segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Azul.CA.08.08

Daily News


Controlador da Schin tenta "depósito em juízo"Valor 08.08.2011 - Em meio ao "derretimento" do mercado financeiro global, dificilmente um banco ou fundo de investimentos estará disposto a emprestar R$ 4 bilhões para a compra do controle da vice-líder do mercado brasileiro de cervejas. É nisso que aposta a defesa da Aleadri-Schinni Participações, controladora da Schincariol, que acaba de ser vendida para a japonesa Kirin, para barrar a tentativa da Jadangil Participações, minoritária da fabricante, de cancelar o negócio.
Segundo apurou o Valor, o escritório Mattos Filho, que defende a Aleadri, tenta convencer a juíza Juliana Bicudo, da 1ª Vara Cível de Itu, que uma discussão judicial só faz sentido se a Jadangil garantir que vai exercer o direito de preferência na compra das ações da Schincariol e que vai depositar em juízo o valor pago pela Kirin à Aleadri, de R$ 3,95 bilhões.
Caso contrário, na visão da defesa, o processo deixa de ser relevante: a Jadangil está tentando impedir a compra da Aleadri, ao alegar que, pelas regras do estatuto da Schincariol, deveria ter sido procurada antes para fazer uma proposta pelas ações dos majoritários, mas não tem capital para adquirir o controle. O Mattos Filho deve obter uma resposta da juíza à sua solicitação ainda nesta semana.
Na noite de quinta-feira, a juíza Juliana Bicudo decidiu suspender os efeitos da venda da Aleadri à Kirin. Portanto, a Kirin pagou pela Schincariol, mas não pode tomar posse da companhia, sob pena de multa de R$ 100 mil. Todos os documentos que comprovam o histórico da negociação entre a Kirin e a Aleadri devem ser apresentados à Jadangil até amanhã.
Os advogados do Mattos Filho também vão entrar com recurso à suspensão do negócio na Câmara de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo. Criada em junho, a instância tem o objetivo de resolver, de forma mais rápida, impasses entre empresas.
Do outro lado, o escritório Teixeira Martins Advogados, que defende a Jadangil, deve entrar com uma ação principal de primeira instância na 1ª Vara Cível de Itu nos próximos dias para pedir a anulação da venda à Kirin.
Na sexta-feira, o presidente da Kirin, Senji Miyake, afirmou que a multinacional japonesa pode comprar as ações da Jadangil. "A Kirin pretende ter laços de amizade com os acionistas minoritários da Schincariol", disse ele, durante divulgação dos resultados da companhia no primeiro semestre, segundo agências internacionais.
No período, o lucro líquido da Kirin mais do que dobrou, em comparação aos primeiros seis meses de 2010. O resultado subiu 150,7%, para US$ 219,4 milhões. As vendas consolidadas registraram ligeira queda, de 0,9%, para US$ 12,3 bilhões. Os efeitos do forte terremoto de 11 de março que atingiu o Japão ainda são sentidos no mercado doméstico, especialmente no consumo de bebidas. Mas os esforços da empresa em ganhar rentabilidade e eficiência com a integração dos seus negócios de bebidas têm sido bem sucedidos, segundo a companhia.


Asahi negocia aquisiçãoValor 08.08.2011 - A Asahi Group Holdings, maior cervejaria japonesa em volume de produção, negocia a compra da fabricante de bebidas Independent Liquor, da Nova Zelândia, de acordo com duas pessoas familiarizadas com a operação.
A Asahi submeteu sua oferta no dia 4, disse umas das fontes que não quis se identificar porque a negociação é confidencial. As propostas podem ser de compra de parte da companhia ou de sua totalidade. Um acordo pode avaliar a Independent Liquor, que pertence aos fundos Unitas Capital e Pacific Equity Partners, em aproximadamente US$ 1,2 bilhão, informou a Bloomberg.


Cimed Folha 08.08.2011 - O grupo farmacêutico brasileiro Cimed ingressa no segmento de cosméticos e suplementos alimentares, com foco na classe C, que já atende com medicamentos genéricos.
"Queremos aproveitar a força de vendas que temos nas farmácias", diz o presidente João Adibe. A nova divisão deve atingir 12% da produção do grupo, em Pouso Alegre (MG), que está sendo ampliada. Os investimentos são de cerca de R$ 20 milhões e devem levar o faturamento a R$ 420 milhões no final deste ano



BRF: oportunidades de aquisição estão fora do BrasilEstadão 05.08.2011 - O presidente da BRF Brasil, José Antonio Fay, disse que a companhia enxerga oportunidades de aquisição fora do Brasil.
Segundo ele, a taxa de câmbio que prejudica as exportações via Brasil pode ajudar no momento da compra de empresas no exterior. "Temos caixa e nossas grandes oportunidades de aquisição, de operações de alimentos processados, estão fora do Brasil", disse. O executivo participa do evento Brasil Competitivo, em São Paulo, promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF).
Em julho, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a fusão entre Sadia e Perdigão, com restrições por meio de assinatura de um Termo de Compromisso de Desempenho (TCD). Nesse acordo, a empresa terá que vender um pacote de ativos e marcas e suspender as marcas Perdigão e Batavo em determinados segmentos por até cinco anos.


Zaffari vai expandir operação em São Paulo para ganhar eficiênciaValor 08.08.2011 - As ofertas de bancos e fundos de investimentos para financiar ou capitalizar a empresa em troca de participação societária são abundantes, mas a resposta da rede gaúcha de supermercados Zaffari é polida e direta. "Para quê? Não precisamos de injeção de recursos porque as reservas acumuladas e a geração própria de caixa permitem plenamente a sequência do ritmo de crescimento que a companhia tem", afirma o diretor de expansão Cláudio Luiz Zaffari.
Quinto maior supermercadista do país, atrás de Pão de Açúcar, Carrefour, Walmart e Cencosud, o Zaffari investe em média R$ 200 milhões por ano em reformas e novos empreendimentos. "O ritmo não é alucinante porque não é correndo que se ganha qualidade, nem pessoas", diz o executivo.
O plano, além da expansão programada no Rio Grande do Sul, é abrir pelo menos duas novas lojas em São Paulo nos próximos "dois ou três anos".
 A rede tem hoje 20 supermercados com a bandeira Zaffari, a mesma de dois dos seus nove hipermercados - os demais têm a marca Bourbon.
"O ritmo não é alucinante porque não é correndo que se ganha qualidade, nem pessoas", diz Cláudio Luiz Zaffari
Para 2011, ela prevê receita bruta 15% superior aos R$ 2,49 bilhões do ano passado, que já havia sido 18% maior do que em 2009. O valor não inclui as locações de áreas comerciais nos seis shoppings Bourbon, que são contabilizadas como resultado e que em 2012 devem gerar ganho líquido equivalente ao das operações de varejo, estima o diretor do Zaffari.
O executivo diz que um dos temas de "maior interesse" do grupo Zaffari é a abertura de novas unidades na capital paulista, onde desde 2008 funciona o shopping Bourbon São Paulo, com um hipermercado Zaffari como âncora. "O desempenho da nossa loja tem sido bom, acima do planejado, mas ela precisa de companhia para ter mais eficiência", diz Cláudio Luiz. Não há planos para avançar em outros Estados, diz ele.
O estudo mais adiantado em São Paulo é para a implantação de um empreendimento numa área de 32 mil metros quadrados na avenida Chucri Zaidan, na Vila Cordeiro (zona sul da capital). Mas há ainda outro terreno de 174 mil metros quadrados na rua do Oratório, na Vila Prudente (zona leste). A rede também tem sido convidada para ancorar novos centros comerciais em São Paulo.
A varejista já comprou lojas ou empreendimentos individuais no passado, como o antigo shopping Matarazzo, onde funciona o Bourbon. Mas nunca redes inteiras. Uma aquisição maior demandaria muito tempo, energia e dinheiro para integrar o novo negócios à estratégia e aos padrões de qualidade adotados pelo Zaffari.
Para o Rio Grande do Sul, onde opera em Porto Alegre, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Caxias do Sul e Passo Fundo, há projetos de vários tamanhos. No primeiro semestre de 2012 será inaugurada a primeira fase do Bourbon Wallig, em Porto Alegre, com 167,7 mil metros quadrados de área total construída, 238 lojas, oito salas de cinema, inclusive uma com tecnologia IMAX 3D, 20 operações de alimentação e 2,7 mil vagas no estacionamento. A construção começou no fim de 2009 e exigirá investimentos de R$ 250 milhões,
Antes disso, em dezembro deste ano, será concluída uma reforma de R$ 50 milhões, iniciada há dois anos, no shopping de Novo Hamburgo. Na mesma cidade, que fica na região metropolitana de Porto Alegre, a empresa tem uma área de 280 hectares, onde pretende fazer uma parceria para implantar um amplo empreendimento comercial e residencial capaz de absorver uma população de 25 mil pessoas.
"Não somos uma construtora nem uma incorporadora residencial e nem pretendemos ser", afirma Zaffari. Não há prazos definidos para o novo projeto sair do papel, mas o modelo é o mesmo planejado para a área de 50 hectares comprada pela rede no extremo leste de Porto Alegre. De acordo com o diretor, 12 mil apartamentos estão sendo construídos num raio de três quilômetros em torno do local e a empresa pretende acompanhar o crescimento da cidade.
Em regiões mais nobres de Porto Alegre, há planos para construir três supermercados de vizinhança, com área de vendas abaixo de 2 mil metros quadrados, nos bairros Mont'Serrat, Rio Branco e Santa Cecília. Pelo menos dois deles devem ter as obras iniciadas até o fim deste ano, associados a torres empresariais e residenciais e também implantados em parceria com construtoras e incorporadoras.
Além de diretor de expansão e de porta-voz da rede, Cláudio Luiz é primo dos irmãos João Benjamin, Cláudio, Ivo José e Airton Alberto, que formam o "comitê diretivo" e foram reeleitos em janeiro para um mandato de mais três anos. Depois da morte do então presidente Marcello Zaffari (filho do fundador Francisco José Zaffari), em 2008, João Benjamin e Cláudio assumiram os cargos de diretores-superintendentes. Ivo José cuida do departamento de recursos humanos e das operações das lojas, enquanto Airton Alberto é responsável pelas áreas de marketing e de cartões de bandeira própria.
Tomando como base o último ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e considerando que o francês Casino assumirá o controle do Grupo Pão de Açúcar em 2012, a varejista gaúcha passaria à condição de maior rede de supermercados de capital nacional no ano que vem. Mas até aí a cautela fala mais alto. "Deve ter gente que vai vender mais do que nós neste ano", diz o diretor, referindo-se à rede Prezunic, do Rio de Janeiro, que faturou R$ 2,45 bilhões em 2010.


