segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Azul.CA.05.09

Daily News

Dívida pode limitar concessionárias
Valor 05.09.2011 - Na última semana, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez passaram à concessionária de estradas CCR a responsabilidade de avaliar a entrada no processo de privatização dos aeroportos no Brasil. A CR Almeida já tinha feito o mesmo com a EcoRodovias, que administra quase 1,5 mil quilômetros de estradas. E o grupo espanhol OHL, que no país opera rodovias como a Fernão Dias e a Regis Bittencourt, também admitiu o interesse em entrar no setor aeroportuário. Mas o caminho dessas companhias pode não ser tão tranquilo. Ao fim do semestre, as três juntas tinham um endividamento total de R$ 11,3 bilhões. O que gera dúvidas sobre o fôlego das três em novos projetos, como aeroportos do porte de Guarulhos e Viracopos, em São Paulo, e o do JK, em Brasília.
A soma do endividamento bilionário, feita a partir dos últimos balanços divulgados pelas companhias, se refere a financiamentos, empréstimos e debêntures usados para sustentar os planos de investimentos das empresas em infraestrutura e aquisições. A dívida já chegou a prejudicar o resultado líquido de uma delas, a CCR.
Com a situação mais confortável entre as três e garantindo que não fará novos empréstimos para investimentos já programados para 2012, estimados em R$ 596,3 milhões, a EcoRodovias pode fazer outra emissão de debêntures para "novos projetos", informou por meio de nota. Já os espanhóis da OHL, ainda com uma certa margem de manobra, planejam investir cerca de R$ 3,3 bilhões entre 2012 e 2015, com recursos próprios e linhas de crédito de curto e longo prazo do BNDES. Em 2007, a empresa já havia surpreendido ao vencer licitações com propostas agressivas, que geraram críticas e dúvidas de concorrentes na época sobre sua capacidade em honrar investimentos previstos no edital e ainda remunerar acionistas.
Mais alavancada entre as três, a CCR tem ainda pela frente, antes de disputar os aeroportos brasileiros, a possibilidade de comprar os ativos aeroportuários no exterior da Andrade Gutierrez e da Camargo Corrêa. A operação pode contar com empréstimos, segundo executivos da companhia. "As operações que fazemos, como qualquer outra empreitada de infraestrutura, costumam contar com 70% de capital de terceiros", informou Arthur Piotto, diretor de relações com os investidores da CCR, em entrevista na última semana sobre a possível compra de ativos. Além disso, caso a expansão dos negócios seja aprovado internamente, a empresa pode ganhar a responsabilidade de tocar o projeto de um novo aeroporto na região metropolitana de São Paulo (estudo encabeçado por Andrade e Camargo, tema de conversas com o governo do Estado, prevê um terminal que pode demandar investimentos de até R$ 5,3 bilhões).
O valor de outorga da primeira concessão federal de aeroportos, que ficou em R$ 170 milhões, com ágio de 228% em relação ao lance mínimo, surpreendeu até mesmo o governo - já que o aeroporto em questão, o de São Gonçalo do Amarante (RN), é de médio porte e só começará a gerar caixa depois de pronto. Os próximos terminais, de movimentação alta, prometem ser ainda mais disputados e bem mais caros.
Por isso, dependendo da estratégia, o fôlego das três concessionárias em meio à disputa de novos projetos pode ficar comprometido, acredita Rafael Andreata, analista de investimentos da Planner. "As empresas devem elaborar certas estratégias, como a formação de consórcios. Porque se entrarem sozinhas podem aumentar essa alavancagem e ficar limitadas até mesmo para novas disputas em rodovias", diz ele - que, por isso, acredita na participação minoritária, de no máximo 40%, dessas empresas em projetos aeroportuários.
Enquanto novos projetos não se concretizam, a CCR chegou a ter o resultado do trimestre influenciado pelo aumento da dívida. As despesas com juros cobrados em decorrência do endividamento ultrapassaram R$ 200 milhões apenas ao longo do segundo trimestre. Graças aos custos financeiros, segundo a CCR, houve retração de 21,6% no lucro líquido do segundo trimestre, em comparação ao mesmo período do ano passado.
Embora chame atenção, no entanto, a dívida das companhias não é considerada grave até o momento, segundo as empresas e especialistas ouvidos pela reportagem. "As alavancagens registradas pela CCR, pela OHL e pela EcoRodovias estão em patamares não perigosos", diz um analista que prefere não ser identificado.
Segundo ele, um diagnóstico comum para se fazer a avaliação é dividir o endividamento líquido sobre a geração de caixa registrada pelo EBITDA (sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização). De acordo com ele, enquanto o número resultante não chegar a 3, a empresa ainda não corre "perigo". Na CCR, o número fechou 2010 alcançando 2,45. Na OHL Brasil, foi de 1,83. A EcoRodovias registrou 1,11.
Apesar da alavancagem das empresas ainda não assustar, o endividamento bruto é o mais alto já registrado pelas três. Comparando-se só os dois últimos anos, com o mesmo padrão contábil (IFRS), a dívida das três em 2010 foi 32% mais alta que a de 2009. O endividamento, dizem consultores, é sustentado graças à segurança de faturamento das empresas. Como trabalham com um negócio de geração certa de receita, oriunda principalmente das tarifas de pedágio, os grupos têm amplo acesso ao crédito do mercado. "Concessionárias de rodovias têm facilidade em oferecer garantias porque têm alta geração de caixa", resume Fernando Camargo, da LCA.
Ele ainda diz que o sinal de endividamento é positivo. "Seria ruim se empresas de infraestrutura não tivessem amplo acesso ao crédito. Contatada, a CCR foi a única das três companhias que não respondeu à reportagem.

Crédito fácil favorece aquisições
Valor 05.09.2011 - Com a facilidade do caixa garantido, as concessionárias de rodovias conseguem - mesmo com pouca injeção de capital próprio em novos investimentos (geralmente 30%, segundo analistas) - captar empréstimos para expandir ainda mais seus negócios. Principalmente para aquisições de outras empresas.
A CCR, por exemplo, adquiriu por R$ 947,2 milhões em agosto do ano passado o controle da concessionária SPVias - que administra 510 quilômetros de estradas no Estado de São Paulo, como nas rodovias Castello Branco e Raposo Tavares. Para os investimentos na concessionária, foi feita uma emissão de debêntures no valor de R$ 800 milhões. Segundo o grupo, a aquisição foi o principal motivo para o aumento de 28% da dívida em 12 meses.
No caso da EcoRodovias, a última aquisição foi concluída em dezembro, quando passou a ter controle acionário do Terminal de Cargas e Armazéns Gerais Columbia e do EADI Sul por meio de sua controlada Elog. O valor foi de quase R$ 270 milhões e houve emissão de R$ 170 milhões em debêntures privadas para pagamento de parte da operação. O capital próprio nesses investimentos gira em torno de 30%, enquanto aproximadamente 70% é oriundo de terceiros, segundo Fernando Camargo, da LCA. "Pode ser alto em empresas em geral, mas é aceitável para esse tipo de empresa, cujo risco é baixo".
Segundo ele, mesmo com o uso intensivo de capital de terceiros por parte das companhias, os 30% próprios representam um alto custo. "Isso não é pouca coisa. Estamos falando de projetos de milhões. Então, essa porcentagem já significa um grande investimento por parte das empresas", defende Camargo.

