladas ao ano, disse o presidente da empresa, Hélcio Martins Guerra ao Valor. A subsidiária brasileira da sul-africana AngloGold foi dona da antiga mina de Morro Velho, em Nova Lima (MG), e responde hoje por 9% do total da multinacional no mundo. Com isso, contribui com 15% da geração de caixa global do grupo. "Temos desempenho, pelo volume de produção, bastante competitivo", declarou Guerra.  A produção da subsidiária para este ano está prevista em 449 mil onças, ante 420 mil em 2010. "Nossa ideia é crescer significativamente nos próximos anos, pois exportamos todo o ouro que produzimos para os mercados da Europa, EUA e Ásia, principalmente para instituições financeiras".
Guerra considera a estratégia de expansão consistente com a tendência atual da demanda e, consequentemente, dos preços do metal no mercado, que subiram 27,86% entre julho de 2010 e julho deste ano - foi a US$ 1.526 a onça na Bolsa de Londres, sexta-feira. "O ouro tem um papel de reserva de valor, além da joalheria e da indústria", observa Guerra. Desde a crise de 2008 a cotação do ouro vem subindo, diz. "Quando há desvalorização do dólar e incertezas no cenário internacional, o metal se valoriza, dada a procura pelas instituições financeiras e até mesmo por pessoas físicas que o veem como uma fonte de investimento em momentos de instabilidade". Como a produção do metal é de ciclo longo entre a pesquisa geológica, demonstração de viabilidade da mina, implantação e maturação do projeto, a oferta não consegue ser ampliada rapidamente, o que torna o mercado do produto mais apertado, explica.
Para acompanhar a demanda aquecida, a empresa está investindo cerca de US$ 200 milhões ao ano em expansão e US$ 50 milhões em pesquisas geológicas. A AngloGold Ashanti opera no país com as minas de Cuiabá e Lamego, em Sabará (MG) e a de Córrego do Sítio, em Santa Bárbara (MG). Em Crixás (GO), tem uma joint-venture 50% a 50% com a canadense Kinross na Mineração Serra Grande, com três minas subterrâneas e uma a céu aberto. No momento, faz a ampliação de Córrego do Sítio. "Operamos até agora com uma mina a céu aberto, mas estamos investindo numa lavra subterrânea que vai produzir uma média de 140 mil onças anuais. O projeto já está em fase inicial de operação e vamos começar a lavra subterrânea no último trimestre, chegando a 140 mil onças em 2013". O investimento é de US$ 200 milhões. O minério dessa mina será processado nas antigas instalações da São Bento, mina adquirida em 2008 por US$ 70 milhões e que foi fechada e que está em reavaliação para ser reaberta. A AngloGold está investindo também em exploração geológica para descobrir novas jazidas não só em Minas. Busca alvos no Pará e Mato Grosso. "Temos direitos minerários nesses Estados", informou.  "Esperamos crescer significativamente a produção nos próximos anos, dobrando para 840 mil e com plano de chegar em 1 milhão de onças no país"
A AngloGold é a terceira maior produtora de ouro do mundo, com produção de 4,7 milhões de onças ao ano, correspondente a 150 toneladas de ouro. A sul-africana, com capital pulverizado nas bolsas de Johanesburgo, Londres e Nova York, atua em 10 países e fatura US$ 7 bilhões anuais.

BM&FBovespa quer incentivar governança de companhias listadas
Valor 11.07.2011 - A BM&FBovespa quer aumentar o diálogo com as companhias listadas para estimular iniciativas que aumentem a liquidez dessas ações no pregão.
"Nesse momento, o trabalho é muito de escutar as dúvidas, críticas e demandas das companhias e tentar equacioná-las", afirma Cristiana Pereira, diretora de desenvolvimento de empresas da BM&FBovespa.  Um resultado dessas conversas iniciais, diz, foi o anúncio de reforma da Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM). "Muitas companhia afirmam que não migram para níveis mais elevados de governança por conta da CAM. Resolvemos então colocar o assunto em discussão", conta a executiva.  Após alguns anos com o discurso de que a migração para os níveis de governança é uma decisão só das empresas, agora a bolsa deverá incentivá-las a estudar o assunto.  Internamente, a bolsa vê a possibilidade de, no curto prazo, 19 companhias se aperfeiçoarem em termos de governança. Recentemente, Mundial, Mahle Metal Leve e Forjas Taurus, já anunciaram migrações.
"Nós já fazemos um trabalho forte de prospecção para apresentar o mercado de capitais como forma de financiamento para as novatas. No entanto, há muitas listadas que também estão em fase de crescimento ou até em processos de sucessão que podem estar mais ativas no mercado", afirma Cristiana.  "Queremos mostrar que aprimorar a governança vai trazer mais valor a essas empresas", diz. Um grupo de trabalho foi criado na bolsa para estreitar o relacionamento. Além da adesão aos níveis diferenciados, a bolsa também reforçará as conversas sobre aspectos de sustentabilidade, discutindo, por exemplo, os critérios para ingresso no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE); capacitação dos profissionais da empresa para interagir com o mercado e educação financeira. Um dos desejos da BM&FBovespa é também aumentar a quantidade dos eventos chamados "Dia das empresas", quando as companhias reúnem, na própria bolsa, investidores e imprensa para fazer apresentações de seus negócios.  Em princípio, as conversas de aproximação serão com as 140 empresas abertas cujas ações são as mais negociadas.

