quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Azul.CA.04.08

Daily News

Lucro da Lojas Marisa sobe 32% e surpreende mercado
Valor 04.08.2011 - Os resultados do segundo trimestre da Lojas Marisa, divulgados ontem, surpreenderam os analistas que esperavam margens operacionais mais baixas em relação a igual período do ano passado por causa da desaceleração do consumo e do ritmo forte de abertura de lojas. O lucro líquido da empresa no segundo trimestre do ano subiu 31,8%, para R$ 71,2 milhões. O crescimento dos resultados superou a expansão da receita líquida, de 24,9%, para R$ 632,8 milhões.
No acumulado do primeiro semestre, os ganhos somaram R$ 107,2 milhões, 34,9% acima do valor de R$ 79,5 milhões apurado nos primeiros seis meses do ano passado.
A margem operacional, medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), alcançou 19,9% no segundo trimestre, um recuo de 0,3 ponto percentual em relação à taxa de 20,2% apresentada no mesmo intervalo de 2010.
"O resultado veio melhor do que as estimativas dos analistas porque a Marisa está conseguindo controlar a provisão para devedores duvidosos", diz o analista de varejo têxtil de uma corretora que não quis se identificar.
O que contrariou as expectativas dos analistas nos números do segundo trimestre da Marisa foi o resultado líquido da inadimplência (indicador que mostra a diferença entre a provisão de perdas e o crédito recuperado). Esse indicador foi negativo em R$ 41 milhões no período entre abril e junho, valor muito parecido ao apurado pela empresa nos primeiros três meses do ano, de R$ 40,3 milhões.
"O resultado da inadimplência foi ruim no primeiro trimestre, como efeito das medidas macroprudenciais que restringiram o crédito e sinalizaram uma desaceleração na economia", diz um analista do setor. "Esperávamos um segundo trimestre pior."
O viés negativo dos analistas era baseado, sobretudo, no ritmo acelerado de abertura de lojas. A empresa, hoje dona de 290 unidades, pretende encerrar o ano de 2011 com mais de 330 lojas. A explicação para as restrições dos investidores é que as novas lojas exigem investimentos de pessoal, mas demoram para "maturar" e representar receitas.
Os investidores, aparentemente, não aprovaram essa estratégia. As ações da Marisa caíram 18,04% desde o início do ano. Renner caiu 6,1%, enquanto Hering subiu 15% no período.

Empresa paranaense investe R$ 200 mi em logística
Folha 04.08.2011 - A paranaense Capital Realty, que constrói e depois aluga condomínios logísticos, centros de distribuição e imóveis sob medida, investe R$ 200 milhões em dois empreendimentos.
Em outubro, começam as obras de um condomínio logístico de 130 mil m2 de área construída em Curitiba (PR).
Com posto de combustível, lojas de conveniência e serviços, como borracharia e autoelétrico, o empreendimento vai receber R$ 160 milhões.
"O modelo de condomínios, usado com muito mais frequência no exterior, está crescendo no Brasil", afirma Rodrigo Demeterco, presidente da companhia.
A empresa também vai ampliar o condomínio logístico de Itajaí (SC), dos atuais 30 mil m2 para 54 mil, com investimento de R$ 40 milhões.
"A localização nos permite atender tanto o porto de Itajaí como o de Navegantes, regiões onde as importações têm tido forte expansão", diz.
Os investimentos serão feitos com recursos próprios, cerca de 30%, e com financiamento, segundo a empresa.
Em fase de projeto, a Capital Realty planeja ainda para este ano a construção de outro condomínio no Rio Grande do Sul, que deverá receber aporte de R$ 150 milhões.
"Com o avanço do consumo no país, a demanda por espaço de armazenagem cresceu. Antes, alguns mercados eram abastecidos só por caminhões. Hoje, é preciso um centro de distribuição. Grandes operadores logísticos mundiais passaram a operar no Brasil", diz Demeterco.

M. Cassab compra Barrera Pharma e amplia operação
Valor  04.08.2011 - O grupo M. Cassab adquiriu 100% do controle da Barrera Pharma, empresa de importação e exportação, que representa fabricantes de princípios ativos para a indústria farmacêutica. Segundo Gustavo Dosualdo, diretor da divisão farma e food da companhia, essa negociação elevou em 50% as operações da área farmacêutica do grupo.
Com atuação diversificada, em 15 áreas de negócios, desde químicas fina e industrial, nutrição humana, utilidades domésticas e brinquedos, o faturamento do segmento fármaco da M. Cassab saltará para US$ 70 milhões neste ano por conta dessa transação, afirmou Dosualdo.
A M. Cassab não possui laboratório próprio e nem pretende ter, disse o executivo. "Senão, passaríamos a concorrer diretamente com os nossos clientes, o que não faria o menor sentido", disse. A empresa passa a representar 18 fabricantes de princípios ativos de medicamentos, ampliando o leque de distribuição para seus clientes. A empresa ampliou a operação de distribuição de uma extensa linha de excipientes e princípios ativos, gerando sinergia na cadeia.
A aquisição permitiu à companhia participar de todos os elos da cadeia, disse Dosualdo. Segundo o executivo, a empresa passa a atuar desde a formulação de um novo produto, até o fornecimento dos serviços logísticos para atender à demanda de cada uma das matérias-primas relacionadas ao projeto de cada companhia. A M. Cassab identifica os parceiros ideais para cada matéria-prima e assessora seus clientes no desenvolvimento e registro do produto nos órgãos reguladores, em conjunto com os departamentos de pesquisa e de assuntos regulatórios.
Os clientes da Barrera Pharma, que até então adquiriam os produtos das empresas distribuídos por meio de importação direta, passam contar com compras locais. A M. Cassab também presta serviço de distribuição e armazenagem para seus clientes.
Com mais de 80 anos de história, a companhia é especializada na importação, distribuição, trading e produção de insumos para diversos segmentos.

Blanver acirra briga por medicamento
Valor  04.08.2011 - Sérgio Frangioni, diretor da Blanver: "Não descartamos fazer aquisições".
Depois de mais de três décadas atuando nos bastidores da indústria farmacêutica, o laboratório nacional Blanver começa dar os primeiros passos para conquistar seu espaço no mercado. A companhia começou a distribuir este ano para o governo federal o Tenofovir, medicamento para tratamento de pacientes com HIV e hepatite B.
Em parceria com a Fundação Ezequiel Dias (Funed), do governo do Estado de Minas Gerais, a Blanver faz parte de um seleto grupo de laboratórios que firmou parceria público-privada com o Ministério da Saúde para reproduzir medicamentos estratégicos aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O contrato para entrega dos primeiros lotes do antirretroviral destinados a pacientes do SUS começou a vigorar em maio e tem validade por cinco anos.
Há dois anos, o Ministério da Saúde anunciou programa de estímulo a farmacêuticas nacionais para transferência de tecnologia e produção de importantes medicamentos voltados para a saúde pública, cuja patente foi expirada.
Ao Valor, Sérgio Frangioni, principal executivo da empresa, afirmou que a companhia tem em seu "pipeline" outros dois medicamentos em desenvolvimento que deverão ser colocados no mercado a partir de 2012.
Fundada em 1980, a Blanver era um típico laboratório farmoquímico produtor de excipientes - que contempla todos os itens de um comprimido, exceto o princípio ativo. Fortemente dependente das importações de insumos, a empresa começou a diversificar seus negócios, uma vez que o câmbio comprometia as margens de seu negócio. Foi a partir dos anos 90 que a companhia começou a produzir, de forma terceirizada, medicamentos para outros laboratórios instalados no país.
Em 2007, a companhia decidiu comprar um pequeno laboratório da Biosintética, no Taboão da Serra, na Grande São Paulo, que se tornou o quartel-general da companhia. Desde então, o laboratório passou a se dedicar ao desenvolvimento de medicamentos próprios.Com faturamento em torno de R$ 200 milhões, a empresa é a terceira maior produtora de excipientes do mundo, atrás da americana FMC e da alemã JRS. A participação da companhia nacional nesse mercado é de 12%, mas Frangioni disse que a empresa busca avançar nesse setor, que movimenta globalmente, por ano, cerca de US$ 1 bilhão.
As exportações respondem por 40% dos negócios da Blanver. Segundo Frangioni, a empresa poderá crescer por meio de aquisições no mercado de excipientes. Nos Estados Unidos, a companhia já possui um escritório de distribuição. Parte desses excipientes também é comercializado para indústrias de alimentos, sobretudo de refrigerados. "Algumas substâncias são utilizadas em sorvetes", afirmou o empresário. Esse segmento, embora represente 5% da receita do grupo, tem um grande potencial de crescimento, principalmente na industrialização de produtos funcionais. De controle familiar, a empresa foi fundada pelo pai do empresário, que hoje preside o conselho de administração da companhia. O dia a dia do negócio é tocado por Frangioni e seus dois irmãos. "Mas temos uma gestão profissionalizada."