Teles vivem bom momento na bolsa, com exceção da Oi
Valor 05.09.2011 - A TIM Participações não é a única do setor de telecomunicações no Brasil a viver um bom momento no mercado. A nova Vivo, após a incorporação pela Telesp, também está próxima de sua máxima histórica. Com isso, as duas estão perto do valor projetado pelos analistas para os negócios.
A nova Vivo, do grupo espanhol Telefónica, está avaliada em R$ 54 bilhões. Tornou-se, com isso, a sétima maior companhia, em capitalização, da BM&FBovespa. A sua frente estão apenas as blue chips Petrobras, Vale e Ambev, além dos bancos Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil. Já a TIM, avaliada em R$ 21 bilhões, ocupa a 19ª posição nessa lista.
Após a unificação entre Vivo e Telesp, em 7 de junho, as ações tiveram valorização de 9,5%. No mesmo período, o Índice Bovespa acumula queda de 9,1%. A ação fechou a sexta-feira em R$ 49,30. Segundo a base de dados da Bloomberg, dos 18 analistas que acompanham a empresa, 13 indicam a compra das ações, 3 recomendam a manutenção e 2, a venda. O preço-alvo médio projetado para os papéis é de R$ 53,87 - o que indica um potencial de alta de 9,3%.  Tanto a TIM quanto a nova Vivo acumulam alta significativa neste ano, com tendência contrária à do Ibovespa.
Depois de anos tumultuados, com intensas movimentações societárias, o setor está próximo de concluir sua fase de reestruturações. A TIM migrou para o Novo Mercado recentemente. A Telefónica conseguiu, finalmente, juntar os ativos de telefonia fixa e móvel no Brasil. A Portugal Telecom vendeu sua parcela no controle da Vivo e, no lugar, comprou uma participação no controle do grupo Oi, que em 2008 comprou a Brasil Telecom.
A única das operadoras de telefonia a viver uma fase delicada com os investidores é justamente a Oi. A mais líquida do grupo, a Tele Norte Leste Participações, está avaliada em R$ 9,6 bilhões e as preferenciais da empresa acumulam baixa de 15,1% neste ano. Já a Brasil Telecom tem R$ 7,1 bilhões de capitalização e neste ano tem ganho de 0,76%.
O grupo está perto de concluir uma reorganização. O objetivo é conseguir ter duas classes de ações listadas na BM&FBovespa - ordinárias e preferenciais - no lugar das sete atualmente existentes. Na operação, a Brasil Telecom deve incorporar a Tele Norte Leste Participações e a Telemar Participações.
A Tele Norte Leste Participações tem sete indicações de compra, segundo a Bloomberg, e nove de manutenção. O preço-alvo médio calculado pelos analistas é de R$ 28,54 - um ganho potencial de 42,7% frente às cotações atuais. Na Brasil Telecom, o preço-alvo médio é de R$ 15,14, o que significa 28% de valorização em relação ao fechamento de sexta-feira. (GV)

Isolux tira vitória de Furnas em leilão
Valor 05.09.2011 - Muniz, diretor da Eletrobras: "Gostaríamos de ter levado a concessão da linha entre Taubaté (SP) a Nova Iguaçu (RJ)".
A agressividade do grupo espanhol Isolux no leilão de transmissão de energia na sexta-feira pegou Furnas no contrapé. A empresa estatal perdeu o lote que licitou a concessão da linha de transmissão e subestações que vão ligar São Paulo ao Rio de Janeiro e que será o elo de ligação para levar a energia das usinas do Madeira aos fluminenses, considerado estratégico para a empresa. Nos bastidores da disputa, realizada nas dependências da BM&FBovespa, executivos da Eletrobras diziam que o lance da Isolux com um deságio de 44% foi irracional, fortemente baseado no fato de ter uma construtora por trás do investimento, que deve ser da ordem de R$ 400 milhões.
Furnas, subsidiária da Eletrobras, havia oferecido deságio de 38%, o que a deixou de fora. Horas depois a estatal enfrentava problema com suas linhas de transmissão que ligam o sistema de Itaipu e que causaram blecaute em 10 Estados na sexta-feira.
Dos três lotes mais importantes da disputa, esse foi o único perdido pela Eletrobras. A empresa por meio da Eletronorte em parceria com a Alupar ficou com a linha que vai ligar Manaus a Boa Vista, em Roraima e onde deve aplicar R$ 1 bilhão, o maior investimento dos 12 lotes leiloados. Juntos, vão requerer quase R$ 3 bilhões. O segundo maior lote, que prevê construção de linhas de transmissão e subestações na Paraíba e Pernambuco, foi vencido pela Companhia de Transmissão Paulista (Cteep) em parceria com a Chesf, subsidiária da estatal. Dessa forma, a estatal reforça o projeto de parceria público privada em leilões de energia para manter controle estatal em investimentos considerados estratégicos no setor de energia.
"O importante é que todos os vencedores têm condições de bancar os empreendimentos", disse o diretor de transmissão da Eletrobras, José Antonio Muniz. "Mas gostaríamos de ter levado o lote de concessão da linha que liga Taubaté (SP) a Nova Iguaçu (RJ), que é importante para o suprimento de energia do Rio".
A Isolux Infraestructure é o braço de concessões em infraestrutura do grupo espanhol Isolux Corsan. Em agosto, anunciou a transferência da sede mundial desse setor para o Brasil. Poucos dias depois entrou com documentos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para abrir o capital na Bolsa brasileira. Em seguida, derrotou Furnas no leilão da linha Taubaté-Nova Iguaçu e que vai permitir o escoamento da energia proveniente das usinas do rio Madeira.
O presidente do conselho de administração da Isolux Infraestructure, João Nogueira Batista, diz que ter um braço construtor ajuda na estratégia do leilão e a ser mais competitivo, mas que o ativo era importante para empresa pelas sinergias com outras concessões detidas pela empresa na região.
Na disputa, Furnas decidiu ir sem parceria para se aproveitar da vantagem competitiva de créditos fiscais de ICMS. Algumas construtoras chegaram a baixar o preço durante a disputa e mesmo assim ela não conseguiu sequer levar para o sistema viva voz. Pelas regras do leilão, se a diferença entre as duas melhores propostas fosse menor que 5%, as empresas poderiam disputar lance a lance. Nem isso Furnas conseguiu com lance 5,7% maior que a Isolux.
Já na disputa pelo segundo maior lote, a Chesf junto com a Cteep conseguiram bater a Neoenergia, que tinha dado lance menor na primeira etapa do leilão mas no viva voz acabou abandonando a disputa. Na média, os 12 lotes tiveram um deságio médio de 23%. O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, disse após o leilão que o governo estuda a possibilidade de leiloar empreendimentos de transmissão que já tenham licença ambiental prévia e isso pode atrair maior disputa.

IMPSA
Folha 05.09.2011 - A argentina IMPSA, de produtos de energia elétrica, aumentará a produção de geradores eólicos da sua fábrica de Pernambuco em 66%. Para passar a produzir dez equipamentos por semana (hoje são seis), serão investidos R$ 35 milhões.
A empresa também deve inaugurar sua segunda planta no Estado no ano que vem (R$ 250 milhões estão sendo aplicados) e estuda a instalação de uma outra unidade no Rio Grande do Sul. "O Brasil é o nosso mercado principal nesse setor hoje. Fica com 90% da nossa produção mundial de equipamentos eólicos", afirma o CEO, Luis Pescarmona.
Dos 500 geradores que serão fabricados por ano na fábrica, dois terços ficarão no Brasil. Um terço será exportado para Argentina, Uruguai, Peru e Venezuela.

Para ABC Brasil, bloqueio de ativos líbios não o afeta
Valor 05.09.2011 - O Banco ABC Brasil, controlado pelo Arab Banking Corporation (ABC), que por sua vez é controlado pelo Banco Central da Líbia, pretende continuar remetendo dividendos e juros sobre capital próprio ao Bahreim, sede do ABC. Na sexta-feira, a Advocacia Geral da União (AGU) determinou que se cumpram no Brasil as resoluções da ONU que definem o bloqueio de ativos líbios no exterior.
O Banco Central brasileiro informou que o bloqueio não afeta o ABC Brasil operacionalmente e que, no máximo, pode haver efeito societário, sobre as ações.
Para Anis Chacur, presidente do ABC Brasil, o bloqueio não afeta as ações do banco no país, porque seu controlador não está na Líbia e sim no Bahreim. O controle do BC líbio se dá indiretamente. "O Arab Banking Corporation é que tem retido os lucros, cumprindo a resolução da ONU", diz o executivo.
"Se houver decisão judicial pelo bloqueio das ações, recorreremos para demonstrar que o banco não está sujeito à sanção", diz Chacur. Segundo ele, a crise na Líbia certamente incomoda o banco em seus negócios. "O pior foi em março e abril, quando fizemos um trabalho junto aos investidores para demonstrar a situação sólida."