Ano de 2011 é "pior que o esperado" para Pão de AçúcarValor 08.08.2011 - O presidente do grupo Pão de Açúcar, Enéas Pestana, assumiu que os resultados da companhia de 2011 decepcionam. "É um ano pior do que esperávamos. Quando fizemos o planejamento estratégico, imaginávamos um ano melhor", afirmou o executivo, na sexta-feira, durante evento organizado pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), de São Paulo, que reuniu presidentes de empresas para debater as perspectivas de crescimento e investimento no Brasil.
Pestana ressaltou, no entanto, que a base de comparação (ano de 2010) é alta e que o grupo Pão de Açúcar não considera que 2011 seja um ano ruim. "Não sentimos um Brasil desaquecido. Mas está bem menos aquecido do que no ano passado", disse.
Ele também acredita que os sucessivos aumentos da taxa básica de juros não afetam diretamente as vendas a prazo. "O consumidor, em geral, não sabe qual taxa de juros está pagando. A conta dele é a prestação que cabe no bolso."
O impacto dos juros altos no negócio, na avaliação dele, ocorre na capacidade de investimento da empresa. "Poderíamos investir e abrir muito mais lojas neste ano do que vamos abrir. Seguramos para conter o nível de endividamento."
Em relação às negociações de Abilio Diniz com o Carrefour, Pestana afirmou que a aproximação do empresário com o concorrente francês não abalou o relacionamento com o grupo Casino - sócio de Diniz no Pão de Açúcar. "A relação está ótima, aliás, nunca esteve ruim", disse.
O executivo reafirmou que o último documento enviado pelo Casino à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - classificado com o assunto "reclamação de investidor" - é apenas um pedido de informações. Ele não quis comentar, entretanto, o teor do documento, que está sob sigilo.
Pestana disse ainda que o Pão de Açúcar avalia a aquisição de ativos em segmentos como têxtil, bazar e casa, mas afirmou não saber se o negócio sairá neste ano. "Se houver oportunidade, faremos."

 
KFC terá mais cinco lojas em São Paulo ainda neste anoBrasil Economico 05.08.2011 - "Com o mercado financeiro pouco atrativo, investir no setor de serviços torna-se uma oportunidade de negócio mais rentável", aposta Maia
Conhecida pelo seu tradicional balde de pedaços de frango crocante e consagrada entre os americanos, a rede de restaurante KFC busca a consolidação no mercado paulista.
A estratégia é da Brasil Fast Food Corporation (BFFC), que desde 2007 administra os restaurantes do KFC no Brasil após firmar acordo com a americana Yum! Brands, detentora oficial da marca.
No país, a BFFC também é proprietária da rede Bob's e controladora da marca Pizza Hut em São Paulo. Totalmente centrada na expansão da rede, a companhia abrirá até o final de 2011 mais cinco lojas da Kentucky Fried Chicken (KFC) no estado de São Paulo.
"Temos São Paulo e Rio de Janeiro como foco de expansão, mas não descartamos chegar a outros estados", afirmou Flavio Maia, diretor da rede KFC.
Com três inaugurações neste ano, o Rio de Janeiro contabiliza 14 lojas do KFC. Em São Paulo, existe apenas um restaurante, localizado em Osasco.
Segundo indicação de Maia, São Caetano, Barueri e o bairro da Mooca serão os próximos lugares que receberão o KFC. Duas instalações ainda permanecem em sigilo.
O investimento médio por loja gira em torno de R$ 1,2 milhão e a expectativa de retorno fica entre três e quatro anos.
"Com o mercado financeiro pouco atrativo, investir no setor de serviços torna-se uma oportunidade de negócio mais rentável", aposta Maia. 
Dados operacionais regionais não são divulgados. Mas conforme demonstrativo financeiro da Yum! Brands, o faturamento da empresa atingiu US$ 5,2 bilhões até junho deste ano, sendo que as operações internacionais responderam por US$ 1,4 bilhão.
Considerada uma marca desejada, o executivo tem planos de levar o KFC para todo Brasil, isso porque a demanda é cada vez maior por uma franquia. "Vamos partir para outros estados assim que sentirmos a consolidação da marca", disse Maia.


Justiça Federal condena empresário e auditor da Receita por corrupçãoValor 08.08.2011 - A defesa de Ricardo Nunes, dono da Ricardo Eletro, afirma que o empresário foi vítima de extorsão por quadrilha.
O empresário mineiro Ricardo Rodrigues Nunes, sócio da Ricardo Eletro, uma das maiores redes varejistas do país, foi condenado em primeira instância a 3 anos e 4 meses de reclusão por corrupção ativa. Ele é acusado de ter pago propina a um auditor da Receita Federal do Brasil em São Paulo para que sua empresa não sofresse autuação fiscal. O auditor, Einar de Albuquerque Pismel Júnior, foi condenado a 4 anos de prisão e está preso desde setembro do ano passado. Da sentença da Justiça Federal ainda cabem recursos ao Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região e aos tribunais superiores.
A denúncia foi apresentada à Justiça em 5 de novembro de 2010 pelo Ministério Público Federal, que acusou Nunes e Albuquerque de terem cometido os delitos de corrupção ativa e corrupção passiva, respectivamente. No dia 13 de junho deste ano, o juiz Hélio Egydio Nogueira, da 9ª Vara Federal Criminal de São Paulo, condenou ambos por crime de corrupção.
De acordo com a sentença do juiz da primeira instância, Nunes teria cometido o delito previsto no parágrafo único do artigo 333 do Código Penal, que prevê pena de reclusão de 2 a 12 anos e multa para quem "oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício". Já Albuquerque, segundo a sentença, teria cometido o delito previsto no parágrafo único do artigo 317 da lei, que prevê a mesma pena de reclusão para quem "solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem".
Ricardo Nunes já recorreu da sentença ao TRF e responde ao processo em liberdade. Einar de Albuquerque também já recorreu ao tribunal e sua defesa ainda tenta obter um habeas corpus para libertá-lo - ele foi preso em flagrante pela Polícia Federal em 23 de setembro do ano passado com R$ 50 mil e US$ 4 mil em espécie ao sair da sede da Ricardo Eletro no bairro de Indianópolis, em São Paulo.
O advogado de Ricardo Nunes, o criminalista Nélio Machado, disse ao Valor que seu cliente vinha sendo pressionado a dar dinheiro para conseguir algo remoto, que não existia concretamente. "Não há um crime sem que haja um fato", diz. "Para existir corrupção ativa é preciso ter a promessa de oferecimento de uma vantagem indevida, e não há prova de ato concreto." Além disso, o criminalista cita outros argumentos para sustentar sua defesa de que, do ponto de vista jurídico, o episódio não teria consistência. "O processo descumpriu a regra constitucional do devido processo legal, pois não tivemos acesso a nenhuma investigação aberta contra o auditor, que seria o chefe de uma quadrilha que extorque empresários", afirma. "Tenho absoluta confiança de que Ricardo é vítima de uma extorsão comum no país", diz. Procurado pelo Valor, o advogado de Einar de Albuquerque, Carlos Eduardo de Oliveira Pereira, afirmou apenas que não se manifestaria em função da obrigação ética de sigilo que tem com seu cliente e que o processo está em segredo de justiça. O processo aberto pelo Ministério Público Federal contra Ricardo Nunes e Einar de Albuquerque tramita em segredo de justiça na primeira instância da Justiça Federal em São Paulo, o que permite que seja consultado apenas pelos réus e seus advogados. No entanto, o Valor teve acesso aos autos de dois habeas corpus impetrados pela defesa de Albuquerque no TRF da 3ª Região. Esses recursos, que não correm em segredo de justiça - ou seja, estão disponíveis ao público e foram consultados pela reportagem no balcão de atendimento da subsecretaria da segunda turma do tribunal - contêm informações sobre o processo que corre na primeira instância e a sentença completa do juiz Hélio Egydio Nogueira, que condenou Nunes e Albuquerque. Outros quatro habeas corpus impetrados pela defesa de ambos no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) também contêm informações sobre o processo e suas decisões estão disponíveis para consulta pública nas páginas dos tribunais na internet. O empresário Ricardo Nunes abriu sua primeira loja, de apenas 20 metros quadrados, em 1989. Hoje tem 260 filiais da Ricardo Eletro em nove Estados do país. Desde 2007 a rede, atualmente auditada pela Price, estuda abrir seu capital e vem se preparando para isso. No ano passado, a empresa uniu-se à rede baiana Insinuante e ambas formaram a Máquina de Vendas. Após duas novas fusões - com a mato-grossense City Lar e a pernambucana Eletro Shopping -, a Máquina se tornou a segunda maior rede de varejo do país, atrás apenas do Grupo Pão de Açúcar.
De acordo com a sentença da Justiça Federal, de 34 páginas, a Ricardo Eletro, pelo seu porte, é considerada um contribuinte sujeito a acompanhamento diferenciado pela Receita Federal. Após detectar indícios de irregularidades nas informações prestadas pela empresa ao fisco em 2004 - o valor gasto com a compra de mercadorias para revenda teria sido superior à receita declarada pela empresa no mesmo ano -, a Receita Federal programou uma fiscalização relativa a tributos federais na companhia. O mandado de fiscalização foi emitido em dezembro de 2007 a um auditor da equipe coordenada por Einar de Albuquerque.
Ainda conforme a sentença da Justiça Federal, durante a fiscalização, a superintendência da Receita em Belo Horizonte teria recebido uma denúncia anônima que relatava sonegação de tributos pela Ricardo Eletro por meio da contabilização das vendas superiores a R$ 400,00 pelo custo de aquisição das mercadorias. A denúncia foi encaminhada em junho de 2008 a Albuquerque, que, segundo o texto da decisão, "quedou inerte". De acordo com o juiz Hélio Egydio Nogueira, a ação fiscal em relação ao conteúdo da denúncia anônima não prosperou porque Einar de Albuquerque teria feito um acordo com Ricardo Nunes.
Albuquerque e outros auditores fiscais lotados em São Paulo já vinham sendo investigados pela corregedoria-geral da Receita Federal diante de indícios de que seu patrimônio seria incompatível com seus salários. No caso de Albuquerque, a sentença do juiz afirma que ele teria omitido bens nas declarações de Imposto de Renda e que ele e sua esposa teriam adquirido diversos imóveis entre junho de 2007 e janeiro de 2010 por valores maiores do que os declarados ao fisco. Além disso, a movimentação financeira do auditor fiscal seria "inconciliável com a renda declarada", segundo a decisão.
Diante disso, a Justiça autorizou a interceptação telefônica de Albuquerque. De acordo com a sentença, em 14 de setembro a escuta identificou o primeiro contato entre Nunes e o auditor. Após diversas ligações, ambos teriam combinado a entrega de "documentos" na sede da Ricardo Eletro em Indianópolis. Com a informação em mãos, a Polícia Federal prendeu Albuquerque em flagrante portando os valores em espécie. Conforme a sentença, em uma busca e apreensão na casa do auditor a polícia encontrou ainda R$ 109 mil, US$ 47.600 e € $ 110 mil, além de uma máquina de contar dinheiro. Procurada pelo Valor, a Receita Federal não se manifestou até o fechamento desta edição.