O Boticário investe 37% mais em produtos masculinos
Exame 04.08.2011 - Marca direcionou R$ 26 milhões para aquecer vendas do Dia dos Pais.
Embalada pela mudança dos hábitos de consumo masculino, a companhia fez um investimento de R$ 26 milhões em pesquisa, desenvolvimento de novos produtos e campanha publicitária para impulsionar a compra de cosméticos na época.
O valor superou em 37% os números injetados no mesmo período de 2010, quando R$ 19 milhões foram direcionados para a data.
Além do lançamento da fragrância Duo Malbec Nebbiolo – resultado da união das uvas Malbec e Nebbiolo –, a empresa terá nas lojas cinco edições limitadas de estojos das marcas Malbec, Coffee Man, Quasar, Galbe e Dimitri.
A campanha, assinada pela AlmapBBDO, foi lançada no último dia 24 e teve peças veiculadas em emissoras de televisão aberta e fechada, veículos impressos, outdoor, spot, web e mídia regional.
Junto com Natal, Dia das Mães e Dia dos Namorados, o Dia dos Pais é um dos quatro períodos mais lucrativos para a marca, e vem subindo no ranking. Apesar de ainda consumir cosméticos em uma escala bem menor do que as mulheres, os homens vêm se preocupando cada vez mais com o corpo e a beleza, não se restringindo à compra de perfumes.
Segundo uma pesquisa da Nielsen, do total de produtos de higiene e beleza consumidos no Brasil, 37% são voltados para homens, sendo que o Brasil já é o segundo maior mercado mundial de cuidados pessoais masculinos.

Drogasil será parâmetro de rentabilidade
Valor 04.08.2011 - A criação da Raia Drogasil, anunciada na terça-feira, levará os controladores da varejista a fazer ajustes na operação das redes. Não é uma fusão de negócios em situações opostas, mas também não chega a ser uma associação entre iguais em relação a alguns indicadores de desempenho.
Os executivos da nova companhia comentaram a questão ontem com analistas, que questionaram os ganhos de sinergia e as adequações necessárias a curto prazo. A Drogasil tem 57% do capital da empresa recém-criada e a Raia, 43%. O processo de integração dos negócios pode durar de um a dois anos, segundo as redes.
Devem ser tomadas medidas para ampliar a rentabilidade dos negócios da Raia, por meio da adoção de práticas que já existem na Drogasil, com margem Ebitda mais alta que na sócia. Além disso, ambas investem de forma acelerada e crescem rapidamente há anos, mas a relação entre receita bruta e despesas gerais, com vendas e administrativas é maior na Raia.
"Um dos nossos primeiros targets é fazer a nova empresa alcançar a rentabilidade da Drogasil, que esteve numa condição diferente de caixa da Raia", disse Cláudio Roberto Ely, presidente da Raia Drogasil. Enquanto na Raia a margem Ebitda foi de 4,1% em 2010 (cresceu 0,5 ponto no ano) e a relação lucro líquido e receita alcançou 0,1% nos dois últimos anos, na Drogasil a margem atingiu 6,9% e a relação lucro e receita sobe ano a ano e ficou em 4,3% em 2010.
Segundo relatório da Raymond James, "o negócio terá um efeito transformador para o varejo de farmácias no Brasil", sendo a primeira grande fusão desse segmento, e deve influenciar futuras aquisiçôes e fusões no setor. "Drogasil e Raia devem entregar o crescimento esperado, enquanto Raia tende a atingir margens semelhantes às nossas estimativas para a Drogasil, que apresenta hoje um melhor desempenho operacional."
Certas práticas relacionadas ao modelo comercial também devem ser alteradas nas duas companhias, na visão de especialistas em varejo. Enquanto a Raia tem trabalhado com grandes distribuidores de medicamentos, a Drogasil opera diretamente com os fornecedores, conforme comentários de analistas. "Não posso contar o que vamos fazer a respeito disso. Essas questões são estratégicas", diz Ely.
Já está definido que as bandeiras das redes permanecem em operação, visto que elas registram baixa sobreposição geográfica - no máximo 20% em bairros de grandes capitais -, e haverá uma estratégia de fortalecimento das marcas em públicos diferentes. Assim, se mantêm os patamares de venda por metro quadrado.
Ainda será estudado, quando a integração tiver avançado, a entrada da Raia Drogasil em novos Estados - inclusive por meio da aquisição de novas redes, afirmaram os executivos. A Raia Drogasil é dona de 8,3% do mercado. "Temos uma chance de ouro para criar dois negócios fortes em mercados não concorrentes e em crescimento", afirmou Antônio Carlos Pipponzi, presidente do conselho de administração da Raia Drogasil.
Em relatório, analistas do Credit Suisse dizem acreditar que há espaço para o fortalecimento da Drogasil como rede mais popular, enquanto a Raia seria focada num segmento mais premium. Pelos cálculos do BTG, segundo critério de menos de um quilômetro de distância, a sobreposição de pontos pode alcançar 130 unidades - algo que a empresa informa não ter calculado ainda.
Também não foram calculados os ganhos de sinergia. "O que posso dizer é que se formos fechar lojas, será algo seletivo e apenas se o ponto fechado transferir faturamento para a loja mais próxima", disse Eugênio De Zagottis, diretor de relações com investidores.
Pelo acordo, houve a incorporação da Raia pela Drogasil e cada ação da Raia será trocada por 2,29 papéis da Drogasil. Há uma pequena diferença entre o preço de fechamento das ações da Raia na terça (R$ 27,5) e o preço resultante de quase 2,3 ações da Drogasil (R$ 28,2), que implica um pequeno prêmio de 2% a favor da Raia.

Hypermarcas reverte perdas e sobe 1,5%
Exame 04.08.2011 - Investidores temiam que a companhia pudesse quebrar cláusulas financeiras e estavam receosos com os próximos resultados.
Após tombar 8,94% no decorrer do dia, as ações ordinárias da fabricante de bens de consumo Hypermarcas (HYPE3) reverteram as perdas e encerraram o pregão desta quarta-feira (3) com valorização de 1,55%, negociadas a 11,12 reais. A recuperação ocorreu após os títulos emitidos pela companhia receberem a recomendação de compra pelo BTG Pactual.
Em relatório obtido pela Bloomberg, os analistas do banco dizem que as especulações de que a companhia teria realizado ajustes financeiros irregulares para elevar o rendimento dos papéis não tem fundamento. A Hypermarcas também não está perto de quebrar cláusulas, acrescentaram.
Em grande parte do dia, as ações da empresa operaram em campo negativo, afetadas também pela expectativa de que os resultados do setor de consumo ficarão abaixo das estimativas. A Hypermarcas deve apresentar seu balanço no dia 15 de agosto.
O temor sobre os resultados ganhou fôlego após a Natura, maior empresa de cosméticos da América Latina, divulgar resultado abaixo do esperado pelo mercado no segundo trimestre, afetada principalmente por conta do crescimento menor nas vendas.
Na mínima do dia, os papéis da Hypermarcas atingiram recuo de 8,94%, negociados a 9,97 reais. Já na máxima, a valorização foi de 3,56%, cotados a 11,34 reais. O número de negócios chegou a 16.411, movimentando um volume financeiro de 212,86 milhões de reais.

Vale não fala português nas apresentações de balanço
Valor 04.08.2011 - Maria Helena, presidente da CVM: "Não há nada que a autarquia possa fazer".
Privatizada há menos de 15 anos, a Vale já não fala mais português quando apresenta seus resultados trimestrais. A companhia, que possui a matriz no país e é uma das mais negociadas na BM&FBovespa, compondo a maior fatia do principal índice da bolsa, mantém como rotina, quando divulga balanço, apenas uma conferência para analistas de bancos e consultorias, na qual só se fala inglês.
Entre os acionistas da Vale estão representantes do governo brasileiro, via BNDESPar, a empresa de participações do BNDES, que detém 6,7% do capital votante da companhia. Mas nem a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula o mercado de capitais, tem controle sobre esse tipo de postura. "Não é exigência legal, então não há o que a CVM possa fazer em relação a isso, ou que pretenda fazer", disse ontem a presidente da autarquia, Maria Helena Santana, durante evento para apresentação da Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef).
Segundo Maria Helena, as práticas de divulgação de resultados dependem do público ao qual a informação se destina. Segundo a assessoria de imprensa da Vale, a conferência com analistas só acontece em inglês porque essa se tornou a língua comum dos especialistas financeiros. Coletivas de imprensa, só no resultado anual, ou quando a companhia julga relevante. Jornalistas só podem acompanhar as conferências de analistas. Aos profissionais de imprensa não é dado o direito de fazer perguntas, nem mesmo em inglês.
Segundo Haroldo Levy, coordenador do Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado (Codim), as boas práticas de mercado apontam na direção oposta. Logo no seu primeiro pronunciamento, emitido em outubro de 2005, o comitê abordou o assunto. Na sexta prática, descrita no documento intitulado "Teleconferências", o Codim prega que "a companhia deve sempre realizar a teleconferência para o mercado brasileiro em português".
Ao conceituar "teleconferência", o Codim define o mecanismo como um meio utilizado para "fornecer acesso e interatividade de maneira ampla e irrestrita, entre os administradores e os públicos estratégicos (acionistas, analistas, investidores, mídia, dentre outros)". No mesmo pronunciamento, o comitê defende que toda teleconferência deve permitir o "acesso e a interatividade de todos os públicos estratégicos da companhia".
O código das melhores práticas do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) prevê como um dos seus quatro princípios elementares a transparência de informações a acionistas e analistas. Segundo a superintendente Heloisa Bedicks, se entende por transparência mais do que a mera obrigação de informar. Para ela, uma comunicação com os públicos de interesse tem de ser imbuída do "desejo que as partes têm de que as informações sejam disponibilizadas de maneira clara".
"Se faz em outra língua, ela não é clara", afirmou a superintendente do IBGC. "Se estamos falando de partes interessadas brasileiras, a língua no Brasil é o português. Então, faz parte das boas práticas de governança que seja utilizada a língua comum no país."
Procurada, a Vale informou que "ao tomar posse, em maio, o diretor-presidente, Murilo Ferreira, solicitou que fosse revista a conveniência de a conferência com os analistas, na divulgação de resultados, passar a ser feita também em português". "Em função do pouco tempo até a divulgação do resultado do segundo trimestre, a conferência foi mantida em inglês. Mas o assunto será rediscutido."
Na nota, a Vale diz ainda que o presidente da companhia "tem, desde que tomou posse, mantido encontros individuais com jornalistas de diversos veículos. Esse formato poderá ser revisto em função de oportunidades ou fatos relevantes que mereçam ser divulgados de forma coletiva à imprensa".