Banco Votorantim tem novo presidente
Valor 05.09.2011 - O Banco Votorantim está sob nova direção. João Roberto Gonçalves Teixeira, que em fevereiro havia deixado a vice-presidência de clientes de atacado do Santander, agora assume a presidência do braço financeiro do grupo Votorantim, em substituição a Wilson Massao Kuzuhara.
Kuzuhara completou 60 anos de idade em julho e havia acabado de voltar de férias. Segundo o Banco Votorantim, a instituição estabelece um plano de sucessão para os executivos que atingem 59 anos de idade, processo que pode se estender até os 61 anos. A ida de Teixeira para a vice-presidência de atacado do Votorantim, em abril, já faria parte desse projeto sucessório.
Segundo uma fonte próxima a Kuzuhara, o ex-presidente do Banco Votorantim teria pedido demissão há cerca de duas semanas, apesar dos diversos pedidos da família Ermírio de Moraes para que continuasse no cargo. Kuzuhara, porém, não deixou transparecer qualquer mágoa com a decisão. "Pelo contrário, ele está feliz, pretende passar mais tempo com a família e com os livros", disse a fonte.
A nomeação de Teixeira ocorreu na quinta-feira, em reunião de conselho entre Votorantim e Banco do Brasil (BB). O BB detém 49% do capital votante e 50% do capital total do Banco Votorantim.
"A mudança integra o processo sucessório de governança corporativa do Banco Votorantim", informou o banco em seu portal de relações com investidores.
Kuzuhara fez carreira no grupo Votorantim como diretor financeiro, tendo sido responsável pela criação do banco, em 1991. "Kuzuhara teve papel fundamental na trajetória de sucesso do Banco Votorantim até se transformar na terceira maior instituição privada de capital nacional do país", diz o comunicado.

Desempenho fraco de B2W afeta Lojas Americanas
Valor 05.06.2011 - Quem olhar a performance operacional e as cotações da Lojas Americanas e de sua controlada B2W nos últimos quatro anos vai acabar se perguntando como duas empresas de varejo e de um mesmo grupo podem ter desempenhos tão opostos. No negócio de lojas físicas, da Americanas, o quadro é de crescimento de receitas e participação de mercado. No comércio eletrônico, a B2W apresenta o contrário.
O resultado, obviamente, aparece nas cotações das ações. A B2W nasceu em agosto de 2007, após a união entre Submarino e Americanas.com. Encerrou aquele ano valendo R$ 8 bilhões na bolsa, enquanto a Lojas Americanas somava R$ 11,6 bilhões. Na sexta-feira, a empresa de varejo eletrônico tinha valor de mercado de R$ 2,5 bilhões e a varejista tradicional, de R$ 11 bilhões. Como a Americanas tem o controle da B2W com uma fatia que nos últimos anos variou de 53% até 57%, o analista Frederico Castro, da Perfin Investimentos, estima que quando nasceu a B2W representava 42,5% do valor percebido em Americanas. Hoje, corresponde a cerca de 13%. "Certamente se os negócios da B2W estivessem indo bem, os papéis da Americanas teriam um desempenho muito superior", afirma Renato Prado, analista da Fator Corretora.
Após as companhias divulgarem resultados do segundo trimestre, as analistas Irma Sgarz e Rachel Rodrigues, do Goldman Sachs, escreveram que a dinâmica de resultados anteriores se repetia - enquanto as lojas físicas mostram uma performance surpreendente, em particular no que diz respeito às margens, a B2W permanece como uma draga, que gera aceleradas perdas.
Neste ano, a Americanas anunciou um aumento de capital de R$ 1bilhão na controlada - desse total, a controladora aportou R$ 643,6 milhões e parte dos recursos, R$ 500 milhões, por meio de uma nota promissória. O pior, do ponto de vista do seu acionista, é que a operação avaliou a ação da B2W a R$ 21,62 e, na sexta-feira, o papel valia R$ 16,05, ou 26% menos. No primeiro semestre, a B2W ainda teve gastos extras para acerto de problemas logísticos.
Logo após a criação da empresa, a crise financeira de 2008 derrubou as cotações de ambas, mas apenas Americanas conseguiu se recuperar. O negócio da empresa tem tíquete médio mais baixo e diferentemente da controlada não existe tanta necessidade de financiar seus clientes. No primeiro semestre, a receita líquida da Americanas subiu 11,3% para R$ 4,7 bilhões, o Ebitda teve alta de 20% para R$ 579,5 milhões e o lucro líquido cresceu 15% até R$ 105,8 milhões. "Apesar de não ser um desempenho excepcional, a Americanas tem mantido crescimento de receitas em dois dígitos, o que agrada pela constância e maturidade do negócio", afirma Prado.
A companhia está com um agressivo plano de expansão, que prevê, para o período entre 2010 e 2013, a abertura de 400 novas lojas no Brasil. No primeiro semestre, 30 foram inauguradas e a empresa conta com 565 unidades. Cada vez que abre uma nova, surpreende pela rapidez com que equipara a velocidade de vendas a de lojas antigas.
O desempenho da Lojas Americanas estaria de vento em popa em função de um modelo já consagrado e que apenas precisa ser replicado. Para um analista que prefere não se identificar, esse modelo ou cultura em que basta apertar os parafusos e a engrenagem funciona estaria sendo replicado na B2W, o que, avalia, é um engano, já que a controlada é uma história de crescimento e não de maturidade.
No primeiro semestre, as receitas da B2W cresceram muito menos do que a média superior a 25% do setor de comércio eletrônico - 7,7% para R$ 2 bilhões. O Ebitda aumentou 4% para R$ 235 milhões e em vez de lucro, como no mesmo período de 2010, houve prejuízo de R$ 22,5 milhões. Segundo os especialistas, a B2W sofre por dois aspectos. Primeiro porque as expectativas para o negócio virtual foram superestimadas, bem como a força que iniciativas da concorrência teriam para desbancá-la da posição de liderança confortável.
O outro ponto é operacional. Para tranquilizar os investidores, a empresa tem que evitar a repetição de problemas de logística e administração de estoques que ocorreram no fim de 2010. Castro, da Perfin, avalia que a empresa demorou muito para tomar a decisão de integrar as plataformas de suas principais marcas: Americanas.com, Submarino e Shoptime, cada uma com um sistema operacional próprio. Ele acredita que em seus primeiros anos de vida, em que vivia uma situação de liderança confortável no mercado, a empresa avaliou que a situação em relação à concorrência era mais tranquila. Mas isso não se confirmou, em particular pelas iniciativas do varejo tradicional, como Magazine Luiza, Saraiva e Pão de Açúcar. No momento em que a concorrência ganhava força, a empresa resolveu focar a integração dos sistemas para poder capturar as sinergias. Em vez de escolher a plataforma de uma das marcas, optou por uma quarta. Ao fazer a migração das três, teve problemas que levaram às dificuldades de entrega do passado.
"Em vez de fazer a integração em uma condição mais confortável, a companhia precisou realizar os investimentos sob pressão e acabou perdendo fatia de mercado", diz. Procuradas pelo Valor, Americanas e B2W não deram entrevista.

Casas Bahia amplia briga pelo mercado nordestino
DCI 05.09.2011 -  Na disputa pelo mercado consumidor da Região Nordeste, cuja renda média cresce em níveis superiores ao do País, a Casas Bahia, líder nacional do comércio varejista de eletroeletrônicos, avança sem parceiros nos Estados do Ceará e de Pernambuco, terreno dominado por dois de seus maiores concorrentes: a gigante Máquina de Vendas, líder na região com a bandeira Insinuante e Eletroshopping; e o Magazine Luiza, recém-turbinado pela aquisição da Lojas Maia.
Ao mesmo tempo, a Casas Bahia enfrenta a força de marcas regionais, como o grupo cearense Rabelo, que hoje mantém 50 lojas no Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambuco, Bahia e Paraíba. Já a paulista Casas Bahia, que acaba de se consolidar no estado que lhe empresta o nome com 29 lojas, só conta com mais um ponto na Região, em Sergipe. E busca agora um expansão "orgânica" e "sustentável" no Nordeste. Enquanto isso, a concorrente Magazine Luiza festeja crescimento de 63% na região depois de adquirir a Lojas Maia e não descarta fazer outras aquisições fora do eixo sul-sudeste. Mais confortável, o grupo Máquina de Vendas, campeão de vendas em nove estados nordestinos, quer chegar a mil lojas e faturamento de R$ 10 bilhões até 2014 no Brasil.