O atoleiro da Troller
Isto é Dinheiro 10.07.2011 - Quatro anos após ser comprada pela Ford, a montadora de jipes brasileira cresce abaixo da média do mercado de veículos utilitários.
Dá para contar nos dedos das mãos as marcas genuinamente brasileiras que conseguiram passar de meras fábricas de fundo de quintal a montadoras reconhecidas no mercado nacional. A Troller, de Horizonte, cidade a 37 quilômetros de Fortaleza, a capital do Ceará, é uma delas. Fundada em 1994, pelos irmãos Bill e Rogério Farias, a companhia quase quebrou. Sob a direção do cearense Mário Araripe, que comprou a montadora por R$ 600 mil em 1997, chegou a comercializar 1.020 unidades, em 2004. Troller T4: a Ford manteve as principais características do jipe responsável pelo sucesso da Troller. Seu volume de vendas nunca foi muito expressivo, mas suficiente para chamar a atenção da Ford, que acertou sua compra em janeiro de 2007, por um valor estimado de R$ 400 milhões. Na ocasião, muito se falou sobre as intenções da montadora americana de ampliar sua participação no segmento de veículos off-road. Para tanto, usar as instalações e a imagem da já consolidada Troller como embrião para este novo rumo de negócios pareceu uma boa alternativa.  O peso e a força do sobrenome Ford, no entanto, até agora não se refletiram em crescimento. De acordo com dados da Fenabrave, entidade que representa as distribuidoras de veículos, a Troller comercializou 694 carros em 2006. O número subiu para 1.254, em 2010, um aumento de 80%. O desempenho seria excelente, não fosse o fato de o segmento de utilitários esportivos (SUVs) ter crescido 170% no mesmo período. No ano passado, enquanto as vendas de SUVs expandiram-se 24,5%, a Troller teve queda de 15%. A rede de concessionárias, que contava com 22 pontos de venda em 2006, tem atualmente 18. “Tivemos de colocar a casa em ordem”, afirmou à DINHEIRO Wilson Vasconcellos, gerente-geral da Troller.  "Tivemos de colocar a casa em ordem" Wilson Vasconcellos, gerente-geral da Troller. Sob a gestão da Ford, as principais características do jipe T4 foram mantidas. No entanto, a picape Pantanal e o jipe militar T4-M saíram de linha. Embora não revele o valor investido até aqui, Vasconcellos garante que a marca passou por um processo de aperfeiçoamento, com a padronização de fornecedores, investimentos na fábrica de Horizonte, e no próprio desenvolvimento do jipe. Tanto que o engenheiro Luc de Ferran, um dos responsáveis pela criação do EcoSport, chegou a atuar como consultor da Troller. A sinergia com a Ford na compra de componentes e no maior poder de barganha com fornecedores ainda não se refletiu em preços menores. O T4, por exemplo, custa atualmente R$ 92,5 mil, valor proporcional aos cerca de R$ 85 mil, cobrados em 2006. “O padrão de qualidade Ford é maior”, diz Vasconcellos.  Para José Roberto Ferro, presidente do Lean Institute Brasil, é compreensível que os resultados desse investimento ainda não tenham aparecido. “É como começar uma montadora do zero, trabalhando desde o processo produtivo até a área de distribuição do produto”, afirma. Segundo Ferro, outro fato importante é que a Troller não é prioridade para a Ford, como era para seus antigos donos. Ainda mais no período de crise que começou em 2008 e obrigou a montadora a desfazer-se de marcas como Land Rover, Jaguar e Volvo para gerar caixa. “Montadoras de nicho como a Troller nunca funcionaram bem dentro de grandes corporações”, afirma André Beer, consultor e ex-vice-presidente da GM Brasil. Já para Ferro, a venda faz parte do processo de crescimento. “Chega um estágio em que ou você vende a empresa ou ela deixa de crescer”, diz. Timidamente, a Troller começa a trilhar um caminho para sair do atoleiro. Em 2011, o objetivo é produzir 1,6 mil carros. Se todos forem vendidos, significa um aumento de quase 10% sobre seu melhor ano de vendas. Está planejada, também, a abertura de mais sete concessionárias neste ano. Depois de cerca de dez anos afastada do Rally dos Sertões, a marca vai voltar à competição. “A Troller sempre foi uma montadora de nicho”, diz Vasconcellos. “Se quiséssemos atingir a massa, faríamos isso com a Ford.”

AES Eletropaulo vai lucrar R$ 450 milhões com venda
Valor 11.08.2011 - A venda da Atimus para a TIM terá impacto positivo de cerca de R$ 450 milhões no lucro líquido da Eletropaulo neste ano. A estimativa foi feita pelo presidente da AES Brasil, Britaldo Soares. O total de R$ 1,6 bilhão que a TIM vai pagar à Companhia Brasiliana de Energia está dividido da seguinte maneira: R$ 1,128 bilhão refere-se à Eletropaulo Telecom e R$ 473 milhões equivale à fatia da AES Com Rio. Os ativos dessas duas empresas constituem a Atimus. No ano passado, a AES Eletropaulo já recebeu R$ 296 milhões pela transferência da Eletropaulo Telecom à Brasiliana, holding que tem AES e BNDESPar como principais acionistas. O contrato previa que, em caso de venda dos ativos de telecomunicações por um valor superior a esse montante, a AES Eletropaulo receberia um adicional da Brasiliana.
Segundo Soares, a venda da Atimus visa concentrar o foco da AES no setor de energia. "O negócio traz benefícios explícitos aos acionistas da Brasiliana", disse. O executivo afirmou que os sócios da holding ainda vão decidir qual a destinação dos recursos. Uma possibilidade é o pagamento de uma dívida de R$ 800 milhões que a Brasiliana tem referente a uma emissão de debêntures.

Bahia atrai multinacionais e vira polo de produção de energia eólica
Folha 11.07.2011 - Multinacionais da área de energia eólica têm desembarcado atrás dos bons ventos baianos e de incentivos para desenvolver a cadeia produtiva do setor.
A GE (General Electric) negocia a instalação de uma fábrica na Bahia.
"A GE está se preparando para ter uma nova planta de eólica no país e há uma grande tendência de que ela seja construída no Estado", afirma o diretor-executivo da Associação Brasileira de Energia Eólica, Pedro Perrelli. A empresa chegou a agendar reunião no dia 14 deste mês com o governador Jaques Wagner (PT) para bater o martelo na decisão de investir cerca de R$ 50 milhões, mas cancelou o encontro. A companhia nega que esteja em "negociação concreta para construção de nova fábrica", mas afirma "observar atentamente as oportunidades para a expansão de seus negócios no Brasil". A espanhola Gamesa inaugurou na sexta-feira passada suas instalações no Estado, enquanto a francesa Alstom estreia até o final deste ano uma planta para fazer turbinas eólicas na Bahia. Segundo a secretaria baiana da Indústria, Comércio e Mineração, cinco empresas do setor negociam a instalação de unidades no Estado. Com 18 projetos contratados em 2009 e 16 em 2010, a Bahia vai oferecer uma potência de 977,7 MW já nos próximos anos. Foram cadastrados mais de 2.000 MW para este ano. "As empresas querem produzir equipamentos perto de onde se vai gerar energia eólica. Daí o interesse na Bahia, que é o maior PIB da região Nordeste", diz o secretário James Correia.