Na Justiça, os Schincariol reavivam divergências
Valor  04.08.2011 - A guerra dos Schincariol está declarada nos tribunais. Na tarde de ontem, o escritório de advocacia Mattos Filho, que representa os irmãos Adriano e Alexandre Schincariol, donos da Aleadri, controladora da fabricante de bebidas Schincariol, apresentou à juíza Juliana Bicudo, da 1ª Vara Cível da Comarca de Itu, uma notificação em resposta ao pedido de ação cautelar do escritório Teixeira Martins Advogados, que solicitava a suspensão da venda da Aleadri para a japonesa Kirin.
O Teixeira Martins representa os irmãos José Augusto, Daniela e Gilberto Schincariol, donos da Jadangil, que tem 49,55% da Schincariol. Os três são primos de Adriano e Alexandre que, com a Aleadri, são donos dos outros 50,45%, que acabam de passar para as mãos dos japoneses. A juíza deve tomar hoje a sua decisão, se acolhe ou não o pedido.
No pedido de ação cautelar, velhas feridas da família Schincariol vêm à tona. No documento, obtido pelo Valor, o escritório que representa os irmãos da Jadangil sustenta que José Nelson Schincariol, ex-presidente da companhia, morto em 2003, usou de um "ardil" para obter o controle da fabricante. Teria se aproveitado da pouca experiência do irmão Gilberto (pai de José Augusto, Daniela e Gilberto Júnior). "Homem de poucas letras e dedicado à produção de bebidas, [Gilberto] assinou a ata correspondente sem saber que com isto renunciou ao direito de preferência relativo à subscrição das ações que proporcionalmente lhe cabiam", diz o texto.
"Não havia disputa de poder entre os filhos do fundador Primo Schincariol, Nelson e Gilberto", diz uma fonte próxima à família. "Os problemas estão na atual geração, que não se conforma de ser minoritária no negócio e por várias vezes tentou recompor a divisão de ações entre 50% e 50%", afirma. De acordo com essa fonte, Primo Schincariol repassou para o filho mais velho, Nelson, o controle, porque foi ele quem deu novo impulso aos negócios da então pequena fábrica de bebidas.
A terceira geração dos Schincariol recebeu ainda em vida as ações de cada um dos herdeiros, Nelson e Gilberto. No centro da disputa, está um conglomerado de R$ 2,8 bilhões de vendas, segundo maior fabricante de cervejas do país, dono de 21 empresas - desde mineração à propaganda, passando por logística, restaurantes e franquias.
Para os filhos de Gilberto, os primos agiram com "má-fé e deslealdade", com "clara violação ao estatuto social da Schincariol". Isso porque o estatuto prevê os direitos de primeira oferta e de preferência na venda de ações da companhia. De acordo com esse entendimento, a Aleadri deveria ter oferecido suas ações primeiro para a Jadangil. Mas o estatuto não faz restrição explícita à venda da Aleadri ou da Jadangil. Foi dessa "brecha" que os irmãos Adriano e Alexandre se aproveitaram para transferir a sua parte na fabricante de bebidas.
Quando soube que a Aleadri estava à venda, a Jadangil enviou aos potenciais interessados - as cervejarias SABMiller, Heineken, Diageo e Kirin - uma notificação do que diz o estatuto da Schincariol. Segundo interlocutores que acompanharam o negócio, todas as pretendentes acabaram desistindo de fazer uma oferta, menos a Kirin.

Justiça de Itu pode vetar amanhã venda da Schincariol
Exame 04.08.2011 - A juíza da 1ª Vara de Itu, no interior paulista, deve julgar entre amanhã e sexta-feira um pedido de liminar feito pelos advogados dos acionistas minoritários da Schincariol, liderados por Gilberto Schincariol, que pedem a suspensão da venda da cervejaria para a japonesa Kirin. Os minoritários querem que a venda só seja decidida depois de manifestação da Justiça sobre a validade de uma cláusula de preferência de compra das ações dos sócios. Eles também pedem que todos os documentos referentes ao processo de venda dos 50,5% de seus primos Adriano e Alexandre Schincariol para a Kirin sejam apresentados.
Caso a juíza conceda a liminar, os japoneses não poderão ter acesso aos dados da empresa. Se a decisão for negativa, os advogados Roberto Teixeira e Cristiano Martins deverão recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo.

Reorganização acionária da Oi começa a esquentar
Valor 04.08.2011 - Depois da gritaria que houve nas três primeiras tentativas de reorganização societária do grupo Oi, parecia surpreendente a calmaria diante da quarta proposta apresentada pelos controladores no fim de maio.
Mas com a definição da relação de troca entre as ações, alguns fundos que são acionistas minoritários da Brasil Telecom começam a reclamar. Desde o anúncio de intenção de se realizar a operação, no dia 24 de maio, as ações da BrT tiveram desempenho bem melhor que o dos demais papéis do grupo Oi.
Antes do anúncio da relação de troca na segunda-feira, as ações de Tele Norte Leste Participações (TNLP) e Telemar Norte Leste (TMAR) tinham caído entre 19% e 25% desde 24 de maio, enquanto os papéis ordinários, com direito a voto, da BrT haviam recuado 9% e os preferenciais, sem voto, 14%.
A expectativa de que as ações da BrT fossem de alguma forma favorecidas na negociação final, no entanto, foi frustrada. E os papéis da Brasil Telecom caíram para reduzir esse descompasso.
O fato de o método do fluxo de caixa descontado e o e de múltiplos terem sido os mais frequentes até agora quando comitês independentes foram contratados para negociar relações de troca - como nos casos Vivo / Telesp, Sadia / Perdigão e Vale Fosfértil - teria motivado essa aposta nas ações da Brasil Telecom.
Agora, alguns minoritários questionam o uso da média da cotação de bolsa para definir o preço de conversão das ações e não querem que os controladores votem na operação, alegando conflito de interesses.
Na reorganização, restará apenas uma empresa do grupo Oi listada em bolsa, em vez de três, com duas classes de ações - uma ON e outra PN -, e não mais sete.
Há questionamento também sobre o fato de os acionistas da BrT não terem direito de recesso, ao contrário do que ocorre com investidores da TNLP e TMAR.
Conforme o Valor apurou, os comitês independentes contrataram assessores financeiros e teriam usado outros métodos de avaliação para calcular possíveis relações de troca, mas optaram no fim pelo valor de mercado, conforme havia sugerido a administração da companhia.
A documentação com o embasamento da decisão pelo valor de mercado será colocada à disposição dos acionistas, conforme prevê a regra da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), antes das assembleias em que serão votadas as diversas etapas da reorganização, e que devem ocorrer em meados de setembro.
Pela via de contestação administrativa, a tarefa dos minoritários da Brasil Telecom não será fácil, já que a diretoria da CVM acaba de reforçar o entendimento, ao julgar o caso Vivo/Telesp, de que o acionista controlador pode votar em incorporação de controlada, especialmente se adotar as recomendações do Parecer nº 35, emitido pela própria CVM, e que sugere o uso dos comitês independentes de negociação como salvaguarda para garantir o voto do acionista majoritário.
A seu favor, os descontentes têm um processo administrativo sancionador envolvendo a Vasp, julgado em 2000, em que o colegiado considerou ilegal o voto do controlador em uma assembleia que aprovou laudos de avaliação usados em incorporação de controladas. A decisão foi mantida em 2004 pelo Conselho de Recursos do Sistema Financeiro (Conselhinho).
Em relação ao direito de recesso, a legislação prevê apenas que os acionistas da empresa incorporada tenham direito de retirada nesse tipo de operação. Como é a Brasil Telecom que vai incorporar todas as empresas da cadeia - TNLP, TMAR e Coari - seus minoritários não têm essa opção.
Se pudessem exercer o direito, os acionistas teriam a chance de vender os papéis para a própria empresa por R$ 19,38, ante uma cotação em bolsa de R$ 13,08 para a ação ordinária e de R$ 12,11 para o papel preferencial.
Alguns minoritários da BrT argumentam que não é equitativo que apenas eles não tenham o direito de recesso, já que uma das empresas do grupo teria que assumir esse papel de incorporar as demais para que uma reorganização desse tipo fosse feita.
Há ainda o fato de ser uma incorporação reversa (já que a TMAR atualmente é a controladora indireta da BrT) e há o pleito de que o direito de recesso também deveria ser revertido, prevalecendo a essência sobre a forma.
Conforme o Valor apurou, o grupo avalia que não faria sentido usar deliberadamente o dinheiro da BrT para pagar um reembolso não exigido pela lei.
Frank Botman, sócio e presidente da gestora de recursos Cyrte, acionista minoritária relevante da Telemar (mas não da BrT), avalia que seus mais de 20 anos de carreira, nunca viu todas as partes concordarem sobre uma relação de troca. Mais importante do que isso, diz ele, é a criação de valor que a simplificação da estrutura acionária pode gerar grupo Oi. Para ele, a disputa entre controladores e fundos segura os papéis da empresa.