Comando do Pão de Açúcar traça cenários para Carrefour
Valor 05.09.2011 - Durante três dias, nas manhãs e tardes de quarta, quinta e sexta-feira da semana passada, Abilio Diniz, presidente do conselho do Grupo Pão de Açúcar (GPA), e Jean-Charles Naouri, que comanda a rede francesa Casino, estiveram reunidos para falar sobre o futuro da GPA no Brasil. O encontro é parte da agenda anual da rede e aconteceu um mês e meio após Naouri e Diniz travarem um duro embate sobre a proposta de fusão de Pão de Açúcar e Carrefour, defendida por Diniz. Agora, um fato novo colocado na mesa de discussão, num clima tenso e difícil, pode definir os próximos passos de Diniz.
Na manhã de sexta-feira, o empresário brasileiro informou o conselho de administração da GPA que a direção executiva, presidida por Enéas Pestana, havia solicitado um estudo para avaliar os efeitos de uma possível fusão com o Carrefour. Na quarta-feira, o conselho consultivo já havia sido informado do estudo por Diniz, que presidia a reunião. O estudo concluiu que se o Pão de Açúcar perder a chance de fechar negócio com o Carrefour, e este se unir ao Walmart, o Pão de Açúcar perde força competitiva. Ao ouvir na reunião a menção ao tema Carrefour, Naouri reagiu.
Estudo, que avalia Walmart e Cencosud, e recomenda fusão entre Carrefour e GPA, é rechaçado por Naouri O executivo francês disse que aquele assunto não poderia ser discutido ali; não constava da pauta. "Naouri falou que Diniz estava instrumentalizando a empresa", disse um conselheiro. O material foi anexado à ata da reunião do conselho de administração. O relatório foi enviado a todos os 14 membros do conselho, incluindo os cinco representantes do Casino. Pessoas próximas a Diniz disseram ao Valor que ele pode convocar uma reunião do conselho da Wilkes, holding que controla o Pão de Açúcar, solicitando que Naouri explique por que o estudo da GPA não é bom. Diniz não decidiu ainda se fará isso, pois prefere evitar um confronto desse tipo. Diniz também pode convocar uma assembleia de acionistas para que a questão seja trazida a todos os investidores, inclusive aos minoritários. Seus advogados estão avaliando quais são os caminhos possíveis. Em nenhum momento, Diniz desistiu do projeto de fusão. O estudo pedido pelo "management" do grupo foi elaborado por uma equipe de pesquisas da GPA e traz simulações sobre os reflexos para a companhia de três eventuais cenários: a fusão do Carrefour com os grupos Pão de Açúcar, Walmart e a chilena Cencosud.
O estudo mostra que uma associação entre Walmart e Carrefour criaria uma megaoperação de forma que, para a GPA se equiparar a ela, seria preciso comprar todas as dez maiores redes de supermercados do Brasil, incluindo a Cencosud e a brasileira Zaffari. Há informações no mercado de que o Walmart tem interesse na compra do Carrefour, mas os franceses só aceitam uma fusão, não a venda.
Com base nos rumores de que o Carrefour poderia buscar outros caminhos, o comando executivo da GPA entendeu que era preciso discutir como isso afetaria a empresa. Não houve análise do estudo. Há cerca de três semanas, quando a pauta geral das reuniões da semana passada foi enviada aos acionistas por Pestana, Naouri insistiu na retirada do tema para deliberação. Foram dias negociando com o Casino a permanência do tópico, mas Pestana acabou retirando o assunto da pauta uma semana antes da reunião. Ele enviou uma carta aos conselheiros explicando que o sócio francês da GPA não aceitara a inclusão.
Assessores de Diniz dizem que ele tem agora outra análise favorável ao negócio, e do "management". Isso pode ser lido como um nova peça de peso na estratégia do empresário. Interlocutores de Naouri dizem o oposto: isso não muda nada pois o assunto é página virada.
Após o término da reunião do conselho de administração da GPA na sexta-feira, Naouri, Diniz e sua filha Ana Maria, membro do conselho, estiveram a sós. A conversa deu-se no hotel Pestana, próximo à sede da GPA, na zona sul de São Paulo, onde haviam ocorrido as reuniões dos comitês. Foi um encontro costurado por Ana Maria. Diniz pediu que Naouri analisasse o estudo elaborado pela GPA. Naouri respondeu que isso não afetaria a decisão já tomada, contrária à fusão, com base em uma série de estudos técnicos.
O principal foco de tensão dos encontros da semana passada ocorreu no início da quarta-feira, na reunião do conselho consultivo. Em certo momento, Diniz disse que iria esclarecer aos conselheiros o assunto Carrefour pois isso seria um pedido dos próprios conselheiros. Naouri teria tirado os fones dos ouvidos e saído da sala, algo que o Casino não confirma.
O presidente do Casino teria voltado cinco minutos depois e, quando Abilio terminou de apresentar alguns slides sobre o assunto, Naouri disse que aquele não era o local adequado para a discussão e que esse era um "dead deal" (acordo morto, numa tradução livre). Roberto Teixeira da Costa, um dos conselheiros, interferiu e disse que queria conhecer o assunto. Naouri rebateu, e teria chegado a dizer que um dos conselheiros nada entendia de varejo.
As reuniões de planejamento estratégico, entre o final da quarta-feira e ao longo da quinta-feira, aconteceram na "santa paz", disse uma fonte, algo que foi avaliado como um sinal positivo para a gestão dos negócios do maior grupo varejista do mercado brasileiro.
Durante três dias, nas manhãs e tardes de quarta, quinta e sexta-feira da semana passada, Abilio Diniz, presidente do conselho do Grupo Pão de Açúcar (GPA), e Jean-Charles Naouri, que comanda a rede francesa Casino, estiveram reunidos para falar sobre o futuro da GPA no Brasil. O encontro é parte da agenda anual da rede e aconteceu um mês e meio após Naouri e Diniz travarem um duro embate sobre a proposta de fusão de Pão de Açúcar e Carrefour, defendida por Diniz. Agora, um fato novo colocado na mesa de discussão, num clima tenso e difícil, pode definir os próximos passos de Diniz. Na manhã de sexta-feira, o empresário brasileiro informou o conselho de administração da GPA que a direção executiva, presidida por Enéas Pestana, havia solicitado um estudo para avaliar os efeitos de uma possível fusão com o Carrefour. Na quarta-feira, o conselho consultivo já havia sido informado do estudo por Diniz, que presidia a reunião. O estudo concluiu que se o Pão de Açúcar perder a chance de fechar negócio com o Carrefour, e este se unir ao Walmart, o Pão de Açúcar perde força competitiva. Ao ouvir na reunião a menção ao tema Carrefour, Naouri reagiu. Estudo, que avalia Walmart e Cencosud, e recomenda fusão entre Carrefour e GPA, é rechaçado por Naouri O executivo francês disse que aquele assunto não poderia ser discutido ali; não constava da pauta. "Naouri falou que Diniz estava instrumentalizando a empresa", disse um conselheiro. O material foi anexado à ata da reunião do conselho de administração. O relatório foi enviado a todos os 14 membros do conselho, incluindo os cinco representantes do Casino. Pessoas próximas a Diniz disseram ao Valor que ele pode convocar uma reunião do conselho da Wilkes, holding que controla o Pão de Açúcar, solicitando que Naouri explique por que o estudo da GPA não é bom. Diniz não decidiu ainda se fará isso, pois prefere evitar um confronto desse tipo. Diniz também pode convocar uma assembleia de acionistas para que a questão seja trazida a todos os investidores, inclusive aos minoritários. Seus advogados estão avaliando quais são os caminhos possíveis. Em nenhum momento, Diniz desistiu do projeto de fusão. O estudo pedido pelo "management" do grupo foi elaborado por uma equipe de pesquisas da GPA e traz simulações sobre os reflexos para a companhia de três eventuais cenários: a fusão do Carrefour com os grupos Pão de Açúcar, Walmart e a chilena Cencosud.
O estudo mostra que uma associação entre Walmart e Carrefour criaria uma megaoperação de forma que, para a GPA se equiparar a ela, seria preciso comprar todas as dez maiores redes de supermercados do Brasil, incluindo a Cencosud e a brasileira Zaffari. Há informações no mercado de que o Walmart tem interesse na compra do Carrefour, mas os franceses só aceitam uma fusão, não a venda. Com base nos rumores de que o Carrefour poderia buscar outros caminhos, o comando executivo da GPA entendeu que era preciso discutir como isso afetaria a empresa. Não houve análise do estudo. Há cerca de três semanas, quando a pauta geral das reuniões da semana passada foi enviada aos acionistas por Pestana, Naouri insistiu na retirada do tema para deliberação. Foram dias negociando com o Casino a permanência do tópico, mas Pestana acabou retirando o assunto da pauta uma semana antes da reunião. Ele enviou uma carta aos conselheiros explicando que o sócio francês da GPA não aceitara a inclusão. Assessores de Diniz dizem que ele tem agora outra análise favorável ao negócio, e do "management". Isso pode ser lido como um nova peça de peso na estratégia do empresário. Interlocutores de Naouri dizem o oposto: isso não muda nada pois o assunto é página virada.
Após o término da reunião do conselho de administração da GPA na sexta-feira, Naouri, Diniz e sua filha Ana Maria, membro do conselho, estiveram a sós. A conversa deu-se no hotel Pestana, próximo à sede da GPA, na zona sul de São Paulo, onde haviam ocorrido as reuniões dos comitês. Foi um encontro costurado por Ana Maria. Diniz pediu que Naouri analisasse o estudo elaborado pela GPA. Naouri respondeu que isso não afetaria a decisão já tomada, contrária à fusão, com base em uma série de estudos técnicos. O principal foco de tensão dos encontros da semana passada ocorreu no início da quarta-feira, na reunião do conselho consultivo. Em certo momento, Diniz disse que iria esclarecer aos conselheiros o assunto Carrefour pois isso seria um pedido dos próprios conselheiros. Naouri teria tirado os fones dos ouvidos e saído da sala, algo que o Casino não confirma. O presidente do Casino teria voltado cinco minutos depois e, quando Abilio terminou de apresentar alguns slides sobre o assunto, Naouri disse que aquele não era o local adequado para a discussão e que esse era um "dead deal" (acordo morto, numa tradução livre). Roberto Teixeira da Costa, um dos conselheiros, interferiu e disse que queria conhecer o assunto. Naouri rebateu, e teria chegado a dizer que um dos conselheiros nada entendia de varejo. As reuniões de planejamento estratégico, entre o final da quarta-feira e ao longo da quinta-feira, aconteceram na "santa paz", disse uma fonte, algo que foi avaliado como um sinal positivo para a gestão dos negócios do maior grupo varejista do mercado brasileiro.