GP assume dívida e 100% do Fogo de ChãoValor 08.08.2011 - A GP Investments anunciou ontem a compra de 65% da rede brasileira de churrascarias Fogo de Chão, com 16 restaurantes nos Estados Unidos e sete no Brasil. Com o negócio, o fundo de private equity elevou sua participação na Fogo de Chão para 100%.
O valor efetivo da negociação não foi divulgado, mas o sócio da GP, Danilo Gamboa, diz que não há dinheiro novo pois o fundo está assumindo o endividamento da Fogo de Chão. O capital da rede foi avaliado em US$ 95 milhões. O endividamento bruto, nos EUA, é de cerca de US$ 200 milhões, com vencimento em seis anos.
"A Fogo de Chão tem muito potencial de crescimento e uma equipe muito talentosa", diz Gamboa, justificando o negócio. Segundo ele, o dois sócios fundadores, os irmãos gaúchos Arri e Jair Coser, já estavam se afastando da gestão desde 2006 e agora sairão do conselho de administração, com quatro membros. Os substitutos deverão ser escolhidos nos próximos meses. Os Coser vão se dedicar a negócios da família como operações no setor imobiliário.
"Ainda vou definir o que farei no futuro", disse Arri Coser ao Valor, que negou que a empresa tenha dívidas. "Não tenho dívida nem aqui nem nos Estados Unidos e o fluxo de caixa é positivo", disse ele. Em 2006, a GP já havia comprado, por US$ 64 milhões, 40% da Fogo de Chão. Um ano e meio depois, devolveu 5% aos fundadores, prêmio previsto por boa performance. A compra foi feita pelo GP Capital Partners III, mesmo fundo que consta na documentação do negócio anunciado neste domingo.
A crise americana não vai afetar o ritmo de expansão da Fogo de Chão, diz Gamboa. Até o fim do ano, serão inaugurados dois restaurantes (em Las Vegas e Orlando). Em julho, foi aberta a primeira unidade do Rio de Janeiro. Até o fim de 2011, serão 25 no total.
Depois do plano de expansão entrar em compasso de espera em 2010, quando a opção foi reformar e modernizar dois restaurantes no Brasil e quatro nos EUA, a GP pretende abrir até 40 nos próximos 10 anos. Serão até quatro por ano.
A ideia é privilegiar o mercado americano, mas o foco pode mudar, dependendo do ambiente macroeconômico. No Brasil, Gamboa diz que está atento ao crescimento da classe C, mas não há planos de reduzir preços ou criar uma segunda marca mais voltada ao consumo popular. "Mas um dia vamos sentar e conversar sobre isso", diz Gamboa. Segundo ele, o foco no curto prazo é a expansão da rede com o modelo voltado para as classes A e B.
"O mercado americano tem uma performance muito boa e vamos manter nossa expansão lá. Se o cenário mudar, poderemos ter mais foco no Brasil", diz Gamboa.
Após a crise de 2008, caiu o consumo de bebidas alcoólicas e de sobremesas nos EUA, mas o sistema de preço fixo pela refeição não mudou. Atualmente, o tíquete médio nos EUA é de US$ 76. No Brasil, o gasto médio é de R$ 120. "O consumo de bebidas alcoólicas e de sobremesas está voltando aos níveis pré-crise", diz Gamboa. Em 2010, a rede faturou US$ 170 milhões.


InterCement avança na ArgentinaValor 08.08.2011 - Barros Franco, presidente: busca de maior fatia de mercado na região de Cuyo.
Para crescer em linha com o mercado argentino de cimento e ampliar sua participação na região Cuyo, a oeste do país, a Loma Negra, empresa do grupo Camargo Corrêa, vai instalar uma nova fábrica - a décima da companhia no país. Com capacidade de 1 milhão de toneladas por ano, a unidade terá investimento de US$ 250 milhões e deverá ficar pronta no prazo de 36 meses.
O local do empreendimento deverá ser definido até setembro e deverá ser montado em uma das três províncias que formam a região de Cuyo - Mendonza, San Luís e San Juan. Essa é a expectativa, afirmou ao Valor José Édison Barros Franco, presidente da I nterCement Participações. Criada recentemente, essa holding faz a gestão de todos os negócios de cimento do grupo no Brasil e exterior.
O executivo informou que a Loma Negra tem atuação em Cuyo apenas com uma pequena fábrica na província de San Juan, com capacidade de 180 mil toneladas ao ano. "Nossa participação de mercado na região está pouco abaixo de 20%", disse Barros. Em todo o território argentino, a empresa prevê encerrar este ano com 46% das vendas totais do produto.
Segundo Franco, San Juan é a segunda região que mais cresce economicamente no país. Mas não está garantido que ela vá receber a nova fábrica, apesar de abrigar uma ampla jazida de calcário (matéria-prima do cimento), adquirida pela empresa no ano passado. "Vai depender de vários fatores, como incentivos e condições de acesso a energia (elétrica ou a gás)", ressaltou.
A nova unidade faz parte de um pacote total de investimentos de US$ 400 milhões a ser aplicado em três anos. A empresa vai destinar US$ 30 milhões para fazer um moinho de carvão na fábrica de Barker, na província de Buenos Aires, que sofre com falta de energia na época do inverno. Os demais US$ 120 milhões serão aplicados em melhorias operacionais, de logística e ambientais das atuais nove fábricas da empresa, com aumentos marginais da capacidade de produção.
Atualmente, a Loma Negra tem seis fábricas localizadas na província de Buenos Aires - que responde por mais de um terço do PIB argentino -, uma Neuquén, uma em Catamarca e outra em San Juan. Neste ano, a previsão é fabricar e vender 5,8 milhões de toneladas (incluindo argamassas e cal), 300 mil a mais do que em 2010. A previsão de crescimento do mercado argentino de cimento é de 10% este ano, alcançando 11,5 milhões de toneladas.
A Loma Negra disputa vendas com três concorrentes - uma empresa da suíça Holcim, que cerca de 30% do mercado, a Cimentos Avellaneda e Minus Investidora, de um grupo espanhol e da Votorantim Cimentos, e a fabricante local PCR, que tem foco de atuação na Patagônia e detém cerca de 5% do mercado do país. A Camargo Corrêa adquiriu a Loma Negra em meados de 2005, pagando US$ 1,02 bilhão (incluindo dívidas). De lá até este ano, investiu mais US$ 380 milhões.


Suzlon fecha acordo com Aeris para produzir pás eólicasValor 08.08.2011 - A empresa indiana Suzlon fechou um acordo comercial com a Aeris Energy para produzir pás eólicas no Brasil. Com isso, a empresa antecipa a nacionalização dos produtos em 90 dias, mas adia o plano de ter uma fábrica própria no país. O investimento dos indianos será de R$ 10 milhões para trazer os moldes de suas pás, enquanto a Aeris investe R$ 50 milhões para erguer a fábrica no Ceará, que deve ficar pronta em outubro.
Os indianos são hoje um dos maiores fornecedores de aerogeradores no Brasil. A carteira de pedidos da companhia é de R$ 880 milhões para uma capacidade instalada dos projetos de 260 megawatts (MW), a maior parte com energia vendida nos leilões do governo federal realizados nos últimos dois anos. O presidente da Suzlon no Brasil, Arthur Lavieri, tem ainda expectativa de fechar novos contratos com o leilão que acontece na próxima semana. Mas na sua avaliação, o volume a ser negociado no leilão deste ano vai ser menor que em anos anteriores quando se negociou cerca de 2 mil MW por disputa. "Minha percepção é que não vai chegar a 1.500 MW em função da disputa com as térmicas a gás", disse Lavieri.
O resultado do leilão também será definitivo para decisões do grupo em eventualmente instalar produção no Sul do país. Hoje os pedidos se concentram no Nordeste e a parceria com a Aeris traz ganhos logísticos para a distribuição e preços de equipamentos da empresa.
Para a Aeris, esse é o primeiro negócio fechado desde que anunciou a construção da fábrica no Ceará. A empresa brasileira tem como controlador um fundo de investimentos em participações da família Negrão, que era dona dos laboratórios Medley, e será competidora direta da Tecsis, que fica no interior de São Paulo. O diretor-executivo da Aeris, Bruno Vilela, diz que a fábrica terá capacidade de produzir oito diferentes moldes de pás mas ele espera ter apenas três diferentes clientes. A Suzlon vai ocupar 50% da capacidade instalada da empresa e já estuda trazer, em um segundo momento, um segundo molde de pás, para ventos mais brandos.
Lavieri, da Suzlon, diz que o plano da empresa para o Brasil é desenvolver pás específicas para os ventos brasileiros. O projeto de montar um centro de pesquisa no país, entretanto, está parado e os estudos devem ser retomados em outubro. A empresa quer primeiro iniciar a produção na parceria com a Aeris. Na primeira fase do acordo, serão produzidas 200 pás para 70 aerogeradores. Mas os contratos em carteira requerem mais 300 pás. Isso significa que a empresa vai importar pás e também as turbinas propriamente ditas. A Suzlon é hoje a quinta maior fabricante mundial de equipamentos para geração eólica.
O pacote anunciado pelo governo para incentivar a indústria nacional ainda não foi plenamente analisado pela Suzlon, mas não há expectativa de grandes mudanças para a indústria eólica.