Eike Batista começa a produzir energia solar
Estadão 03.08.2011 - Usina de Tauá, no Ceará, terá capacidade para atender 1,5 mil residências. O empresário Eike Batista inaugura nesta quinta-feira, 4, em Tauá, na região conhecida como Sertão dos Inhamuns, no Ceará, a primeira usina de energia solar comercial do Brasil.
"Concluímos a montagem dos painéis solares da usina de Tauá", destaca o empresário em sua página no Twitter. "No total, são 4.680 painéis, de 18 quilos cada, que somam 84 toneladas, agrupadas numa área de 12 mil metros quadrados. Fabricados pela japonesa Kyocera, os painéis captam a luz do sol para a conversão em energia elétrica."
Chamada de MPX Solar Tauá, a usina, que já vem operando desde abril, funciona quase como um projeto piloto para voos mais altos nesse segmento. Possui capacidade de gerar um megawatt (MW), o suficiente para abastecer 1,5 mil residências.
A MPX Solar já obteve autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Superintendência Estadual de Meio Ambiente do Ceará (Semace) para expandir sua capacidade até cinco megawatts. O investimento no projeto é de R$ 12 milhões, com apoio do Governo do Estado, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Prefeitura de Tauá.
"Tauá concorre para ser eleita uma das 100 mais importantes iniciativas de economia verde da última década. O Livro Verde do Século XXI, publicação do Conselho Euro-Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (Eubra) e da agência Organização das Nações Unidas Habitat, reunirá 350 casos de sucesso em todo o mundo, entre eles, o da nossa usina. Se o empreendimento for eleito como uma das 100 melhores práticas, ganhará destaque na publicação", aposta Eike.
Sem Dilma. A solenidade de inauguração da usina não contará com a presença da presidenta Dilma Rousseff nem do governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), como estava previsto. Representando a presidente vem o ministro das Minas e Energia, Edson Lobão e o governador será representado pelo vice, Domingos Filho (PMDB).
O presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), Zuza Oliveira, por meio de nota à imprensa, informa que a MPX Solar vai trabalhar além do desenvolvimento de montagem de painéis solares com extração de quartzo, silício e fabricação de células fotovoltaicas. "Com isso vamos garantir uma redução do valor pago pela energia solar de aproximadamente R$ 500 para R$ 140 o megawatt/hora, que é o valor comercial para fontes como a hidrelétrica."
O processo de produção começa com a luz solar incidindo sobre estes painéis, que são responsáveis pela transformação da radiação em energia. A energia elétrica é então conduzida por cabos até caixas de controle e monitoramento. Após concentrada, toda essa energia é enviada por cabos subterrâneos para uma sala onde ocorre a transformação da energia de corrente contínua para corrente alternada.
Tauá, localizada a 360 quilômetros de Fortaleza, foi escolhida para sediar a usina porque possui os melhores índices solares do Nordeste. O município está bem próximo à Linha do Equador. O Ceará é, por enquanto, o único Estado brasileiro a possuir uma legislação exclusiva para a energia solar, informa Zuza Oliveira.

BNDES cria programa para petróleo e gás
Valor 04.08.2011 - Os fornecedores da indústria de petróleo e gás, incluindo pequenas e médias empresas, passarão a ter mais facilidades no acesso a crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Esses fornecedores também contarão com condições financeiras diferenciadas oferecidas pelo banco, que anunciou programa com orçamento de R$ 4 bilhões, válido até 31 de dezembro de 2015, para apoiar o desenvolvimento do setor.
A iniciativa busca resolver problemas tradicionais dos fornecedores da indústria de petróleo, como dificuldade de crédito, elevado custo de capital e acesso à tecnologia de ponta. Outro objetivo do Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia de Fornecedores de Bens e Serviços Relacionados ao Setor de Petróleo e Gás (BNDES P&G) é aumentar o conteúdo local de bens e serviços fornecidos às indústrias naval e de petróleo.
Inserido na nova política industrial, o Plano Brasil Maior, o programa foi bem recebido pelo empresariado, embora haja o reconhecimento de que, com os juros praticados no Brasil, continua sendo difícil concorrer com fornecedores da Europa e da Ásia.
Cesar Prata, presidente da Câmara Setorial de Equipamentos Navais e Offshore da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), disse que a iniciativa é boa, mas afirmou que a pressão sobre o fabricante nacional vem do concorrente externo, que financia a produção com juros bem mais baixos em relação às taxas no Brasil.
Elói Fernández, diretor-geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), considerou "certa" a direção do programa do BNDES. Citou como positivo o fato de o programa financiar a inovação, com juros de 4,5% ao ano, e de os benefícios poderem ser estendidos ao longo da cadeia produtiva por meio de operações das chamadas "empresas-âncora" (receita operacional bruta anual acima de R$ 90 milhões).
A partir de um plano de desenvolvimento de fornecedores, essas empresas tem que direcionar, no mínimo, 30% dos recursos do financiamento aos fornecedores e subfornecedores. Fernández disse, porém, que ainda não ficou claro o alcance da nova política industrial em relação a aspectos importantes para toda a cadeia da indústria de petróleo, como desoneração de encargos e de investimentos.
Ricardo Cunha, chefe do departamento da cadeia produtiva de petróleo e gás do BNDES, disse que um financiamento dentro do programa envolvendo a compra de bens de capital, em projeto de ampliação ou modernização, tem custo de até 9,04% ao ano, no caso de uma empresa-âncora ou de pequena ou média empresa. O custo considera TJLP mais 0,5% e até 2,54% de spread de risco.
O custo é inferior ao de um financiamento semelhante pelas linhas Finem, do BNDES, que pode chegar a 10,47% ao ano. A participação do banco no financiamento foi ampliada dentro do programa, atingindo entre 80% e 90% (percentual válido para pequenas e médias empresas).
Para Cunha, a principal vantagem do programa está na "flexibilidade" de acesso ao crédito. Ao invés de olhar a estrutura patrimonial na hora de conceder o financiamento, o BNDES vai se concentrar mais no faturamento e poderá tomar como garantia do empréstimo o contrato que o fornecedor tem com a indústria de petróleo.