Uma fusão improvável no varejo
Estadão 04.09.2011 - Como dois empresários com fama de teimosos conseguiram se entender para juntar Drogaria São Paulo e Pacheco.
Foi uma fusão improvável, que deixou donos e executivos das maiores redes de farmácias do País surpresos na tarde da última terça-feira. Muita gente sabia que os sócios das drogarias São Paulo e Pacheco tinham um "namoro" de longa data, mas poucos acreditavam que as conversas culminariam, enfim, na união das duas empresas. Com dois negociadores tão parecidos – famosos pelo estopim curto e pela teimosia –, a sensação era de que eles jamais conseguiriam se entender.
"Os dois são osso duro de roer. Imagino que tenha sido muito difícil, porque nenhum dos lados gosta de ceder", diz Mauro Pacanowski, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-executivo do setor. Uma fonte próxima aos empresários recorre a uma comparação: "É como se dois Abilios Diniz tentassem fechar negócio".
Inesperado, mas eles conseguiram. Na semana passada, os dois grupos anunciaram a criação de uma rede de 691 farmácias e faturamento de R$ 4,4 bilhões, considerando-se os últimos 12 meses encerrados em junho. A família Barata, dona da carioca Pacheco, terá participação de 51%. Os 12 sócios da Drogaria São Paulo ficam com 49% do negócio e indicam o presidente, Gilberto Martins Ferreira. Por enquanto, a gestão será compartilhada.
Chegar a esses termos foi uma tarefa desgastante. Samuel Barata, dono da Pacheco, e Ronaldo Carvalho, acionista majoritário da São Paulo, sentaram à mesa de negociação pela primeira vez em setembro do ano passado, cada um com a intenção de comprar o outro.
Veteranos no ramo, Barata e Carvalho já se conhecem há tempo, mas as trajetórias das empresas só se esbarraram pela primeira vez em 2003. Naquele ano, o controlador da Drogaria São Paulo foi assediado por representantes de um empresário fluminense que queria comprá-lo. Carvalho tem certeza de que se tratava do dono das Drogarias Pacheco. Barata nega até hoje.
A onda de consolidação nas farmácias voltou a unir os empresários há um ano. Foi Carvalho quem fez o primeiro contato. De lá para cá, eles se encontraram ao menos uma vez por mês no Rio e em São Paulo. Para o mercado, eles teriam ficado nessa "ad eternum" se os concorrentes não tivessem se mexido antes. No início de agosto, Droga Raia e Drogasil se fundiram, criando uma gigante do setor, com receita de R$ 4,3 bilhões nos 12 meses encerrados em junho.
Carvalho e Barata tiveram de se apressar. O sócio da Drogaria São Paulo cedeu ao aceitar ser minoritário e abrir mão de uma briga pessoal. Dono de 80 dos 348 imóveis da rede paulista, Carvalho conseguiu convencer todos os outros proprietários a ajustarem seus aluguéis pelo IPC da Fipe. "Levei anos para conseguir isso e, quando estávamos prestes a fechar a fusão, vejo que a Pacheco só usa IGP-M. Foi um stress pessoal", conta o empresário, que há 15 anos se impôs a quixotesca missão de extinguir o IGP-M, da FGV.
Mesmo desconfortável com a situação, Carvalho aceitou se render ao índice da FGV. O que desde o início ele não queria abrir mão era de brigar pela liderança do setor. Em 2007, a Drogaria São Paulo foi desbancada pela rede cearense Pague Menos e só conseguiu retomar a posição no ano passado, com a aquisição da rede Drogão.
Carvalho sempre teve certa obsessão pelo primeiro lugar. Em 1994, quando chegou pela primeira vez ao topo do ranking, após passar a Drogasil, ele fez questão de bancar um comercial gravado nos Estados Unidos em que comparava sua rede a coisas gigantes, como a uma sequoia, a maior árvore do mundo. "Provocar um concorrente não tem preço", diz o empresário, que tem outra frase bem-humorada para se referir aos rivais: "Concorrente bom é concorrente morto".
Briga. Não é preciso muito para descobrir que Ronaldo Carvalho gosta de uma briga. Quase todo dia ele escreve para jornais e revistas para reclamar sobre os mais diversos assuntos. "Inflação, procriação e educação são meus temas preferidos", diz.
A postura belicosa não está restrita às ofensivas na imprensa. No mercado, Carvalho é um concorrente provocador. A entrada da Drogaria São Paulo em Fortaleza, território da Pague Menos, é exemplo disso. Um dia, durante uma conversa com Deusmar Queirós, dono da rede cearense, Carvalho ameaçou entrar no Ceará se a Pague Menos se instalasse em São Paulo. "Era só um blefe, mas, quando ele se instalou aqui, tive de levar até o fim." A São Paulo abriu duas lojas em Fortaleza, mas acabou processada por dumping, em função dos descontos que praticava. A operação foi encerrada em 2010.
O sócio da São Paulo também experimentou desse veneno. Quando comprou nove lojas de uma rede de farmácias em dificuldade no Rio de Janeiro, recebeu a notícia de que Samuel Barata estava rumo à capital paulista. No ano seguinte à entrada de Carvalho no mercado fluminense, a Pacheco abriu 23 unidades em território paulista.
A chegada a São Paulo fazia parte de um projeto de expansão iniciado alguns anos antes. Mas é no Rio de Janeiro que a Pacheco é praticamente onipresente. Nesse mercado, nenhuma outra rede conseguiu fazer sombra à sua presença até hoje.
Nascido em uma família pobre de Belém (PA), o empresário Samuel Barata, hoje com 80 anos, tinha quase 50 quando começou a erguer seu império, ao comprar uma tradicional farmácia carioca, localizada no centro da cidade. Empreendedor nato, àquela altura já era dono de vários imóveis, de uma concessionária de carros, de uma construtora e da distribuidora de medicamentos Jamyr Vasconcellos.
Barata ainda é o presidente da Pacheco e, apesar da idade, acompanha o dia a dia da empresa, interferindo ativamente na área comercial, o que lhe deu fama de centralizador. Magro, estatura mediana, cordato e falante, Barata é conhecido pelo bom papo de vendedor. Mas não gosta de aparecer. Desde o sequestro que provocou a morte do irmão, em 1994, nenhum membro da família dá entrevistas ou aparece na imprensa. Barata, em especial, tornou-se muito reservado.
É mais fácil encontrá-lo numa farmácia do que nos eventos do setor. "Ele adora fazer visitas surpresa às unidades para sentir o pulso e inspecionar a concorrência", conta Mauro Pacanowski. Há quem diga no mercado que ele ainda pega o telefone para negociar o preço de remédio com os distribuidores.
Contratado em 2002 para o cargo de superintendente da Pacheco – na única vez que a rede teve um executivo fora da família no cargo –, Ari Girotto relativiza a fama: "Ele gosta de participar e isso dá muita agilidade à companhia". Girotto ficou quatro anos e meio no cargo. Sua principal função foi reestruturar os processos da empresa, dando mais transparência à gestão. "Naquela época, não se discutia IPO, entrada de sócio ou de fundo. A empresa estava sendo preparada para perpetuar", diz Girotto.
Sua saída foi vista pelo mercado como uma tentativa fracassada de profissionalizar a gestão. "Não houve rota de colisão, como dizem no mercado, mas divergências de ideias. Saí para tocar projetos pessoais", diz o executivo. Com a saída de Girotto, Barata, pai de quatro filhos, voltou ao cargo. A filha Helena é a vice-presidente. "Samuel não sabe delegar, não fez seu sucessor", diz o dono de uma grande rede de farmácias.
Desafio. O novo sócio admite que a postura de Barata é um desafio para a fusão. "É difícil soltar a cria. Isso ele vai ter que aprender", diz Carvalho. Embora também tenha fama de centralizador, Carvalho deixou oficialmente a operação da rede em 2001, quando profissionalizou a gestão.
Formado em engenharia mecânica pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), o empresário substituiu o pai na empresa na década de 70, quando a família tinha 18% de participação na rede de farmácias e dividia o controle com outros 31 sócios. Persistente, Carvalho comprou a participação dos outros acionistas até chegar aos 80%.
Juntar empresas com culturas tão distintas não será uma tarefa fácil. Mas o maior desafio mesmo será manter a liderança num mercado cada dia mais competitivo. As farmácias, que até pouco tempo atrás eram uma espécie de patinho feio do varejo, entraram no radar de grandes cadeias de supermercados e de investidores financeiros. Em junho, a novata Brazil Pharma, do banqueiro André Esteves, lançou suas ações na bolsa. Na última quinta-feira, a cearense Pague Menos anunciou que também pretende abrir o capital, num sinal de que vai reagir ao movimento das concorrentes. A julgar pelo ritmo do mercado, imprevisível mesmo fica o ranking do setor.