O varejo ajuda a mudar hábitos de consumoValor 08.08.2011 - Daniela, do Walmart Brasil: "Setor privado não consegue fazer tudo sozinho".
O varejo é considerado um promotor de importantes mudanças rumo a uma economia verde, enquanto elo entre fornecedor e consumidor, com poder de articular e mobilizar pessoas para o consumo sustentável. Essa é a opinião de Luiz Macedo, pesquisador e assessor do Centro de Estudos de Varejo da Fundação Getúlio Vargas (GVcev).
Essa questão estará em debate na Conferência Ethos 2011, hoje e amanhã, em São Paulo. "Há a necessidade de um novo modelo e padrão de consumo, que passa pela pedagogia e pela comunicação, incluindo as redes sociais", explica Helio Mattar, diretor presidente do Instituto Akatu. Segundo ele, o consumo padrão atual é 50% superior ao que o planeta é capaz de produzir e é preciso "sair da sociedade descartável para a durável, do privado para o compartilhado". O Instituto Akatu quer mostrar ao consumidor o enorme poder transformador de seus hábitos de consumo - só com o ato de fechar a torneira ao escovar os dentes, por exemplo, uma pessoa pode economizar num ano 180 carros pipas ou 1 milhão de litros de água.
Outro foco será a política de resíduos sólidos que está em vigor, e a corresponsabilidade de atacadistas, fornecedores e transportes na logística reversa. "Será um grande desafio porque não há uma solução definitiva e, sim, uma ação conjunta entre várias entidades de classe, governos e varejo, que serão cobrados", diz Macedo, da FGV.
Já se sabe que 92% do impacto ambiental e social acontecem na rede produtiva e 8% na operação da loja. O varejo informa sobre os impactos ambientais e sociais às classes C, D e E, que desconhecem como descartar lâmpadas e outros resíduos, como indicam conclusões de estudos do Centro de Estudo do Varejo da FGV.
O ponto de venda promove várias iniciativas sustentáveis e o varejo avança no gerenciamento de produtos e na formação de parcerias, "enfrentando desafios para ampliar a cadeia sustentável, de tal forma que os supermercados não tenham só um nicho de produtos na sessão de orgânicos," explica Macedo.
Para ajudar a cadeia sustentável, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) baixou recentemente nova norma, determinando que a propaganda de uma empresa afirmando ter selo verde não possa ser veiculada se o produto não vier com certificado de sustentabilidade. A intenção é proteger o consumidor contra a propaganda enganosa.
Desde 2005, o Walmart Brasil incorporou em sua estratégia a economia verde e adotou ações como energia renovável, resíduo com impacto zero e mudança na maneira de trabalhar com fornecedores e consumidores. São 479 lojas, em 18 Estados brasileiros, que atendem diariamente cerca de 1 milhão de clientes, de todas as classes sociais.
O supermercado deu prioridade a algumas categorias de produtos, como os originários da Amazônia e pescados com certificados. O óleo usado, por exemplo, é recebido pelas lojas da rede e enviado para um prestador de serviços que o reutiliza fazendo sabão - esse produto é vendido em barras nos supermercados Bom Preço.
Com o projeto "Impacto Zero", o Walmart, em 2010, impediu que 52% dos resíduos orgânicos produzidos pelo supermercado fossem parar nos aterros sanitários - isso equivale a 40 mil toneladas. Os orgânicos viraram ração animal ou serviram de compostagem em projetos em universidades e prefeituras.
A rede de supermercados americana é protagonista em muitas ações, está no meio da cadeia e quer, cada vez mais, envolver outras empresas, indústrias e parceiros. "O setor privado não consegue fazer tudo sozinho, precisamos de incentivos do governo", diz Daniela de Fiori, vice-presidente de sustentabilidade do Walmart Brasil. Para ela, o Brasil deveria liberar a geração de energia solar pelas grandes lojas, a exemplo do que acontece nos Estados Unidos.
"É preciso criar novas regulamentações para incentivar as empresas", diz ela. Com a segunda edição do projeto "Sustentabilidade de Ponta a Ponta", várias indústrias aceitaram produzir suas marcas líderes, reduzindo o impacto ambiental, a exemplo da Whirlpool, Danone, Kraft Foods, Reckitt Benckiser, Santher, Kimberley-Clark, Philips entre outras.
Só em resíduos, os 13 produtos lançados representam redução de mais de 250 toneladas por ano, considerando a estimativa de venda anual no Walmart. Pelo mesmo critério, a redução do uso de água chega a 2 milhões de litros, e a de energia, a cerca de 19 milhões de Kwh. Nas emissões de gases de efeito-estufa, houve redução de 3.171 de toneladas de CO2 equivalente, o que corresponde a uma economia de 17,3 milhões de km rodados.


Lucro da Light cai 67% no 2.º tri, para R$45 milhõesGPdeLondrina 08.08.2011 - A companhia atribuiu a queda nos ganhos ao aumento de custos com energia comprada, a maiores despesas com pessoal, material e serviços de terceiros, e ao aumento das despesas financeiras
A distribuidora de energia carioca Light registrou lucro líquido de 45 milhões de reais no segundo trimestre, montante 67,1 por cento menor que o obtido no mesmo período do ano passado, conforme dados divulgados na noite de sexta-feira.
O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de 241 milhões de reais entre abril e junho, queda de 36,7 por cento ano a ano. A margem Ebitda caiu de 27,1 para 16,5 por cento.
A companhia atribuiu a queda nos ganhos ao aumento de custos com energia comprada, a maiores despesas com pessoal, material e serviços de terceiros, e ao aumento das despesas financeiras em 56,7 milhões de reais contra um ano antes.
Já a receita líquida da empresa aumentou 4,1 por cento no trimestre passado, somando 1,459 bilhão de reais.
A Light informou que, no segundo trimestre, o consumo total de energia foi 3,1 por cento maior que em igual intervalo de 2010, totalizando 5.669 GWh. Os segmentos residencial e comercial tiveram incremento de 2,6 e 5 por cento, respectivamente.
A empresa encerrou junho com dívida líquida de 2,549 bilhões de reais, volume 41,2 por cento superior ao visto em março.
Na primeira metade de 2011, o lucro líquido da companhia somou 212 milhões de reais, recuo de 41,6 por cento na comparação anual.


Cesp lucra menosValor 08.08.2011 - A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) encerrou o segundo trimestre fiscal com lucro líquido de R$ 72,6 milhões, o que representou queda de 7,6% em relação ao mesmo intervalo de 2010.
O Ebitda aumentou 6,6% no período, para R$ 471,7 milhões, e a margem Ebitda ajustada avançou 1,3 ponto percentual, para 67,4%. A receita líquida operacional cresceu 1,7%, para R$ 700,2 milhões. A estatal associou os resultados a reajustes nos preços de energia.
Plano da Petrobras empresta R$ 265 mi a fornecedores
Folha 08.08.2011 - Em um mês, o programa da Petrobras de estimular empréstimos com juros menores dos principais bancos do país a seus fornecedores resultou em financiamentos de R$ 265 milhões -valor considerado elevado por se tratar de uma linha de crédito de capital de giro.
Batizado de Progredir, o projeto permite que o contrato de fornecimento à Petrobras sirva como garantia do empréstimo ao seu fornecedor direto e aos demais elos da cadeia. Ou seja, possibilita financiar também o "fornecedor do fornecedor".
As empresas podem tomar emprestados e adiantar recursos que receberiam da Petrobras em até 50% do valor do contrato com a petroleira.
Gestado desde 2010, o Progredir começou a funcionar no mês passado, quando foram fechadas 25 operações.
Os bancos estimam que o custo dos empréstimos foi reduzido em 30% com as garantias da Petrobras.
Para o diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, o Progredir alivia o caixa da Petrobras e transfere ao mercado esse tipo de empréstimo, antes feito com recursos próprios da companhia.
Desse modo, diz, sobram mais recursos para investimento -um dos gargalos da empresa, que prevê vender ativos e postergar projetos para cumprir seu plano de negócios de US$ 224,7 bilhões de 2010 a 2015.
Com custo de capital mais baixo, diz, os fornecedores também poderão oferecer produtos e serviços mais baratos à Petrobras.

 
Destino da concessão de 114 hidrelétricas e 41 distribuidoras ainda é incertoExame 08.08.2011 - Governo definirá o destino de concessões de empreendimentos energéticos que começam a expirar em 2015. Entre as usinas que terão suas concessões vencidas em menos de três anos está a Hidrelétrica Ilha Solteira, no Rio Paraná
O governo federal deverá definir em breve o destino das concessões de 114 usinas hidrelétricas que começam a vencer a partir de 2015. Os empreendimentos somam 30,7 mil megawatts de potência, o que representa mais que o dobro do que é gerado pela Usina Hidrelétrica de Itaipu (PR), a maior do Brasil e a segunda maior do mundo, com 14 mil megawatts.
Desses empreendimentos, 67 terão suas concessões expiradas em 2015, o que representa 18,2 mil megawatts, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Outras 47 hidrelétricas vencem entre 2016 e 2035, com mais 12,5 mil megawatts. Atualmente, o país tem 176 empreendimentos hidrelétricos que somam 77,6 mil megawatts de potência instalada.
Entre as usinas que terão suas concessões vencidas em 2015 estão a Hidrelétrica Ilha Solteira, no Rio Paraná (SP/MS), com 3,4 mil megawatts, a concessionária da Companhia Energética de São Paulo (Cesp); e a Hidrelétrica Xingó, no Rio São Francisco, com 3,1 megawatts, que é da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf).
Existem duas possibilidades para esses empreendimentos: ou o governo decide alterar a legislação atual e renovar as concessões ou realiza novos leilões. De acordo com a Lei 9.074, de 1995, as concessões do setor público têm validade de 30 anos, podendo ser renovadas apenas uma vez, por mais 20 anos. Depois do término da concessão, os empreendimentos voltam para as mãos da União, que deverá fazer novas licitações.
Além das hidrelétricas, oito usinas térmicas terão suas concessões vencidas a partir de 2015, somando mais de 2 mil megawatts de potência. As maiores são a Santa Cruz (RJ), de Furnas Centrais Elétricas, com 1 mil megawatts, e a Piratininga (SP), da empresa Baixada Santista Energia, com 470 megawatts.
Das 63 concessionárias de distribuição de energia elétrica do país, 41 terão suas licenças vencendo entre 2015 e 2016. Outras nove concessões de serviço público de transmissão de energia, que somam cerca de 70 mil quilômetros de extensão, vencem em 2015 e não podem mais ser prorrogadas.
O Ministério de Minas e Energia criou um grupo de trabalho para elaborar relatório detalhando os prós e contras de cada alternativa. O documento está sendo avaliado pela presidenta Dilma Rousseff. Sem adiantar qual será a posição do governo, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, tem dito em entrevistas que qualquer decisão vai priorizar a modicidade tarifária e a melhor solução para os consumidores brasileiros.