Taboca estabiliza produção para depois crescer
Valor 04.08.2011 - A expectativa era já ter concluído a estabilização da produção; investimos agora para ganhar competitividade", diz João Serafim, presidente da Taboca.
Após cerca de dois anos e meio da compra da mina de Pitinga, na Amazônia, o grupo peruano Minsur - por meio de sua subsidiária brasileira, a Mineração Taboca - ainda não conseguiu concluir o processo de estabilização da produção de seus principais minérios: estanho, nióbio e tântalo. "A expectativa era de que já tivéssemos concluído essa etapa. Estamos investindo na melhoria das operações para ganhar competitividade", afirmou ao Valor João Serafim da Silva, presidente da Mineração Taboca.
Desde quando comprou as operações da Paranapanema na Amazônia, em 2008, a empresa vem registrando uma queda na produção de estanho, ao mesmo tempo que não conseguiu melhorar a produção de nióbio e tântalo. Com algumas dificuldades técnicas, hoje a empresa produz um pouco mais de 2 mil toneladas de estanho e 2 mil toneladas de ligas de nióbio e tântalo. O estanho representa cerca de 60% da produção da empresa.
Enquanto o estanho é utilizado principalmente na fabricação de soldas e folhas de flandres (chapas de aço estanhado) e na indústria eletrônica, o nióbio é utilizado na produção de aço e o tântalo na indústria de tecnologia.
Praticamente sem expandir as operações, Silva estima que até o fim de 2012 a empresa terá uma capacidade de 12 mil toneladas de estanho e 6 mil toneladas de ligas. Esse resultado deve ser originado apenas do esforço de tornar as operações já existentes mais produtivas. "Nos últimos dois anos e até o fim de 2011, os investimentos vão somar R$ 300 milhões nesses três produtos", afirmou o executivo. "A Minsur comprou a mina com uma série de dificuldades operacionais. Seguimos rotas em Pitinga que tecnicamente não foram as melhores e estamos revendo", completou.
Entre as dificuldades técnicas vivenciadas pela empresa está o reprocessamento dos rejeitos da exploração da mina (cuja duração é de cerca de 25 anos). A Taboca havia calculado que tinha uma reserva de rejeito de 5 a 6 anos. Mas, ao realizar estudos mais detalhados, percebeu que suas reservas são menores. Agora, a companhia estuda evoluir a exploração em rocha da mina, deixando de focar apenas no reprocessamento dos minérios.
A Mineração Taboca tem duas unidades. Em São Paulo, com capacidade de 12 mil toneladas, a metalurgia trabalha o concentrado de cassiterita que chega da mina e o transforma em estanho refinado. A unidade de Pitinga - no município de João Figueiredo (AM) -, por sua vez, processa o nióbio e o tântalo e tem capacidade de 3 mil toneladas de ligas. Essa operação deve ser ampliada, com a compra de um terceiro forno.
A estratégia do grupo controlador é expandir seus negócios no Brasil a partir do próximo ano. Em 2010, a Taboca faturou US$ 80 milhões. Para este ano, espera resultado semelhante. Para 2012, no entanto, as expectativas já apontam para crescimento.
A empresa está em fase de conclusão de um estudo de reserva, que vai definir o que a mina pode oferecer. Daí podem surgir novos minérios com viabilidade econômica de produção. Além disso, está no radar da companhia expandir sua produção no Amazonas. Mas a disponibilidade de energia no local é restrita, já que a operação é abastecida por apenas uma hidrelétrica, da própria Taboca. Sem viabilidade para expandir a hidrelétrica, o executivo estuda construir uma unidade industrial de transformação mineral na região próxima a Manaus, o que faria com que sobrasse energia em Pitinga, para uma possível expansão. A empresa negocia com o governo a garantia de energia elétrica para o novo empreendimento.
A produção de estanho no Brasil é bem concentrada. A Taboca é o único participante grande do mercado. O país é o quarto no ranking das maiores reservas do mundo.

Empresa avalia comprar mais ações da Usiminas
Valor 04.08.2011 - Em conferência de apresentação de resultados a analistas e investidores, executivos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) disseram que a empresa continua "avaliando alternativas" em relação a seu investimento na Usiminas.
O diretor de finanças e de relações com investidores, Alberto Monteiro, disse que a empresa continua estudando adquirir ações. "Estamos avaliando alternativas em relação a esse investimento, inclusive aquisições adicionais de ações", disse em resposta ao questionamento de um analista sobre as aquisições neste mês.
A CSN já alcançou 10,84% das ações ordinárias (com direito a voto) e 10,2% dos papéis preferenciais (sem voto) da Usiminas. O diretor, no entanto, não quis dar detalhes sobre o assunto. "Queremos manter [em silêncio] questões de estratégia de aproximação com o grupo", ressaltou.
Ontem, o presidente da Usiminas, Wilson Brumer, também foi questionado sobre a investida da CSN e evitou fazer comentários. "Prefiro não discutir as estratégias da CSN", afirmou o executivo durante evento com jornalistas sobre os resultados do trimestre.
Brumer diz que não há fato novo em relação ao tema, repetindo que as compras da CSN se dão fora do bloco de controle. A Usiminas é controlada pela Nippon Steel e pelos grupos brasileiros Camargo Corrêa e Votorantim, além do clube dos empregados da empresa.

Herdeiros brigam há 23 anos pela Plamin
Valor 04.08.2011 - É uma briga antiga. Envolve quatro irmãos, herdeiros de uma fortuna em ativos em Minas Gerais e no Rio. A riqueza maior está debaixo da terra: os direitos minerários de uma região rica em minério de ouro e em minério de ferro na cidade de Mariana, região central de Minas, que já despertaram interesse da Vale e de uma siderúrgica chinesa. A disputa familiar, no entanto, teria atrapalhado os negócios. Hoje, depois de 24 anos sendo travada nos tribunais mineiros, essa guerra pode chegar ao fim, numa audiência de conciliação cercada de cuidados e expectativa.
Walter Rodrigues Filho, Roberto, Suzana e Izabela Rodrigues são os filhos e herdeiros de Walter Rodrigues, antigo dono da holding Companhia Minas da Passagem. Morto em 1984, ele deixou para os quatro, além das minas, imóveis em Mariana e no Rio - incluindo uma cobertura no Leblon. Sob a holding, estão a CMP Ferro e a Passagem Mineração (Pamin) - que possuem os dois principais direitos minerários dos Rodrigues.
A Vale pagou, em 2010, R$ 160 milhões pela compra dos direitos da primeira, mas a pedido das irmãs, que alegavam temer não receber a parte que lhes caberia como herdeiras, o dinheiro foi depositado em juízo até que a disputa judicial seja encerrada.
Também no ano passado, as duas obtiveram uma liminar que impedia a venda dos direitos minerários da Passagem Mineração. O alvo era a chinesa Wuhan Iron & Steel (Wisco), que segundo a prefeitura de Mariana, estaria interessada em comprar a mina. O negócio, segundo se especulou na época, envolveria investimentos na região de US$ 5 bilhões.
A reserva medida de minério de ouro nas terras da família é de 11 mil toneladas, com teor de 0,0004%. O que é considerado muito pouco. A quantidade de minério de ferro, segundo números citados pela defesa das irmãs, seria bem mais importante, de 750 milhões de toneladas. A mina está desativada há décadas; uma pequena parte é aberta ao turismo. A história da Mina da Passagem se mistura com da cidade de Mariana. Os primeiros registros de exploração organizada de ouro na área datam de 1719.
No centro da briga está a partilha dos bens. Embora os quatro sejam herdeiros, Suzana e Izabela acharam por bem por resolver na Justiça a divisão do patrimônio. A briga tornou-se pública em 1987, quando elas entraram com ação pedindo a dissolução da sociedade com os dois. A disputa se arrasta desde então.
Numa audiência de conciliação marcada para hoje às 16h, o desembargador Osmando Almeida, presidente da 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, tenta convencer os irmãos de que é melhor chegarem a um acordo. A iniciativa de Almeida de tentar a conciliação é algo incomum na Justiça mineira, particularmente em se tratando de um processo já em segundo instância. "Se eu tiver êxito, vou conseguir uma glória na minha vida", diz o desembargador.
Suzana e Izabela querem, desde a morte do pai, desfazer a sociedade com os irmãos para depois vender as empresas. Após a ação de 1987, vieram outras, até que em 1992 parecia que finalmente haviam chegado a uma trégua: as partes assinaram um acordo para dividir o patrimônio e posteriormente acabar com as empresas, conta a advogada das duas irmãs, Renata Vilela, do escritório Vilela & Vilela. O acordo, no entanto, nunca saiu do papel, acrescenta Renata. E a briga continuou a tal ponto que somente no ano passado, desde 1992, uma das irmãs - Izabela, que é formada em psicologia - ocupou a presidência do conselho, amparada por medida judicial, segundo informou Vilela.
Procurado pelo Valor, o escritório de advocacia que representa as empresas na disputa com Suzana e Izabela disse não ter "autorização dos clientes para transmitir informações processuais", respondeu por e-mail a advogada Isadora de Assis e Souza, do escritório Humberto Theodoro Júnior Advogados Associados.
O desembargador Almeida está animado. "A partir do momento que as partes aceitaram comparecer, demonstram boa vontade na busca de alguma saída." Caso não cheguem a um acordo, a disputa vai a julgamento.

BTG
Folha 04.08.2011 - O BTG Pactual vai se reunir com o Citic, um dos mais importantes bancos de investimentos na China, em um fórum, que será fechado para convidados, hoje em Pequim. Serão discutidas oportunidades de investimentos no mercado brasileiro.
China Participam o economista-chefe do BTG Pactual, Eduardo Loyo, Carlos Sequeira, estrategista para o Brasil, Edmo Chagas, analista-chefe de matérias-primas, e Luiz Medina, responsável pela divisão de agricultura na área de "investment banking".