Abril Educação vai investir em apostilas
Valor 05.09.2011 - Manoel Amorim, presidente da Abril Educação: "Nosso foco é a base, ou seja, a formação anterior ao ensino superior".
Dois meses após a oferta inicial de ações, que levantou R$ 351 milhões, a Abril Educação deve anunciar nas próximas semanas a aquisição de um sistema de ensino (apostilas), segundo o Valor apurou. Esse sistema de ensino irá compor o portfólio da Abril Educação, que lançará um novo sistema de ensino no Rio com a marca pH, renomada escola carioca adquirida pela companhia há cinco meses. A Abril Educação já é dona do Anglo, que tem forte atuação em São Paulo, e do Ser, com presença em vários Estados.
Ainda de acordo com fontes do mercado, a Abril Educação está em negociações avançadas para a compra de um outro sistema de ensino, que deve ser anunciada ainda este ano. Um dos focos da companhia é a praça do Nordeste, onde o Ser tem forte atuação.
Questionado sobre essas aquisições, o presidente da Abril Educação, Manoel Amorim, informou que não comenta rumores de mercado.
O grupo educacional pretende destinar para aquisições R$ 235 milhões, o equivalente a 67% dos recursos levantados na abertura do capital. Hoje, cerca de 317 mil alunos estudam com as apostilas do Anglo e do Ser. A previsão é que até o próximo ano esse número salte para 500 mil, segundo estimativas do mercado.
Atualmente, a companhia também está prospectando empresas de sistemas de ensino de cursos técnicos e escolas com alto nível de qualidade de ensino. "Não temos interesse em faculdades. Nosso foco é a base, ou seja, a formação anterior ao ensino superior. Acreditamos que é preciso ter uma boa formação na base para o aluno cursar uma universidade ou um curso profissionalizante", disse Amorim, em sua primeira entrevista após o IPO, cujo período de silêncio terminou em 1º de setembro.
Os cursos técnicos profissionalizantes são outra frente de atuação da companhia, que há cinco meses é dona da ETB - Escolas Técnicas do Brasil. A ideia nesse caso é criar franquias de escolas técnicas com a bandeira ETB. "Há um mercado potencial de 3 mil escolas técnicas privadas. Queremos vender as franquias para essas escolas que podem se transformar em ETB. Nós vamos continuar vendendo o material didático para eles", explicou Amorim.
A empresa também está apostando em duas novas áreas: idiomas e educação a distância. Em julho, a Abril Educação adquiriu 6% do capital da Livemocha, empresa americana de ensino de línguas estrangeiras em que as aulas são ministradas por meio da web. No mundo, 10 milhões de pessoas acessam o site da Livemocha, sendo que 2,5 milhões estão no Brasil. Outro tipo de curso que pode ser ministrado à distância são os preparatórios para concurso público. A ideia é oferecer essa modalidade a partir do próximo ano.
"Temos várias frentes de atuação que podem ter sinergias comerciais e reduzir custos", disse Amorim. Neste ano, por exemplo, a empresa conseguiu diminuir em 13% o custo com compras de papel para o Anglo, uma vez que negocia grandes volumes de papel para suas editoras de livros didáticos Ática e Scipione. No último programa de venda de livros escolares do governo federal, a Abril Educação fechou a venda de mais de 50 milhões de exemplares de livros, que somaram R$ 297 milhões.
Apesar de o governo comprar uma grande quantidade de livros didáticos, Amorim acredita que daqui cinco anos o negócio de sistema de ensino terá uma maior representatividade no lucro da Abril Educação.

Setor químico fecha mais de mil unidades em 20 anos
Folha 05.09.2011 - Combalida pela concorrência da importação, a indústria química brasileira já fechou 1.470 unidades produtivas no país, desde o Plano Collor até 2011, segundo estudo da Abiquim (associação do setor), que será finalizado nos próximos meses.
Uma fábrica pode reunir várias unidades de produção.
O reflexo disso na balança comercial do setor tem sido um aumento de US$ 11 bilhões de dólares por ano nas importações, segundo Fernando Figueiredo, presidente da entidade.
As importações brasileiras de químicos giram em torno de US$ 33 bilhões ao ano. Até maio, US$ 15 bilhões foram importados pelo país.
"O estudo mostra que as principais causas são as perdas de competitividade devido à matéria-prima que entra com preços inadequados, além de distorção tributária."
O mercado brasileiro de produtos químicos cresceu 7,7% nos últimos 12 meses até julho, enquanto a produção do país caiu 1,9%.
"E as importações cresceram 27,9%", afirma.
Pela primeira vez, na semana passada, a Abiquim se reuniu com representantes de sindicatos de trabalhadores da indústria para estabelecer uma estratégia conjunta sobre as necessidades do setor.
O levantamento será posteriormente enviado ao governo. A ideia é pedir a criação de um conselho de competitividade do setor.