"AES não sai do Brasil, nem da Eletropaulo"
Valor 11.08.2011 - O vice-presidente executivo do grupo AES, Andres Gluski, afirma que a capitalização feita pelos chineses na empresa deu fôlego para fazer aquisições relevantes
A AES não vai deixar o país. Tampouco vai se desfazer da controlada Eletropaulo para se manter apenas na atividade de geração de energia, com a Tietê. Esse foi quase um mantra repetido incansavelmente por um dos principais executivos da companhia nos Estados Unidos, Andres Gluski, em entrevista exclusiva ao Valor. A empresa está mais uma vez sob o fogo cruzado de pressão política e de notícias que dizem que o BNDESPar deve deixar a sociedade que tem com a AES na Brasiliana, controladora da Eletropaulo, levando à venda da empresa. A distribuidora paulista sofre duras críticas sobre a qualidade de seu serviço. Abaixo, os principais trechos da entrevista com o vice-presidente executivo da AES Corp. e presidente do conselho de administração da Brasiliana na tarde de sexta-feira.
Valor: Qual o motivo da sua visita ao Brasil?
Andres Gluski: Estou aqui para falar com a equipe brasileira, mas também para assinar o acordo com a TIM para a venda da Atimus porque sou o presidente do conselho da Brasiliana.
Valor: Os recursos obtidos com essa venda já têm destinação?
Gluski: Queremos fortalecer a Brasiliana e parte importante dos recursos vai para Eletropaulo. Falando como executivo da AES, quero dizer que a companhia considera três países como os mais importantes: Estados Unidos, Brasil e Chile. Em termos de tamanho e de onde vamos focar.
Valor: Esses três países sempre foram o foco da AES?
Gluski: É uma nova estratégia, que tem mais ou menos um ano. Não significa que não vamos fazer negócios em outros países. Significa que são países onde temos visão de longo prazo e para onde destinaremos mais recursos.
Valor: Há muito tempo a AES fala em expansão no Brasil. Qual tem sido o entrave?
Gluski: Estamos vendo como crescer e não posso ser preciso agora, porque necessito de um plano a seguir com a Brasiliana.
Valor: Do plano de expansão mundial da AES, estimado em US$ 5,5 bilhões até 2015, que parte será destinada ao Brasil?
Gluski: Aqui há leilões de venda de energia. Temos de ganhar e, então, fazer os investimentos.
Valor: Em qual atividade vai haver expansão? Geração ou distribuição?
Gluski: Em ambas. No Chile, temos só geração. Mas nos Estados Unidos estamos terminando a compra de uma distribuidora, em uma operação de US$ 5 bilhões.
Valor: E no Brasil, em ambas?
Gluski: Sim. Mas em geração é mais claro. Em distribuição, já temos investimentos importantes e vamos crescer de forma orgânica.
Valor: A sociedade com o BNDES voltou à pauta. O presidente no Brasil, Britaldo Soares, disse que não existe comunicado oficial do banco de sua saída. Existem negociações?
Gluski: Nós estamos em uma parceria com BNDES cada vez melhor. Anunciamos hoje mesmo (sexta-feira) a venda da Atimus com aprovação dos dois parceiros.
Valor: Mas o senhor não respondeu se estão negociando.
Gluski: É uma pergunta a ser feita para o BNDES.
Valor: Temos informação de que a AES recebeu proposta de um grupo brasileiro para a compra da Eletropaulo. Chegaram a considerar?
Gluski: Em geral, somos investidores de longo prazo. Nossa missão no Brasil é estar em geração e distribuição.
Valor: Poderia ser só geração?
Gluski: Acredito que temos duas empresas de distribuição muito boas. São Paulo é cidade mais importante do Brasil. Isso é uma posição muito interessante para uma empresa como a AES.
Valor: Mas chegaram a considerar a proposta?
Gluski: Não vou confirmar que houve proposta.
Valor: Mudou algo na estratégia da empresa desde que os chineses compraram participação relevante do capital da AES?
Gluski: Não. Os chineses têm 15%, mas são investidores financeiros. Eles têm direito a um assento no conselho de administração.
Valor: Se o BNDES colocar à venda sua parte na Brasiliana, a AES tem direito de comprar...
Gluski: Da outra vez, quando se falou oficialmente em leilão, contratamos linha de crédito para exercer esse direito.
Valor: E hoje?
Gluski: Só com uma notícia oficial do BNDES eu responderia.
Valor: Assim o sr. passa a impressão de que tudo pode acontecer?
Gluski: Não. Porque nossa estratégia é estar no Brasil. E estar em distribuição. E gostamos da Eletropaulo e gostamos da AES Sul. Valor: Mesmo ao comprar distribuidora americana, a AES tem fôlego financeiro para aquisições?
Gluski: Tivemos expansão de capital com entrada chinesa e isso aumentou nossa capacidade de fazer negócios desse tipo.
Valor: A dívida total da AES é hoje de US$ 20 bilhões.
Gluski: A da holding é apenas de US$ 5 bilhões, com Ebtida que varia entre US$ 3 bilhões e 4 bilhões ao ano. Em dividendos, recebemos entre US$ 1bilhão e US$ 2 bilhões.
Valor: O Brasil representa quanto dos dividendos?
Gluski: Menos de 20%.
Valor: Um ponto que pode afetar esses dividendos é o terceiro ciclo de revisão tarifária. O que é aceitável?
Gluski: É importante ter um retorno que compense o investimento no setor para seguir criando valor. Há muitas empresas no Brasil que necessitam mais capital. Não em São Paulo, mas em outras regiões do país.
Valor: Qual a estimativa de perdas se as novas regras forem aprovadas como estão?
Gluski: [passa a palavra ao presidente brasileiro, Britaldo Soares, que diz que é prematuro divulgar esse impacto]
Valor: Vocês não querem divulgar, mas já sabem o impacto. Isso pode mudar a forma como a AES vê o investimento no Brasil?
Gluski: Não. Estamos falando que esse é um país-chave para a AES. Nossa posição não depende disso. Vamos estar na Eletropaulo e na AES Sul.
Valor: Nas últimas semanas tem se questionado a qualidade do serviço da Eletropaulo. O sr. acha que é uma questão política?
Gluski: Uma empresa de distribuição sempre tem contato com todos os clientes e por isso tem muita atenção da mídia. Em São Paulo, acontecem fortes tempestades. Mas não só aqui. Na área da Light tem e a Cemig tem suas tempestades.
Valor: A AES tem relacionamento com governos onde atua?
Gluski: A AES tem equipes nacionais muito fortes. Em geral, nós temos bom relacionamento onde operamos.
Valor: Como é o relacionamento com Luciano Coutinho, presidente do BNDES?
Gluski: O BNDES é nosso parceiro e tomamos decisões na Brasiliana em conjunto. Sou presidente do conselho e tenho reuniões todos os meses e por isso trabalho muito com equipes do BNDES.
Valor: Diz-se muito nos bastidores que o atual governo tem desejo de que a AES saia do Brasil. O sr. sente essa pressão?
Gluski: Nossa estratégia é nos manter no Brasil.
Valor: Vou reformular a pergunta. O sr. vê dificuldades em fazer negócios no Brasil?
Gluski: Se queremos ficar no Brasil é porque sentimos que podemos fazer negócios no país.
Valor: A AES não tem hoje financiamentos do BNDES em função da dívida feita para a compra da Cemig [resolvida com transferência do ativo para a Andrade Gutierrez]. Isso dificulta expansão no país?
Gluski: Vamos chegar a um ponto de contar com esse financiamento. Somos um bom investidor e uma das empresas mais importantes do setor na América Latina.
Valor: Mas até agora o sr. não mencionou um plano específico de expansão no Brasil. Isso intriga.
Gluski: Primeiro, não vamos sair do Brasil. E, segundo, queremos fazer mais investimentos e ajudar a suprir a necessidade de mais energia no Brasil. A AES não vai sair do Brasil. (risos)
Valor: A impressão é que o sr. veio aqui só para dizer isso.
Gluski: Seria bom que se visse a AES como realmente ela é hoje: verdadeiramente internacional. Gostamos de onde estamos.