Chineses ameaçam retaliar importações brasileiras
Valor 04.08.2011 - As relações entre China e Brasil relativas ao comércio internacional de celulose e papel azedaram nos últimos meses e agora atravessam um momento crítico. A indústria chinesa de papel ameaça reduzir as compras de celulose brasileira e responder com a abertura de um processo de investigação por dumping, no caso dos preços da matéria-prima, se o país mantiver as medidas que estão dificultando a importação do produto asiático ou iniciar alguma ação antidumping na área.
Pelo menos quatro grandes papeleiras, representadas pela China Paper Association, já levaram suas queixas ao governo chinês e prometem reagir duramente ao fim da licença automática para importação de papéis produzidos na Ásia e à obrigatoriedade do certificado de origem, que passou a ser exigido pelo Brasil no primeiro semestre. Além disso, os chineses temem que o Brasil esteja avaliando medidas similares às adotadas por Estados Unidos e Europa, que impuseram elevadas tarifas antidumping sobre as importações de papel revestido asiático.
A ameaça de substituição de fornecedores de celulose teria incomodado a indústria brasileira em razão do tamanho do apetite chinês. Maior produtor mundial de papel, com mais de 90 milhões de toneladas anuais dos diferentes tipos, a China colocará em operação, até 2015, novas linhas de produção com capacidade total para mais 35 milhões de toneladas por ano, sem investimentos significativos para a produção local de matéria-prima. Além disso, o país asiático, que não tem tradição em celulose, é o principal comprador individual da fibra de eucalipto produzida no Brasil, absorvendo cerca de 2 milhões de toneladas anuais.
Por outro lado, um eventual pedido de investigação de dumping não teria assustado os produtores brasileiros de celulose em razão de a matéria-prima ser negociada como commodity, com formação de preços internacional e estabelecimento de cotações em três mercados de referência: América do Norte, Europa e Ásia. Nessa última região se pratica o menor preço de referência, porém os valores são seguidos por toda a indústria mundial de celulose.
De acordo com o principal executivo da APP China, Rui Zheng, as fabricantes chinesas - APP, April (com sede na Indonésia), Sun Paper e Chenming - não entendem as motivações do governo brasileiro ao exigir o certificado de origem do papel produzido na Ásia, especialmente China e Indonésia, para liberar importações. Há dois meses, Zheng esteve em Brasília para encontros com técnicos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), acompanhado de representantes das embaixadas da China e da Indonésia, e não saiu satisfeito.
"Foi um pouco promissor", afirmou o executivo, que se prepara para assumir o escritório da APP na Áustria. "Estamos tentando a via do diálogo, mas estão nos forçando a adotar medidas mais drásticas." Para acompanhar de perto o desenrolar das negociações, a companhia, que tem sedes e operação na China e na Indonésia, chegou a contratar um lobista em Brasília. Na China, estreitou relações com o Ministério do Comércio (Mofcom), que estaria apoiando a reação das papeleiras. "Não praticamos dumping ou qualquer outra irregularidade", defende.
Segundo fonte da indústria brasileira, o maior rigor na liberação das importações do produto asiático veio na esteira do crescente desvio de papel isento de impostos (o chamado papel imune) para finalidades que não as previstas em lei - impressões educacionais e culturais. Atualmente, cerca de 95% do papel importado que entra no país recebe essa classificação e a maior parte - ou mais de 600 mil toneladas por ano - seria desviada para uso ilegal. Ao não recolher impostos, o produto chega ao consumidor final com diferença de preços de até 40%. Os protagonistas dessas operações, conforme a indústria, seriam justamente os papéis dos tipos imprimir e escrever e cartão oriundos da Ásia.
Em São Paulo, a Secretaria da Fazenda apertou o cerco contra operações ilegais com papel imune e aplicou mais de R$ 100 milhões em multas. Procuradas, Fibria, Suzano Papel e Celulose e Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) não se pronunciaram sobre o assunto.

Com perda de 19% no ano, Ibovespa se aproxima dos 55 mil pontos
Valor 04.08.2011 - A esperança de uma recuperação da bolsa brasileira neste ano fica cada dia mais distante. O ambiente internacional sofre um processo de deterioração e atinge em cheio a confiança do investidor. Estados Unidos e Europa fraquejam e quem mais apanha são os mercados de países emergentes, no qual o Brasil se insere com força.
Hoje os investidores viveram momentos de pânico e, ao que tudo indica, há resistência do estrangeiro e do próprio brasileiro em se apegar às pechinchas do mercado brasileiro.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) chegou a perder 3,6% na mínima do dia (55.249 pontos) e seu principal índice chegou a operar  abaixo dos 56 mil pontos. As perdas foram amenizadas ao longo do pregão, mas, ainda assim, o Ibovespa encerrou com desvalorização de 2,26%, aos 56.017 pontos, menor patamar desde 3 setembro de 2009 (55.707). Esta foi a terceira queda seguida da Bolsa, período que conta com baixa de 4,8%.
A queda percentual diária foi a segunda maior do ano, atrás apenas da registrada em 9 de fevereiro (-2,36%). O giro financeiro atingiu expressivos R$ 8,275 bilhões. No ano, o índice já acumula perda de 19,2%.
No mercado americano, as bolsas chegaram a perder mais de 1%, mas conseguiram inverter o rumo de forma definitiva ao fim da sessão. Após oito baixas seguidas, o índice Dow Jones subiu 0,25%. Já o Nasdaq avançou 0,89% e o S&P 500 ganhou 0,50%.
Apesar de os mercados americanos passarem por um momento de teste que pode indicar uma trajetória de baixa, depois dos ganhos acumulados no primeiro semestre, a volatilidade hoje foi pequena.
O VIX, que mede a volatilidade das opções na bolsa americana e é visto com um termômetro do medo do mercado, caiu 5,69%, para 23,38 pontos. Vale lembrar que, em outubro de 2008, ele ficou próximo dos 80 pontos.
Nesta jornada, o movimento técnico ganhou força novamente, com a perda de suportes importantes nas bolsas de Nova York e de São Paulo. O nível de tensão cresceu e houve um movimento de “stop loss”, com investidores desmontando posições na tentativa de reduzir perdas.
Naturalmente, os fundamentos também não ajudaram. Desde a aprovação do plano americano para aumentar o teto do endividamento cresceu a percepção de que o ajuste nas contas do país contribuirá para a desaceleração mundial.
Sem estímulos nos Estados Unidos, os dados econômicos, que já estavam enfraquecidos, podem caminhar para uma piora. E, na Europa, a crise da dívida desperta mais preocupações na Itália e na Espanha, onde os custos das dívidas só crescem.
Além disso, ainda paira no mercado americano a preocupação de um rebaixamento da nota por agências de classificação de risco.
A agenda do dia teve números mistos nos EUA, mas são os indicadores negativos que têm chamado mais atenção. Depois da frustração com a leitura preliminar do PIB do segundo trimestre e com o desempenho da indústria em julho, hoje foi a vez de a atividade do setor de serviços decepcionar.
Ibovespa x S&P 500: Ao comparar a trajetória do Ibovespa com o do índice americano S&P 500, o sócio da consultoria Wagner Investimentos, Milton Wagner, ressalta que, de setembro de 2010 até este momento, o índice americano estava em tendência de alta.
“Neste momento, a bolsa americana está começando a sinalizar para a possibilidade de também entrar num ciclo de baixa”, diz.
Wagner avalia que, para tentar solucionar o problema da economia, os Estados Unidos só têm uma resposta: derrubar o preço do dólar, o que deve prejudicar ainda mais o andamento da Bovespa.
“Se o investidor já estava desanimado no Brasil com o mercado americano subindo, como ele vai se comportar com sua queda?”, questiona. “O mercado em baixa e descontrolado leva o investidor a certo desespero, que começa a vender ativos a qualquer preço.”
Em condições normais, Wagner observa que o Ibovespa poderia ter uma leve recuperação, em direção aos 59 mil pontos, para então voltar a cair. “Mas se a situação continuar como está, em alguns meses o índice pode chegar aos 50 mil pontos. A tendência é claramente de baixa”, frisa o especialista, que se baseia em um modelo quantitativo que consegue captar o posicionamento dos grandes investidores em mais de 50 ativos ao redor do mundo.
Empresas: A maioria das ações do Ibovespa contribuiu para sua baixa. Dentre as “blue chips”, Vale PNA, que chegou a cair 5,4% na mínima do dia, recuou 2,65% (R$ 43,61); Petrobras PN, que teve baixa de 3% na mínima, cedeu 2,96% (R$ 22,29); e OGX Petróleo, que chegou a desabar, ao recuar 8,4%, teve desvalorização de 4,38% (R$ 12).
Destaque negativo ainda para Braskem PNA (-6,43%, a R$ 16,15), MMX ON (-7,14%, a R$ 7,28) e Gol PN (-8,13%, a R$ 10,84).
Já entre as poucas altas figuraram Hypermarcas ON, que chegou a cair 9% na mínima, mas fechou com ganho de 2,19%, a R$ 11,19. Além disso, Cielo ON subiu 0,68%,a R$ 43,8, e Ambev PN se apreciou em 0,54%, a R$ 46,45.
Fora do Ibovespa, destaque para Droga Raia ON (2,76%, a R$ 28,26) e Drogasil (2,43%, a R$ 12,6), após o anúncio definitivo da fusão.