Petrobras I
Folha 05.09.2011 - Eficiência Novo modelo energético da Petrobras irá gerar economia de R$ 10 milhões neste ano.
A compra de energia passou a ser feita de uma hidrelétrica que é enquadrada como não emissora de CO2.

Petrobras importará gasolina para substituir etanol
GPdeLondrina 02.09.2011 - Mudança na mistura de etanol na gasolina poderá mais que dobrar a necessidade de importação do derivado de petróleo pelo país
A Petrobras terá de importar toda a gasolina extra necessária para compensar a redução da mistura de etanol anidro no combustível a partir de outubro, já que suas refinarias estão "no limite da capacidade", disse o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
"Fizemos no ano passado um esforço para aumentar a oferta, mas agora não temos mais condições de aumentar a produção de gasolina. Com as refinarias existentes não dá, chegamos no nosso limite", afirmou o executivo à Reuters nesta sexta-feira.
"Então qualquer variação de demanda --e obviamente que a mudança dos 25 por cento para 20 por cento do anidro na gasolina vai provocar um aumento de demanda-- vai ser via importação, não tem saída", acrescentou.
O governo decidiu reduzir a mistura de etanol na gasolina em meio a uma safra de cana menor no Brasil, buscando também evitar um eventual contágio no preço da gasolina advindo de elevações nos valores do etanol com a chegada da entressafra de cana.
A mudança na mistura de etanol na gasolina poderá mais que dobrar a necessidade de importação do derivado de petróleo pelo país. Para substituir o anidro, o Brasil precisará de 550 mil barris a mais de gasolina por mês, calcula o Instituto Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Neste ano, a Petrobras importou em média 400 mil barris por mês.
De acordo com o diretor de Abastecimento da Petrobras, a demanda por gasolina hoje é de 450 mil barris por dia. Costa, entretanto, evita comentar qual será o volume de importação que a estatal terá de realizar diante da nova realidade.
"Isso muda a cada dia, dependerá da demanda, dos estoques", disse, evitando também falar sobre a diferença entre o custo da gasolina brasileira e a comprada pela estatal no exterior.
A área de Abastecimento da Petrobras tem registrado prejuízos recentemente devido à necessidade de importar gasolina, em meio ao forte aumento na demanda por combustíveis no mercado brasileiro.
Distruibuidoras: Para Costa, as outras distribuidoras de combustíveis deveriam importar mais gasolina para dar conta do aumento das necessidades do produto a partir de outubro.
"Deveriam, mas não posso responder por elas, só posso falar pela Petrobras", disse.
As distribuidoras de combustíveis, que também fazem a mistura de álcool na gasolina, a exemplo da BR, da Petrobras, têm respaldo legal para importar combustíveis, desde que sejam autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
"Qualquer um pode importar. O mercado é liberado, basta a ANP liberar que elas podem fazer, como já fizeram em alguns momentos do passado", lembrou.
Mas o fato de a gasolina vendida pela Petrobras ser mais barata do que a ofertada no mercado internacional pode não compensar para as distribuidoras fazer importações do produto, pelo menos por enquanto. Consultado, o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) informou que as empresas do setor não planejam realizar importações de gasolina no momento.
Uma alternativa, já admitida pelo governo, seria reduzir a tributação da gasolina, para permitir um aumento pela Petrobras na refinaria, equilibrando o preço com o produto importado.
Com 12 refinarias, a Petrobras tem capacidade para produzir cerca de 2 milhões de barris de derivados por dia. Com os novos projetos, será possível processar mais 1,46 milhão de barris diários quando as plantas estiverem prontas.
Adaptação de refinarias: Até 2009, a Petrobras era exportadora de gasolina. Com o crescimento da economia sem aumento da capacidade de refino na mesma proporção, passou de vendedora a compradora do produto, em 2010.
A empresa conseguiu, naquele ano, aumentar a produção de gasolina e diesel com algumas adaptações nas suas refinarias, reduzindo o refino de outros derivados como nafta e óleo combustível.
"Em 2010 a gente fez trabalho nas refinarias justamente para aumentar a produção de gasolina e diesel e tivemos um aumento em torno de 42 mil barris por dia de gasolina com o mesmo hardware, trocando catalisadores, otimizando o processo. Já tivemos aumento de produção interna".
Mesmo assim, o executivo lembrou que, de janeiro a agosto, já importou a mesma quantidade de gasolina de todo o ano passado --cerca de 3,1 milhões de barris de gasolina.

Agrifirma costura criação de joint venture com fundo
Valor 05.09.2011 - A Agrifirma, empresa agrícola brasileira que conta com investidores como o financista britânico Lord Rothschild, o também britânico Jim Slater, conhecido pela postura agressiva no mundo corporativo, e o americano Hugh Sloane, "guru" dos fundos de hedge, está se preparando para criar uma joint venture com um grande fundo de private equity do Brasil.
O novo fundo que será lançado com a parceria, batizado Agrifirma Brasil Agropecuária, vai receber um aporte de US$ 82 milhões do Fundo Brasil Agronegócio (FBA) para acelerar o desenvolvimento de projetos da Agrifirma em curso, incluindo grandes áreas agrícolas na Bahia. A Agrifirma terá participação minoritária na nova joint venture, que será controlada pelo FBA.
O projeto marca o adiamento dos planos da Agrifirma de abrir sozinha o capital na bolsa de Hong Kong em um momento de forte volatilidade nos mercados financeiros. O aporte do FBA significa que a Agrifirma terá condições de continuar desenvolvendo seu portfólio brasileiro.
A própria Agrifirma será rebatizada e passará a se chamar Genagro. A empresa vai reter a propriedade direta de uma fazenda já totalmente desenvolvida no Brasil. A companhia também deverá reservar cerca de US$ 52 milhões para a busca de oportunidades agrícolas foram do Brasil.
Investimentos em propriedades agrícolas permanecem como oportunidades quentes de negócios para gestores de fundos de hedge e investidores astutos. O crescimento de mercados emergentes e as pressões inflacionárias oriundas dos elevados preços das commodities alimentam esse interesse. As taxas anuais de retorno visadas pela Agrifirma a seus clientes rondam 20%.

Fabrimar Metais
Folha 04.09.2011 - A Fabrimar, especializada em metais para banheiros e cozinhas, como torneiras e chuveiros, vai investir R$ 80 milhões até 2014 para ampliar os negócios e modernizar sua planta no Rio.
A injeção de recursos ocorre no momento em que a empresa passa por processo de profissionalização, com a contratação de uma nova diretoria.
"A empresa, que completará 50 anos, era totalmente familiar. Agora já tem novos nomes, vindos do mercado, para as áreas comercial e financeira. O próximo será um diretor industrial", diz o novo presidente, Pedro Orsini.
Os planos de crescimento para o futuro podem ocorrer por meio de aquisições ou investimentos dos acionistas, segundo Orsini. "A empresa também tem capacidade de alavancagem", afirma.

China enviou ao Brasil US$ 20 bi em 2010 por meio de paraíso fiscal
DCI 05.09.2011 -  Apesar de, oficialmente, registrar um valor baixo de investimentos diretos no Brasil, a China, segundo maior parceiro comercial brasileiro, enviou US$ 20 bilhões ano passado em recursos por meio de paraísos fiscais como Suíça e Luxemburgo.
Entre janeiro e julho de 2010, US$ 24,435 bilhões foram exportados para a China, enquanto as importações somaram US$ 17,687 bilhões. Atualmente, os Estados Unidos são o país do qual o Brasil mais importa. De acordo com dados do Banco Central (BC), no mesmo período, em investimento estrangeiro direto (IED), apenas US$ 367 milhões vieram da China, o que faz com que aquela economia esteja apenas em 12º lugar entre as que mais investiam aqui. Neste ano, os valores são ainda mais insignificantes: US$ 138 milhões, e um distante 23º lugar. Mas a realidade é diferente. Segundo Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC), o Brasil recebeu mais de US$ 20 bilhões, em 2010, em investimentos de companhias chinesas. O valor colocaria o asiático na primeira posição, com muita folga, de acordo com dados do BC. "Isso porque muito do dinheiro vem de paraísos fiscais", explica Tang.
Corroborando com a afirmação de Tang, no ano passado Luxemburgo e Suíça figuraram como os principais investidores, com pouco mais de US$ 15 bilhões. "O governo quer a abertura de novas fábricas. Não só o País se beneficiará, mas também o povo", afirma o presidente da CCIBC.