Trem-bala opõe governo e empreiteiras
Folha 11.07.2011 - Construtoras podem boicotar leilão marcado para hoje; coreanos e japoneses devem participar como parceiros. Governo acha que companhias foram intransigentes e colaboraram pouco para realizar obra. A decisão do governo de manter o leilão do trem-bala hoje na BM&FBovespa é mais uma tentativa de quebrar o domínio das cinco grandes empreiteiras brasileiras (Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS e Andrade Gutierrez). A postura das empresas foi interpretada pelo governo Dilma Rousseff como excessivamente intransigente e de pouca colaboração para tirar o projeto do papel.
Nos bastidores da negociação, circulava, no fim de semana, a informação de que Galvão e Constran podem se apresentar como líderes de um grupo que teria acordo com coreanos da Hyundai.  Mas o fato de os coreanos serem autores de um dos pedidos para o terceiro adiamento do leilão amplia a tendência de que eles estejam fora do negócio. Grandes empresas, lideradas pela Andrade Gutierrez, teriam, segundo os mesmos relatos, acordo com os japoneses. Esta parceria é obrigatória para que se apresente uma proposta, já que o governo brasileiro exige que a tecnologia seja transferida.  A tendência, segundo fontes ouvidas pela Folha, é a de que não haja oferta no leilão de hoje. Os interessados no projeto têm entre 10 horas e 14 horas para entregar os cinco envelopes com documentos, garantias, a proposta econômico-financeira e o plano de execução da obras.  Se houver ofertante, a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) avaliará a papelada e só abrirá a proposta no dia 29. A decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) de que as receitas extras obtidas pelo consórcio operador do TAV (Trem de Alta Velocidade) - com espaço publicitário, por exemplo "" impliquem na redução da tarifa máxima cobrada dos passageiros tende a limitar mais a atratividade do negócio. A ANTT promete recorrer. As construtoras chegaram a oferecer uma participação pequena, de 5% no negócio. O governo avalia que as grandes empreiteiras não querem a chegada de construtoras internacionais no mercado brasileiro, mas também não aceitam tomar riscos nos projetos de interesse da gestão petista. Ainda segundo a fonte, as construtoras estavam impondo uma taxa de risco sobre o negócio de 40%, daí a previsão destas de que o empreendimento custasse mais de R$ 60 bilhões. O preço estimado pelo governo é R$ 35 bilhões, com um financiamento de pouco mais R$ 20 bilhões oferecido pelo BNDES.

Governo mantém leilão do trem-bala para segunda-feira
Brasil Econômico 08.07.2011 - As propostas das empresas interessadas precisam ser entregues na próxima segunda-feira (11/7) na BM&F Bovespa, em São Paulo, das 9h às 14h. O governo decidiu manter a entrega das propostas para o leilão do trem-bala para segunda-feira (11/7), mesmo com a determinação do TCU de mudanças no edital e da ameaça de empresas de não apresentarem ofertas. A informação é do diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo. "A decisão é não mudar nada, está mantido", disse Figueiredo nesta sexta-feira (8/7) ao sair de reunião com o ministro interino dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. Na quarta-feira (6/7), o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou alterações no edital de licitação do trem-bala Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro, de acordo com o gabinete do ministro Augusto Nardes, responsável pelo caso. Na prática, a decisão do TCU inviabilizaria o cronograma do leilão, cuja abertura dos envelopes está programada para 29 de julho. Pelas regras do edital, mudanças no documento só poderiam ser feitas pelo menos 15 dias antes da data de entrega das propostas. Figueiredo disse que a ANTT ainda não foi notificada oficialmente da decisão do tribunal, mas já adiantou que vai recorrer. A principal mudança pedida pelo TCU prevê o repasse, com redução do preço da passagem, de ganhos da concessionária com serviços alternativos, como com hotéis instalados nas estações. "Já havia previsão de receita alternativas no fluxo de caixa", argumentou o diretor-geral da ANTT. Segundo Figueiredo, mesmo se o recurso for negado, as mudanças poderão ser incorporadas posteriormente, no contrato de concessão, e não no edital. "Nossa avaliação é de que não afeta porque é uma coisa que se pode fazer depois. A gente não está licitando uma tarifa fixa. A gente está licitando um teto tarifário", disse.
A tarifa teto estabelecida no edital para a classe econômica no trecho Rio-São Paulo é de R$ 199,73. O vencedor do leilão será o consórcio que se dispuser a cobrar a menor tarifa.
O governo também manteve o leilão mesmo com pedidos formais feitos nesta semana por um novo adiamento da licitação, entre eles o da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) e o do chamado consórcio coreano, tido como o principal interessado na obra. "A gente acha que não tem nenhuma razão para adiar. Já foi dado tempo suficiente para fazer os estudos. Foi dado tempo suficiente para a negociação", afirmou Figueiredo.
Originalmente, o leilão deveria ter acontecido em dezembro passado. A licitação foi adiada para abril e depois para julho, com interessados pedindo mais tempo para analisar o projeto e formar consórcios. O trem-bala está orçado em R$ 33 bilhões pelo TCU, embora agentes da iniciativa privada estimem custo na casa dos R$ 50 bilhões. O projeto é polêmico, com críticas da oposição e resistência até dentro do governo. O Congresso concluiu a votação da medida provisória que trata do trem-bala em abril, autorizando a União a garantir até R$ 20 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As propostas das empresas interessadas precisam ser entregues na próxima segunda-feira (11/7) na BM&FBovespa, em São Paulo, das 9h às 14h.

TAV ou cinco hidrovias mostram o dilema para governo federal
DCI 11.07.2011 - O debate sobre os R$ 25 bilhões que poderão ser aplicados pelo governo para financiar a construção do Trem de Alta Velocidade (TAV), cujo leilão deve começar a receber propostas hoje, é que seriam suficientes para construir quase todas as cinco hidrovias necessárias para reduzir o custo do transporte de carga no País.  A avaliação é do deputado federal Homero Pereira (PR-MT), presidente da Frente Parlamentar de Logística dos Transportes. A Frente conta com 220 deputados e 20 senadores, e um dos fatores de tensão que a mobilizam são as recentes denúncias que provocaram a queda do senador Alfredo Nascimento (PR-AM) do Ministério dos Transportes. Homero Pereira defende que os recursos que estão prometidos para o TAV poderiam financiar o transporte hidroviário no Brasil. "Com esses recursos, nós faríamos muitas eclusas [comportas]", argumenta o político. Os holofotes do setor estarão direcionados à apresentação, ou não, de propostas de consórcios para disputar o leilão, marcado para o dia 29 de julho. Apesar da recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) de mudanças no edital para o leilão, a Agência Nacional de transportes Terrestres (ANTT) decidiu manter a apresentação das propostas para hoje.