ANP pode multar empresas que desrespeitam conteúdo local
Valor 08.08.2011 - Barbassa: pagamento da multa ainda está sendo analisado pela empresa.
A Petrobras não é a única empresa do setor prestes a ser multada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) por descumprimento da regra de conteúdo local. Nove empresas caíram no pente fino da área técnica da ANP quando eram checados os percentuais de conteúdo local de 70 contratos assinados em 2003 e 2004 relativos à 5ª e 6ª rodadas de licitações.
A ANP informou ao Valor que as empresas que também serão multadas são a anglo-holandesa Shell, a dinamarquesa Maersk, a angolana Sonangol Starfish, as portuguesas Partex e Petrogal (essa última subsidiária da Galp) e as brasileiras Petro Synergy, Quantra e Aurizônia.
A ANP não divulga o valor referente às multas das empresas. Mas não esconde que a Petrobras já foi notificada sobre uma multa no valor de aproximadamente R$ 28 milhões - o montante não é exato porque será corrigido pelo IGP-M. A estatal entrou com recurso interno na agência para reduzir o valor, mas ele foi mantido pela área técnica e agora o tema será levado à diretoria colegiada da agência reguladora.
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou na sexta-feira passada, depois de participar do 1º Encontro Conteúdo Local, que considera a multa "injusta". Depois da divulgação do novo plano estratégico da Petrobras, o diretor de exploração e produção da companhia, Guilherme Estrella, disse que recomendou à área financeira da estatal, comandada por Almir Barbassa, que pagasse a multa sem recorrer, para obter um desconto de 30%. Barbassa informou que o assunto estava sendo analisado.
Haroldo Lima, diretor-geral da ANP, explicou ao Valor na semana passada que existe um regulamento da agência estabelecendo que, se uma concessionária não recorrer ou entrar com ação em juízo contra a multa, pode ter um desconto.
"Se a empresa recorrer amanhã ou depois e o resultado for favorável à ANP, ela [a agência] cobra a multa integral. Se entretanto o concessionário deliberar, ou decidir, não entrar em juízo, não recorrer e pagar a multa, aí a ANP dá um desconto de 30% segundo permite a legislação", explicou Lima, acrescentando achar "saudável" a atitude da Petrobras.
Na sexta-feira Gabrielli explicou que a Petrobras deixou de atingir cerca de 5% do percentual de produtos nacionais prometido nos contratos. Na avaliação do executivo, a empresa não deveria ser multada, já que a cobrança se refere a um período anterior à 7ª rodada de licitações, quando a exigência de conteúdo nacional era mensurada de forma diferente da atual, já que não havia um sistema de monitoramento de quais componentes eram feitos no país.
A partir da 7ª rodada, realizada em 2005, o governo mudou a forma de medir o conteúdo local. Criou uma lista com 63 itens sobre os quais passou a exigir conteúdo local mínimo nas diferentes fases exploratórias, usando critérios estabelecidos no Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp). Também passou a exigir que os percentuais fossem auferidos por certificadoras independentes.
O aperto das regras foi comandado pela então secretária de petróleo e gás do Ministério de Minas e Energia, Graça Foster, que atualmente é diretora da Petrobras. Na época, Graça Foster explicou que a nova metodologia de aferição do conteúdo local iria acabar com o "blefe" nas declarações de nacionalidade dos contratos. O assunto está preocupando o setor porque se essas multas estão sendo aplicadas sobre contratos anteriores à regulamentação de 2005 e a tendência é de piora quando forem analisados pela ANP os contratos da 7ª Rodada em diante.


Setor elétrico se adapta às exigências dos novos temposValor 08.08.2011 - Investir em fontes renováveis está na ordem do dia do setor elétrico. Terceiro maior grupo gerador privado do país, com 2% de participação no segmento de geração, a CPFL Energia procura expandir sua capacidade de produzir energia com fontes renováveis, que já representam 93% da matriz do grupo, e anunciou uma série de investimentos na área. No início de abril, divulgou a aquisição, por R$ 1,5 bilhão, da empresa de energia eólica Siif Énergies, somando quatro usinas eólicas em operação no Ceará, com capacidade de 210 MW, além de adicionar outros 732 MW em projetos.
Duas semanas depois, em parceria com a Ersa, criou a CPFL Renováveis, reunindo os ativos das duas empresas em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), parques eólicos e usinas termelétricas a biomassa. A nova companhia, da qual a CPFL terá 63,6% das ações, nasceu como uma das maiores da América Latina em geração por fontes renováveis, com 648 MW de potência instalada em operação, 386 MW em construção e 3.341 MW em desenvolvimento.
"Os negócios são resultado da estratégia da empresa, que desde 2006 percebeu que a questão energética e as mudanças climáticas seriam os temas do século XXI, em um cenário de transição para a economia de baixo carbono", diz Augusto Rodrigues, diretor de comunicação empresarial. A atenção para a questão foi despertada quando as PCHs da empresa no Estado de São Paulo pararam de funcionar por falta de água nas turbinas. Em paralelo, observou-se que os regimes hidrológicos estavam mudando.
Há cinco anos, a CPFL iniciou um longo debate entre os executivos com base em uma pergunta: como equilibrar a demanda crescente por energia com o uso racional dos recursos naturais e a redução das emissões dos gases de efeito estufa? Para entender os desafios do novo século, a empresa procurou o conhecimento de especialistas sobre meio ambiente, mudanças climáticas, economia verde e inovação.
"Realizamos palestras com especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e de universidades sobre o tema das mudanças climáticas e fizemos uma publicação interna para os colaboradores sobre a importância do assunto", diz Rodrigues. Depois desse trabalho, as metas estratégicas foram revistas e a busca de soluções sustentáveis passou a ser uma das prioridades da CPFL.
A partir da nova visão, a empresa adotou programas de redução de perdas, reforçou sua atuação em programas de eficiência energética e passou a investir na repotenciação de PCHs, na construção de hidrelétricas com elevada eficiência ambiental (relação de potência instalada por quilômetro quadrado inundado), de parques eólicos e de usinas movidas pela queima do bagaço de cana-de-açúcar. Em 1997, quando foi privatizada, a CPFL tinha 19 PCHs. Hoje tem 45. "Temos quatro parques eólicos em operação e 17 em construção. Também estamos com uma usina de biomassa em funcionamento e seis que deverão passar a operar gradualmente até 2013", afirma Rodrigues.
O caminho para a economia verde na CPFL também envolve a mobilização dos colaboradores, da sociedade e dos fornecedores. "Participamos de diversos fóruns no Brasil e no exterior sobre a questão da energia e das mudanças climáticas e procuramos apoiar ações que deem visibilidade ao tema na sociedade, concentrando esforços para que todos estejam envolvidos na mesma crença", explica Rodrigues.
Não é um exemplo isolado. No início de julho, a Light - concessionária que atua no Rio de Janeiro e que tem a estatal mineira Cemig como uma das principais acionistas - firmou um acordo estratégico com a Renova, primeira empresa dedicada às fontes renováveis com ações listadas na BMF&Bovespa. Pelo acerto, a Light irá investir R$ 360 milhões em troca de 26,2% do capital total da Renova. O objetivo é transformá-la no veículo para o crescimento da Light no segmento de fontes alternativas de energia, principalmente a eólica.
Para a Light, o acordo representa o ingresso em um novo segmento, que também passa a ser uma rota alternativa de crescimento de sua plataforma de geração. Com o investimento, a capacidade de geração da Light passará dos atuais 855 MW para 1.006 MW em 2013. "O investimento na Renova representa uma nova fronteira de expansão na atividade de geração, permitindo o aumento da participação desse rentável negócio nos resultados da Light", disse o diretor de novos negócios e institucional, Paulo Roberto Ribeiro Pinto, sobre o acordo.
Outro exemplo de investimento privado em fontes renováveis é a Copel, que informou em junho ter aprovado a aquisição de 49,9% de participação acionária nos parques eólicos Farol (20 MW), Olho d'Água (30 MW), São Bento do Norte (30 MW) e Boa Vista (14 MW), todos localizados no Rio Grande do Norte. O valor da aquisição não foi divulgado. Quando concluídas em 2013, as usinas terão potência suficiente para o atendimento do consumo de uma cidade com 200 mil habitantes, aproximadamente.


CVC pede registroValor 08.08.2011 - A CVC entrou sexta-feira com pedido de registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A maior operadora de turismo do país é controlada pelo fundo de investimento em participações Carlyle, que este ano fez a oferta pública da Qualicorp. Procurada pelo Valor, a CVC disse que não comenta o assunto.


Cai lucro da Metalfrio Valor 08.08.2011 - A fabricante de refrigeradores comerciais Metalfrio reportou lucro líquido de R$ 15 milhões no segundo trimestre do ano, menos da metade dos R$ 31,7 milhões registrados em igual período do ano passado.
A receita líquida da companhia teve queda de 13,6% e alcançou R$ 234 milhões.