Governo vê aumento de investimentos chineses para o setor industrial do Brasil
A China está agora direcionando mais investimentos para o setor industrial no Brasil e novos planos para o país surgem "quase todo dia", afirma o embaixador do Brasil em Pequim, Clodoaldo Hugueney, enquanto prossegue o debate entre especialistas sobre a dependência crescente na relação bilateral.
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira, diz que já dá para perceber investimentos de Pequim na área industrial, com base em negociações mantidas com empresários chineses nas últimas duas semanas. "Recebi duas montadoras chinesas e duas de eletrônicos para conversar sobre investimentos que, conjugados, somam alguns bilhões de dólares", observa. Ele não revela os nomes das companhias, mas adianta que o plano delas prevê produção no Brasil a partir de 2014.
De acordo com alguns analistas, a China começa a se interessar pelo setor industrial no Brasil devido à estagnação dos mercados americano e europeu, "mas, em princípio, serão maquiladoras", disse um deles. Teixeira, porém, reagiu: "Não posso dizer que são maquiladoras, porque quando sentamos com os chineses e outros deixamos claro que o que nos interessa é que os investidores utilizem a cadeia de suprimento nacional."
De acordo com um estudo do MDIC, os investimentos chineses anunciados no Brasil entre 2003 e março deste ano somam US$ 37,1 bilhoes, totalizando 86 operações - parte em investimento novo, parte em fusões e aquisições. A maioria desses aportes é para garantir o abastecimento em matérias-primas.
A maior concentração de anúncios é no setor de metais, com 56,5% do total, seguido pelo setor de petróleo, gás e carvão, com 28%; energia elétrica com 5,1%; setor automotivo com 4%; e logística e transporte com 1,9%. Somente em 2010, os investimentos chineses anunciados no país totalizaram US$ 17,1 bilhões. Em termos concretos, somente no modo de aquisições os chineses fizeram seis operações até meados de agosto no Brasil, no total de US$ 539 milhões, dos quais 84% foram para o setor de material de construção, conforme o provedor de dados Dealogic, de Londres.
Globalmente, os chineses já gastaram aproximadamente US$ 172,7 bilhões em aquisições no exterior desde 2008 - sendo 61% na área de petróleo e gás, o que serve para ilustrar a estratégia do país asiático de assegurar o acesso a matérias-primas.
Para Hugueney, a prioridade brasileira com a China é implementar o "salto qualitativo" na relação bilateral proposto pela presidente Dilma Rousseff durante sua viagem à China, a primeira que fez ao exterior depois de sua posse no Brasil.
Isso passa pela mudança na composição da pauta de exportação brasileira e também chinesa. O embaixador brasileiro acha que a abertura de uma agência do Banco do Brasil na China representará um enorme avanço para apoiar empresas brasileiras exportadoras que operam ou pretendem investir no país.
Nos próximos dias o BB entrará com o pedido formal de abertura da agência e os chineses prometeram fazer um exame acelerado da demanda. Ao mesmo tempo, o Banco Comercial e Industrial da China, um dos maiores do mundo em termos de ativos, espera autorização do Banco Central para se instalar no Brasil.
Para Hugueney, não se deve ter medo da China e sim saber negociar e criar condições para maximizar o potencial da relação econômica bilateral. Para ele, não há nada de errado com a complementaridade e as exportações de matérias-primas do Brasil para a China. "Pelo contrário, elas ajudaram o Brasil a superar rapidamente a crise e hoje alavancam o comércio exterior brasileiro, com mais de US$ 5 bilhões de superavit bilateral até agora em 2011", disse.
Jorge Arbache, assessor da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e professor da Universidade de Brasília, compara a parceria com a China ao "canto da sereia" da "Odisseia" de Homero: é sedutora e irresistível, mas traz riscos não negligenciáveis. Isso porque a relação econômica bilateral, como é hoje, é crescentemente assimétrica e beneficia o Brasil no curto prazo, mas incentiva e encoraja uma crescente dependência da economia brasileira à economia chinesa no longo prazo.
O economista argumenta que, para ser duradoura e proveitosa, a relação econômica Brasil-China requer uma visão menos pragmática e mais estratégica por parte do Brasil.

Governo dos EUA processa grandes bancos
Bloomberg 05.09.2011 - Bank of America Corporation, Citigroup Inc e J.P. Morgan Chase & Co estão entre 17 instituições financeiras processadas pela Agência Federal de Financiamento Habitacional (FHFA, em inglês), acusadas de enganar as agências Fannie Mae e Freddie Mac em negócios envolvendo bilhões de dólares em títulos garantidos por hipotecas residenciais.
Em ações ajuizadas na sexta-feira em Nova York, em tribunais estaduais e federal, bem como no tribunal federal de Connecticut, a agência também cita como réus os bancos Barclays Plc, Nomura Holdings Ltd, HSBC Holdings Plc, Société Générale SA, Morgan Stanley, Ally Financial, Royal Bank of Scotland, Credit Suisse Group AG, Deutsche Bank AG e o First Horizon National Corp.
As queixas dizem que os bancos enganaram a Fannie Mae e a Freddie Mac sobre a solidez dos títulos garantidos pelas hipotecas. A FHFA reivindica que os réus reembolsem os investimentos com juros e cubram outros prejuízos, inclusive pagando indenizações punitivas por suposta má conduta.
"A FHFA alega que os empréstimos tinham características diferentes e mais arriscadas do que as declaradas nas descrições constantes de materiais de marketing e de venda apresentados às empresas e referentes a esses títulos", declarou a FHFA.
A Fannie Mae e a Freddie Mac operam sob curadoria do governo americano desde 2008, quando foram estatizadas em meio a prejuízos vinculados a financiamentos habitacionais de má qualidade que as levaram à insolvência.
Em documentação ajuizada nos tribunais, a agência diz que a Fannie Mae e a Freddie Mac compraram US$ 6 bilhões em títulos lastreados em hipotecas do Bank of America; US$ 24,8 bilhões do Merrill Lynch, cujo controle o Bank of America assumiu em 2008; US$ 3,5 bilhões do Citigroup; US$ 11,1 bilhões do Goldman Sachs e US$ 4,9 bilhões do Barclays. Os processos também envolvem US$ 2 bilhões em títulos do Nomura, US$ 33 bilhões do J.P. Morgan, US$ 883 milhões do Horizon First, US$ 14,2 bilhões do Deutsche Bank, US$ 14,1 bilhões do Credit Suisse, US$ 1,3 bilhão do Société Générale e US$ 6,2 bilhões do HSBC.
"As alegações apresentadas pela FHFA são infundadas", disse Frank Kelly, porta-voz do Deutsche Bank, com sede em Frankfurt. "Fannie Mae e Freddie Mac são o epítome de um investidor sofisticado, tendo emitido trilhões de dólares de títulos lastreados em hipotecas e comprado o equivalente a outras centenas de bilhões de dólares, frequentemente após escolher a dedo os contratos de financiamento que, agora alegam, não deveriam ter sido incluído nas ofertas".
Em julho, a FHFA abriu um processo contra o UBS AG, o maior banco suíço, questionando mais de US$ 4,5 bilhões em títulos lastreados em hipotecas residenciais vendidas à Fannie Mae e à Freddie Mac, acusando o banco por afirmações errôneas sobre os riscos dos investimentos. A ação reivindica indenização não especificada.
As empresas patrocinadas pelo governo já "reconheceram que seus prejuízos no mercado de títulos lastreados em hipotecas deveram-se à queda sem precedentes nos preços das casas e a outros fatores econômicos", disse Larry DiRita, porta-voz do BofA.
As firmas afirmaram compreender os riscos e continuaram comprando-os, mesmo após sua agência fiscalizadora ter dito que não dispunham de instrumentos adequados de gestão de risco para fazê-lo, disse DiRita.

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