Privatização no horizonte
Folha 10.07.2011 -  Lucros de aeroportos privatizados vai capitalizar a INFRAERO, afirma ministor. Segunso Bittencourt, valor das passagens não aumentaá após concessões.
O ministro Wagner Bittencourt assumiu a Secretaria de Aviação Civil com uma missão difícil: resolver o crônico problema da infraestrutura aeroportuária do país.
Um dos caminhos é a concessão de aeroportos ao setor privado. Três estão na mira até dezembro:Guarulhos,Viracopos e Brasília. Segundo ele, a privatização "não aumentará a tarifa" ao usuário.
Folha - O Brasil vai conseguir atender às demandas da Copa e da Olimpíada?
Wagner Bittencourt - Certamente. Olimpíada é importante. Copa é importante. Mas nosso foco é atender o dia a dia do usuário. A demanda está crescendo, 12% em média nos últimos oito anos, e precisamos dar conta disso. Estamos cuidando das concessões de Guarulhos,Viracopos e Brasília, e das obras de outros aeroportos.
Como explicar ao usuário que a concessão de três aeroportos a partir do fim do ano vai resolver o problema dele?
Não são só as concessões que vão resolver. Outros investimentos fazem parte do atendimento, mas certamente é importante saber que alguém está fazendo investiment onecessário para entrar no negócio de aeroportos. A Infraero tem 66 aeroportos, mas muitos não são [financeiramente] sustentáveis. Esses recursos [dos três aeroportos] são importantes para arcar com os deficitários.
Como a Infraero será remunerada nas concessões?
Por meio de dividendos. Como o aeroporto crescerá, e vai gerar dividendo, ela terá recurso. Os aeroportos vão dar lucro, e a Infraero terá até 49% desse lucro. Isso servirá para elas e capitalizar.
A Infraero tem dinheiro para ser sócia nesses aeroportos?
Sim, ela tem.
Haverá aumento da tarifa?
Não vai aumentar tarifa. Não vamos aumentar o teto. Como hoje tem taxa de ocupação maior, frota maior, dilui- se o custo fixo de operação. O preço da passagem tem caído ao longo do tempo.
Qual será o prazo médio das concessões?
Temos de analisar caso a caso e ver em quanto tempo se obtém o retorno do investimento. Não faremos prazo para estrangular o investidor, botar a faca no pescoço.
Vinte anos, por exemplo?
Pode ser. Um pouco mais, um pouco menos.
Em quanto tempo os problemas nos aeroportos começarão a ser resolvidos?
Não tem um Cristo que se coloque aqui, estale os dedos e faça acontecer. É muita ponta para amarrar.
Empresa aérea vai poder participar da concessão?
Poderá. É um problema a empresa aérea participar do controle, pois começa a criar competição desleal no aeroporto. A lógica do modelo é não ter monopólio privado.
Um terceiro aeroporto em São Paulo está descartado?
Houve uma proposta do setor privado de utilizar um aeroporto totalmente privado. Em São Paulo, esses aeroportos têm uma proximidade muito grande. Ao colocar um outro no meio, tem que avaliar o impacto para o sistema.
E seria por concessão?
A Anac está avaliando. Há a possibilidade de ter, em vez da concessão, uma autorização, o que envolveria o risco totalmente privado.
A Infraero não perde espaço com esse modelo?
Na minha opinião, ela ganha. Hoje, ela faz todo o investimento sozinha. Ao ser sócia com 49%, e como o setor privado vai investir com 70% de alavancagem no mercado, vai pegar dinheiro financiado, sobra 30%, com metade arcado pelo setor privado e outra metade do setor público. Ou seja, a Infraero fica com 15% do investimento total. Antes, ela investia 100%, agora investirá 15% e terá a metade de retorno.
Será uma etapa para abertura de capital da Infraero?
É interesse do governo, sim. Mas precisamos reestruturar a companhia e ver quais são as alternativas para, daqui a dois ou três anos, ver se é o caso de fazer.
Qual o ganho de melhorar a gestão dos aeroportos?As companhias aéreas dizem que com melhores práticas pode-se chegar a 30% de aumento de capacidade.
O senhor já teve um dia de cão em aeroporto?
Já. Naquele primeiro apagão eu estava em Brasília. Havia uma confusão danada e não consegui voltar para casa. Ainda bem que minha secretária arrumou um hotel.

Empréstimos de baixo valor entram na mira do BC
Folha 10.07.2011 - Banco passará a fiscalizar crédito com valor a partir de R$ 1.000. Objetivo é avaliar melhor o risco que a forte expansão dos empréstimos representa para bancos. O Banco Central vai passar a monitorar pequenos tomadores de crédito.  O principal objetivo da medida é avaliar melhor o risco que a forte expansão de empréstimos nos últimos anos representa para o sistema financeiro, especialmente para bancos de menor porte. A Folha apurou que, a partir do fim de outubro, o BC passará a acessar informações detalhadas de cada operação de crédito com valor a partir de R$ 1.000. Numa segunda fase "cuja data ainda não foi definida", o BC poderá monitorar de forma individualizada todos os financiamentos, mesmo os de valor muito baixo. Hoje, o departamento de fiscalização tem acesso a dados agregados de todos os empréstimos concedidos pelo sistema financeiro.  Além disso, já recebe e monitora dados individualizados "como informações cadastrais do cliente, valor e modalidade do empréstimo contraído e montante de juros" de operações com valor igual ou superior a R$ 5.000. Ao reduzir esse montante, o BC ampliará o poder de fogo do departamento de fiscalização. Será possível fazer um mapeamento mais detalhado das notas de crédito que os clientes recebem das instituições financeiras.  Essas classificações variam de acordo com um conjunto de informações, como renda, nível de endividamento e histórico do cliente em pagar ou não as parcelas em dia. Há nove tipos de notas possíveis para empréstimos concedidos por instituições financeiras no Brasil, que podem oscilar de AA (a melhor possível) a H (a pior de todas). Com o monitoramento mais abrangente, o BC poderá verificar se um cliente que contraiu empréstimos de valor relativamente baixo em mais de um banco recebe avaliações parecidas de todos.
Luz amarela: Se forem descobertas discrepâncias grandes nas notas concedidas, uma luz amarela acenderá no departamento de fiscalização.
Em um caso desses, é possível que o BC conclua que o sistema de avaliação de crédito do banco que concede nota mais benigna que seus pares apresenta deficiências.
Como resultado, a instituição poderá ter de aumentar suas provisões (recursos reservados para cobrir prejuízo com possível calote). Uma das principais preocupações do departamento de fiscalização é garantir que os bancos tenham estruturas eficientes de gestão de risco de empréstimos.
Fiscalização: O forte crescimento do crédito e a expansão da parcela da renda de pessoas físicas destinada a quitar dívidas reforçaram a necessidade de ampliar a fiscalização sobre as operações de menor valor. Na esteira da expansão da renda, o percentual de operações de crédito destinadas a financiar o consumo saltou de 7,9% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2003 para 17,5% em maio de 2011. O BC também vai desenvolver, a partir dos novos dados a que terá acesso, avaliação mais detalhada da exposição dos bancos às diversas modalidades de crédito, como financiamento para compra de carros e cheque especial.