Conselheiros são acusados por não negociar condiçõesValor 08.08.2011 - A compra do grupo Ipiranga e a posterior incorporação das preferenciais das empresas pela Ultrapar, em 2007, também rendeu acusações, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), aos conselheiros da distribuidora e da refinaria Ipiranga. No total, são 11 acusados.
Os acusados já eram representantes dos novos controladores, que incluia Braskem e Petrobras. Em geral, a maioria fora indicada pelos controladores. Havia ainda os independentes, que também deram seu aval ao negócio.
A argumentação da acusação preconiza os princípios que norteariam o Parecer 35 do regulador do mercado, emitido em 2008. No documento, a CVM expõe seu entendimento sobre como conselheiros de empresas incorporadas poderiam atuar no sentido de garantir o cumprimento de seu dever de diligência e lealdade à companhia que representam.
A essência da infração apontada no caso é que eles, como conselheiros, não teriam negociado com a Ultrapar condições melhores para as incorporações das ações da DPPI e da RPI. Isso é o que explicitamente recomenda o parecer da autarquia, emitido posteriormente a essa transação. Contudo, o parecer afirma que apenas procura "dar concretude" a deveres dos administradores já previstos na lei.
Nesse caso, os conselheiros também teriam infringido o artigo 155 da Lei das Sociedades por Ações, que trata do dever de lealdade à companhia e seus acionistas. Assim, a pena pode variar de advertência ou multa até a inabilitação para ocupação de cargos em empresas abertas.
A Ultrapar respondeu, em nome dos executivos que atuaram indicados por ela, que a acusação é improcedente. Além disso, afirma que atuaram com "extrema diligência". (veja a íntegra da resposta ao final da matéria)
No caso dos indicados pela Braskem, a companhia afirma que o atual presente Carlos Fadigas atuou no "no melhor interesse da RPI, tendo cumprido com todos os deveres fiduciários". Assim, diz ter confiança que o colegiado da CVM irá "rejeitar a acusação" imputada a ele. (veja a íntegra da resposta ao final da matéria)
A Petrobras, por sua vez, não quis se posicionar em nome de seus executivos, por entender que ela como companhia não é citada no processo. Contudo, os diretores foram informados dessa reportagem.
A situação, no entendimento da CVM, ficou ainda mais explícito por conta de DPPI e RPI deterem as ações de controle da CBPI.
Na negociação de DPPI e RPI, entre Ultrapar e as famílias vendedoras do grupo Ipiranga, as ações ordinárias do controle da CBPI foram avaliadas a R$ 72,63. Porém, dentro da distribuidora e da refinaria, as mesmas ações foram avaliadas a R$ 28,39 e R$ 29,11, pelos laudos do Deutsche e do Credit Suisse.
De acordo com a CVM, não se trata de problemas nos laudos, como na época, sugeriram questionamentos dos minoritários. Como as avaliações de Deutsche Bank e Credit Suisse foram por fluxo de caixa descontado, não havia como atribuir preço de controle aos ativos. Era preciso manter uma metodologia unificada.
A questão que levou a autarquia a acusar os conselheiros foi a falta de esforço em busca de condições melhores na incorporação, etapa imediatamente posterior à negociação do controle.
A CVM esclarece, no relatório de acusação, que a decisão de usar o laudo do Deutsche para balizar a relação de troca foi da Ultrapar, e que não havia obrigatoriedade do uso desse documento. "A relação de troca decorre de uma decisão de livre escolha da administração de cada uma das sociedades envolvidas", ressaltou a autarquia, lembrando que "a única condição que se impõe é a sua devida justificativa e fundamentação".
Com isso, o que o regulador pretende frisar é que, apesar de já existir uma proposta de incorporação e um laudo suportando-a, os conselheiros de DPPI e RPI estavam livres para negociar novos valores para as trocas de ações.
"Cabe aos administradores de cada companhia buscar alcançar o melhor interesse das sociedades - e dos acionistas - as quais representam. Especialmente quando se está diante de uma operação que envolve controladora e sua controlada, a atenção exigida deve ser ainda maior exatamente diante do risco de estabelecimento de uma relação de troca de ações não comutativa", diz a superintendência de processos sancionadores da CVM, no relatório da acusação.
A autarquia, ainda neste documento, destaca a diferença dos valores pago pelo controle e implícito nas condições das incorporações, ainda que as transações tenham ocorrido muito proximamente. "Em momento algum houve qualquer negociação ou sequer questionamento por parte dos administradores das companhias incorporadas quanto a este ponto específico."
O relatório cita voto de Marcos Pinto, então diretor da CVM, para um caso que envolvia incorporação, posterior à troca de controle. Na época, antes mesmo do Parecer 35, Pinto já alertava para o risco de operações não comutativas, em que o "o potencial para abuso é maior". Para o outro caso em questão, o diretor da CVM escreveu: "acho difícil que um administrador possa justificar, à luz dos deveres fiduciários a ele impostos [pela Lei das S.A.], uma incorporação de controlada cuja relação de troca não guarde nenhuma relação com preço praticado em uma negociação prévia recente envolvendo o atual controlador".
Essa é também a lógica por trás da acusação feita pela superintendência de processos sancionadores. A autarquia considera que uma negociação, na circunstância das Ipiranga, era "exigível".
Em 2007, após os questionamentos dos minoritários, inclusive sobre questões técnicas do laudo do Deutsche, a Ultrapar decidiu contratar mais um laudo para a transação, do Credit Suisse, na tentativa de dar mais conforto aos conselheiros das empresas. Os valores encontrados pelo banco suíço foram muito próximos aos obtidos pelo banco alemão.
Resposta da Ultrapar: “A Ultrapar manifesta sua surpresa com o fato de que os termos de processo conduzido na Superintendência de Processos Sancionadores (SPS) da Comissão de Valores Mobiliários, mencionando antigos membros do Conselho de Administração de suas controladas Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga e Refinaria de Petróleo Ipiranga, tenham sido tornados públicos antes mesmo dos acusados terem sequer tido a oportunidade de apresentar suas defesas à CVM.
A Ultrapar está absolutamente convencida da total improcedência da acusação formulada pela SPS. Apesar de não haver qualquer dificuldade em demonstrar o completo descabimento das acusações, a Ultrapar e os administradores se consideram impedidos de manifestarem-se publicamente nesse momento, inclusive em respeito à CVM e a sua autoridade como órgão fiscalizador do mercado de capitais. As defesas serão oferecidas ao Colegiado da CVM, a quem cabe examinar o caso, e tanto a Ultrapar quanto os administradores estão certos de que os questionamentos da SPS não serão acolhidos.
A Ultrapar ressalta que seus administradores têm sólida reputação de atuar com extrema diligência, que é notória e reconhecida por investidores, acionistas, analistas, revistas especializadas e pelo mercado em geral.
Na aquisição do Grupo Ipiranga, a substituição das ações das empresas adquiridas por ações de emissão da Ultrapar se deu segundo uma relação de troca rigorosamente justa, no estrito cumprimento da lei e dentro das melhores práticas de governança corporativa, e gerou enormes benefícios para todo o conjunto de acionistas envolvido na operação.
Todos os acionistas se beneficiaram por ingressar em uma companhia com práticas diferenciadas de governança corporativa, gestão eficiente, forte capacidade de investimento e ações com maior negociabilidade, concentrando a liquidez de quatro companhias em uma só ação negociada tanto na bolsa de valores de São Paulo (BM&FBovespa), quanto na bolsa de valores de Nova York (New York Stock Exchange - NYSE).”
Resposta da Braskem: “A respeito do envolvimento de Carlos Fadigas no processo administrativo sancionador 01/09 da CVM, a Braskem esclarece o seguinte:
O presente processo é oriundo de reclamações apresentadas por acionistas preferencialistas das sociedades do Grupo Ipiranga (“Reclamantes”) na operação de aquisição de seus ativos por Ultrapar Participações S/A ("Ultrapar"), Petróleo Brasileiro S/A - Petrobras e Braskem. Após a investigação das reclamações apresentadas, a Superintendência de Processos Sancionadores da CVM e a Procuradoria Federal Especializada entenderam que grande parte das reclamações não procedia e, com relação a Carlos Fadigas, restringiram o escopo do processo à averiguação de eventual violação do dever de lealdade na aprovação da proposta de incorporação das ações da Refinaria de Petróleo Ipiranga S/A ("RPI") pela Ultrapar, por não ter manifestado ponderação ou negociação sobre os valores sugeridos no laudo de avaliação para as ações ordinárias da CBPI detidas pela RPI, da qual era integrante do Conselho de Administração à época.
Na defesa que será oportunamente apresentada por Carlos Fadigas restará demonstrado que ele atuou no melhor interesse da RPI, tendo cumprido com todos os deveres fiduciários para se certificar que a relação de troca estabelecida era justa e refletia devidamente os valores das sociedades envolvidas na operação, tanto que a operação foi aprovada pela unanimidade dos acionistas presentes à assembléia da RPI.
Para tanto, Carlos Fadigas teve o cuidado de se assegurar que sua decisão estivesse embasada em laudos econômicos elaborados por duas das maiores instituições financeiras do mundo (Credit Suisse e Deutsche Bank), bem como em pareceres de renomados juristas em Direito Societário, Economia e Contabilidade como Modesto Carvalhosa, Nelson Eizirik, Luiz Gastão Paes de Barros Leães e Eliseu Martins, os quais confirmaram que o critério utilizado para a relação de troca de ações é o mais adequado tecnicamente e que a pretensão dos Reclamantes de participar do preço de controle não encontra respaldo na legislação societária.
Desta forma, temos confiança que o colegiado da CVM irá rejeitar a acusação imputada a Fadigas.”