Governo propõe mudar regras de acesso à internet
Folha 04.08.2011 - Ministério quer que Anatel acabe com contratação de provedor na banda larga.
Companhias afirmam que a mudança levará empresas à extinção e favorecerá concentração do setor. O Ministério das Comunicações quer que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) autorize as teles fixas a vender banda larga sem a contratação do provedor de acesso. O provedor só existiria em conexões discadas. A recomendação foi dada na semana passada ao presidente da agência, Ronaldo Sardenberg, e há a expectativa de que a proposta seja votada hoje pelo conselho diretor.
A medida afetaria cerca de 6.500 provedores, que temem ser aniquilados pelas concessionárias, que hoje já detêm 83% do mercado.
A Folha teve acesso aos documentos elaborados pelo ministério e às correspondências enviadas ao presidente da Anatel.
A ideia é mudar a categoria dos serviços prestados pelo provedor. Hoje o provimento é serviço de valor adicionado, sobre o qual incide ISS (Imposto Sobre Serviços), que varia de 2,5% a 5%. Com a mudança, os provedores fariam serviço de telecomunicação, recolhendo ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), em média, de 25%.
"É um absurdo. Caso seja levada adiante, essa mudança vai exterminar uma cadeia de valor", diz Eduardo Parajo, presidente do conselho da Abranet, associação que representa os provedores.
Histórico: As regras vigentes para os provedores de acesso surgiram em 1995, quando a maior parte das conexões ainda era discada. O objetivo era estimular a competição com o surgimento de pequenos e médios provedores.
A queda de braço entre as teles fixas e os provedores independentes de internet se acirrou depois que as TVs a cabo e as teles celulares passaram a oferecer banda larga sem o provedor.
Entre esses provedores independentes estão a Globo.com e o UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha.
O parecer do ministério informa que não há necessidade de provedor no acesso à banda larga, somente nas conexões discadas.
Hoje, as teles fixas vendem acesso por meio de empresas específicas, como o Terra, da Telefônica, e o iG, da Oi.
Pelas regras, elas são obrigadas a dar condições isonômicas de uso de sua rede a todos os provedores independentes. Com as mudanças, no entanto, os provedores consideram que essa isonomia ficará ameaçada.
Para evitar distorções no mercado, o ministério propõe que os pequenos provedores se tornem "revendedores" credenciados das teles.

Montadoras terão IPI zero até 2016
Estadão 03.08.2011 - MP beneficia empresas que aumentarem o conteúdo nacional e atende à indústria preocupada com importação de carros chineses e coreanos.
A indústria automobilística instalada no Brasil, composta exclusivamente de multinacionais, foi escolhida para receber o mais longo benefício da política industrial da presidente Dilma Rousseff.
Medida Provisória publicada nesta quarta-feira, 3, vai permitir ao governo zerar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para as empresas que aumentarem o conteúdo nacional, elevarem investimentos e produzirem veículos inovadores. Hoje, a alíquota máxima de IPI é de 25%. O benefício vai durar até julho de 2016.
Segundo fontes da indústria automobilística, os veículos não vão ficar mais baratos, a exemplo do que ocorreu de dezembro de 2008 a março de 2010, quando o governo reduziu o IPI para incentivar o consumo durante a crise internacional. Pela nova medida, o governo vai abrir mão de parte da sua arrecadação, desde que a empresa apresente um projeto que envolva melhoria de competitividade.
"O dinheiro será carimbado, ou seja, a empresa só poderá se beneficiar se tiver um projeto aprovado pelo governo", diz um executivo do setor. Ele ressalta, contudo, que as regras do plano, como porcentuais de redução e que tipo de projeto pode ser beneficiado, não estão definidas.
O estímulo inclui carros de passeio, comerciais leves, caminhões, tratores e ônibus, e não se aplica a empresas de autopeças.
Segundo Fernando Mombelli, coordenador-geral de Tributação da Receita Federal, "a medida do setor automotivo busca propiciar melhoria das condições competitivas dos fabricantes nacionais, concedendo benefício condicionado a certos requisitos".
Chineses. A medida atende a um forte lobby das montadoras, que estão preocupadas com as importações dos automóveis coreanos e chineses. Como não há muito espaço para o uso de medidas de defesa comercial para conter as importações, os fabricantes pressionaram o governo para obter incentivos fiscais para carros "genuinamente brasileiros".
A proposta da própria Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) sugere desoneração tributária para carros que atendam a índice de pelo menos 60% de componentes vindos do Mercosul.
A Argentina, vista pelo setor como um mercado complementar ao brasileiro, continua sendo o principal fornecedor de carros importados para o Brasil, mas já tem perdido mercado para os coreanos e chineses.
Embora a participação chinesa ainda seja inexpressiva, a Anfavea antevê que, em cinco anos, a presença dos carros chineses será "violenta" – nas palavras de uma fonte do setor – e atingirá o principal nicho das montadoras brasileiras, que são os carros mais populares. Por outro lado, o governo quis acabar com a concessão de incentivos "gratuitamente". Por isso, desta vez, foi colocada uma contrapartida para forçar a indústria a inovar e tornar o País um polo de engenharia automotiva. Técnicos dos Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio preparam as linhas do programa, como o porcentual de conteúdo nacional e as alíquotas de IPI. Não há prazo para a publicação de um decreto com as regras.
No primeiro semestre, de um total de 1,73 milhão de veículos vendidos no País, 390 mil (22,4%) foram importados, a maioria pelas próprias montadoras. As marcas que não produzem localmente trouxeram 90,4 mil automóveis no período.
Nas últimas semanas, algumas das marcas importadoras, especialmente as chinesas, anunciaram projetos de construção de fábricas no Brasil. A Chery está construindo uma unidade em Jacareí (SP), com investimento de R$ 640 milhões. A JAC Motors procura área para uma fábrica que terá aportes de R$ 900 milhões, metade bancado pelo empresário brasileiro Sérgio Habib.

MP eleva IPI para cigarros e Cofins sobre importações
Valor 04.08.2011 - Sandro Serpa: a carga tributária da indústria de cigarros é hoje de 60%, o que correspondeu a R$ 6 bilhões em 2010.
Três dos quatro setores beneficiados com desoneração da folha salarial terão, além desse, outro ganho de competitividade em relação aos concorrentes importados. A Medida Provisória 540, editada ontem como parte do Plano Brasil Maior, eleva de 7,6% para 9,1% a Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidente sobre importações de móveis, produtos têxteis e calçados. Também subirá a tributação sobre cigarros nacionais, em função de mudanças no regime do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor.
Em nenhum dos casos, o objetivo é conseguir receita para compensar, ainda que parcialmente, as desonerações tributárias do plano, calculadas em R$ 24,5 bilhoes até fim de 2012, disse o subsecretário de tributação da Receita Federal do Brasil, Sandro Serpa.
O impacto do aumento da Cofins, por exemplo, é estimado em apenas R$ 2 milhões em 2011. Para 2012, será maior, até porque pegará o ano inteiro, ainda assim irrelevante frente ao tamanho das renúncias fiscais.
O impacto das mudanças do IPI sobre cigarros vai depender de decisão ainda a ser tomada pelo governo em relação às novas alíquotas, na regulamentação da medida provisória.
Atualmente, os fabricantes não pagam um percentual sobre o preço de venda do produto e sim um valor por carteira, que vai de R$ 0,76 a R$ 1,35, conforme o tipo de cigarro (são seis as classes fiscais).
Esse regime, exclusivamente de alíquotas "ad rem", vai acabar, anunciou o subsecretário. A partir de novembro, as empresas pagarão 45% sobre o preço final do produto ou optarão por um regime especial, que combinará a antiga forma de tributação com alíquotas "ad valorem", ou seja, em forma de percentual sobre o preço. As que não optarem pelo regime especial até fim de outubro, serão automaticamente enquadradas no regime geral (alíquota de 45% apenas). A parte "ad rem" do IPI, no regime especial, será no mínimo de R$ 0,80 por carteira de cigarro. Já a alíquota percentual chegará no máximo a 15%. O tributo será a soma das duas. Os limites estão estabelecidos na MP.
Serpa informou que a carga tributária do setor é atualmente de 60%, o que correspondeu a R$ 6 bilhões em 2010, somando IPI, Cofins e o ICMS (imposto estadual). Na hipótese de todos os fabricantes ficarem no regime geral, a carga subiria para 81%, disse ele, passando a R$ 8,1 bilhões ano a preços do ano passado. No limite, portanto, o governo poderia ter um aumento de arrecadação de R$ 2,1 bilhões. Mas Serpa explicou que isso não acontecerá pois o regime especial representará tributação menor que o geral, levando as empresas a aderir.
A Souza Cruz, líder do mercado de cigarros no Brasil, soltou nota sobre a nova tributação, em que vê "pontos positivos" e em que critica a alta tributação no segmento: "Em relação à Medida Provisória 540, de 2 de agosto de 2011, a Souza Cruz entende que há pontos pontos positivos no sentido de combate ao mercado ilegal de cigarros, principalmente pela introdução do preço mínimo. Quanto aos demais itens da medida, a Souza Cruz espera a publicação oficial do decreto para melhor análise dos impactos em seu negócio. Vale lembrar que os cigarros no país já são altamente tributados, de forma que qualquer aumento de carga tributária beneficia os que não pagam impostos e o crescente volume de cigarros contrabandeados comercializados no país, que já representa 28% de participação no consumo total do país."
Já a concorrente Philip Morris preferiu esperar por mais detalhes da medida. Informou, por meio da assessoria de imprensa, que ainda está analisando o conteúdo da MP publicada ontem.  Sandro Serpa reconheceu que o aumento da Cofins sobre importados pode ter impacto na competitividade dos fabricantes nacionais. Mas assegurou que esse também não foi o objetivo da medida. Segundo ele, a intenção é apenas evitar assimetria de incidência de tributos sobre iguais produtos nacionais e importados, na medida em que os locais passarão a pagar 1,5% sobre o faturamento à Previdência Social, em substituição à contribuição patronal de 20% sobre a folha de salário.
Considerando, no entanto, que a tributação cai em relação à atual forma com que os três setores contribuem para a Previdência, há sim ganhos em relação aos importados.
O setor de software também vai migrar para nova forma de contribuição previdenciária, so que pagando 2,5% sobre o faturamento. Nesse caso, porém, a MP não estabeleceu aumento de Cofins para os concorrentes importados. Sandro Serpa não informou o motivo da exclusão.
A MP 540 também cria incentivos para o setor automotivo, que terá redução de IPI. Nesse caso, disse Serpa, as novas alíquotas também dependem de decreto ainda em estudo para regulamentar. O benefício será condicionado ao aumento de conteúdo nacional nos produtos e valerá até julho de 2016.
Para evitar problemas com acordos já firmados internacionalmente, o IPI vai cair também para veículos importados por fabricantes nacionais que cumprirem as condições. Não ficou claro, porém, se isso exigirá a renegociação do acordo automotivo que o Brasil tem com os sócios do Mercosul.
Fazenda esclareceu que a redução não é imediata e que, diferentemente da medida tomada em 2008, em vigência até março de 2010, o incentivo vale para a montadora, não para o consumidor.
Também saiu, no "Diário Oficial da União" de ontem, a medida provisória que cria o Fundo de Financiamento à Exportação (FFEX). O governo participará do fundo com até R$ 1 bilhão.
O FFEX, que foi chamado de Proex Financiamento, poderá conceder subvenção econômica para a equalização das taxas de juros nas operações de financiamento contratadas até 31 de dezembro de 2012. Será focado nas micros, pequenas e médias empresas - com faturamento de até R$ 60 milhões por ano - e operacionalizado pelo Banco do Brasil, como um fundo de natureza privada.
A integralização de cotas do FFEX pela União poderá ser feita por meio de moeda corrente, títulos públicos, participações minoritárias ou ações de estatais que excedem o mínimo necessário para a manutenção do controle societário.