País tem de alfabetizar 3,5 milhões de adultos para cumprir meta da ONU
Estadão 10.07.2011 - Na última década houve avanço de alfabetização na infância, mas ainda há 617 mil jovens de 10 a 14 anos que não sabem ler nem escrever, segundo o Censo 2010 do IBGE; entre adultos, o progresso foi mais lento, e o desafio é maior no Norte e no Nordeste. Com 13,9 milhões de jovens, adultos e idosos que não sabem ler nem escrever - ou 9,6% da população de 15 anos ou mais, segundo o Censo 2010 -, o Brasil terá de dobrar o ritmo de queda do analfabetismo para cumprir a meta assumida perante a ONU de chegar à taxa de 6,7% em 2015. Levada em conta a projeção do IBGE de que a população nessa faixa etária será de 154,9 milhões, o País deveria chegar a 2015 com 10,4 milhões de analfabetos. Em números absolutos, seria uma redução de 3,5 milhões em apenas cinco anos. Entre 2000 e 2010, no entanto, o total de analfabetos caiu 2,3 milhões. Se o País repetir esse desempenho, a meta prometida pelo governo há 11 anos, durante conferência da Unesco, só será alcançada em 2020. Uma das principais dificuldades na redução das taxas é que os piores índices de analfabetismo entre adultos estão concentrados na população idosa, de 60 anos ou mais, que tem grande dificuldade de aprendizado. Apesar de iniciativas como o Alfabetização Solidária, do governo Fernando Henrique Cardoso, e o Brasil Alfabetizado, iniciado no governo Luiz Inácio Lula da Silva e mantido no governo Dilma Rousseff, a alfabetização de adultos e especialmente de idosos avança em ritmo lento. Um em cada quatro brasileiros de 60 anos ou mais (26,6%) não sabe ler nem escrever. Em 2000, a taxa era de 35%. Em 1991, chegava a 44,2%. "O Brasil terá de fazer um esforço grande para chegar à meta fixada com a Unesco. São os rincões do Norte e do Nordeste que mais contribuem para a taxa entre os adultos", explica Mozart Neves Ramos, ex-secretário de Educação de Pernambuco e hoje integrante do movimento Todos pela Educação. Ele ressalta que outro fator que contribui para os altos índices de analfabetismo é um desânimo muito grande da população adulta que mora no campo em voltar à escola para aprender a ler e a escrever. "Para reduzir as taxas, é preciso o empenho direto dos prefeitos, a mobilização nas igrejas, campanhas permanentes nas rádios", diz. Moradora de Maceió, Quitéria Batista voltou a estudar depois de adulta. "A gente morava na roça, não tinha escola por perto. Quem queria estudar tinha de pegar carona nos caminhões de cana, porque não existia transporte escolar", relata. "Por isso, só vim estudar depois de velha", brinca Quitéria, de 33 anos.
Analfabetismo zero. Os dados do Censo 2010 indicam melhores resultados na redução do analfabetismo entre as crianças de 10 a 14 anos. A taxa caiu de 7,3% em 2000 para 3,9% em 2010 (redução de 3,4 pontos porcentuais ou 46,5%). No entanto, ainda há 671 mil pessoas nessa faixa etária que não sabem ler nem escrever, quando o ideal é que, no máximo, aos 8 anos as crianças estejam alfabetizadas. As informações do Censo mostram que, embora ainda pequeno, o número de municípios com 100% de alfabetizados com idades de 10 a 14 anos mais que dobrou em dez anos. E, das 77 cidades com índice zero de analfabetismo nessa faixa de idade, 29 estão no Rio Grande do Sul. Os resultados positivos do Estado podem ser explicados por circunstâncias históricas, como a colonização europeia acompanhada de escolas religiosas, forte cultura comunitária, oferta adequada de transporte escolar e valorização do ensino por parte das famílias. Barão, no Vale do Rio Caí, é um exemplo de município gaúcho que não tem analfabetos na faixa dos 10 aos 14 anos. "Os pais percebem que ninguém consegue emprego sem uma instrução razoável", afirma Sérgio Pedro Herbert, secretário municipal de Educação e Cultura. O município tem 88% de suas famílias nas classes A, B e C e destina 28% de seu orçamento anual de R$ 10,4 milhões para a educação. A rede municipal tem 57 professores, que recebem R$ 830 por 22 horas semanais de aula. O número total de alunos é próximo de 900 e corresponde a menos do que atendem sozinhas algumas escolas de capitais. O casal Rudinei e Clarice Griebeler estudou até a 5.ª série e quer ver os filhos irem além. "Incentivamos as crianças a estudar para que tenham um futuro melhor que o nosso", diz Clarice. "Não conheço ninguém que não vá à escola", relata Júnior Samuel Griebeler, de 10 anos. Diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Senhor do Bom Fim, Solange Kaefer Thomazel, confirma alguns fatores comuns a todas as escolas de Barão que acabam fazendo a diferença. A comunidade é muito ativa - seja para organizar festas, para ajudar a escola ou mandar os filhos às aulas. Mas os dados do IBGE indicam como é difícil, até mesmo para esses municípios, manter o índice de analfabetismo zerado. De 33, apenas 8 cidades que tinham todas as crianças alfabetizadas em 2000 se mantiveram na lista dez anos depois. Presidente do Instituto do Trabalho e Sociedade do Rio de Janeiro (Iets), o professor e pesquisador Simon Schwartzman diz que "o analfabetismo extremo está ficando para trás. O tema agora é a qualidade da alfabetização, é o aluno entender o que lê".

Futuro promissor na área de saneamento
Valor 11.07.2011 - Giuliano Dragone, que atualmente responde pelo cargo de diretor técnico da CAB Ambiental, ingressou na área depois de fazer um MBA especializado na França
Uma antiga máxima da política diz que obras de saneamento não dão votos, já que ficam embaixo da terra e não são vistas pela população no dia a dia, ao contrário do que ocorre com viadutos, escolas e postos de saúde. Talvez esteja aí parte da explicação para o descaso que o setor enfrentou no Brasil nas últimas décadas. De acordo com resultados da mais recente Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad), 47,6% dos domicílios brasileiros ainda não estão ligados à rede coletora de esgoto e 17,7% nem sequer têm acesso a abastecimento de água tratada. Na fase de crescimento econômico que o Brasil atravessa, contudo, há cada vez mais o consenso de que a universalização dos serviços básicos de saneamento é um objetivo primordial para que o país possa a vir a ser classificado como nação desenvolvida. Diante desse cenário, a expectativa é que oportunidades de carreira surgirão na mesma proporção da esperada ampliação dos investimentos.  A gestão do saneamento permaneceu por muito tempo sendo feita quase que exclusivamente por engenheiros, reflexo do longo período de estagnação que o setor enfrentou. "Essa situação está mudando com a chegada de profissionais de diferentes formações", diz a presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), Cassilda Teixeira.  Dissemina-se no mercado a visão de que, para ser um bom gestor de saneamento, é preciso entender acima de tudo de prestação de serviços, e nem tanto das particularidades técnicas das obras. "Os engenheiros podem até sair na frente na compreensão mais ampla do setor, mas é essencial que busquem conhecimentos sólidos de gestão. Essa é uma das grandes lacunas até agora", ressalta Edison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil, ONG que atua no setor.  Profissionais que podem ser classificados como "pioneiros" dentro dessa nova forma de enxergar o saneamento já estão colhendo os frutos da escolha. Um exemplo é o diretor técnico da CAB Ambiental, Giuliano Vito Dragone, 37 anos. Formado em engenharia química, ele trocou há cinco anos o cargo de gerente de engenharia e manutenção das canetas Bic pelo desafio de integrar a equipe que montaria o plano de negócio do braço do grupo Galvão na área de saneamento.  Depois de fazer MBA em gestão financeira e se especializar em processos de saneamento pelo Office Internacional de L'Eau, na França, referência na área, Dragone está no comando de quase 700 funcionários espalhados por operações em 13 cidades de São Paulo, Paraná e Mato Grosso. "Fiquei surpreso ao constatar como o setor de saneamento é apaixonante e cheio de perspectivas", diz o executivo. A empresa projeta 40% de acréscimo no faturamento este ano, chegando a R$ 140 milhões. Se tudo correr conforme o planejado, outros 700 colaboradores serão recrutados até o final do ano que vem, incluindo profissionais das mais diferentes áreas.
Quando precisou recrutar mais gestores, a CAB Ambiental quebrou alguns paradigmas do setor, como a falta de mulheres em posições de comando. Para a diretoria financeira e de relações com investidores contratou Daniela Pinho, formada em administração com foco em marketing, e colocou à frente da gestão de pessoas Rita Maeji, graduada em psicologia organizacional.  Para cargos regionais, buscou profissionais com o perfil de Eduardo Caldeira, 40 anos, também formado em engenharia química, mas com pós-graduação de administração industrial na Fundação Vanzolini e MBA em gestão de projetos na Fundação Getulio Vargas. "Eu não tinha experiência em saneamento, mas já havia trabalhado em uma concessão de gás natural. Existem muitos paralelos entre as duas situações", descreve Caldeira. Hoje, coordenando os trabalhos da empresa em quatro municípios do interior paulista - Mirassol, Palestina, Andradina e Castilho -, ele ganha um salário 30% superior ao do emprego anterior e enxerga horizontes cada vez mais promissores. "Quando esse mercado entrar em maior evidência, terei acumulado uma boa bagagem para assumir maiores responsabilidades."
Um dos aspectos mais instigantes da carreira de gestor em saneamento é que, com exceção de algumas empresas já bem estruturadas nos principais estados, em muitos aspectos o setor está quase que inteiramente a ser desbravado. "Todo o atraso que o saneamento vive é reflexo dos anos em que a iniciativa privada permaneceu afastada", diz o coordenador do mestrado executivo em gestão de empresas da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape), Marco Tulio Zanini. Um exemplo são os departamentos de recursos humanos. Na maior parte das empresas de saneamento eles permanecem muito mais atrelados à mera administração de contratos de trabalho do que empenhados na construção de relacionamentos de longo prazo com os colaboradores, com base em pacotes de benefícios atraentes e oportunidades de crescimento.  O planejamento financeiro é outra área estratégica para as empresas do setor, pois as concessões se estendem por prazos longos e exigem um alto investimento inicial. Os departamentos de pesquisa e desenvolvimento, sustentabilidade e relacionamento com os clientes também deverão ganhar importância.  Com a maior atenção destinada ao setor, começam a se multiplicar as possibilidades para quem pretende se especializar em saneamento no Brasil. O Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Sindcon) tem um projeto de capacitação de profissionais que está em fase de desenvolvimento e a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) acaba de estabelecer uma parceria com a Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para um curso de especialização na área.
Além disso, há cursos de pós-graduação em saneamento em importantes instituições públicas de ensino superior, como o Departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade de São Paulo (USP), o campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Universidade Federal de São Carlos, a Universidade de Brasília (UnB) e as Universidades Federais do Mato Grosso (UFMT), do Rio Grande do Sul (UFRGS) e de Minas Gerais (UFMG). Instituições privadas, como as Faculdades Logatti (em Araraquara, SP) e a Faculdade Leão Sampaio (em Juazeiro do Norte, CE), oferecem cursos mais voltados à gestão. Para acompanhar esse movimento, há no mercado a expectativa de que as melhores escolas de negócios do país desenvolvam MBAs em saneamento nos próximos anos.