Incorporações foram o foco da polêmica desde o começoValor 08.08.2011 - A compra do grupo Ipiranga em 2007 desatou um dos nós do setor petroquímico no Brasil. A Ultrapar pagou R$ 2,1 bilhões pelo controle das empresas e, em seguida, dividiu os ativos vendendo partes à Braskem e à Petrobras.
A operação envolveu ainda o equivalente a R$ 2,8 bilhões, em valores de ação da Ultrapar da época, emitidas para as incorporações das preferenciais das empresas abertas - DPPI, RPI e CBPI.
Para aqueles que gostaram do negócio, a despeito da disparidade entre os valores atribuídos às ações ordinárias do controle e às preferenciais, a operação deu solução ao grupo Ipiranga.
Apesar de ser um negócio rentável, as empresas tinham limitações para crescer, principalmente em função de uma intrincada estrutura societária, com participações cruzadas entre as diversas empresas do grupo.
Além disso, os minoritários - e essa foi uma das bandeiras da Ultrapar - migrariam para uma companhia com melhor governança corporativa, o que incluía acesso ao prêmio de controle ("tag along") de 100% para todos os acionistas. A empresa foi a primeira do Brasil a, em 2000, estrear na bolsa com essa condição prevista no seu estatuto social.
Desde o negócio, em 19 de março de 2007, as ações da Ultrapar acumulam valorização de 123,6%.
Agora, a companhia está prestes a estrear no Novo Mercado, segmento máximo de governança da bolsa. No dia 17, as ações preferenciais serão convertidas em ordinárias e a Ultrapar irá para o segmento diferenciado da BM&FBovespa.
Mas nem os pontos positivos nem as perspectivas de governança convenceram os minoritários preferencialistas do grupo Ipiranga de que o que estavam recebendo era justo.
A transação teve polêmica do começo ao fim. Sem contar a investigação de vazamento de informações, desde que a operação se tornou pública, em março de 2007, a transação gerou grande descontentamento entre os minoritários, por conta do elevado prêmio de controle pago frente ao equivalente financeiro da proposta de incorporação das preferenciais.
Embora as condições oferecidas para a incorporação fossem ligeiramente superiores à relação implícita nas cotações em bolsa, a gritaria foi geral. Mesmo aqueles que não viram tanto problema na avaliação do grupo Ipiranga nos laudos do Deutsche Bank e do Credit Suisse achavam difícil consentir com um prêmio de controle tão elevado - a despeito de não existir uma medida ou um limite para o valor do controle.
Diversos fundos foram à CVM se queixar do negócio. Ao todo, a autarquia registrou a reclamação de oito fundos, sendo um deles a Previ (caixa de previdência dos funcionários do Banco do Brasil) e 24 pessoas físicas.
Utilizar as preferenciais para fazer um preço médio mais atrativo era o que justificava a compra do controle com prêmio elevado.
No processo da CVM, ao qual o Valor teve acesso, há uma apresentação feita pela Ultrapar à Braskem e à Petrobras mostrando por que aquele era o momento correto para a compra. Nesse documento, a Ultrapar afirma que o negócio exigiria prêmio de controle elevado, para convencer os controladores a vender, e que as cotações das preferenciais da Ipiranga fossem travadas logo no anúncio da compra - para contrabalançar o gasto com as ordinárias.
Foram as queixas dos minoritários que levaram o regulador a investigar a transação. Entretanto, ao avaliar as queixas, a CVM decidiu não acolhe-las, em sua maioria.
As reclamações, na grande maioria, embora tivessem como motivação a discrepância no tratamento entre preferenciais e ordinárias, apontavam críticas aos laudos do Deutsche Bank e do Credit Suisse. Após considerar, a CVM concluiu que pouco poderia fazer a respeito dos laudos, pois trata-se de matéria muito subjetiva, que não cabe interferência.
Entretanto, na averiguação das queixas é que a CVM reuniu os elementos que levaram as acusações em andamento - que não guardam relação com os questionamentos técnicos sobre os laudos. O problema, na visão da autarquia, foi o posicionamento dos conselheiros das Ipiranga.
Da forma como foi aprovada a incorporação, segundo a área técnica da CVM, "concretizou-se uma situação claramente prejudicial aos acionistas minoritários da companhia DPPI". A mesma constatação vale para a RPI.
O laudo do Credit Suisse foi contratado na tentativa de apaziguar os minoritários, após as queixas contra a análise do Deutsche Bank, e para dar conforto para que os conselheiros das Ipiranga aprovassem o negócio.
Embora a relação de troca tenha sido estabelecida pelo estudo do banco alemão, foi com base no documento do Credit Suisse que os conselheiros aprovaram a transação.
O laudo do banco suíço, ainda que não tenha sido alvo de um debate sobre independência, sofreu diversos questionamentos dos minoritários. E os valores encontrados pelos dois estudos ficaram muito próximos.


Diretor vendeu ações de CBPI sem aval do conselhoValor 08.08.2011 - O caso Ipiranga ainda tem um 12º acusado, o executivo Sergio Roberto Weyne Ferreira da Costa, por ter vendido as ações da CBPI detidas por DPPI e RPI e os papéis da distribuidora de posse da refinaria sem obter autorização do conselho de administração das empresas. Com isso, o então diretor das companhias teria descumprido a Lei das Sociedades por Ações, no seu artigo 142, e os estatutos das empresas.
A alienação dos papéis foi feita única e exclusivamente com sua assinatura. A negociação foi, inclusive, um dos motivos de questionamentos de minoritários.
As ações, que representavam o controle da CBPI, foram vendidas à Ultrapar pelo valor patrimonial. Para os minoritários, já que os preços eram muito superiores, os administradores deveriam ter alienado os papéis na oferta de extensão de prêmio de controle.
A CVM, contudo, não acredita que a atitude de Weyne tenha gerado prejuízo às empresas, uma vez que as relações de troca para a incorporação já estavam estabelecidas. Para a autarquia, contudo, o executivo deveria ter obtido permissão do conselho para a transação, uma vez que se tratavam de participações permanentes tanto de DPPI quanto de RPI.


Grupos de mídia fazem recompra bilionária de ações Valor 08.08.2011 - Imensas pilhas de dinheiro em caixa das grandes companhias de mídia dos Estados Unidos estimularam uma onda de recompras de ações, que geraram um retorno aos acionistas de mais de US$ 14 bilhões neste ano.
Liderados pelos grupos de televisão, incluindo Time Warner, Time Warner Cable e Disney, as companhias de mídia têm feito a terceira maior recompra de ações dos 67 grupos do setor, de acordo com a empresa de pesquisas Birinyi Associates. De modo geral, as companhias dos Estados Unidos fazem a recompra de suas ações em um ritmo mais veloz do que em 2007.
Os programas de recompra de ações dão indícios de que os grupos de mídia têm dinheiro em caixa, mas relutam em investir internamente após anos de dispêndios de capital e desconfiam de um mercado de fusões e aquisições atualmente fraco.
"As despesas de capital estão diminuindo e as receitas ainda estão aumentando, por isso as companhias possuem tanto dinheiro", afirmou Craig Moffett, analista sênior da empresa americana de pesquisas Bernstein Research. "Enquanto a ação está barata, a recompra de papéis é uma estratégia muito atrativa para os acionistas."
Os programas de recompra estão tornando os grupos de mídia mais atrativos para analistas que procuram ações rentáveis para investidores. Anthony DiClemente, analista do Barclays Capital, disse que a recompra de ações da Viacom influenciou na elevação do preço alvo das ações na sexta-feira.
A Viacom, que é dona da MTV e da Paramount Pictures, fez recompras de ações num total de US$ 1,2 bilhão, incluindo US$ 700 milhões gastos no terceiro trimestre.
"A Viacom está na melhor situação financeira de sua história e ampliou o seu compromisso de gerar retorno em dinheiro aos acionistas com o aumento recente nos nossos dividendos e com a aceleração do nosso programa de recompra de ações", afirmou Philippe Dauman, presidente-executivo da Viacom, em entrevista na sexta-feira.
A Time Warner Cable, segunda maior operadora de TV por assinatura nos Estados Unidos, fez uma recompra de US$ 1,69 bilhão ao longo desse ano. No segundo trimestre, a companhia recomprou ações no total de US$ 863 milhões, quase o dobro das expectativas de David Joyce, diretor geral de pesquisas de investimentos em mídia da Miller Tabak.
A tendência parece ser de continuidade desse processo, já que grupos de mídia autorizaram um total de US$ 37 bilhões em recompras neste ano, o terceiro maior realizado pelo setor, de acordo com a Birinyi Associates.
A Disney, dona da ESPN e da ABC, assumiu a postura mais agressiva do setor, ao autorizar uma recompra de US $ 16 bilhões, equivalente a 19,3% de suas ações em circulação.
No entanto, com índices das ações bem abaixo do que foi registrado na semana passada e com mais incertezas sobre o mercado futuro, os programas de recompra agressiva poderiam ser uma decisão ruim se as ações continuarem com preços deprimidos por um período prolongado de tempo.
"Daqui a um ano, se os mercados tiverem encolhido, os acionistas expressarão frustração pelo fato de as companhias terem usado seu dinheiro para recomprar ações que valem menos do que o registrado há um ano atrás", disse Moffett.


Rio Tinto e Mitsubishi aumentar fatia na Coal & AlliedEstadão 07.08.2011 - Mineradora australiana Rio Tinto e a japonesa Mitsubishi fizeram nesta segunda-feira uma oferta de US$ 126 por ação aos acionistas minoritários da mineradora de carvão australiana Coal & Allied Industries, em uma operação que avalia a empresa em US$ 10,9 bilhões.
A Rio Tinto e a Mitsubishi têm, respectivamente, 75,7% e 10,2% da Coal & Allied, e após a oferta aumentariam suas participações para 80% e 20%. A Perpetual, única grande acionista além da Rio Tinto e da Mitsubishi, com 6,3% das ações, disse que apoiaria a oferta. As informações são da Dow Jones.


Operações com moeda local entre Brasil e Argentina crescem 83%Folha 08.08.2011 - O número de operações pagas em real no comércio entre Brasil e Argentina bateu recorde em maio passado. Foram realizadas 467 transações, crescimento de 83% ante o mesmo mês de 2010.
"É interessante para os dois países incentivar o comércio em moeda local, pois o dólar tem tido uma oscilação muito grande", diz Samy Dana, professor da escola de economia da FGV-SP.
A alta na quantidade de operações, porém, é muito maior nas exportações brasileiras para a Argentina, que representaram 465 das 467 transações no mês.
A aceitação do pagamento em real pelos empresários brasileiros explicita a confiança na economia do país, segundo o cientista político da Universidade Federal Fluminense Thiago Rodrigues.
"O comportamento dos argentinos é previsível, pois eles não querem fazer reserva de uma moeda de um país emergente", diz Rodrigues.
O Sistema de Pagamentos em Moeda Local do Mercosul começou a ser utilizado por Brasil e Argentina em outubro de 2008.
O Brasil também negocia a adoção desse mesmo modelo com o Uruguai. Para ser implantado, o sistema depende de acordo entre os Bancos Centrais dos países envolvidos.