América Latina não passa ilesa por contágio espanhol
Valor 04.08.2011 - Se a crise da dívida soberana na zona do euro deteriorar de vez a situação da Espanha e da Itália,vai contagiar a América Latina mais do que outros emergentes, avalia o Deutsche Bank, o maior banco alemão
Maria Laura Lanzeni, diretora de pesquisa para mercados emergentes, nota que algumas economias na América Latina estão muito expostas à situação da Espanha por meio dos bancos, enquanto países do leste da Europa são mais vulneráveis aos problemas na Grécia.
A presença significativa de bancos espanhóis na América Latina torna a região especialmente vulnerável, comparada aos países dos Bálcãs em relação à Grécia. Pelos cálculos do banco alemão, a exposição de bancos espanhóis na região chega a representar 30% do PIB no Chile e 13% no México.
No Brasil, a exposição do bancos espanhóis é estimada em 8,6% do PIB, de dimensão menor mas não deixa de ser importante. Ainda mais se a banca espanhola precisar repatriar dinheiro.
O Banco Nomura, de Nova York, publicou recentemente uma avaliação estimando que o principal risco para a América Latina viria de uma reversão no fluxo de investimentos em portfólios e da presença dos bancos espanhóis BBVA e Santander na região.
O cálculo da Nomura é de que, se esses bancos precisarem reduzir seu capital na região, para socorrer as matrizes, o potencial máximo de repatriação de capital seria de US$ 28 bilhões. A grande parte, US$ 21 bilhões, viria do Brasil.
A crise da dívida que sacode com especial violência a Espanha e a Itália pode se converter numa crise sistêmica, estendendo-se a outros países como a Bélgica, diante da emergência da adoção de medidas como a articulação para uma união fiscal a nível continental, escreveu o serviço de estudos do BBVA. Para a instituição, não é improvável que as negociações entre a Grécia e a União Europeia gerem um calote desordenado. "Uma reestruturação desordenada da dívida grega teria efeitos de contágio mundial consideráveis." Essa análise mostra com que espírito o banco espanhol enxerga o atual estágio da economia europeia.
"Se a crise passar para a Espanha e Itália do mesmo jeito como ocorreu na Grécia, o Brasil estaria menos vulnerável que o Chile e o México, porque tem um sistema bancário local muito forte, mas vai ser atingido também se a aversão ao risco aumentar", diz a economista do Deutsche Bank
Ela nota que o capital externo detém uma fatia de 10%, em média, nos mercados de ações, mais sensíveis a mudanças no sentimento global de risco. Os estrangeiros têm também 18%, em média, dos títulos de dívida doméstica na Indonésia, México, Polônia, Hungria. No Brasil, conforme o Banco Mundial, chegou a 11% em 2010.
Lanzeni destaca também que a correlação entre os prêmios dos contratos de seguro contra default de dívida (CDS) dos emergentes e da Espanha são muito maiores e se estendem a mais países do que numa comparação com a Grécia.
Assim, se a crise derrubar agora a Espanha e a Itália "marcará claramente um novo estágio da crise, possivelmente atingindo níveis sistêmicos próximos ao do banco Lehman", avalia a economista do Deutsche Bank.
A análise pode ser aplicada a outras fontes da crise, como a persistente crise fiscal nos EUA. Nesse caso, diz Lanzeni, é necessário acrescentar o impacto de um "crash" do dólar ante moedas de emergentes, a reação dos mercados de commodities e os efeitos perturbadores sobre os mercados financeiros. "O impacto nos emergentes poderia ser severo e generalizado, incluindo a Ásia."

Suíça aperta o cerco à valorização do franco
Valor 04.08.2011 - A Suíça cortou ontem a taxa básica de juro para quase zero e aumentará liquidez em 50 bilhões de francos para frear a valorização recorde do franco suíço, mas o anúncio teve pouco efeito.
Após a ação do Banco Central suíço, o euro subiu para 1,11 em relação ao franco e o dólar para 0,78 centavos. Mas, no final do dia, as cotações voltaram quase ao nível histórica da véspera de 1,08 e 0,78 respectivamente.
O franco suíço está excessivamente valorizado em mais de 40%. Somente desde abril, apreciou 16%. A expectativa entre analistas é de que a apreciação se manterá, porque o franco é visto como um raro porto seguro contra riscos de default de governos. Com as perspectivas da zona do euro piorando a dívida americana inquietando, o franco deve permanecer forte por um bom tempo.
Sob pressão, o BC teve que superar sua relutância, constatou que a moeda suíça está excessivamente valorizada e representa uma ameaça para a evolução da economia. Por causa disso, anunciou algumas medidas que podem ter efeitos diversos.
Desta vez, o BC procurou desvalorizar a moeda reduzindo a taxa básica de um intervalo de zero a 0,75% para zero e 0,25%, o que teoricamente diminui o apetite de investidores em deter franco suíço. Ocorre que o juro já é baixo demais e não se espera resultados concretos dessa medida.
Outra medida mais forte é o relaxamento quantitativo. O BC tem comprado bônus de empresas há algum tempo, mas ao mesmo tempo emitia seus próprios certificados de dívida. Agora vai aumentar a liquidez de francos na economia comprando de volta seus títulos de dívida, e não pagará juro pelos depósitos dos bancos comerciais no BC. Com isso, a base monetária vai aumentar para o equivalente a 24% do PIB, comparado a 18% nos EUA com seu "quantitative easing".
Ocorre que no ano passado intervenções do BC aumentaram a base monetária em até 30%, sem conseguir derrubar o valor do euro. A aposta agora do presidente do BC, Philip Hildebrand, é de que mais liquidez incite os bancos a emprestar às empresas em dificuldades, ao invés da cautela atual.
Para Bernard Lambert, economista chefe do Banco Pictet, e Daniel Kalt, economista chefe do UBS, será difícil limitar a apreciação do franco sem intervenção no mercado de divisas. Esse tipo de intervenção nos últimos 15 meses deixou até agora perdas de US$ 210 bilhões para o BC e mais dependência em relação ao euro.
Uma solução seria intervenção conjunta dos principais BCs. Mas o Fed e o BCE visivelmente não têm interesse em valorizar o dólar e o euro. Outra ideia é de estabelecer taxa de juro negativa.


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