Custo ambiental representa 11% da obra
Valor 11.07.2011 - Rodovia dos Imigrantes, no Estado de São Paulo: EcoRodovias teve de instalar quatro estações de tratamento de água. O presidente mundial da GDF Suez disse, na última semana, que a empresa não esperava gastar US$ 600 milhões somente para realizar as contrapartidas ambientais na obra da hidrelétrica de Jirau, em Rondônia. "Teríamos preferido saber antes de entrar no projeto", disse Gérard Mestrallet. Agora, o custo com as compensações alcançou 10% do investimento total do empreendimento. A surpresa de companhias com esse custo ambiental, que pode inclusive inviabilizar projetos, é mais constante do que se imagina. Nos últimos anos, essa conta subiu e já alcança 11% da obra. Há cerca de 15 anos, o número girava em torno de 1,5%, dependendo do projeto. Segundo analistas, esse custo aumentou principalmente devido ao aprimoramento da legislação ambiental - que tornou mais rígido o processo de obtenção de licenças. "Não era uma cultura das empresas colocar isso na ponta do lápis. Hoje, elas estão atentas, até porque esse custo pode aumentar significativamente", diz Ítalo Pompeu Mazarela, biólogo e proprietário da Gaia Consultoria e Gestão Ambiental.  Para ele e outros especialistas no assunto, o ideal é que todos os possíveis custos oriundos de contrapartidas sejam planejados e calculados nos estudos prévios. Fernando Camargo, consultor da LCA, diz que falta um correto planejamento por parte das empresas. Ele é enfático: o segredo dos projetos é o estudo básico. "Quando existe um estudo bem feito, há uma ótima noção do que será gasto", afirma.  De acordo com Richard Dubois, sócio consultor da PricewaterhouseCoopers, além de preparar a empresa para a execução orçamentária da obra, o bom detalhamento desses estudos servirá para sustentar as solicitações de licenciamento aos órgãos ambientais. Mas esses projetos iniciais, segundo ele, também são caros. "Grandes estudos, como ferrovias e hidrelétricas, podem chegar a custar US$ 30 milhões", diz ele. O grande problema do investimento nesses estudos, opina, é que esse custo pode ser perdido dependendo do peso das contrapartidas. "É um preço muito alto para ser jogado fora, como os órgãos às vezes forçam as empresas a fazer, por causa das exigências", diz. Para ele, uma solução para que o investimento nos projetos não seja perdido é tornar possível a análise de estudos prévios. "Hoje, os órgãos não aceitam analisar estudos parciais feitos pelas empresas, só o que é definitivo. Se houvesse a possibilidade de as empresas conversarem com os órgãos durante a elaboração, diminuiria a chance de perdê-lo", defende. Embora os estudos representem um custo relevante, são as contrapartidas exigidas para a instalação da obra que exigem os maiores investimentos. Para a execução da Rodovia dos Imigrantes, por exemplo, a concessionária EcoRodovias teve de instalar quatro estações de tratamento da água proveniente da construção. "Na escavação de túneis, por exemplo, os resíduos se misturam com água e poderiam ir para o ambiente sem tratamento, daí a necessidade desse sistema", conta José Cassaniga, diretor-superintendente da concessionária. Segundo ele, o custo ambiental ficou em torno de 10% do R$ 1,5 bilhão da obra.  Nos projetos da América Latina Logística (ALL), como expansões de ferrovias, já é reservada uma quantia para o custo ambiental: 11% do valor dos empreendimentos. "Estes custos variam conforme o tamanho da área a ser desmatada e a quantidade de áreas de preservação permanente e até reservas indígenas atingidas", explica Durval Nascimento Neto, gerente de meio ambiente da ALL.  As empresas consultadas não contestam a validade das exigências ambientais das obras, mas sim o trâmite do processo. A maior reclamação é o tempo gasto no processo de obtenção de todas as licenças, que pode passar de dois anos.