Renda per capita chegará a US$ 12,4 mi no Brasill, nível da Suíça em 1955Correio Braziliense 07.08.2011 - O Brasil deve fechar o ano com uma renda per capita de US$ 12,4 mil, um aumento de 15% em relação a 2010. Esses números podem ser motivo de comemoração, mas demonstram um enorme descompasso entre o crescimento nacional e o das grandes economias do mundo. O país só alcançou agora o nível de produção de riqueza por habitante atingido pela Suíça em 1955. A Dinamarca e a Holanda chegaram ao atual patamar brasileiro em 1965 e 1968, respectivamente.
Estatísticas reunidas pelo economista inglês Angus Maddison, falecido no ano passado, remontam a mais de 2 mil anos e revelam o longo caminho que o Brasil deve percorrer se quiser crescer e, ao mesmo tempo, diminuir as desigualdades sociais. Os números mostram que, em 1600, o Brasil tinha uma renda per capita de US$ 428, maior que a dos Estados Unidos, de US$ 400. Hoje, quatro séculos depois, os norte-americanos sustentam um índice de US$ 47.283, mais de quatro vezes o brasileiro.
Na visão de especialistas, a origem do atraso brasileiro está na colonização. Enquanto os Estados Unidos e o Canadá foram colônias de povoamento — os colonizadores querem morar na terra e promovem o seu desenvolvimento —, o Brasil foi de exploração. À época, nenhuma atividade produtiva nacional poderia competir com as da metrópole ou prejudicar os seus interesses comerciais. “Nos EUA, um grupo de pessoas apostou na construção da sociedade. Aqui, a sociedade apostou viver de renda, da exploração de recursos naturais e do comércio de escravos”, resume Cristina Helena Pinto de Mello, professora de macroeconomia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Ela explica que, por mais que os dados de Maddison possam ter alguma imprecisão devido às dificuldades de cálculo, a situação do Brasil era, de fato, semelhante à de países que se tornaram potência. “Houve toda uma diferença cultural que se manifestou, inclusive, na atuação dos governos. Ao longo da história, o trabalho não foi tão valorizado no país, mas sim o ganho fácil. Boa parte dos problemas que a gente enfrenta hoje decorrem de o Estado não ter investido na educação e na formação de uma mão de obra capaz de pensar soluções e empreender”, analisa.
O economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas, concorda. “Tivemos décadas perdidas devido, principalmente, à falta de investimento em educação. E, se você olha a desigualdade social, o atraso é ainda pior”, ressalta. Neri cita o exemplo da Coreia do Sul. Assolado pela guerra nos anos 1950, o país apostou alto na educação e deu a volta por cima. Desde 1980, sua renda per capita saltou de US$ 1,6 mil para US$ 20,1 mil. “A Coreia tinha renda menor que a nossa em 1960 e hoje é rica”, diz.
Mas os gargalos enfrentados pelos brasileiros não estão apenas na falta de investimento em educação. Para o economista José Oreiro, da UnB, a industrialização tardia é uma das principais explicações para o atraso. Vivida a partir de 1930, com Getúlio Vargas, ela mudou toda a trajetória do Brasil, mas foi feita muito depois que a de países como Inglaterra e Estados Unidos. “Nos EUA, a industrialização ocorreu em 1860. Aqui, sete décadas depois”, ressalta Oreiro. A seu ver, outra explicação para o Brasil ter ficado tão distante dos líderes foi o perído de semiestagnação vivido entre 1980 e 2005. “Vivemos a crise externa e o período de hiperinflação. Decretamos moratória em 1982 e tivemos uma série de planos econômicos perdidos. Isso se reproduziu até aqui.”
Colonização: O professor observa que, por ter enfrentado o mesmo tipo de colonização, a maioria dos países da América Latina compartilha os problemas do Brasil. De fato, pelos dados do economista inglês, a renda per capita do Peru cresceu 653,8% — de US$ 686 em 1900 para os atuais US$ 5.171. Na mesma comparação, a da Argentina aumentou 231,6%, de US$ 2.756 para US$ 9.138. Enquanto isso, a Áustria viu a sua geração de riqueza por habitante saltar de US$ 2.882 para US$ 44.986, num avanço de 1.460%. Na Holanda, os valores subiram 1.277,7%. “Só depois do Ciclo do Café (1800-1930), o Brasil passou a ter um capital nacional e a dar os primeiros passos para a industrialização”, ressalta Oreiro.
Ricardo Madeira, professor de economia da Universidade de São Paulo, destaca os atrasos nas reformas institucionais. “Países que, à época de sua formação, se preocuparam mais com as liberdades políticas e a garantia do direito de propriedade tiveram uma performance melhor. Aqui, tivemos também vários golpes e mudanças de regime. Não se adotou um paradigma institucional que se aperfeiçoou ao longo do tempo”, afirma. Cristina Helena Pinto de Mello observa que a situação do Brasil poderia ser pior. “Não podemos criminalizar o país pela atual realidade. Por diversas vezes, o Estado teve papel importante. Nossa renda hoje não é comparada à dos países da África porque o nosso governo agiu para mudar esse desenho”, destaca.
Nas mãos: Relegado a posições distantes das grandes potências econômicas ao longo da história, o Brasil, agora, tem tudo nas mãos para crescer e ser alçado ao seleto grupo das nações mais ricas e industrializadas. Com dois terços dos habitantes em idade produtiva (entre 15 e 64 anos), o país está no chamado bônus demográfico — fenômeno definido pela força de trabalho maior que o número de pessoas economicamente dependentes — e precisa aproveitar o momento. “Nos últimos três anos, depois da crise de 2008, o Brasil está crescendo mais que o mundo. Olhando para o espelho retrovisor, ficamos para trás. Mas esta, sem dúvida, deve ser a década da América Latina”, afirma Marcelo Neri.
Relatório recente da consultoria PwC concluiu que a crise deu um novo rumo para a economia global. Conforme o estudo, o Produto Interno Bruto (PIB) das sete economias emergentes (China, Índia, Brasil, Rússia, México, Indonésia e Turquia) pode ultrapassar o do G-7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) antes de 2020.
Entre a variada lista de itens que afetam a competitividade do Brasil está a distribuição de renda. “Nesse quesito, o poço é mais fundo do que parece. O que não podemos fazer agora é achar que chegamos a algum lugar, sendo que estamos muito atrasados”, avalia Neri. José Oreiro aponta ainda gargalos como a infraestrutura das estradas, portos e aeroportos e a geração de energia elétrica, além da elevada carga tributária. “Precisamos simplificar a estrutura dos impostos para melhorar as nossas exportações. Temos também o problema dos juros e do câmbio que se arrasta há mais de 20 anos”, diz.


Aposentado usa mais empréstimo consignado e deixa cartão de créditoFolha 08.08.2011 - Aposentados do INSS que precisam de dinheiro emprestado estão apostando mais no empréstimo consignado e deixando de lado as operações com cartão de crédito, também na modalidade com desconto direto no benefício.
No primeiro semestre deste ano as operações só com o empréstimo pessoal tiveram alta de 6,14% na comparação com o mesmo período de 2010, passando de 5,55 milhões para 5,89 milhões.
Em valores, o aumento alcançou 9%. No primeiro semestre de 2010 foram contratados R$ 13,6 bilhões na modalidade. No mesmo período deste ano, a cifra chegou a R$ 14,8 bilhões.
Já o uso do cartão para tomar crédito caiu quase 60%, passando de 89.384 operações para apenas 36.419. Em valores, a queda foi de 58%, passando para R$ 54 milhões.
O INSS não tem explicações para essa queda em uma modalidade mais prática, já que, ao contrário do empréstimo, o crédito por meio do cartão não exige que o aposentado vá até o banco para conseguir o dinheiro.
Entretanto, como as taxas são menores -3,36% ao mês, no máximo, contra até 2,34% no consignado- é possível pressupor que os aposentados estão trocando comodidade por economia.
O uso do cartão ainda deverá cair mais, já que o Banco Central decidiu equiparar essas operações aos demais empréstimos com desconto em folha para reduzir essas operações. Os bancos que concederem esse crédito em operações com prazo superior a 36 meses terão de ter uma reserva maior de capital para assegurar o empréstimo.
Significa que o banco, com o mesmo capital, terá menos recursos para emprestar, o que reduz margem oferecida aos clientes, diminuindo prazos ou elevando custo do crédito, o que pode levar o aposentado a optar ainda mais pelo empréstimo pessoal.


BCE comprará títulos da Itália e Espanha para conter pânico globalValor 08.08.2011 - O Banco Central Europeu (BCE) anunciou na noite de domingo a disposição de  intervir nos mercados comprando  títulos da dívida pública de Itália e Espanha para conter o contágio na zona do euro e atenuar o pânico que toma proporções globais.
O BCE dá uma reviravolta em sua posição para evitar uma “nova segunda-feira negra” nos mercados internacionais, com risco de a crise atingir economias como a França e arrastar o sistema financeiro global para outra crise de proporções parecidas à da quebra do banco Lehman Brothers em 2008, na avaliação de analistas.
Até agora, o BCE insistia que a responsabilidade principal era dos governos nacionais. Mas o quadro global piorou com a redução da classificação de risco da dívida americana, anunciada na noite de sexta-feira pela agência de rating Standard & Poor´s, e a multiplicação de indicadores econômicos desfavoráveis, confirmando o risco de nova recessão.
Hoje à noite, a direção do BCE se reuniu em meio a pressões de políticos de vários países, a começar pela França, e às 23h da Europa, o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, divulgou um comunicado confirmando a intervenção no mercado, sob certas condições. A Itália e a Espanha preparam o terreno, antecipando ajustes adicionais para tentar equilibrar suas contas.
Para o BCE, a implementação “decisiva” de reformas é “essencial”. A Itália já tinha anunciado, na sexta-feira, antecipação de medidas. No domingo, foi a vez de a Espanha revelar plano urgente para aumentar receita e cortar despesas: elevará  o imposto sobre as grandes empresas,  gerando  2,5 bilhoes de euro neste ano, ao mesmo tempo em que pretende reduzir 2,4 bilhões de euros em despesas, preferencialmente com a compra de remédios genéricos, mais baratos.
Também neste domingo, França e Alemanha divulgaram comunicado reiterando que o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira será capaz de intervir, em breve, nos mercados para comprar títulos da dívida soberana de países em dificuldades, como a própria Itália, Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal.
A questão é se a ação do BCE será suficiente para estabilizar o mercado. Primeiro, depende do montante. O BCE só comprou  79 bilhões de euros em títulos da Grécia, Irlanda e de Portugal desde março de 2010 – para a Itália e Espanha, a dimensão seria várias vezes maior.
Além disso, a intervenção não parece ser uma politica permanente e pode deixar o mercado  na dúvida sobre a capacidade europeia de defender seus países. Para o professor Paul De Grauwe, da Universidade de Louvain (Bélgica), o diferencial de prêmio entre a Itália e Espanha com a Alemanha “é resultado de pânico, e não de fundamentos econômicos”. E o contágio nos mercados da dívida  só pode ser freado se um Banco central for capaz de agir como último recurso – no caso da zona euro, deveria ser o Banco Central Europeu.
O BCE espera evitar o default da terceira e quarta economias da Europa. O custo de um socorro à Itália custaria US$ 1,4 trilhão e à Espanha, outros US$ 700 bilhoes, pelos cálculos de Uri Dadush, analista do Carnegie Endowment for International Peace, citado pelo “New York Times”.

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