As empresas que acharam dinheiro no lixo
Estadão 10.07.2011 - Negócios de reciclagem passam a despertar interesse de investidores e de grandes companhias. O empresário catarinense Rodrigo Sabatini presta consultoria para grandes empresas. Ao visitar um cliente pela primeira vez, costuma fazer um pedido inusitado: "Você pode me mostrar sua lixeira?" E, sem acanhamentos, começa a bisbilhotar o lixo alheio. Ali está o seu negócio. A Novociclo, fundada por Sabatini em 2009, ajuda corporações e condomínios residenciais a destinar corretamente tudo o que puder ser reciclado. "Não incinero, não empacoto, não trato... o que eu faço é ajudar as pessoas e as empresas a não gerarem lixo." Por isso, quando fecha contrato com uma companhia, a primeira providência que toma é acabar com toda e qualquer lixeira do escritório. Depois, educa os funcionários e desenvolve equipamentos, parecidos com armários, para todo o "resíduo" seja organizado antes de ir para a reciclagem. Com clientes de peso na região Sul, como a rede de supermercados Angeloni, uma das seis maiores do País, a Novociclo faturou no ano passado R$ 1,5 milhão e já atraiu investidores: com menos de um ano de vida recebeu aporte de um fundo carioca de venture capital. A empresa de Sabatini, com foco em sustentabilidade, integra um novo modelo negócio que tem despertado o interesse de investidores e grandes companhias. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), regulamentada em dezembro de 2010 (e que, entre outras coisas, dá um prazo para o fim dos lixões) deu força à criação de um mercado em que o lixo passou a ser visto, de fato, como uma fonte de receita. "O marco regulatório deu um impulso a esse segmento, que até então estava meio paralisado", diz Ricardo Zibas, gerente de sustentabilidade da consultoria KPMG. "Aos poucos, esses negócios se mostram interessantes para investidores que buscam retorno no longo prazo."
Em São Paulo, a Unnafibras, empresa que produz fibra de poliéster com garrafa pet, começou a usar material reciclável como matéria-prima na década de 90 para reduzir os custos de produção. "Na época era pejorativo dizer aos clientes que usávamos material reciclável", lembra José Trevisan Júnior, presidente da empresa. "Não pegava bem." Agora, a Unnafibras estampa a informação em todo lugar. Na carteira de clientes, há empresas que fecham negócio só por causa das iniciativas sustentáveis. As fibras são usadas na produção de tecidos para cama e mesa e na fabricação de materiais usados no revestimento interno de automóveis. Com elas, também são produzidos materiais para o preenchimento de travesseiros e bichos de pelúcia. Com faturamento de R$ 148 milhões e três unidades fabris no País, a Unnafibras recebeu em 2010 aporte do fundo de private equity da gestora de investimentos Stratus. Com o dinheiro e com o otimismo que se criou em torno dos negócios sustentáveis, a empresa vai inaugurar em setembro uma nova fábrica. "Fazemos parte de uma tendência", diz Trevisan. "Sustentabilidade virou uma palavra mágica."

Modelo do site Groupon já enfrenta imitadores
Valor 11.07.2011 - Stephanie Clarkson, de 40 anos, costumava usar o site de descontos da Groupon Inc. religiosamente. Mas isso mudou. O volume de sites ativos de descontos na área de Boston, onde ela mora, mais do que triplicou nos últimos dois anos, e Clarkson passou a checar as oportunidades de descontos dos concorrentes. Agora, ela monitora 32 deles, incluindo LivingSocial Inc., Eversave e OpenTable Inc., para encontrar pechinchas para tudo, de bares a academias de ginástica. "Se a oferta é boa o suficiente, não importa de onde veio", diz a Web developer e barwoman Clarkson. Agora, à medida que a Groupon se prepara para abrir seu capital, a mudança no relacionamento da empresa de vendas coletivas com consumidores de Boston como Clarkson ilustra os desafios que a Groupon já começou a ter em outras regiões. A Groupon considera Boston um de seus maiores e mais bem-sucedidos mercados. A empresa, sediada em Chicago, envia emails aos assinantes, em geral com descontos de 50% sobre os preços de tabela de bens e serviços de empresas locais. Daí, geralmente embolsa metade do valor de venda do cupom. Mas os clones da Groupon têm proliferado. Em Boston, por exemplo, existiam nove sites de descontos diários há dois anos; hoje são 33. De acordo com o agregador de sites locais de descontos diários Yipit, há uma erosão na lealdade dos consumidores e provedores de bens e serviços à Groupon. Em documentos apresentados às autoridades de mercado dos Estados Unidos, a Groupon informou que tanto sua base de assinantes quanto a receita em Boston cresceram substancialmente desde o segundo trimestre de 2009, de uma base de 17 mil assinantes e um faturamento de US$ 700.000 a 800.000 assinantes e US$ 9,3 milhões em receita no primeiro trimestre de 2011. Mas esse crescimento já desacelerou. De acordo com Yipit, a média de groupons comprados por um cliente em Boston caiu de 1,9 para 1,7, embora a empresa afirme que a queda foi de 1,5 para 1,4. A receita por assinante da Groupon em Boston caiu de cerca de US$ 20 no segundo trimestre de 2010 para aproximadamente US$ 15 no primeiro trimestre de 2011. A Groupon continua a ser a líder no mercado de Boston, com uma receita de US$ 3,1 milhões em maio. Sua concorrente mais próxima, a LivingSocial, gerou cerca de US$ 745.000 em receita no mesmo período, de acordo com o Yipit. Ainda assim, os sites rivais estão comemorando. "Acreditamos que o lançamento do nosso site realmente mudou a qualidade e o número de negócios oferecidos pela Groupon" em Boston, diz Seth Priebatsch, diretor-presidente da LevelUp, um serviço de descontos da SCVNGR que entrou no mercado de Boston em março. Segundo uma pessoa familiarizada com o assunto, a queda na receita por assinante da Groupon em Boston poderia ser resultado da decisão da empresa de oferecer cupons mais específicos e promoções para um mercado menos sofisticado em resposta à demanda dos clientes.Em todos os EUA, a participação da Groupon no mercado de descontos diários também caiu. Nos 30 maiores mercados metropolitanos do país, sua participação caiu de 52% em abril para 48% em maio, enquanto a LivingSocial viu sua participação subir de 20% para 24% no mesmo período, de acordo com a Yipit. Apesar do aumento da concorrência, a Groupon informou em documentos entregues às autoridades de mercado que tem uma carteira de 40.000 provedores de bens e serviços que querem oferecer promoções através de seu site. Para ajustar-se a algumas das mudanças na dinâmica de mercado, tanto a Groupon quanto a LivingSocial estão aumentando a divulgação de ofertas através de celulares inteligentes.
A Groupon entrou em Boston pela primeira vez em abril de 2009, seu segundo mercado depois de Chicago. Em poucas semanas, surgiram concorrentes. Alguns rivais rapidamente passaram a tentar roubar participação de mercado da Groupon dizendo a comerciantes que oferecem cupons de desconto on-line que aceitaria uma comissão menor que a de 50% cobrada pela Groupon. Outros sites de desconto, como o LevelUp, só cobram comissão de comerciantes se os clientes retornam e se a empresa oferece promoções melhores para os consumidores cada vez que voltam ao site. Como resultado, a Groupon teve que competir cada vez mais por comerciantes. O Brunello Bistro, um restaurante italiano em Somerville, região metropolitana de Boston, executou com sucesso ofertas com a Groupon, mas trabalha com tantos sites de desconto que Fernanda Nogueira, responsável pelo marketing do restaurante, diz que não pode sequer lembrar de todos eles.

Tóquio recua 0,7% com dados fracos dos EUA
Estadão 11.07.2011 - A Bolsa de Tóquio caiu nesta segunda-feira, arrastada pela cotação firme do iene e pelos dados de emprego nos EUA, divulgados na sexta-feira. O índice Nikkei 225 recuou 0,67% e fechou aos 10.069,53 pontos. O pregão iniciou fraco, diante dos resultados decepcionantes do mercado de trabalho norte-americano e do índice de preços ao consumidor da China em junho divulgado no sábado - que foi de 6,4%, o maior em três anos. Para piorar a situação, a cotação firme do iene derrubou as ações de grandes empresas exportadoras, como Fanuc e Nikon. O setor de serviços públicos teve o melhor desempenho do dia, liderado pelas ações da Tokyo Electric Power (Tepco).

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